"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

INCONSISTÊNCIA


 

É lícito supor, em virtude do esdrúxulo modelo presidencialista em vigor por aqui, ser difícil, por parte do Executivo, desenvolver um regime de ausência  ou mesmo de pouca interferência no Parlamento, com o qual necessita manter "pontes", algumas já sendo construídas pelo PT, rápido no gatilho, com a nova presidência, para articular sua governabilidade. 
Assim, a veemência apregoada pelo recém-eleito Presidente da Câmara, Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao afirmar que não será submisso às imposições do Planalto, que preservará a independência da casa e, ao mesmo tempo, que garantirá a governabilidade do país, corre o risco de desaguar numa inconsistência lógica difícil de  desatar: para governar, o Executivo precisa construir pontes mas, para construí-las, necessita de tentáculos no Congresso que fatalmente comprometerão sua autonomia, cuja restrição deverá ser então aceita pelos parlamentares, a fim de garantir a prometida governabilidade. 
Sabe Deus que tipos de arranjos então terão, como sempre, que ser alinhavados.

Ou seja, o país, que exibe a curiosa situação de constatar ser da base aliada o partido que pratica  a mais eficiente oposição ao Executivo, dos três, o mais "poderoso" dos poderes, nada harmônicos, enquanto que o que deveria desempenhar tal papel coloca-se somente à espreita, não consegue realizar sua tão implorada e necessária reforma política, por exibir um sistema confuso e contraditório que só serve para eternizar caciques políticos, alguns dos quais, por aposentadoria, começam a passar o bastão para membros das respectivas famílias, formando dinastias que dificilmente se comprometerão a oxigenar o sistema.

03 de fevereiro de 2015
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário