"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

JOSÉ DIRCEU PEDE HC PREVENTIVO CONTRA O INVERNO DE CURITIBA



(O Globo) Advogados do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu estão dando entrada nesta quinta-feira com um habeas corpus preventivo para que ele não seja preso. A petição está sendo encaminhada ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. A informação foi confirmada pela assessoria de Dirceu. 

Alegando que o petista está na “iminência de sofrer constrangimento ilegal”, a defesa de Dirceu _ liderada pelo advogado Roberto Podval _ pede que o tribunal conceda "ordem de habeas corpus, evitando-se o constrangimento ilegal e reconhecendo o direito do paciente de permanecer em liberdade".

Na petição, de 40 páginas, eles afirmam que Dirceu, investigado por receber dinheiro de empreiteiras envolvidas na operação Lava-Jato, atendeu, por meio de sua assessoria, a mais de "60 clientes de 20 setores diferentes da economia, como indústrias de bens de consumo, telecomunicações, comércio exterior, logística, tecnologia da informação, comunicações e construção civil".

Afirmam ainda que Dirceu foi surpreendido por saber, por meio da imprensa, que seu nome "havia sido enredado na assim denominada Operação Lava-Jato". A situação de Dirceu se complicou após a prisão do empresário Milton Pascowitch, que fechou nesta semana um acordo de delação premiada com a Justiça Federal. Preso desde 21 de maio, ele se tornou o décimo nono investigado pela Operação Lava-Jato a concordar em contar o que sabe sobre esquemas de corrupção na Petrobras que envolviam pagamento de propina a políticos e fraudes a licitações.

Pascowitch é apontado pelos investigadores como o operador de propinas da construtora Engevix, além de ser próximo a políticos do PT. A empresa dele, Jamp Engenheiros Associados, pagou R$ 1,45 milhão à JD Consultoria, do ex-ministro José Dirceu, entre 2011 e 2012. Em maio, quando o repasse foi divulgado, a assessoria de imprensa de Dirceu declarou que o contrato havia sido assinado com o objetivo de negócios para a Engevix no exterior.

02 de julho de 2015
in coroneLeaks

PARA OS CORNETEIROS



Há um grupo organizado nas redes sociais cujo objetivo é destruir o PSDB de Aécio Neves como alternativa de poder, apesar dos seus 51 milhões de votos e do senador mineiro estar à frente de Lula ou de qualquer candidato em todas as pesquisas para 2018. A última "onda" foi espalhada ontem, durante o dia, culpando o PSDB pela derrota na noite anterior, na votação da redução da maioridade penal, pois cinco deputados haviam votado contra. A resposta foi dada ontem, quando a PEC voltou a votação e foi aprovado pela Câmara, em primeiro turno. O PSDB foi o partido que mais votos deu a favor da redução, apesar de não ser a maior bancada. Vejam os números dos cinco principais partidos que votaram a favor:
  1. PSDB (49 votos)=>15,17% do total
  2. PMDB (46 votos)=>14,24%  do total
  3. PP ( 37 votos)=>11,45% do total
  4. PSD (29 votos)=>8,97% do total
  5. PR (28 votos)=>8,67% do total
Sem dúvida alguma, o PSDB foi o ator mais importante na aprovação. Não surpreende. Em primeiro de abril de 2014, Aécio Neves declarou apoio à redução da maioridade penal. Falou pelo PSDB, quando o tema era extremamente polêmico. Assumiu a bandeira e, ontem, o Brasil deu o primeiro passo rumo à redução da violência e da criminalidade. Sobrou para os corneteiros, a corneta. Ela vai voltar. Mas está cada vez mais difícil conseguir que ela seja ouvida.

02 de julho de 2015
in coroneLeaks

CUNHA PISA NO PESCOÇO DO PT


Petistas ofendem presidente da Câmara no plenario.

(Estadão) Dando mais um "recado" do tamanho da crise entre o PMDB e o governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu nesta quinta-feira, 2, publicamente que o vice-presidente Michel Temer deixe a articulação política do Palácio do Planalto após a fim das votações do ajuste fiscal. 

Temer é presidente nacional do PMDB e assumiu as funções da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) após a presidente Dilma Rousseff afastar o então ministro Pepe Vargas (PT-RS), que não tinha interlocução com Cunha e estava sem condições de negociar com a base aliada.

"O Michel entrou para tentar melhorar essa articulação política e está claramente sendo sabotado por parte do PT. Eu acho que, a continuar desse jeito, o Michel deveria deixar a articulação política", defendeu Cunha nesta manhã, numa coletiva de imprensa recheada de ataques ao governo Dilma e ao PT. "Do jeito que está indo aqui - com o governo se misturando com o PT - o PMDB deve ficar longe dessa articulação política. Porque isso não está fazendo bem para o PMDB", acrescentou.
A declaração de Cunha joga mais combustível no clima de rebelião que existe hoje no PMDB. Nas últimas semanas, diante da acentuada queda de popularidade de Dilma, do cenário econômico adverso e das novas denúncias de corrupção que atingiram o PT, a ala peemedebista que defende um afastamento entre partido e o Planalto ganhou força.

O primeiro passo desse processo, dizem, seria justamente a entrega da articulação política, gesto considerado drástico por aliados de Temer. Na avaliação de interlocutores do vice-presidente, um movimento nesse sentido aceleraria o rompimento da aliança e daria corpo à tese do impeachment.

Cunha chamou nesta quinta as queixas dos deputados contra a redução da maioridade penal - aprovada na noite de quarta após manobras regimentais encampadas pelo peemedebista - de "choro" de quem não tem voto e está assumindo uma agenda contrária à sociedade. "Não é à toa que o governo está indo para 9% de popularidade (segundo pesquisa CNI/Ibope) e está no mesmo tamanho daqueles que apoiam a manutenção da idade penal", disparou Cunha.

"O PT está na pauta dos 9%. E o governo também erra quando entra na pauta do PT", disse o presidente da Casa. "Então, o PT não é a favor de nada. O PT tem uma pauta contra a sociedade", concluiu.

02 de julho de 2015
in coroneLeaks

BARBOSA DIZ QUE CONSTITUIÇÃO NÃO PERMITE MANOBRA DE CUNHA

ELE EXPLICOU QUE EMENDA REJEITADA NÃO PODERIA SER REAPRESENTADA


BARBOSA EXPLICOU QUE EMENDA REJEITADA NÃO PODERIA
SER REAPRESENTADA


O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa criticou em sua conta oficial no Twitter a manobra do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que após ver rejeitada a proposta de redução da maioridade penal para crimes hediondos e graves, levou à votação uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) mais branda, costurada com seus aliados, e conseguiu sua aprovação, 24 horas depois de a primeira proposta ter sido derrotada. "Matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada NÃO pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa", disse o ex-presidente do STF no Twitter.

Joaquim Barbosa disse ainda que sua avaliação está baseada no artigo 60, parágrafo 5 da Constituição brasileira. "Tem tudo a ver com o que se passa neste momento na Câmara dos Deputados", disse o ex-presidente do Supremo.

A manobra de Eduardo Cunha foi taxada pelos deputados governistas e contrários à redução da maioridade penal de "pedalada regimental". Eles prometem recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a questão. Essa votação teve 323 votos a favor, 155 contra e 2 abstenções e determina que jovens com mais de 16 e menos de 18 anos sejam punidos como adultos quando praticarem crimes hediondos, homicídio doloso (com intenção de matar) e lesão corporal seguida de morte. (AE)



02 de julho de 2015
diário do poder

JOSÉ DIRCEU PEDE HABEAS CORPUS PREVENTIVO PARA NÃO SER PRESO

EX-MINISTRO DE LULA RECORRE À JUSTIÇA PARA NÃO VOLTAR À PRISÃO


JOSÉ DIRCEU CUMPRE PENA DE PRISÃO DOMICILIAR, NO 
PROCESSO DO MENSALÃO. 
(FOTO: ED FERREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO)


O ex-ministro José Dirceu, que cumpre pena de prisão domiciliar no processo do mensalao, ingressou na Justiça com um pedido de habeas corpus para não ser preso na Operação Lava Jato, que investioga a roubalheira na Petrobras.

Esta semana, após acordo de delação premiada, o lobista Milton Pacowitch contou haver pago suborno ao ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, e que até custeou suas despesas pessoais, como a reforma de um imóvel.

Pascowitch revelou que o pagamento de propina a José Dirceu foi para garantir a contratação da empreiteira Engevix pela Petrobras, através da diretoria de Serviços, chefiada na época por Renato Duque, que foi indicado para o cargo pelo ex-ministro. Em nota, José Dirceu negou que tenha indicado Duque e que tenha sido subornado.

