"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

COM 24 CANDIDATOS A MINISTRO, TEMER NÃO TEM DESCULPAS PARA ATRASAR A INDICAÇÃO




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Ilustração reproduzida do site IG Tecnologia
É inexplicável e inaceitável essa demora do presidente Michel Temer em indicar o substituto de Alexandre de Moraes no Ministério do Planejamento. No início do mês, o chefe do governo abriu um espaço na agenda para dar entrevista a Ricardo Noblat, de O Globo, e fez revelações interessantes, como declarar que tinha selecionado 27 candidatos à vaga no Supremo, aberta com a morte trágica do ministro Teori Zavascki. Três dias depois,  escolheu o nome de Moraes, seu discípulo e amigo há décadas. Sobraram, então, 26 candidatos a comandar a pasta da Justiça, cargo de perfil semelhante ao de ministro do Supremo. Diante dessa realidade, não é admissível que o presidente continue retardando a decisão.
TEVE DE RECUAR – Todos sabem que o candidato preferido de Temer era o criminalista Antonio Mariz de Oliveira, que é seu advogado e velho amigo. Mas o presidente teve de recuar, por se tratar de um inimigo declarado da Lava Jato, que assinou o manifesto organizado pelo PT e deu entrevistas criticando também a delação premiada.
Sem apoio para indicar Mariz, o presidente fez então uma surpreendente guinada, convidando um advogado famoso que defende posição exatamente oposta – Carlos Velloso, ex-ministro do Supremo, que tem apoiado a Lava Jato, as delações premiadas e a atuação do juiz federal Sérgio Moro. E como Velloso acabou recusando, conforme até previmos aqui na Tribuna da Internet, tudo voltou à estaca zero.
RESTAM 24 NOMES – De toda forma, não há justificativa para essa demora na indicação do novo ministro da Justiça. Afinal, na agenda presidencial, mesmo com o descarte dos nomes de Moares, Mariz e Velloso, ainda restam exatos 24 pretendentes à disputada nomeação.
A indecisão só faz aumentar as especulações de que o convite a Velloso tenha sido apenas uma manobra diversionista de Temer, para depois indicar um ministro que aceite ser integrado ao esquema do Planalto e do Congresso para inviabilizar o prosseguimento da Lava Jato. A dificuldade na escolha residiria justamente nesse detalhe – é preciso indicar um nome que seja respeitável, não desperte suspeitas e possa participar da chamada Operação Abafa.
IMPASSE DE TEMER – Bem, foi assim que o presidente Temer chegou a um impasse. Como escolher um ministro respeitável nessas condições? É claro que se trata de uma verdadeira missão impossível (e sem Tom Cruise). Se o pretendente ao cargo for adversário da Lava Jato, jamais poderá ser respeitado; pelo contrário, em pouco tempo estará totalmente desmoralizado.
A solução ideal para o Planalto é indicar um deputado ou senador do PMDB ou do PSDB, que seja pouco conhecido e desperte menos suspeitas. A justificativa então será uma suposta e inexistente pressão feita pela base aliada, porque o partido ao qual o neoministro seja filiado nem interessa – todos são praticamente iguais. quando o objetivo é esvaziar a Lava Jato.
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PS – É claro que existe outra hipótese. Temer pode ter uma nova recaída, cair na real e nomear um jurista independente tipo Velloso, convencido de que não há como abafar a Lava Jato. Na política brasileira, tudo pode acontecer. (C.N.)

20 de fevereiro de 2017
Carlos Newton

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