"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

ROBERTO JEFFERSON, SÍMBOLO DE UMA MODERNIDADE QUE REPRESENTA O ANACRONISMO

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Parece um cena de “Os Brutos Também Amam”
O ex-deputado Roberto Jefferson, que teve seu clã resgatado (nas suas palavras) com a nomeação da filha Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho, simboliza o anacronismo incrustado na elite iluminada e reformista do país. Das reformas do collorato, cuja tropa de choque ele comandou com 70 kg a mais, ao reformismo de Michel Temer, Roberto Jefferson é a face parlamentar de um bloco político que vai do Congresso à avenida Paulista. Numa ponta, a da avenida, ele é cosmopolita e tem currículo de grifes. Noutra, a do plenário de Brasília, tem prontuários.
O doutor Jefferson foi condenado a sete anos de cana por corrupção. Passou três anos preso, ganhou o benefício do regime aberto e, em 2016, foi indultado. Sua filha Cristiane estava na equipe da modernidade do Rio de Janeiro ao tempo do prefeito Eduardo Paes, com títulos típicos da época: secretária extraordinária da Terceira Idade e secretária especial do Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida.
EM TROCA DE VOTOS – A ida da senhora para o ministério destinou-se a garantir a fidelidade dos 26 votos do bloco partidário liderado pelo PTB, presidido por seu pai, na votação da reforma da Previdência. Há uma disfunção entre a natureza ideológica das reformas de Temer e a essência fisiológica de sua base parlamentar. À primeira vista, alguém está enganando alguém, mas cada lado acha que está enganando o outro e ambos acreditam que estão enganando todo mundo.
Não há novidade nisso. Antonio Palocci, o queridinho da banca no primeiro governo Lula, está na cadeia, mas é falta de educação falar nisso. O “Italiano” da Odebrecht não sabia, mas encarnava o paradoxo de Roberto Campos.
Liberal brilhante, em 1982 ele se elegeu senador por Mato Grosso, um Estado com razoável população indígena. No mesmo ano, o Rio de Janeiro, onde só há índios no bloco Cacique de Ramos, elegeu o xavante Mário Juruna para a Câmara dos Deputados. A eleição de Campos entrou para a crônica do caixa dois das eleições nacionais.

08 de janeiro de 2018
Elio GaspariFolha/O Globo

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