O pedido de habeas corpus foi protocolada no Tribunal Regional Federal da 4ª região, em Porto Alegre (RS), ao qual é subordinada a Vara Federal Criminal chefiada pelo juiz Sergio Moro, que coordena as ações da Operação Lava Jato.



02 de julho de 2015
diário do poder

AGENTE DIZ QUE IMPLANTOU ESCUTAS A MANDO DE SUPERINTENDENTE DA PF




WERLANG DISSE QUE ORDEM VEIO DO SUPERINTENDENTE 
DA PF NO PARANÁ E DE DOIS DELEGADOS

Deputados presentes na sessão da CPI da Petrobras da tarde desta quinta-feira, 2, contaram que o agente da Polícia Federal Dalmey Fernando Werlang revelou que implantou escutas clandestinas na Superintendência da PF em Curitiba a mando de três superiores. Werlang disse que o pedido foi feito pelo superintendente da PF no Paraná, Rosalvo Franco, e pelos delegados Igor Romário de Paula e Márcio Anselmo.

O agente, que depõe neste momento em sessão fechada, afirmou que colocou a escuta no segundo andar da Superintendência da Polícia Federal, hoje sede das investigações da Operação Lava Jato, no dia da prisão do doleiro Alberto Youssef.

De acordo com relatos, o agente informou que implantou o grampo na cela do doleiro e no fumódromo do prédio da Superintendência. Em abril do ano passado, Youssef descobriu a escuta clandestina. (AE)



02 de julho de 2015
diário do poder

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 02/07


02 DE JULHO DE 2015

NUNCA MAIS VOLTARÁ

Jobim nadava com força na lagoa Rodrigo de Freitas naquele verão de 1944. Parou um instante, já chegando ao Sacopã, e olhou em volta, imaginando como seria Ipanema dali a 20 anos. A lagoa era clara, cheia de peixes e garças. Ipanema era uma promessa de vida em seu peito molhado.
Leila Diniz estava rindo no bar Jangadeiros, em minha mesa 20 anos depois. Nós éramos jovens, na luz de Ipanema; como Joyce escreveu, estávamos “felizes, moços, perto do selvagem coração da vida”. E eu pensava: “Meu Deus, que alegria! Até quando seremos assim?”

Tínhamos uma espécie de paraíso social ali entre Copa e Leblon. Tom Jobim diria anos depois: “O Brasil será feliz quando tudo for uma grande Ipanema”.

Hoje, estou na rua Visconde de Pirajá com Joana Angélica, espécie de cruz privilegiada da cidade. Vejo o Rio à minha volta. Tudo parece em câmera lenta; na lagoa, percebo que as árvores cresceram. Moro mais em São Paulo e eu não via isso quando morava só aqui. Hoje, vejo a natureza linda e corruptora - “ah... mas é tão lindo...” –, grande álibi para a miséria que ferve nas ruas. A natureza corrompe.

Hoje, nos afligimos com tantos pobres que expõem suas feridas nas esquinas, com tantos vagabundos descendo dos morros.

O que incomoda a população branquinha não é só o assaltante; é o “passeante”. Pardos passeantes de chinelos e calção enchem a Zona Sul. Eles pressentem o medo dos “classe-médias” e desfilam com garbo. O carioca branco se indigna, como se só ele fosse nativo. Vejo que meu mal-estar diante do caos carioca é um mal-estar de classe. Há um horror de classe nos cariocas “brancos”; querem mudar o Rio para ontem, querem que o Rio “volte” a ser algo de “antigamente”. É mentira que tememos apenas a violência. Tememos também a promiscuidade.

O Rio é hoje a saudade de algo que já foi. Ninguém ama o Rio como ele é. Só os miseráveis, que hoje ocupam as praias, amam o Rio – são seus anos dourados.

O Rio atingiu seu ponto de “perfeição” (para os pequenos burgueses) por volta dos anos 50 e 60, quando o acaso deu um tempo na “involução” da cidade e o mito cruzou com o real. A beleza parou um instante entre o erro e a decadência, entre a economia do “milagre” e a tragédia da exclusão das massas, e se equilibrou por alguns anos entre o Posto Nove e a praça General Osório, criando uma ilha utópica da esquerda festiva (eu estava lá) que não contava ainda com a miséria que se reproduzia nos morros.

Hoje, nas ruas de Ipanema, parece que ando num rio do inferno. O ritmo lento dos desocupados se cruza com os olhares trêmulos de madames e aposentados correndo para trás das grades, biquinis em frente a mendigos, população branca temerosa, movendo-se entre a “folga” da “crioulada” e os mendigos que jazem nas portas da igreja, criancinhas brincando na sarjeta, mamadeira e esmolas, caixotes e pernas abertas.

O Rio virou o escândalo dos cariocas. Mas o horror de nada serve; é só angústia vazia. A miséria dos outros tem sido para nós um problema existencial. O “escândalo” parte do equívoco de que eles são um “erro” da natureza. O erro está em nós. Escandalizar-se é se salvar. Mas somos parte do escândalo.

É como se toda essa invasão de pardos (não só na pele – pardos na alma, na vida parda) fosse apenas uma “amolação” na vida “branca”.

No entanto, essa mutação da cidade é definitiva. Voltar a ser o quê? O reduto da Bossa Nova, a ilusão dos filhos da PUC?

Eu vejo as velhas negras de cem anos vendendo arruda na feira, como escravas-de-ganho do século XIX, vejo essa mistura baiano-persa dos camelôs e vejo a malandragem dos feirantes disputando uma risonha luta de classes com madames e velhotes. Vejo isso tudo e entendo que não vai voltar mais nada.

Nunca mais voltará Leila Diniz! Do ponto de vista excludente, de uma administração tradicional, a situação é insolúvel.

O Brasil não virou Ipanema. Ipanema virou o Brasil. Silenciosamente, as 600 favelas que o egoísmo construiu fizeram a revolução parda. A democracia desceu o morro.

Essa revolução silenciosa dos excluídos é um trailer, sim, do Brasil, mas não somente como deflagração de violência.

Uma luta social molenga se instalou no dia a dia, nas esmolas, nos assaltos, nas chacinas, nos ataques do Exército. E não é só a incúria dos governantes ou o egoísmo dos ricos; no fundo, não é culpa de ninguém. Nossa crueldade é a tradição escravista dessa burguesia de ex-negreiros.
O que houve foi uma bolha que cresceu, que estava aí há décadas se formando, uma “bolha antropológica” que provocou uma revolução social suja. Já houve. Ninguém vê isso? É só andar na rua. Um pobre para cada remediado no coração de Ipanema.

E como reformar as mentes de planejadores e urbanistas “clean”? A bolha antropológica não pode ser explodida. Tem de ser obedecida. A bolha sempre esteve ali, desde o tempo das “Memórias do Sargento de Milícias”. Ela sempre esteve aí, só que se arredava nos morros, nas periferias.
Só uma ideologia de reforma que “inclua”, que democratize, pode mudar o Rio. Ficou claro: qualquer ideia de reverter a situação é absurda. A ideologia nostálgica só conduz à ideia de genocídio. Para fazer voltar o chopinho dourado na paz dos sábados, só matando os morros. Há 30 anos, era fácil. Havia dinheiro e menos gente. Até hoje, só houve soluções “brancas” para problemas “pardos”. Agora, só dá para fazer um plano de salvação social para o Rio a partir da aceitação da ideia do “insolúvel”. Os marginalizados têm de ser participantes da reforma.
Não há solução. A partir daí, pode-se começar a pensar. Tudo indica que os novos governantes do Rio já estão pensando assim, como foi a amostra do morro Dona Marta.

É assim que o Brasil terá de ser replanejado: aceitando a senzala, os pretos de ganho, os forros excluídos, os ignorados nos planos de mercado, pois o Rio não vai mudar. Já mudou. Já aconteceu, já está ocupado.

A bruta face da miséria desmoralizou a sentimentalidade branca.



02 de julho de 2015
Arnaldo Jabor

ESPERTEZA E SAGACIDADE AJUDAM, MAS NÃO FAZEM UM LÍDER CONFIÁVEL

Ao longo de muitos anos, desde o seu aparecimento, Lula nos deu a impressão – pelo menos na aparência – de esperteza e sagacidade. Agora, ao criticar a gestão da presidente Dilma e o PT, confirmou que esses “atributos” eram produtos de marketing. O povo brasileiro sabe que a grave situação por que passa o país se deve a ele.

