No próximo mês de maio estaremos completando um ano desde que provavelmente nos livramos de uma seita criminosa perigosíssima que dirigiu irresponsavelmente, por treze anos consecutivos, os destinos da Nação.
A atual equipe econômica vem mostrando, ao longo desse breve período, um caminho promissor, apesar de árduo, na execução de uma política que busca soluções para os principais aspectos macroeconômicos, apoiando-se em um modelo fundamentado em bases absolutamente reconstrutivistas. Evidencio a significativa queda na inflação, que apresentou no acumulado de 12 meses o índice de 4,57%, convergindo praticamente para o centro da meta perseguida pelo BC (Banco Central), de 4,5% para 2017. Igualmente, a taxa básica de juros apresenta acentuado declínio, como se viu na semana passada após a última decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), aproximando-se com evidente progressividade para um dígito e a exitosa articulação do governo no Congresso, limitando os incontroláveis gastos públicos.
Acontece que os investimentos continuam praticamente paralisados, apenas configurados no âmbito das intenções. O fluxo de capitais ainda se apresenta, a rigor, num patamar negativo, sendo que boa parte dele está ligado à venda de ativos por empresas nacionais visivelmente endividadas, as quais têm dificuldades para sobreviver numa das mais profundas recessões já vistas em nossa história econômica. Constata-se, também, uma notável dose de oportunismo de investidores estrangeiros que aproveitam o dólar mais valorizado ante o real para fazer algumas barganhas atraentes.
Os investidores externos estabeleceram, através de um consenso informal, um elenco de exigências antes de começar a canalizar um volume considerável de recursos para o Brasil, tendo como principais premissas: a retomada do crescimento econômico após dois anos de uma dolorosa recessão, a solidez e a concretização das reformas estruturais obrigatórias e um cenário mais nítido das eleições que serão realizadas no próximo ano.
A insegurança externa revela estar fortalecida pelas incertezas que são trazidas pela operação Lava Jato, impregnada de elevado risco político, constantemente contabilizado pelo mercado financeiro, principalmente após os últimos acontecimentos conhecidos por meio das deleções na explosiva lista de Fachin, que, aliás, não poupou ninguém, especulando-se ainda que muito mais poderá vir à tona num segundo momento, exclusivamente pelo canal do Judiciário. Firma-se assim um irrefragável fim de um longo ciclo nefasto na política nacional e, da mesma forma, está inclusa nela, o julgamento do processo instaurado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre a chapa Dilma/Temer nas eleições realizadas em 2014, tendo sido demonstrado na primeira audiência, que eles irão usufruir de todos os recursos disponíveis que venham conduzi-lo a uma estratégica “leniência” para somente concluí-lo a partir de 2019, com um novo mandatário instalado no Planalto.
No fundo, existe uma suspeita generalizada no mercado financeiro de que o investidor estrangeiro ainda se encontra um pouco inseguro quanto à efetiva recuperação da economia brasileira, apesar dos ativos terem desfrutado há tempo atrás de um proveitoso “rali”.
Temos uma economia complexa e sofisticada presente em diversos segmentos como o agronegócio, o setor financeiro, os serviços, a mineração e a indústria de bens, que certamente voltarão a receber investimentos assim que houver a retomada das condições econômicas que favoreçam um crescimento de longo prazo.
Tenho a ligeira impressão de que o primeiro sinal positivo só deverá acontecer a depender da consistência das medidas aprovadas pelo Congresso na reforma da Previdência, quando poderá surgir a primeira rodada de apostas dirigidas a um canal de grande potencialidade no longo prazo, com forte atratividade pelos capitais realmente produtivos, que assim impulsionarão a economia brasileira em busca do crescimento sustentável.
Sem dúvida, o fluxo de investimentos está totalmente atrelado à realização das principais reformas. A expectativa é que o texto passe antes do encerramento deste semestre. Se, ao final de maio, a reforma continuar sem aprovação na Câmara, nossos ativos começarão a apresentar uma vulnerabilidade inquietante.
A variável positiva ligada à insegurança demonstrada pelos investidores internacionais é que somente quando as reformas efetivamente passarem, certamente veremos uma natural e vigorosa valorização dos ativos brasileiros que se encontram nos últimos meses praticamente estacionários.
É fundamental salientar que a percepção externa que se tem sobre o País tem um lado construtivo muito bom, embora ainda persistam dentro dele algumas importantes incertezas como a arriscada questão fiscal, uma economia ainda apática, desemprego elevadíssimo e, também, a precariedade de um ambiente estável e previsível para concessões de serviços públicos.
O dólar, por exemplo, para alguns analistas econômicos, poderá cair abaixo dos R$ 3,00, podendo atingir R$2,75, atraído pelos juros altos que ainda poderão estar sendo praticados na economia, levando o BC a ter que comprar reservas ou a fazer leilões de “swap” reverso.
Outra grande preocupação existente é crucial para mim, já que passa, fatalmente, pelas eleições majoritárias de 2018. Concordo plenamente quando se diz que o maior temor do mercado é de que esta crise profunda que estamos atravessando possa abrir caminho para um candidato presidencial “outsider” aventureiro ou para um populista de esquerda, igual àqueles que por “idealismo oportunista” trazem consigo um modelo de governo totalmente inconsequente, envolvendo-se ardilosamente com seus liderados numa corrupção sistêmica de efeito eminentemente endêmico, como tivemos a oportunidade recente de experimentar. Que este trágico exemplo sirva para todos os brasileiros, inclusive para aqueles que constituirão as futuras gerações.
