Juros sobem a 10% ao ano e BC deixa de falar na inflação de 2014; taxas de um dígito tiveram ganho abaixo do esperado
Depois de 20 meses, os juros brasileiros, os mais altos entre as principais economias do mundo, voltam ao patamar de dois dígitos.
Por decisão do Banco Central, a taxa Selic, que serve de referência para o rendimento das aplicações financeiras e o custo dos empréstimos bancários, foi elevada de 9,5% para 10% ao ano.
O Comitê de Política Monetária abriu a possibilidade de moderar a alta dos juros daqui para a frente, ao excluir do texto do comunicado da medida a preocupação com a inflação do próximo ano.
“Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic”, disse o texto, na tradicional linguagem cifrada do BC.
Sumiu do texto uma afirmação repetida nos quatro comunicados anteriores de aumentos de 0,5 ponto percentual: “O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”.
Interpretação de texto à parte, o novo patamar da taxa tem o significado político de prenunciar o fim de um dos principais trunfos do governo Dilma Rousseff.
Sob a administração da presidente, a Selic atingiu seu menor percentual desde que foi criada em 1986 —os 7,25% anuais que vigoraram de outubro do ano passado a abril deste ano.
Promovida na tentativa de reanimar o consumo e o investimento, a queda da taxa foi apresentada como um feito da nova orientação da política econômica, mais próxima das teses desenvolvimentistas da esquerda nacional.
Os juros reais, ou seja, acima da inflação, chegaram a cair abaixo dos 2% anuais, uma meta fixada extra-oficialmente no início do mandato de Dilma.
O afrouxamento monetário, no entanto, não obteve a ambicionada aceleração do crescimento da economia —e, enquanto o Produto Interno Bruto continuou em expansão lenta, a inflação subiu mais rapidamente.
O IPCA, índice que serve de referência para a política do BC, chegou aos 6,59% nos 12 meses encerrados em março, acima do teto fixado na legislação, de 2 pontos percentuais acima da meta de 4,5%.
Agora, as projeções centrais dos analistas de mercado são de uma inflação de 5,8% neste ano e 5,9% em 2014, ainda longe da meta mas dentro do que o governo considera como tolerável.
Os ganhos para as contas públicas também ficaram muito abaixo do esperado pela equipe econômica de Dilma. Mesmo quando a Selic estava no piso histórico, as despesas do governo com sua dívida continuaram altas.
Os gastos com juros caíram ao equivalente a 4,8% do Produto Interno Bruto, não muito abaixo dos 5,2% do último ano do governo Lula, encerrado com Selic de 10,75%.
É que a administração petista criou novos custos financeiros ao se endividar no mercado para injetar dinheiro nos bancos públicos e elevar a oferta de crédito.
Dilma corre o risco de encerrar seu mandato com uma taxa superior à herdada do antecessor. A projeção mais consensual para 2014 ainda é uma taxa de 10,5%, mas os analistas com maior taxa de acerto nas pesquisas do BC já trabalham com 11% —uma taxa real na casa dos 5%.
Isso significa que os gastos com a dívida e o deficit nas contas do governo também tendem a ser maiores que os de 2010.
28 de novembro de 2013
Folha de São Pauo
Por decisão do Banco Central, a taxa Selic, que serve de referência para o rendimento das aplicações financeiras e o custo dos empréstimos bancários, foi elevada de 9,5% para 10% ao ano.
O Comitê de Política Monetária abriu a possibilidade de moderar a alta dos juros daqui para a frente, ao excluir do texto do comunicado da medida a preocupação com a inflação do próximo ano.
“Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic”, disse o texto, na tradicional linguagem cifrada do BC.
Sumiu do texto uma afirmação repetida nos quatro comunicados anteriores de aumentos de 0,5 ponto percentual: “O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”.
Interpretação de texto à parte, o novo patamar da taxa tem o significado político de prenunciar o fim de um dos principais trunfos do governo Dilma Rousseff.
Sob a administração da presidente, a Selic atingiu seu menor percentual desde que foi criada em 1986 —os 7,25% anuais que vigoraram de outubro do ano passado a abril deste ano.
Promovida na tentativa de reanimar o consumo e o investimento, a queda da taxa foi apresentada como um feito da nova orientação da política econômica, mais próxima das teses desenvolvimentistas da esquerda nacional.
Os juros reais, ou seja, acima da inflação, chegaram a cair abaixo dos 2% anuais, uma meta fixada extra-oficialmente no início do mandato de Dilma.
O afrouxamento monetário, no entanto, não obteve a ambicionada aceleração do crescimento da economia —e, enquanto o Produto Interno Bruto continuou em expansão lenta, a inflação subiu mais rapidamente.
O IPCA, índice que serve de referência para a política do BC, chegou aos 6,59% nos 12 meses encerrados em março, acima do teto fixado na legislação, de 2 pontos percentuais acima da meta de 4,5%.
Agora, as projeções centrais dos analistas de mercado são de uma inflação de 5,8% neste ano e 5,9% em 2014, ainda longe da meta mas dentro do que o governo considera como tolerável.
Os ganhos para as contas públicas também ficaram muito abaixo do esperado pela equipe econômica de Dilma. Mesmo quando a Selic estava no piso histórico, as despesas do governo com sua dívida continuaram altas.
Os gastos com juros caíram ao equivalente a 4,8% do Produto Interno Bruto, não muito abaixo dos 5,2% do último ano do governo Lula, encerrado com Selic de 10,75%.
É que a administração petista criou novos custos financeiros ao se endividar no mercado para injetar dinheiro nos bancos públicos e elevar a oferta de crédito.
Dilma corre o risco de encerrar seu mandato com uma taxa superior à herdada do antecessor. A projeção mais consensual para 2014 ainda é uma taxa de 10,5%, mas os analistas com maior taxa de acerto nas pesquisas do BC já trabalham com 11% —uma taxa real na casa dos 5%.
Isso significa que os gastos com a dívida e o deficit nas contas do governo também tendem a ser maiores que os de 2010.
28 de novembro de 2013
Folha de São Pauo
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