Foi ele quem implantou tudo o que hoje critica e, de lambuja, após oito anos na Presidência da República, inventou a sua sucessora – uma candidata de bolso de colete, que logo se mostrou um desastre. A sua vinculação à presidente e ao seu partido é simplesmente insofismável. Soa muito mal a intenção de se desgarrar das suas criaturas. Além de ser o mais importante componente do PT, Lula ainda manda no governo contra o qual há dias se insurgiu. A sua presença em Brasília com dirigentes e parlamentares do PT, além do marqueteiro João Santana (de volta à cena com seus feitiços à custa de muito dinheiro), só agrava a crise gerada pela operação Lava Jato.

Os eleitores brasileiros (refiro-me, sobretudo, aos menos favorecidos; os ricos só lucraram com ele) foram extremamente pacientes, além de condescendentes, com o ex-presidente, que, no início, empolgou o país. Acreditaram nele, e ele, sem nenhum escrúpulo, os decepcionou. Mostrou, enfim, que nunca esteve à altura do cargo para o qual foi eleito duas vezes consecutivas. Esperteza e sagacidade podem às vezes contribuir, mas não bastam à trajetória de um político sério, que jamais admitiria o argumento sujo de que os fins justificam os meios.

Não são apenas ex-filiados ao PT que se sentem desiludidos, há bastante tempo, com Luiz Inácio Lula da Silva – um ex-torneiro mecânico que se encantou com a vida de rico. Também eu me sinto assim. Em 1989, depois de optar pelo candidato Mário Covas, e, diante da candidatura em perigosa ascensão de Fernando Collor de Mello (o mesmo que está hoje às voltas com propinas), optei, no segundo turno, pelo “sapo barbudo”, em companhia de milhões de brasileiros. Em 2002, embora não tenha mais votado nele, senti orgulho do meu país quando vi, na Presidência da República, como sucessor de um professor universitário, um homem do povo. As mudanças por que precisava passar o Brasil – dizia eu, como justificativa, naquela época – poderiam, quem sabe, se iniciar pelas mãos de um simples trabalhador.

Até que, nos primeiros momentos, desde sua posse – elegante e respeitosa da parte dos dois, mas, sobretudo, da parte do seu antecessor, que, poucos anos antes, militara politicamente em fileiras semelhantes –, senti-me, além de orgulhoso, também esperançoso. Os primeiros dias de um operário na Presidência da República, depois da famosa “Carta aos brasileiros”, levaram-me a sonhar com um país justo. Foi eleito, pensei, alguém capaz de lutar pela melhoria da sua classe, mas, também, pela paz, pelo diálogo e pela concórdia entre todos. Capaz de admitir que o maior problema do país estava (e está) na educação, à qual ele, ao lado de milhões de brasileiros, não teve acesso; capaz de iniciar no país um período no qual a ética fosse o primeiro mandamento.

Tudo isso foi pelo ralo, para onde, se não acordarmos já, irá também o país. As reuniões que Lula fez, em Brasília, nessa terça-feira, com o ex-presidente José Sarney e o presidente do Senado, Renan Calheiros, foram patéticas. A melhor ajuda que Lula poderia dar ao país hoje é se afastar do cenário político. Ele já esgotou o (falso) capital de líder que teve um dia.

Se é que teve…


02 de julho de 2015
Acílio Lara Resende

POVO ADESTRADO


ANÁLISE SIMPLES

Um povo que não conta com uma boa educação, do tipo que propõe, de fato, o desenvolvimento correto e eficaz do raciocínio, se transforma, inevitavelmente, em presa fácil da vontade dos maus governantes. Vale dizer, por óbvio, que o governo brasileiro se enquadra perfeitamente nesta simples e rápida análise, como verdadeiro GOLPISTA.

ADESTRAMENTO

Aliás, a história está aí para contar, com absoluta clareza, que para ficarem longe do perigo que representa o desenvolvimento da razão e/ou discernimento do povo, os maus governantes, ao invés de promoverem boa EDUCAÇÃO impõem verdadeiros programas de ADESTRAMENTO. Com isso aumentam as suas chances de serem obedecidos sem grandes questionamentos.

CONTRATAÇÃO

Para obter bons resultados na tarefa de ADESTRAMENTO DO POVO, os governantes do mal contratam "educadores"(que nada mais são do que adestradores) já devidamente ideologizados pelos sindicatos alinhados com governos (geralmente neocomunistas), agências de propaganda alinhadas e, para completar o menu, ainda contam com a mídia -chapa branca- para divulgar suas vontades.

NÃO REAGIR

Só para dar um pequeno exemplo do quanto o povo brasileiro é adestrado, basta observar os ensinamentos que recebe, tanto dos governantes quanto dos educadores e da própria mídia, quando está sendo assaltado por marginais, nas ruas ou na própria casa. Aí a ordem emanada pelos incompetentes é, simplesmente, NÃO REAGIR.

SITUAÇÃO DE ROUBO

Pois, bem. Agora imagine você entrando num restaurante qualquer querendo comprar comida pronta, para ser consumida em casa. Depois de fazer o pedido, você se dirige ao caixa, efetua o pagamento e espera por uma hora a entrega do prato, devidamente embalado. Mais tarde, ao chegar em casa, cheio de fome, se dá conta de que foi alvo de um GOLPE. Ao invés do alimento um tijolo foi colocado no embrulho.
Por certo, ao perceber que foi roubado e trapaceado, você fica irritado e vai, imediatamente, ao restaurante, cheio de razão e pronto para REAGIR. Afinal, você acabou de ser vítima de um golpista.

IMPOSTOS

Agora veja o que acontece quando você é assaltado, diariamente, pelos nossos governantes, que exigem, compulsoriamente, na forma de impostos, o pagamento dos serviços de EDUCAÇÃO, SAÚDE E SEGURANÇA que o Poder Público simplesmente não entrega (e quando o faz ainda é pra lá de indecente). Aí, como se vê, a reação, por força do adestramento, é bem diferente. Isto quando ela acontece.

GOLPISTA

Ou seja, a ordem para -NÃO REAGIR- tem como grande propósito não o assaltante de rua, mas quando o governo é o GOLPISTA DA FALSA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Aí só o máximo que é permitido é algum tipo de indignação. Mais: com o cérebro dilacerado pelo forte -adestramento-, mesmo quando se declara como vítima dos serviços públicos indecentes, o povo é levado a ficar ainda mais convencido de que sempre deve chamar o governo para intervir no mercado e/ou para criar novas estatais. Pode?


02 de julho de 2015
Gilberto Simões Pires

SÓ O CONSUMO SALVA

É a economia, sabichão! A popularidade de Dilma Rousseff só atingiu o pré-sal depois que a confiança do consumidor quebrou seu recorde negativo no mês passado – de novo. O eleitor está cada vez mais desconfiado de que vai consumir cada vez menos. A maior parte acha que seu poder de compra despencou e aposta que vai continuar caindo no futuro próximo. Nenhum órgão humano explica melhor a sorte de um presidente do que o bolso do “homo consumens” – e as novas pesquisas CNI/Ibope só confirmam isso.

A corrupção – exposta repetidamente pelo farto noticiário sobre a Operação Lava Jato – é a cereja do bolo. Misturada ao bolso furado, populariza o senso comum de que a economia vai mal porque rouba-se demais. Os dois fatos, apesar de incontestes, infelizmente não se alinham de modo tão simples nem automático. A não ser que se acredite que, quando o bolso estava cheio, todo mundo era honesto. Por esse raciocínio, bastariam as prisões de corruptos e corruptores para a economia melhorar.

No curto prazo, as canas – mesmo se justas e necessárias – aumentam a incerteza, retraem investimentos e aprofundam a crise. Se perenizadas por condenações em última instância, espera-se que ajudem a sanear as relações público-privadas. Mas o saneamento depende também da reforma do sistema político e eleitoral que alimenta a corrupção – reforma da qual não há sinal. E no longo prazo? Estaremos todos mortos, ensina Keynes.

Enquanto essa hora não chega, talvez valesse a pena fazer algo para matar o tempo. Trabalhar, por exemplo. Mas, como a opinião pública percebeu antes de o IBGE divulgar qualquer estatística, arrumar emprego está cada vez mais difícil. A geração “V”, que relutou enquanto pôde a entrar no mercado de trabalho porque seus pais e avós tinham tido ganhos de renda suficientes para sustentá-la, está agora tendo que disputar vagas cada vez mais raras com a geração de seus progenitores desempregados.

Não é por acaso que a impopularidade de Dilma é um pouco menos desastrosa entre os brasileiros com mais de 55 anos de idade. A faixa etária onde se concentram os aposentados sentiu menos os efeitos da deterioração do mercado de trabalho. Tampouco é coincidência que os mais críticos em relação à presidente – e que deram início à avalanche de opiniões negativas que a afoga desde 2013 – sejam os jovens de menos de 25 anos.

