As autoridades monetárias globais começaram este ano intensificando políticas de estímulos em economias importantes ao redor do planeta, procurando evitar uma queda maior em suas atividades econômicas e, com isso, favorecer a retomada do crescimento econômico. Acontece que estão dando uma pausa na virada de 2019 para 2020. Portanto, poderemos passar um período sem maiores novidades no cenário macroeconômico e nas estratégias de política monetária dos bancos centrais mundiais.
Os principais riscos tendem a prevalecer no próximo ano, continuando atrelados, especialmente, à guerra comercial entre os EUA e China (trade war), ao Brexit e a importantes eleições presidenciais, como a dos EUA, levando os banqueiros centrais a serem mais prudentes. Pelo menos, as insistentes manifestações sociais que até o momento já alcançam em torno de 20 países ainda não chegam a preocupá-los. Parece não existir, entre elas, as mesmas razões e motivações, já que apenas enfrentam a desordem diante das reivindicações feitas.
Os mercados, caso venham a conservar a dinâmica que prevaleceu nos últimos meses e semanas, se continuarem a ignorar esses protestos, mas desde quando não apresentem indícios de estresse ou elevação no nível de tensão, certamente não deverão apresentar novidades em suas estratégias e talvez dispensem novas medidas.
Acentuada desaceleração na trajetória da atividade industrial, ponto fundamental para estabelecer projeções de crescimento econômico, é a principal justificativa dos banqueiros centrais pela falta de ações defensivas a fim de minimizar os riscos previstos para o próximo ano.
São importantes alguns comentários para um melhor entendimento da questão que envolve o tema central. Começando pela maior economia do mundo, o FED (Banco Central dos EUA) vem admitindo que não planeja realizar novos cortes na sua taxa básica de juros, mantendo-a, por enquanto, no intervalo de 1,5o% a 1,75% ao ano, interrompendo um ciclo de três reduções consecutivas.
O PBoC (Banco Central Chinês) pretende ficar o maior tempo possível assumindo uma política monetária cautelosa, evitando um ambiente de juro zero ou nulo adotado por algumas economias. No decorrer de 2018, em sete oportunidades, reduziu a taxa de compulsório como forma de se opor às pressões externas do “trade war” e na tentativa de estimular o consumo interno, fomentando os empréstimos bancários. Neste instante, apesar de possuir boas condições para uma maior flexibilização monetária, não quer desperdiçar munição.
O BoJ (Banco Central Japonês) já vem há algum tempo praticando uma política monetária extremamente “afrouxada”, entretanto está longe de atingir a meta de inflação prevista. A realidade é que, no curto prazo, os japoneses não vêm a necessidade para que o estímulo monetário continue se expandindo.
Sua grande prioridade no momento é resguardar seu poder de fogo para somente utilizá-lo caso a economia mundial venha a ser duramente castigada, diante das nuvens carregadas que ameaçam o horizonte de 2020. Outro ponto importante é que ainda dispõem de um espaço considerável para aplicarem novas medidas de afrouxamento monetário e têm demonstrado que não hesitarão em utilizá-las, caso julguem necessário. Ultimamente, eles vêm adotando uma postura estrategicamente conservadora, posicionando-se em “stand-by”.
Aqui no Brasil, o BC (Banco Central do Brasil) reduziu na semana passada a taxa Selic (taxa básica da economia) para 4,5% ao ano, com um corte de 0,5 ponto percentual, atingindo dessa forma uma nova mínima histórica. Não sinalizou nova queda para a próxima reunião a ser realizada nos dias 4 e 5 de fevereiro do próximo ano, porém sem fechar as portas para eventuais novos cortes na taxa básica de juros em 2020.
Como vimos, a política monetária tem sido relevante no apoio ao crescimento econômico. Com ausência de pressões inflacionárias e em face da evidente desaceleração sincronizada nas maiores economias, os principais bancos centrais acertaram em baixar os juros para reduzir os riscos de deterioração do crescimento e prevenir-se para uma eventual desancoragem das expectativas de inflação.
20 de dezembro de 2019
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
Os principais riscos tendem a prevalecer no próximo ano, continuando atrelados, especialmente, à guerra comercial entre os EUA e China (trade war), ao Brexit e a importantes eleições presidenciais, como a dos EUA, levando os banqueiros centrais a serem mais prudentes. Pelo menos, as insistentes manifestações sociais que até o momento já alcançam em torno de 20 países ainda não chegam a preocupá-los. Parece não existir, entre elas, as mesmas razões e motivações, já que apenas enfrentam a desordem diante das reivindicações feitas.
Os mercados, caso venham a conservar a dinâmica que prevaleceu nos últimos meses e semanas, se continuarem a ignorar esses protestos, mas desde quando não apresentem indícios de estresse ou elevação no nível de tensão, certamente não deverão apresentar novidades em suas estratégias e talvez dispensem novas medidas.
Acentuada desaceleração na trajetória da atividade industrial, ponto fundamental para estabelecer projeções de crescimento econômico, é a principal justificativa dos banqueiros centrais pela falta de ações defensivas a fim de minimizar os riscos previstos para o próximo ano.
São importantes alguns comentários para um melhor entendimento da questão que envolve o tema central. Começando pela maior economia do mundo, o FED (Banco Central dos EUA) vem admitindo que não planeja realizar novos cortes na sua taxa básica de juros, mantendo-a, por enquanto, no intervalo de 1,5o% a 1,75% ao ano, interrompendo um ciclo de três reduções consecutivas.
O PBoC (Banco Central Chinês) pretende ficar o maior tempo possível assumindo uma política monetária cautelosa, evitando um ambiente de juro zero ou nulo adotado por algumas economias. No decorrer de 2018, em sete oportunidades, reduziu a taxa de compulsório como forma de se opor às pressões externas do “trade war” e na tentativa de estimular o consumo interno, fomentando os empréstimos bancários. Neste instante, apesar de possuir boas condições para uma maior flexibilização monetária, não quer desperdiçar munição.
O BoJ (Banco Central Japonês) já vem há algum tempo praticando uma política monetária extremamente “afrouxada”, entretanto está longe de atingir a meta de inflação prevista. A realidade é que, no curto prazo, os japoneses não vêm a necessidade para que o estímulo monetário continue se expandindo.
Sua grande prioridade no momento é resguardar seu poder de fogo para somente utilizá-lo caso a economia mundial venha a ser duramente castigada, diante das nuvens carregadas que ameaçam o horizonte de 2020. Outro ponto importante é que ainda dispõem de um espaço considerável para aplicarem novas medidas de afrouxamento monetário e têm demonstrado que não hesitarão em utilizá-las, caso julguem necessário. Ultimamente, eles vêm adotando uma postura estrategicamente conservadora, posicionando-se em “stand-by”.
Aqui no Brasil, o BC (Banco Central do Brasil) reduziu na semana passada a taxa Selic (taxa básica da economia) para 4,5% ao ano, com um corte de 0,5 ponto percentual, atingindo dessa forma uma nova mínima histórica. Não sinalizou nova queda para a próxima reunião a ser realizada nos dias 4 e 5 de fevereiro do próximo ano, porém sem fechar as portas para eventuais novos cortes na taxa básica de juros em 2020.
Como vimos, a política monetária tem sido relevante no apoio ao crescimento econômico. Com ausência de pressões inflacionárias e em face da evidente desaceleração sincronizada nas maiores economias, os principais bancos centrais acertaram em baixar os juros para reduzir os riscos de deterioração do crescimento e prevenir-se para uma eventual desancoragem das expectativas de inflação.
20 de dezembro de 2019
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
Nenhum comentário:
Postar um comentário