"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

ATÉ CHUMBO É CORTIÇA: A TEORIA DE COMUNICAÇÃO DO PADRE ANTONIO VIEIRA

Padre Antônio Vieira é o maior escritor da língua portuguesa, por isso é província de chatíssimos, repetitivos e vazios estudos literários.
Infelizmente nossa pobreza mental o desconhece como o maior pensador latino-americano e ibérico.

Vieira é um filósofo profundo, sutil e poderoso, e um teólogo de escol comparável a Aquino.
Sua perfeição argumentativa provém do latim clássico, modelo de clareza e objetividade que depura a língua portuguesa da confusão visigótica que a parasita e polui.

Seu Sermão mais conhecido, o da Sexagésima, é um estudo original e penetrante que desenvolve três teses sobre a comunicação humana, tornando-o um pioneiro da teoria da comunicação, campo em que Eco e McLuhan fizeram fama.

No Sermão da Sexagésima Vieira analisa o problema básico da eficiência da pregação, em que muito se prega mas poucos se convertem.

Notem que durante sua vida Vieira pregou para Sarneys da Corte e Sarneys da Floresta, para cortesões selvagens corrompidos e nativos corruptos selvagens.

Vieira conclui que a deficiência não se encontra na mensagem [o evangelho], nem em quem recebe a mensagem [o público], mas em quem emite a mensagem [o pregador].

O milieu intelectual do Sermão é uma discussão de Vieira com Lutero e demais protestantes que recuperaram a mensagem e a obra evangélica de São Paulo em que se desinflaciona a importância das obras para a salvação individual e se releva o papel da fé e da graça divina.

Sua primeira tese argumenta que a falha de comunicação se deve ao fato de que o mensageiro não deve se limitar apenas as palavras, mas deve mostrar e substanciar seu discurso com suas ações e obras.

Sua segunda tese se baseia no preceito de que a pregação deve ser original, pois não se pode lutar e vencer batalhas com armas alheias.
O evangelizador deve ter conhecimento, fé e articular suas crenças de tal modo a persuadir sua platéia.

Sua Terceira tese e a mais sutil, é a da interpretação da mensagem.

O evangelho e demais sagradas escrituras se mal interpretadas gerarão o resultado inverso do que pretende o pregador.

O bom pregador não papagueia a Biblia, mas reflete e compreende sua mensagem e a transmite com tal peso e força que descontenta o homem que a recebe.



04 de abril de 2016
in selva brasilis

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