A inclusão social pelo consumo funciona eleitoralmente, como funcionou em 1994 para Fernando Henrique Cardoso, em 2006 para Lula e em 2010 para Dilma. Mas, além de depender do vaivém da economia mundial e da habilidade de quem executa a política econômica, essa tática sucumbe à saturação do mercado. E as ruas das metrópoles brasileiras provam diariamente que falta espaço para abrigar mais automóveis. Com seu carro-chefe engarrafado, uma das cadeias produtivas que alavancaram a era petista é das pioneiras nas demissões em massa e férias compulsórias.

Mesmo quando seu apelo positivo não funciona, a inclusão pelo consumo reelege presidentes pelo medo de que a festa acabe. Foi assim em 1998 com FHC e com Dilma em 2014. A ressaca, porém, é sempre maior quando a vitória é medrosa. O tucano só ganhou uma chance em vida de reabilitar sua popularidade porque Dilma estabeleceu um novo parâmetro negativo de comparação tão alto que relativiza quaisquer insucessos do passado.

O dígito de opiniões positivas sobre seu governo pode morrer solitário se Dilma não inspirar algum otimismo econômico. Nem Barack Obama dizer que os EUA enxergam o Brasil como potência global faz diferença. Publicitários gostam de dizer aos anunciantes: se não gosta do que estão dizendo sobre você, mude a conversa. O governo está tão frágil que perdeu a capacidade de mudar de assunto. Só lhe resta falar de economia e ser muito mais convincente do que foi até hoje. Ou fim de papo.



02 de julho de 2015
José Roberto de Toledo

UMA ESPERANÇA MUITO TÊNUE NA JUSTIÇA

Há muito tempo a sociedade nacional vem se portando como omissa. Como muitas outras, é claro.

Vemos o que ocorreu e ocorre em vários países, inclusive na América Latina.

Sabemos como o peronismo arrasou a Argentina, como Fidel afundou Cuba e como Chávez trucidou a Venezuela. Poderíamos prosseguir com outros abusos de tiranetes, e de como a gentalha daqueles países sobrevive com aqueles escroques populistas e suas tiranias.

Em muitas oportunidades, citamos como o nosso populacho gosta de sair às ruas, não pela liberdade nacional ou pela cidadania.

A nossa gente sai para assistir às paradas gays, para os desfiles carnavalescos e para as apoteóticas apresentações festivas.

As massas lotam espaços para shows de qualquer espécie e vibram em uníssono para as grandes apresentações populistas. De maviosos sertanejos, cantores funks e de damas que graciosamente rebolam o seu imenso traseiro.

A imprensa nos inunda dilacerando toda a espécie de golpes e malfeitos realizados graças ao dispêndio de famosos “consultores”, que sem força arrecadaram milhões de reais para si, para os partidos e para os políticos. É uma orgia.

Ao populacho impressiona o tamanho das cifras desviadas, tudo do Tesouro Nacional. Mas qual, se é do Tesouro, é dos outros, pois o nacional acredita que ele não foi roubado, e sim os demais, um bando de trouxas.

O BNDES para eles é uma instituição financeira alienígena, talvez do planeta Marte, portanto...

Na mídia pululam os nomes, alguns presos, outros soltos e uns ignotos às vésperas de prisão (?).
Figuras conhecidas estão atoladas até a pleura em todas as investigações. Nada desconhecido pelos que acompanham há longo tempo as patifarias nacionais.

Quase todas as malandragens e seus artífices eram conhecidos, e como sabemos, transitavam incólumes nas entre linhas.

Mas, agora, o que poderá acontecer?

Meus preclaros, já vimos que aqueles que detêm o poder estão fora das malhas da justiça.

A égide da impunidade está debruçada sobre a nossa cretina sociedade e, apesar das cruentas e nojentas verdades que pululam na imprensa, nós acreditamos que ao longo do tempo, por artes da nossa omissão e do terrível conluio que dominam os nossos três maléficos poderes, nada acontecerá, e breve, tudo estará “como dantes no quartel de Abrantes”.

Portanto, apesar da podridão que assoma diante de nós, a descrença sobre as nossas qualificações e cidadania são tão desmoralizadas, que o nosso pessimismo nos diz que a atual podridão será devidamente escamoteada e que nada mudará.

Pobre Brasil que está acostumado a conviver com mandriões e patifes e, que, certamente, nada fará para expulsá-los como devia.
Perdoem os nacionalistas, porém os jeitosos são em número boçalmente superior.

Esta é a nossa cruenta e nua realidade.

Alguém acredita que a “inútil” será responsabilizada, e que a “melíflua metamorfose”,agora vulgo o “Brahma” um dia será preso?

Aqueles que se apegam à tênue esperança em nossa justiça nativa, que Deus os perdoe, pois não eles sabem o que fazem.



02 de julho de 2015
Valmir Fonseca

FALTAM PERCEPÇÃO E CORAGEM

Mesmo sem a emissão e juízos de valor a respeito da diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos, tema que mereceria prolongadas discussões e não debates emocionais, importa registrar: a Câmara ficou contra 87% da opinião pública. Porque eram necessários 308 votos favoráveis à emenda constitucional e 303 deputados votaram a favor. Tanto faz se faltaram apenas 5. O fato é que a redução da maioridade penal não passou. Outra vez os políticos contrariaram a tendência popular, mesmo se tendo presente que adiantaria muito pouco abrir as portas da cadeia para jovens de 16 anos em diante.

O festival de baixarias deu a tônica da longa sessão iniciada às 17 horas de terça-feira e concluída à uma hora da quarta. Exaustos, os 493 presentes irritavam-se com os infindáveis discursos que já não sensibilizavam ninguém. Transmitidas pela televisão, imagens que seriam cômicas se não fossem trágicas mostravam montes de deputados estirados nas poltronas do plenário, nenhum deles prestando atenção nos oradores. A grande maioria digitava suas maquininhas diabólicas que já foram apenas telefones para dedicar-se a joguinhos variados e demais distrações fornecidas pela alta tecnologia. 

Na hora da votação, entusiasmaram-se todos,como num grande final de uma peça de fantasia impulsionada pelo cansaço. Não se contesta ter sido um espetáculo democrático, encenado também pela algazarra de estudantes nas galerias e alguns entreveros nos corredores. Só que a democracia funcionou ao contrário. O que o povo queria os deputados não deram. Mas se tivessem dado, mudaria o quê, no cenário que cerca o palco de horror em que nos transformamos?

A dúvida principal continuou pairando sobre a Câmara, mesmo depois de cerradas suas portas: a diminuição da maioridade penal teria servido para reduzir a imensa onda de violência que atinge o país, envolvendo menores e adultos em profusão? Com toda certeza, não. As raízes dessa barbárie assentam-se bem mais fundo, na débâcle social que nos assola, não obstante o assistencialismo praticado pelo governo. Não só nas periferias e favelas das cidades, nos bairros de classe média e nos ermos do interior, o Brasil mostra-se cada vez mais próximo do fundo do poço. Não há educação que dê jeito para livrar as multidões da pobreza e da falta de alternativas para a indignação. 
Apesar da propaganda oficial sobre a incorporação de milhões a uma vida digna, nãom é verdade. Brota das massas desassistidas o germe da violência. Meninos e adultos sem expectativa de emprego ou mesmo quando abandonados à vergonha do salário mínimo, cedem à tentação da violência. Claro que estimulando-os às práticas criminosas estão bandidos de muitas espécies, mas sem essa imensa massa de manobra recrutada na miséria, não seria difícil isolá-los.

É o modelo social, econômico e até político que repousa no fundo da realidade cada vez mais cruel, aumentando o número de desesperançados e desiludidos, dos quais emerge a violência. Fracassou a experiência do assistencialismo, como não havia levado a nada a tentativa elitista anterior. Saída existe, para virar o jogo e equilibrar as relações sociais, mesmo às custas de muitos sacrifícios. Faltam percepção e coragem, mais do que diminuição da maioridade penal.



02 de julho de 2015
Carlos Chagas

FAVORÁVEL À TAXAÇÃO DE GRANDES FORTUNAS? NÃO SEJA TROUXA!

Então você é a favor da taxação de grandes fortunas? Você por acaso já ouviu falar sobre o Massacre de Ludlow? Não? Então vamos voltar no tempo e entender que diabos o massacre tem a ver com a taxação de grandes fortunas.
Em 20 de abril de 1914, no Colorado, mais precisamente no que hoje é a cidade fantasma de Ludlow, que fica no Condado de Las Animas, nos EUA, a Guarda Nacional massacrou dezenas de mineiros a mando do proprietário das minas, John D. Rockefeller, Jr..

