"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

NOMEAÇÃO DE DIRIGENTES CORRUPTOS NA CAIXA FOI FEITA POR TEMER, DIZ CUNHA

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Na prisão, Cunha fez declarações por escrito
Em nota escrita no complexo penal onde está preso, no Paraná, o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) negou que tenha exercido influência sobre a cúpula da Caixa e afirmou que a nomeação de um dos dirigentes afastados do banco coube ao presidente Michel Temer.
Acusado de pressionar Antônio Carlos Ferreira, que até esta terça-feira (dia 16) comandava a área Corporativa do banco, Cunha declarou no texto que não tem “relação”, “influência” ou “qualquer relação pessoal” com os quatro vice-presidentes afastados por suspeitas de irregularidades.
ROSE DE FREITAS – O ex-deputado afirmou que Ferreira foi indicado para a vice-presidência Corporativa da Caixa em 2014 “pela então deputada e hoje senadora Rose de Freitas [MDB-ES] diretamente ao então vice-presidente Michel Temer” quando Cunha era líder do PMDB na Câmara.
“Coube a Michel Temer a sua nomeação à época atendendo à hoje senadora”, declarou o ex-parlamentar, acrescentando que Ferreira foi indicado para substituir Geddel Vieira Lima no cargo.
Cunha afirmou que esteve com Ferreira apenas duas vezes após sua nomeação para o cargo no comando da Caixa. O ex-deputado diz que o então vice-presidente o procurou “para se pôr à disposição da bancada por orientação de Rose de Freitas”.
INFORMAÇÕES – Ferreira disse em auditoria interna da Caixa que Cunha cobrava dele informações semanais sobre operações do banco superiores a R$ 50 milhões e que procurou Michel Temer para reclamar da pressão do ex-deputado. Segundo o depoimento, Temer afirmou que Ferreira deveria continuar trabalhando e que nada aconteceria com sua posição no banco.
Cunha afirmou que as declarações de Ferreira são falsas e que Temer “jamais relatou qualquer queixa dele”. “Se não tive qualquer influência na sua nomeação, qual a razão de ele depender de mim para permanecer?”, questionou, na nota.
O Palácio do Planalto afirmou que, em uma reunião, Temer “tranquilizou o vice-presidente Antônio Carlos Ferreira, que não queria atender às demandas do deputado Eduardo Cunha, para que [ele] mantivesse inalterado seu comportamento”. O gabinete da senadora Rose de Freitas não se manifestou sobre as informações da nota de Cunha até a publicação deste texto.
SERVIDOR EFETIVO – Em nota, Antônio Carlos Ferreira disse que é servidor efetivo da Caixa, à qual tem prestado serviços “com ética e dedicação” há 35 anos. Ele afirmou que enfrentou com “veemência” as “absurdas exigências” de Cunha assim que foi nomeado.
No texto escrito na prisão, Cunha afirmou que, “ao que parece”, o atual padrinho político de Ferreira “seria o ex-ministro Marcos Pereira”, que deixou a pasta da Indústria e Comércio Exterior no início de janeiro.
Ferreira foi citado na delação premiada do dono da JBS, Joesley Batista, como intermediário de propinas ao ex-ministro, presidente nacional do PRB. Os dois negam as acusações.
CUNHA ATACA – “É muito fácil nesse momento me atribuir fatos inexistentes visando a encobrir os seus verdadeiros atos de corrupção envolvendo Joesley Batista”, escreveu Cunha.
Pereira não quis comentar as afirmações do ex-deputado. Ferreira declarou que sua “única ligação” com o PRB foi “ideológica”. “Esse partido apoiou a intensa luta pela implantação de uma cultura profissional e de governança, pautada sempre na honestidade e discrição”, sustentou.

18 de janeiro de 2018
Bruno Boghossian
Folha

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