Dizer que o dinheiro é uma espécie de régua que serve para mensurar o valor de bens e serviços é uma noção tão simples quanto equivocada, a qual vem enganando excelentes economistas há séculos.
O dinheiro — ou, caso prefiram, a moeda — facilita o cálculo econômico ao servir como uma unidade de conta, isto é, um meio comum para precificação de bens e serviços. Ou, dito de outra forma, um pouco mais científica, o dinheiro é um denominador comum para expressar as razões de trocas (os preços) no mercado.
No entanto, qualquer troca sempre envolve valorações subjetivas a respeito de mercadorias. E tanto a oferta de mercadorias quanto as valorações subjetivas sofrem constantes alterações. Consequentemente, e por definição, as razões de troca no mercado são cambiantes. Por definição.
E, sendo também a moeda uma mercadoria (contendo apenas uma diferença quanto ao seu grau de liquidez perante as demais mercadorias, pois a moeda é a mercadoria mais líquida de todas), sua demanda e oferta também variam normalmente, fazendo com que seu preço (seu poder de compra) seja "não fixo". Por definição.
Assim, imaginar que o dinheiro possa ser uma "medida" de valor — como se valor pudesse ser objetivamente mensurado — contraria os princípios mais básicos da teoria do valor subjetivo e da ação humana.
Valor pode, sim, ser comparado, mas somente ordinalmente (na forma de um ranking de preferências) e pelo próprio indivíduo subjetivamente. Jamais por terceiros e jamais de forma objetiva.
Sutis, mas, cruciais diferenças.
01 de maio de 2018
Fernando Ulrich
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