Entre os mortos estavam mulheres e crianças, algumas mortas por asfixia e incineração, uma vez que os lacaios da Combustíveis e Ferro Colorado, também propriedade de John D. Rockefeller, Jr., atacaram os mineiros juntamente com a já citada Guarda Nacional.
A reputação de John e seu clã foram seriamente manchadas com o episódio, e o resgate da imagem mediante a opinião pública só se deu com muitas décadas de enormes somas de dinheiro doado à "filantropia".

A filantropia é um grande negócio nos EUA: uma vez que parte da sua fortuna seja prometida à filantropia, você adere a um programa chamado Lifetime Legacies. Nele, as deduções de imposto da fortuna, que pode ser gerenciada/especulada até o fim da sua vida, são muito atrativas.

Dessa maneira, as doações feitas a fundações e universidades pela elite metacapitalista, que já transcendeu o esquema financeiro e não quer mais estar sujeita as oscilações e concorrências do mesmo, passa a moldar o cenário político e cultural.

São essas mesmas elites intocáveis que inoculam a palhaçada de taxação de grandes fortunas, uma vez que as fortunas confiscadas não serão as delas. Ou você conhece algum político capaz de peitar e amealhar dinheiro dos Rockefellers, Rothschilds, Warburgs, Morgans, Schiffs e turma? Nem a pau.

Fora isso, a camada mais baixa de bilionários e milionários faz como fez na França: arruma as malas e vai embora. A conta da fuga de capital estrangeiro e investimento fica para o povo babão pagar.

Se tudo isso parece absurdo, consulte o livro The New Leviathan, de David Horowitz, onde há diversas provas documentais de como a esquerda retributiva e sua agenda revanchista recebe doações bilionárias, pois acabam sugando as preciosas moedinhas dos elos mais fracos e depositando no cofre da verdadeira elite mundial.

Mas não é sequer preciso adquirir o livro: aí estão os Fóruns Social Mundial e Econômico, fundados e custeados pela elite metacapitalista, que zomba do intelecto alheio quando entrega para a militância pelega e descerebrada pautas como "a crise do capitalismo". O capitalismo vai muito bem, obrigado, e graças a ele você pode esquerdar loucamente nos respectivos fóruns.

Então, em vez de ficar entoando o mantra de "um outro mundo é possível", tire alguma lição com o Tio Patinhas, e saia desse barco furado, afinal, tempo é dinheiro.


02 de julho de 2015
David Amato

DILMA E OS DELATORES

“É fundamental que o país pare de ter impunidade (...) Quero lembrar que duas leis aprovadas no meu governo no ano passado dão base para esse processo de investigação da Petrobras (...) A outra, que regulamentou justamente a delação premiada, a 12.850.” Esta é Dilma Rousseff, em um debate da campanha presidencial do ano passado, orgulhando-se de ter sancionado a Lei 12.850/2013. Mas, quando uma delação premiada em específico – a do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e apontado pelas investigações da Lava Jato como líder do cartel de empresas que participava da sangria da Petrobras – apertou o calo da presidente, por mencionar supostas doações ilegais de campanha, Dilma saiu-se com um irritado “não respeito delator”, em entrevista durante sua visita aos Estados Unidos.

E emendou fazendo as mais disparatadas referências à sua própria experiência de prisioneira durante a ditadura militar (quando tentaram, por meio da tortura, fazer dela uma “delatora”, explicou Dilma), e à Inconfidência Mineira, desbaratada graças às informações dadas por Joaquim Silvério dos Reis às autoridades portuguesas. São comparações que não se sustentam e ainda representam um insulto às instituições envolvidas nas investigações da Lava Jato, como afirmou o jornalista Elio Gaspari em sua coluna na Gazeta do Povo de quarta-feira, dia 1.º. Afinal, a Lava Jato vem sendo conduzida em consonância com as leis do país, e não na base da arbitrariedade; ao contrário de Dilma e de outros companheiros de armas, nenhum dos investigados da Lava Jato foi coagido fisicamente a falar: todos o fizeram de livre e espontânea vontade, talvez olhando para o caso de Marcos Valério, o operador financeiro do mensalão, que só mostrou a intenção de contar tudo o que sabia quando já era tarde demais e não tinha quase nada a acrescentar; sem o benefício da delação premiada, Valério foi condenado a quase 40 anos de prisão.

Além disso, é preciso lembrar que o teor de qualquer delação premiada só beneficia o delator se investigações posteriores comprovarem o que ele diz. E, ao homologar a delação de Ricardo Pessoa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki entendeu que seu conteúdo trazia informações importantes que mereciam uma análise mais apurada.

Quando diz “não respeito delator”, Dilma está dando a entender que seria melhor que Ricardo Pessoa permanecesse calado. Mais de 20 anos atrás, certamente não foi essa a avaliação do PT sobre Pedro Collor: suas denúncias deram início às investigações que levaram ao impeachment do irmão de Pedro, o ex-presidente (e hoje aliado do petismo) Fernando Collor – o episódio ainda contou com outro delator, o motorista Eriberto França. Sem as declarações de Roberto Jefferson, o Brasil dificilmente teria tomado conhecimento do mensalão – mas este é um delator que o PT provavelmente também despreza. Fora do país, as delações também tiveram consequências importantes: nos Estados Unidos, o famoso caso Watergate, que levou à queda do presidente Richard Nixon, só virou um grande escândalo graças ao informante Garganta Profunda.

A quem interessa que membros de um grupo criminoso não contem às autoridades tudo o que sabem? A resposta é óbvia: apenas àqueles que pretendem seguir delinquindo impunemente. Quando vigora o silêncio, perde toda a sociedade, especialmente naqueles casos que envolvem o mau uso dos recursos públicos. O delator, quando se trata de um insider, não deixa de ser um criminoso: também merece punição. Mas isso não autoriza ninguém a desqualificar de antemão as informações que ele presta: se comprovadas, são um valioso auxílio no combate à impunidade.



02 de julho de 2015
Gazeta do Povo, PR

A MOEDA E O VOTO

Dominique Strauss-Kahn (DSK), então diretor-gerente do FMI e potencial candidato social-democrata à Presidência da França, foi anulado numa noite fatídica de maio de 2011. O episódio de sua prisão em Nova York, sob a falsa acusação de ataque sexual contra uma camareira de hotel, tem as marcas de uma armadilha política, possivelmente urdida por agentes do serviço secreto francês a mando de Nicolas Sarkozy. Um texto curto publicado na internet por DSK, domingo passado, evidencia o quanto se perdeu com seu ostracismo. Nele, encontra-se um agudo diagnóstico sobre o desastre grego – e, ainda, a ousada sugestão de uma solução.

A Grécia tem parte da culpa, mas a Europa não pode ocultar suas responsabilidades. A zona monetária do euro nasceu como edifício instável, carente de uma união fiscal e de regulação bancária comum. Por isso, escreve DSK, o FMI deveria preconizar um ajuste “mais simétrico” e “menos pró-cíclico”, o que significa uma divisão equilibrada de encargos entre a zona do euro e a Grécia. No catastrófico cenário atual, alerta, “nós precisamos de uma mudança de lógica”.

O impasse é político – eis a chave do raciocínio de DSK. As suas raízes repousam na contradição fundamental da zona do euro: a convivência de uma autoridade monetária supranacional (a moeda) com o princípio da soberania nacional (o voto). Nos tempos de calmaria, a tensão permaneceu submersa. Na hora da crise financeira, emergiu como uma borrasca. Os países endividados (a Grécia, antes de todos, mas também Portugal, Irlanda e Espanha) trocaram pacotes de resgate pela virtual cessão de suas políticas fiscais para a “troika” de credores (Eurogrupo, Banco Central Europeu e FMI). De lá para cá, nesses países, as eleições converteram-se em rituais vazios, destinados a selecionar o partido que aplica políticas de austeridade ditadas de fora.

Na Grécia, elo frágil, a “solução” chegou ao esgotamento. Depois de cinco anos de brutal recessão, o triunfo eleitoral do Syriza implodiu a lógica imperante. O governo esquerdista grego não pode se curvar às políticas impostas pelos credores sem trair seu mandato popular. Mas, do lado dos credores, especialmente a Alemanha, nenhum governo tem o direito de virar as costas a seus próprios eleitores, que não admitem mais concessões à Grécia.