21 de abril de 2017
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador)
A atual equipe econômica vem mostrando, ao longo desse breve período, um caminho promissor, apesar de árduo, na execução de uma política que busca soluções para os principais aspectos macroeconômicos, apoiando-se em um modelo fundamentado em bases absolutamente reconstrutivistas. Evidencio a significativa queda na inflação, que apresentou no acumulado de 12 meses o índice de 4,57%, convergindo praticamente para o centro da meta perseguida pelo BC (Banco Central), de 4,5% para 2017. Igualmente, a taxa básica de juros apresenta acentuado declínio, como se viu na semana passada após a última decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), aproximando-se com evidente progressividade para um dígito e a exitosa articulação do governo no Congresso, limitando os incontroláveis gastos públicos.
Acontece que os investimentos continuam praticamente paralisados, apenas configurados no âmbito das intenções. O fluxo de capitais ainda se apresenta, a rigor, num patamar negativo, sendo que boa parte dele está ligado à venda de ativos por empresas nacionais visivelmente endividadas, as quais têm dificuldades para sobreviver numa das mais profundas recessões já vistas em nossa história econômica. Constata-se, também, uma notável dose de oportunismo de investidores estrangeiros que aproveitam o dólar mais valorizado ante o real para fazer algumas barganhas atraentes.
Os investidores externos estabeleceram, através de um consenso informal, um elenco de exigências antes de começar a canalizar um volume considerável de recursos para o Brasil, tendo como principais premissas: a retomada do crescimento econômico após dois anos de uma dolorosa recessão, a solidez e a concretização das reformas estruturais obrigatórias e um cenário mais nítido das eleições que serão realizadas no próximo ano.
A insegurança externa revela estar fortalecida pelas incertezas que são trazidas pela operação Lava Jato, impregnada de elevado risco político, constantemente contabilizado pelo mercado financeiro, principalmente após os últimos acontecimentos conhecidos por meio das deleções na explosiva lista de Fachin, que, aliás, não poupou ninguém, especulando-se ainda que muito mais poderá vir à tona num segundo momento, exclusivamente pelo canal do Judiciário. Firma-se assim um irrefragável fim de um longo ciclo nefasto na política nacional e, da mesma forma, está inclusa nela, o julgamento do processo instaurado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre a chapa Dilma/Temer nas eleições realizadas em 2014, tendo sido demonstrado na primeira audiência, que eles irão usufruir de todos os recursos disponíveis que venham conduzi-lo a uma estratégica “leniência” para somente concluí-lo a partir de 2019, com um novo mandatário instalado no Planalto.
No fundo, existe uma suspeita generalizada no mercado financeiro de que o investidor estrangeiro ainda se encontra um pouco inseguro quanto à efetiva recuperação da economia brasileira, apesar dos ativos terem desfrutado há tempo atrás de um proveitoso “rali”.
Temos uma economia complexa e sofisticada presente em diversos segmentos como o agronegócio, o setor financeiro, os serviços, a mineração e a indústria de bens, que certamente voltarão a receber investimentos assim que houver a retomada das condições econômicas que favoreçam um crescimento de longo prazo.
Tenho a ligeira impressão de que o primeiro sinal positivo só deverá acontecer a depender da consistência das medidas aprovadas pelo Congresso na reforma da Previdência, quando poderá surgir a primeira rodada de apostas dirigidas a um canal de grande potencialidade no longo prazo, com forte atratividade pelos capitais realmente produtivos, que assim impulsionarão a economia brasileira em busca do crescimento sustentável.
Sem dúvida, o fluxo de investimentos está totalmente atrelado à realização das principais reformas. A expectativa é que o texto passe antes do encerramento deste semestre. Se, ao final de maio, a reforma continuar sem aprovação na Câmara, nossos ativos começarão a apresentar uma vulnerabilidade inquietante.
A variável positiva ligada à insegurança demonstrada pelos investidores internacionais é que somente quando as reformas efetivamente passarem, certamente veremos uma natural e vigorosa valorização dos ativos brasileiros que se encontram nos últimos meses praticamente estacionários.
É fundamental salientar que a percepção externa que se tem sobre o País tem um lado construtivo muito bom, embora ainda persistam dentro dele algumas importantes incertezas como a arriscada questão fiscal, uma economia ainda apática, desemprego elevadíssimo e, também, a precariedade de um ambiente estável e previsível para concessões de serviços públicos.
O dólar, por exemplo, para alguns analistas econômicos, poderá cair abaixo dos R$ 3,00, podendo atingir R$2,75, atraído pelos juros altos que ainda poderão estar sendo praticados na economia, levando o BC a ter que comprar reservas ou a fazer leilões de “swap” reverso.
Outra grande preocupação existente é crucial para mim, já que passa, fatalmente, pelas eleições majoritárias de 2018. Concordo plenamente quando se diz que o maior temor do mercado é de que esta crise profunda que estamos atravessando possa abrir caminho para um candidato presidencial “outsider” aventureiro ou para um populista de esquerda, igual àqueles que por “idealismo oportunista” trazem consigo um modelo de governo totalmente inconsequente, envolvendo-se ardilosamente com seus liderados numa corrupção sistêmica de efeito eminentemente endêmico, como tivemos a oportunidade recente de experimentar. Que este trágico exemplo sirva para todos os brasileiros, inclusive para aqueles que constituirão as futuras gerações.
21 de abril de 2017
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador)
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