"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

O NATAL, A NATIVIDADE E O CONSUMO

Quando era menino, o Natal era o encontro da família. A volta da mesa, meu pai, minha mãe, irmãos e os parentes mais próximos. Para mim, era o dia em que comia rabanada feita pela mãe, e aqueles figos secos... Os adultos tagarelavam sobre os acontecimentos da semana, e a vida tinha o sabor de ser eterna.
O mundo era pequeno, ainda não existia a 'aldeia global' e sequer sonhávamos a possibilidade do globalismo, da Nova Ordem Mundial e outras novidades avassaladoras. 
O Natal ainda era a imagem do presépio, dos animais, da mangedoura, dos Reis e seus presentes ao Menino Jesus recém chegado, de José e Maria... Ainda se contava a história de Heródes e ficávamos alegres com a fuga do Menino.
Eu não imaginava que aquela Criança seria o porta-voz de uma das mais importantes mensagens, cuja repercussão fundaria a civilização judaico-cristã.
E deitado na palha, o inocente era admirado pelos Reis como a revelação do profeta. Ajoelhados, adoravam-no.
Para nós, crianças, não havia qualquer mistério naquelas histórias sagradas. Tudo era muito simples e os sinais sagrados não causavam qualquer espanto. A infância também tem os seus segredos...
Depois, perdida a doçura da infância, quando a criança se transforma de anjo em ser humano, orgulhosos transformávamos a 
Graça em crença, a fé em ceticismo, e resvalávamos para o cego universo da descrença, buscando a verdade na filosofia e na ciência. 
De mãos vazias e coração pequeno, naveguei na solidão, sem encontrar respostas para tantas questões fundamentais, aquelas velhas e intermináveis questões, que sempre esbarram na célebre pergunta: "e o que é verdade?".
De Sócrates a Platão, de São Paulo a Santo Agostinho, reencontrei o Mistério. Depois de perambular pelos Evangelhos reencontrei o Sagrado, e desse reencontro, compreendi que não há caminhos possíveis pela razão para se chegar a Ele. O Sagrado não se traduz pela linguagem matemática. É o mais profundo encontro subjetivo do homem consigo mesmo. Um estado de consciência, ou como dizem, um insight, um momento de luz, que nos devolve ao presépio, a natividade.
A História conta muitas histórias sobre Jesus, o Cristo, buscando suas pegadas quando peregrinou por aqui. Da sua face, pouco . conhecemos. Há vagas informações, embora seu rosto seja um dos mais reproduzidos em cenas religiosas. Pura imaginação de artistas.
Mas nada além de meras suposições. Também a História nos apresenta um Jesus humano, o homem, o pregador que andou semeando parábolas, segundo os testemunhos dos apóstolos. E essas parábolas continuam nos encantando com sua sabedoria, que oculta abismos de outros conhecimentos que escapam ao nosso entendimento.
Mas o Natal da nossa modernidade já não reflete mais o seu mistério, pois os homens nos distanciamos do Sagrado, ou melhor, transformamos o Sagrado em seitas, em religiões, cada uma delas portando as suas 'verdades', as suas crenças.
Transformamos, por fim, o Natal numa grande festa pagã, em que bebemos e comemos à farta, e nos presenteamos com mimos comprados nos Shoppings. Transformamos o Sagrado no banquete pagão do consumo, e já não nos damos conta da natividade.
Importamos a neve para os trópicos e tiramos retratos com o bom velhinho...
É... perdemos a inocência.
m.americo





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