Quando o jovem primeiro-ministro grego Alexis Tsipras saiu da sala, voou para Atenas e convocou um referendo para dizer “não” aos parceiros da zona do euro, Jean-Claude Juncker, o chefe da Comissão Europeia, colocou a culpa nos ombros da Grécia. As negociações “não são um jogo de pôquer entre mentirosos”, reclamou. “Ou todos ganham, ou todos perdem.” Contudo, na Europa das dívidas, quebrou-se precisamente o cristal da solidariedade comunitária: a moeda entrou em conflito com o voto. Na esteira do Syriza, o Podemos, novo partido esquerdista espanhol, expande sua influência prometendo combater a União Europeia (UE), descrita como um “inimigo imperialista”.

A intervenção quase inaudível de DSK é a única proposta em circulação que reconhece esse problema crucial. “A Grécia não deve receber nenhum novo financiamento da União Europeia ou do FMI, mas deve obter uma generosa extensão da maturação e uma significativa redução nominal de sua dívida”. DSK quer quebrar o nó górdio. Os gregos precisam andar com as próprias pernas, 
decidindo soberanamente sobre sua política fiscal, no intervalo aberto pelo alongamento do vencimento da dívida. Se conseguirem retomar o rumo do crescimento, ganham uma reestruturação da dívida, que não é administrável nos valores atuais. Por essa via, os governos dos países credores livram-se da missão impossível de convencer seus eleitores a colocar dinheiro novo na Grécia. Na outra ponta, o governo grego liberta-se das ordens humilhantes dos credores — e perde a chance de atribuir à “Europa” a responsabilidade pelos indispensáveis ajustes econômicos na Grécia.

Domingo, os gregos votam num referendo que não terá vitoriosos. Se o “sim” triunfar, o governo do Syriza cai, o Podemos perde audiência e a Grécia renegocia um plano de austeridade com os credores. A “normalização”, porém, só serviria para espalhar as sementes do ressentimento entre os cidadãos dos países endividados, minando o futuro da UE. Se, ao contrário, triunfar o “não”, a Grécia abandona a zona do euro e, como na epopeia de Jasão e os Argonautas, aventura-se por mares não cartografados. A queda no abismo do dracma inauguraria uma época de turbulência social interna, trazendo à tona a memória da guerra civil de 1946-49. Nessa hipótese, perseguindo um ilusório Velocino de Ouro, Tsipras reduziria a Grécia à condição de economia isolada, semiestatizada e dependente dos favores russos e chineses.

A sugestão de DSK desfaz a armadilha da escolha impossível entre a moeda e o voto. No período de graça, sem ajuda externa, os gregos teriam de equilibrar sozinhos seu orçamento, coletando impostos e cortando gastos. O governo eleito seria forçado a “confrontar a oligarquia, os interesses escusos e o Estado profundo” que sabotam o potencial de crescimento do país. Na falta de um conveniente “inimigo externo”, os partidos políticos gregos perderiam o álibi tradicional de culpar “a Europa” pelos fracassos nacionais. A lição certamente repercutiria na Espanha e em outros lugares, esvaziando os discursos populistas que, pela esquerda ou pela direita, conclamam à destruição do projeto europeu.

Se a Grécia abandonar a zona do euro, serão pequenos os impactos financeiros imediatos para a Europa. Contudo, terá se rompido o tabu que sustenta, no longo prazo, a união monetária: a crença não escrita de que ela é para sempre, e para todos. Do exílio político forçado, DSK quer preservar o tabu, reconciliando a democracia (o voto) com a economia (a moeda). Haverá, no deserto burocrático europeu, alguém que lhe dê ouvidos?


02 de julho de 2015
Demétrio Magnoli

A CATÁSTROFE JÁ ESTAVA AÍ

Mais um recorde negativo foi batido pela presidente Dilma Rousseff, quando seu governo foi classificado como ruim ou péssimo por 68% dos entrevistados na pesquisa Ibope, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Foi a pior avaliação registrada na série iniciada há 29 anos. O levantamento foi realizado entre 18 e 21 de junho. A má opinião sobre o governo pode parecer natural e muito compreensível, num cenário de inflação próxima de 9%, desemprego de 8%, juros muito altos, inadimplência e perspectiva de piora em quase todos os setores de atividade.

Mas há pelo menos um ponto muito discutível – de fato, um equívoco – nos pontos de vista coletados pelos pesquisadores. Segundo 82% dos entrevistados, o segundo mandato da presidente está sendo pior que o primeiro. Em março, na sondagem anterior, 76% dos consultados haviam dado essa resposta. Mas o segundo mandato mal começou e nenhum dos grandes problemas da economia, hoje evidentes para todos, foi gerado nos últimos seis meses.

Recessão, desemprego, inflação disparada, juros muito acima dos padrões internacionais e contas públicas arrebentadas – tudo isso é consequência dos erros e desmandos cometidos no primeiro governo da presidente Dilma Rousseff. Alguns desses problemas foram de fato gestados nos quatro anos finais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando as condições fiscais começaram a deteriorar-se, a promiscuidade entre o Tesouro e os bancos federais se tornou rotineira e a distribuição de benefícios a setores e a grupos selecionados foi impingida como política industrial.

Também no governo Lula começou a devastação da Petrobrás, forçada a realizar investimentos errados e custosos, loteada politicamente, sujeita a um controle absurdo de preços e exposta à corrupção. Forçada a reduzir suas ambições e a encolher, a Petrobrás anunciou nesta semana seu plano de negócios para 2015-2019, com redução de 37% nos investimentos programados. A degradação da maior empresa brasileira é obra dos presidentes Lula e Dilma, o que já era evidente, para quem se dispunha a enxergar, antes da eleição presidencial de outubro. Não é obra do atual mandato.

A devastação das contas públicas acelerou-se nos últimos quatro anos, com a persistente piora dos balanços fiscais, a maquiagem cada vez mais audaciosa dos números e a multiplicação das pedaladas. Há mais de um ano a contabilidade criativa adotada pelo ex-secretário do Tesouro Arno Augustin, com a aprovação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e da presidente Dilma Rousseff, já era conhecida e comentada no mercado financeiro internacional. Não viu quem não quis ou quem nunca se preocupou em informar-se da condição real da economia de seu país.

A pesquisa Ibope mostra muita insatisfação com a política de juros, como se essa política tivesse nascido por decisão arbitrária ou capricho de alguns burocratas do Banco Central. Mas os juros básicos chegaram a 13,75% – e ainda poderão subir – por causa de uma inflação desatada e muito acima dos padrões internacionais.

Essa inflação resultou da gastança, do manejo irresponsável das contas públicas e de um evidente populismo nas políticas de crédito e de reajuste do salário mínimo. Muitos brasileiros podem ter acreditado na capacidade do governo de manter a distribuição de benefícios e de favores por tempo indeterminado, mesmo sem cuidar do aumento da capacidade produtiva. Empresários também se beneficiaram da distribuição de favores e de um protecionismo anacrônico, sem cuidar de investir e de se preparar para competir, produzir mais e criar mais oportunidades de trabalho.

Mas quem se dispunha a investir também deixou de fazê-lo por falta de confiança na política econômica. A fabricação e a importação de máquinas caíram nos últimos anos, em mais uma comprovação do desastre armado pelos erros e desmandos do governo.

Nenhum dos males econômicos vividos hoje no País é obra do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Todos são desdobramentos de irresponsabilidades cometidas durante anos e muitas vezes aplaudidas por quem hoje se queixa.


02 de julho de 2015
Estadão

LULA E A CARA DE PAU

O tempo passa e não surge nem um indicador econômico que permita aos brasileiros acreditar que há luz no fim do túnel. Pagam por isso – além de todo o País, é claro – Dilma e o PT. Enquanto isso, uma figura desfila olimpicamente pelo cenário político, puxando orelhas, oferecendo conselhos, dando ordens, indicando estratégias, deitando falação: Luiz Inácio Lula da Silva. Com uma esperteza que compensa o que lhe falta, Lula sabe que não há solução a curto prazo para a encrenca em que sua criatura meteu o País. Trata então de salvar a própria pele agarrado ao que tem de mais precioso: a aura de Grande Líder. Para isso, precisa permanecer em evidência. E sabe como fazê-lo.

Seu último lance autopromocional foi aproveitar a ausência de Dilma em Brasília para encontrar-se com parlamentares do PT e lideranças do PMDB, neste caso com a intenção anunciada de recompor a aliança do partido de Michel Temer com o Palácio do Planalto. Aproveitou para fazer o que havia recomendado a seus correligionários: partir para o “enfrentamento” da Operação Lava Jato. Em café da manhã na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros, sentenciou: “A Lava Jato não pode ser a agenda do País”.

