"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 25 de abril de 2015

O GENOCÍDIO ARMÊNIO E O CRIME DA MENTIRA

Raphael Lemkin, o advogado judeu e polonês que inventou a palavra genocídio para se referir ao extermínio dos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, se inspirou no esforço de eliminação do povo armênio nos estertores do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial para realizar a sua investigação sobre o Holocausto e definir um novo crime.

Negar o Holocausto é crime em muitos países. Admitir o genocídio dos cristãos armênios é crime na Turquia, o país que forjou sua identidade nacional com o desmantelamento do Império Otomano. 

Esta sexta-feira, 24 de abril, é o centenário da deliberada campanha otomana para aniquilar um povo para que ele não empreendesse sua luta de independência.

Em 24 de abril de 1915, centenas de intelectuais armênios foram presos em Istambul e em seguida executados. Não foi o primeiro massacre de armênios, mas se definiu que o 24 de abril fora o começo do genocídio que se estendeu até 1917. 

De acordo com o Centro de Estudos para o Holocausto e o Genocídio da Universidade de Minnesota, nos EUA, havia 2.133.190 armênios no Império Otomano em 1914. Restavam 387.800 na Turquia em 1922. 
Foi a pior atrocidade da Primeira Guerra Mundial e seu ponto mais significativo foi a deportação da população armênia do que é hoje o leste da Turquia para a Síria, em marchas da morte.

A Turquia nega os números (cerca de 1.5 milhão de mortos) e letra G. Diz que morreram bem menos armênios (cerca de 300 mil) e que a tragédia foi resultado do caos da guerra e não de um plano deliberado para aniquilar os armênios. 

Apesar de suas divisões internas entre religiosos e seculares; liberais e conservadores e ricos e pobres, apenas 9% dos turcos dizem que o governo deveria cunhar as atrocidades de genocídio e pedir desculpas para os armênios. 

A postura oficial e popular contrasta com as investigações históricas, muitas empreendidas por corajosos acadêmicos turcos, como Taner Akçam, que recentemente descobriram documentos associando o governo da época ao genocídio. São documentos com ordens de extermínio.
A petulância turca é um entrave para encarar honestamente sua própria história, como fizeram tantos países com um passado atroz. Para ficar num caso recente, está aí a Àfrica do Sul que acertou as contas com o apartheid. Akçam diz que existem quatro motivos para a Turquia negar de forma tão veemente o genocídio. 
Antes de mais nada, é o medo de que admiti-lo abra as comportas para processos por indenização. No entanto, ainda mais crucial é colocar em risco a identidade nacional turca. Admitir a verdade seria assumir que os pais fundadores do país foram assassinos e ladrões.
Existe ainda o medo de que se começar com os armênios vai terminar com outras minorias étnicas e religiosas que também foram vítimas de atrocidades E Akçam finalmente diz que aceitar a verdade é assumir que um país construiu sua história e glória nacional com base em mentiras e negações.
O governo turco, em um gesto indecente para ofuscar o centenário do genocídio armênio, transferiu para este mesmo dia 24 a cerimônia para registrar o centenário da batalha de Gallipoli, um fiasco para as tropas britânicas, australianas, neozelandesas e francesas na Primeira Guerra Mundial. 
A ideia é uma cerimônia de concórdia entre ex-adversários. 
Algo válido, mas por que mais esta desfeita com os armênios? Alguns líderes ocidentais estarão presentes no evento turco, mas parabéns ao presidente francês François Hollande, que decidiu prestigiar a cerimônia do genocídio em Erevan, capital da Armênia.

Em todas as partes do mundo, os armênios estão celebrando neste 24 de abril o centenários do genocídio. Na quinta-feira à noite, houve uma cerimônia com a presença de um grupo corajoso de turcos e armênios, congregados na praça Taksim, em Istambul. 
Ali perto da praça, começou formalmente o genocídio com a prisão de centenas de intelectuais armênios em suas casas. Apenas 24 países reconhecem que o genocídio foi genocídio. A preferência é por não atiçar a Turquia. Da imensa e vexaminosa lista dos ausentes, eu quero destacar EUA, Israel e Brasil.


25 de abril de 2015
Caio Blinder

http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com/2015/04/o-genocidio-armenio-e-o-crime-da-mentira.html


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