Mas o que chamou a atenção na sua passagem por Brasília foi a falta de cerimônia com que deu uma guinada de 180 graus no tom de seus pronunciamentos da semana anterior, quando criticou o “governo de mudos” de Dilma Rousseff e acusou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de ter “perdido o controle” da Polícia Federal. Desta vez pegou leve. Preferiu atribuir os “vazamentos seletivos” das delações premiadas à oposição: “Todo vazamento é contra o PT. O que eles querem é ver Dilma e o PT sangrarem”. Por modéstia ou precaução, preferiu excluir-se da lista de alvos dos “vazamentos seletivos”.

À bancada petista na Câmara, Lula ponderou: “Não existe PT sem governo nem governo sem PT”. A Renan e senadores peemedebistas, apelou para que “relevem” os problemas com a presidente e ajudem o governo a superar a crise. Com um de seus principais desafetos no governo, o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, teve um encontro secreto – negado por sua assessoria – num hotel da capital.

Como pode um líder político afirmar uma coisa e dias depois dizer e fazer praticamente o contrário? Para Lula, não faz a menor diferença. É seu estilo. Desde os tempos das assembleias de metalúrgicos no estádio de Vila Euclides, no ABC, ele aprendeu que o importante é dizer o que as pessoas querem ouvir. E como ele também acredita que todo mundo só presta atenção no que quer ouvir e tende a não ouvir ou a esquecer o que não quer, agradar a todos é só uma questão de ter o caradurismo de fazer o discurso certo para cada audiência. Até agora, deu certo.

Ocorre que, depois de 12 anos, em que não faltou a contribuição decisiva da teimosia e da incompetência de Dilma, o brasileiro vê a inflação comer seu salário e seu emprego ser ameaçado. Por isso, não está mais disposto a dar ouvidos a discursos edulcorados. Principalmente quando fica sabendo das escandalosas maracutaias feitas com o dinheiro público. Não deverá adiantar muito, portanto, a lábia de Lula ou a “agenda positiva” que ele quer que Dilma passe a cumprir. O brasileiro está cansado de conversa, agora quer resultados. E é aí que o governo, Dilma e o PT se complicam. Pois se, em tempos de bonança, a criatura foi incapaz de outra coisa senão devastar as contas públicas e arruinar a economia, o que não fará agora que o País está mergulhado numa crise econômica, social e moral? Nesse quadro, Lula fará tudo o que puder para se descolar da sina a que sua criatura parece condenada. Para tanto é preciso continuar em evidência.

Já Dilma, tendo entendido que as acusações do empreiteiro Ricardo Pessoa aos ministros Aloizio Mercadante e Edinho Silva constituem agravo a sua pessoa e a sua condição de presidente da República, rechaça essas acusações como pode. Em Washington, queixou-se de que o governo “não teve acesso aos autos” das delações premiadas e que vai “aguardar toda a divulgação dos fatos para avaliar a situação”. Não deveria, então, ter-se precipitado na defesa de seus ministros. Teria sido mais prudente afastá-los do governo até que possa “avaliar a situação”.


02 de julho de 2015
O Estado de S. Paulo

AMEAÇAS DO CONGRESSO


É a marcha do país em direção à perda do grau de investimento. Assim caminha o Brasil. A aprovação do aumento para os funcionários do Judiciário se junta à indexação total dos benefícios previdenciários e à adoção de regras mais generosas de aposentadoria. Tudo isso acontece enquanto a dívida do país aumenta e o déficit nominal chega ao espantoso número de 7,9% do PIB.

O ministro Nelson Barbosa ligou de São Francisco, nos EUA, para alguns jornalistas, entre eles, eu. Disse o que pensa dessa proposta: “É incompatível com a situação econômica que estamos passando e insustentável do ponto de vista fiscal e é socialmente injusta.” Ele lembrou que isso representa R$ 1,5 bilhão só este ano, sem haver orçamento previsto. “Não se pode pedir, na atual situação de aumento do desemprego e queda do salário real, que a população gaste mais com salário de servidores”. Segundo ele, há risco concreto de efeito cascata, que começa com a justiça estadual, mas pode atingir todos os servidores.

O governo negocia um aumento para seus funcionários, de 21%, para ser pago em quatro anos. Nelson Barbosa entregou um documento com os cálculos, como referência, ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. “O ministro ficou de avaliar e pediu para que o Congresso não votasse o aumento.” Pois aconteceu o oposto: a proposta foi votada e aprovada por unanimidade.

A tempestade continua em Brasília. Os sinais dados pelo Congresso e os números que saem do Tesouro mostram que será inevitável o rebaixamento. Mesmo que a presidente Dilma vete essa proposta, o que fica claro é que o legislativo tem uma pauta expansionista e o governo deixou de ser o centro do poder. Hoje o Congresso vota qualquer coisa, a qualquer hora, sem olhar o contexto e o custo. Quer atingir o governo e ameaça a estabilidade econômica.

A conjuntura internacional piorou com a crise grega. Quando isso acontece, todos os países que têm fragilidades são olhados com preocupação por investidores, tenha ou não qualquer relação com o país epicentro da crise. Para a Moody’s e a Fitch, o Brasil está dois degraus acima do grau especulativo, mas com uma única redução pela Standard & Poor’s nós perderemos o que levou duas décadas para conseguir: o selo de país bom para investimento

A contradição é tal que nem se consegue acompanhar todas as despesas criadas pelo Congresso. No mesmo dia em que aprovou o aumento para servidores do Judiciário, o Senado reduziu PIS/Cofins sobre o diesel, o que tem um custo em renúncia fiscal de R$ 13,8 bi por ano.

A bagunça nas contas públicas feita no governo passado foi tão grande que o esforço para dar realismo aos números está exibindo um quadro incompatível com um país com grau de investimento.

A dívida bruta bateu recorde e completou um aumento de 10 pontos percentuais do PIB desde o início do governo Dilma. O governo mostrará a dívida líquida e garantirá que está estabilizada, mas nenhum analista olha esse indicador porque ele desconta os empréstimos do Tesouro ao BNDES, 
ativos que não têm liquidez. Ninguém sabe quando nem como serão pagos. O que é usado no mundo inteiro, comparável, relevante para as agências de risco é a dívida bruta. Mais do que o número em si, que é alto, há a dinâmica do endividamento. O Brasil é um país que tem um déficit nominal enorme, não consegue fazer superávit primário relevante, manipulou contas públicas recentemente, criando dúvidas sobre o passado, tem um Congresso que aprova aumento de gastos obrigatórios, e o Banco Central mantém uma taxa de juros elevada para enfrentar a inflação fora da meta. O risco de rebaixamento é concreto.

O único conforto é que os números que saem do Tesouro este ano são mais fidedignos, e isso faz com que sejam injustas as comparações com os dois anos anteriores. Em 2013 e 2014, houve tanta manipulação, truque, pedalada, que deveriam ser desconsiderados na série. O que a própria equipe econômica sabe é que a tempestade em Brasília continuará. Não há sinais de bom tempo no horizonte.

No centro do problema econômico, está a crise política. O Congresso foi capturado pelos grupos de interesses, seus líderes não entenderam que essas bombas fiscais vão ferir o país. O governo está fraco pela baixa popularidade da presidente que, durante a campanha, falou o oposto do que defende hoje.



02 de julho de 2015
Miriam Leitão e Alvaro Gribel

PODERES EM CONFLITO

Ninguém sabe aonde isso vai dar, mas há um sentimento de regozijo entre os políticos fora do PT com o protagonismo que o Congresso vem assumindo, mesmo que algumas medidas aprovadas possam significar prejuízos ao orçamento público, como o aumento dos servidores do Judiciário.
Esse aumento, aliás, também é conseqüência do papel ampliado que vem exercendo o sistema judiciário, em especial o Supremo Tribunal Federal. O presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça, Ricardo Lewandowski foi um ativo lobista a favor desses aumentos, que devem ser seguidos pela aprovação de reajustes na mesma proporção para os servidores do Ministério Público.

No centro dessas decisões está o Congresso, que cada vez mais assume o controle da agenda política do país, no que é classificado como “uma experiência extremamente rica” em avaliação da cúpula do PMDB, que neste momento tem um papel ambíguo a desempenhar.

Ao mesmo tempo em que o vice-presidente Michel Temer é o responsável pela coordenação política do governo, os presidentes da Câmara e do Senado são os responsáveis pelo estouro do orçamento, prejudicando o ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, cuja aprovação é a principal responsabilidade de Temer.

Na avaliação política da situação, os peemedebistas entendem que as conseqüências de curto prazo de certos exageros nas votações no Congresso poderão até ser contidas, na medida em que a presidente vete alguma dessas propostas, dê nova configuração a outras. “Mas é preciso ter autoridade para isso”, ressaltam.

E quem acompanhou a votação do aumento dos servidores do Judiciário certamente anotou que o provável veto da presidente Dilma, prenunciado pelo ministro do Planejamento Nelson Barbosa e confirmado pela própria em declaração ainda nos Estados Unidos, já estava nas contas do rebelado Senado.

Não foram poucos os senadores que já convocavam uma reação ao veto presidencial, para derrubá-lo no plenário. O senador Cristovam Buarque disse que ao se deparar com o placar eletrônico marcando 62 votos a favor e nenhum contra, já que nem mesmo o PT teve coragem de anunciar um voto contrário à medida e liberou seus senadores, percebeu que aquele era o sinal mais claro do fim da hegemonia do PT.

O governo manobrou para adiar a decisão, na tentativa de usar os argumentos de sempre para “convencer” senadores a reprovar o aumento, que é realmente abusivo. Ainda mais neste momento de crise. Cristovam lembra que o PT sempre atuou como um rolo compressor no Congresso, sem se importar com a opinião da minoria.

Hoje, não tem mais condição de segurar nem mesmo sua bancada no Senado, e nem os senadores mais alinhados ao Palácio do Planalto como Lindbergh Farias, que procurou um microfone para dizer que votaria a favor dos aumentos. Não foi possível, pois o voto simbólico de liderança foi o bastante para aprovar, sem que nenhum senador se dispusesse a checar a maioria, que era avassaladora.
Desde a ditadura que não temos uma relação do Legislativo com as outras instituições com tanto protagonismo, com tanta autonomia. A ditadura impôs o presidencialismo imperial com o decreto-lei. A medida provisória, do ponto de vista do arcabouço legal, é quase um substitutivo do decreto-lei. Vem sendo mitigada desde o governo Sarney, mas é uma ferramenta extremamente eficaz para impor a dominação do Executivo.

Ou era, pois como o Executivo está muito fraco, o Congresso ganhou uma nova dimensão e hoje tem condições de derrubar vetos presidenciais ou medidas provisórias. E para compensar os desmandos que vem sendo aprovados no plenário das duas Casas, há medidas econômicas importantes que devem ser aprovadas pelo Congresso, como a mudança da legislação da exploração do petróleo do pré-sal.

Acabar com a obrigatoriedade de a Petrobras participar com pelo menos 30% em todos os campos é fundamental para a economia do país, a própria Petrobras está torcendo para que isso aconteça, pois não tem dinheiro para investir.

E o país precisa atrair investimentos nessa área para garantir inclusive as empresas que estão na cadeia de produção do petróleo. Por isso os governadores de Rio, Espírito Santo e São Paulo estão apoiando essa mudança, extremamente favorável para o ambiente de negócios do país.
Essa será, por sinal, uma derrota que até mesmo o Palácio do Planalto vai receber de bom grado, criticando embora a mudança, para não perder o viés ideológico.



02 de julho de 2015
in Merval Pereira

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 29/06



02 DE JULHO DE 2015

CERVERÓ, EX-DIRETOR DA ESTATAL, NEGOCIA FAZER DELAÇÃO PREMIADA




Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, iniciou as negociações de um possível acordo de delação premiada nesta quarta-feira (1º)


A conversa entre Cerveró, advogados da defesa, procuradores e representantes da Polícia Federal aconteceu na tarde de quarta na Superintendência da PF, em Curitiba. Pela manhã, ele havia recebido visita da esposa.

Pessoas próximas à família afirmaram que a decisão de negociar deve-se ao estado de saúde do ex-diretor. Preso desde janeiro, ele vem sofrendo ataques de pânico, apesar de tomar medicação para ansiedade e ter acompanhamento de psiquiatra.

Na quinta (25), o ex-diretor retornou do Complexo Médico Penal, em Pinhais, para a sede da PF em Curitiba, onde passou a dividir a cela com o doleiro Alberto Youssef.

Pessoas que tiveram contato recente com Cerveró afirmam à Folha que não é raro vê-lo usando roupas sujas.

Os problemas psiquiátricos geraram questionamentos sobre as reais contribuições de uma eventual delação.

Em maio, Cerveró foi sentenciado a cinco anos de prisão em regime fechado pelo crime de lavagem de dinheiro. O ex-diretor também é figura central na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, e é suspeito de receber US$ 40 milhões de propina para intermediar a contratação de navios-sonda.

Por ser apontado como um dos arrecadadores do PMDB, sua eventual delação é vista como um dos principais caminhos para se chegar a caciques do partido, como o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

A advogada de Cerveró, Alessi Brandão, disse que "no momento" não pode falar do acordo. Cerveró sempre negou as acusações à CPI da Petrobras e à Justiça.



02 de julho de 2015

BELA MEGALE
FLÁVIO FERREIRA
DE CURITIBA
Folha

CONHEÇA OS 50 LIVROS QUE MAIS INFLUENCIARAM LEON TOLSTOY


A lista é de 1891, aos 63 anos de Tolstoy. Um editor russo pediu a 2 mil professores, intelectuais, artistas e gente de letras e luminares em geral, que listassem os livros mais importantes para cada um. Tolstoy respondeu com essa lista dividida por cinco idades da vida, e até com o grau da “influência” (“enorme”, “muito grande” ou apenas “grande”). É uma espécie de preciosidade, até aqui só encontrável num postado do Valley Advocate, Northampton, Massachusetts.
TRABALHOS QUE ME IMPRESSIONARAM
Infância até os 14 anos
  • História de José, da Bíblia – Enorme
  • Contos das Mil e Uma Noites: os 40 ladrões, Prince Qam-al-Zaman – Grande
  • A Pequena Galinha Preta [The Little Black Hen], Pogorelsky – M. grande
  • Russian byliny: Dobrynya Nikitich, Ilya Muromets, Alyosha Popovich. Contos Folclóricos – Enorme
  • Puskin’s poems: Napoleon – Grande

Idade, 14-20 anos
  • Evangelho Segundo São Mateus: Sermão da Montanha – Enorme
  • Jornada Sentimental, Sterne – M. grande
  • Confissões, Rousseau – Enorme
  • Emílio, Rousseau – Enorme
  • Nova Heloísa, Rousseau – M. grande
  • Yevgeny Onegin, Pushkin – M. grande
  • Die Räuber [Os bandoleiros] Schiller – M. grande
  • O Capote Gogol, The Two Ivans, Nevsky Prospect – Grande
  • “Viy” [conto de Gogol] – Enorme
  • Almas Mortas Gogol – M. grande
  • Esquetes de um Esportista Turgenev – M. grande
  • Polinka Sachs Druzhinin – M. grande
  • The Hapless Anton [Infeliz Antônio] Grigorovich – M. grande
  • David Copperfield Dickens – Enorme
  • A Hero for our Time, Taman Lermontov – M. grande
  • Conquest of Mexico Prescott – Grande

Idade, 20-35 anos
  • Goethe. Hermann and Dorothea – M. grande
  • Victor Hugo. Notre Dame de Paris – M. grande
  • Poemas de Tyutchev – Grande
  • Poemas de Koltsov – Grande
  • Odisseia e Ilíada (lidas em russo) – Grande
  • Poemas de Fet – Grande
  • Fedro e Banquete de Platão (fr., na tradução de Cousin) – Grande

Idade, 35 a 50 anos
  • Odisseia e Ilíada (em grego) – M. grande
  • The byliny – M. grande
  • Victor Hugo. Os Miseráveis – Enorme
  • Anabase de Xenofonte – M. grande
  • Mrs. [Henry] Wood. Romances – Grande
  • George Eliot. Romances – Grande
  • Trollope, Romances – Grande

Idade, 50 a 63 anos
  • Todos os Evangelhos em grego – Enorme
  • Livro do Gênesis (em hebraico) – M. grande
  • Henry George. Progresso e Pobreza – M. grande
  • [Theodore] Parker. Discurso sobre tema religioso – Grande
  • [Frederick William] Sermões de Robertson – Grande
  • Feuerbach (Esqueci o título; trabalho sobre o Cristianismo) [A Essência do Cristianismo] – Grande
  • Ensaios de Pascal – Enorme
  • Epiteto – Enorme
  • Confúcio e Mêncio – M. grande
  • Sobre o Buddha. Francês conhecido (esqueci) [“Lalita Vistara”] – Enorme
  • Lao-Tze. Julien [São Julião, tradutor francês ] – Enorme
(texto traduzido por Vila Vudu, enviado por Sergio Caldieri)