Em BH, Lula semeia a luta de classes e a rebeldia dos jovens
O ex-presidente Lula da Silva não tem futuro na política nem na vida. Poderia ter se tornado uma das mais destacadas figuras da política contemporânea, como o primeiro operário de pouca instrução a ser eleito para presidir um país da importância do Brasil (o quinto maior em número de habitantes e extensão territorial, a nova economia mundial), sem jamais ter lido um só livro. Mas agora está destinado a ser lembrado apenas pelo enriquecimento ilícito de sua família e de seus companheiros de sindicalismo.
MAIS UM GOLPE – Nesta quarta-feira, dia 7, Lula sofreu mais um golpe, com a revelação das ligações de seu filho mais novo Luís Cláudio com empresas usadas para distribuição de propinas no esquema da Lava Jato. As provas contra a família Lula são cada vez mais abundantes. E na próxima terça-feira o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, que mantinha relações íntimas com o então presidente, volta a ser ouvido em Curitiba pelo juiz Sérgio Moro, ninguém sabe o que poderá dizer.
O fato concreto é que o cerco está se fechando em torno de Lula e de dois de seus filhos, além da mulher Maria Letícia, que também já foi denunciada pelo Ministério Público, reclama o tempo todo, transformou a vida do marido num inferno permanente.
DOIS CAMINHOS – Judicialmente, Lula está condenado, sabe que não há criminalista capaz de operar o milagre de inocentá-lo. Na avaliação dele, só lhe restavam duas opções – ou pedia asilo na embaixada de governo que lhe seja simpático (Uruguai, Venezuela, Cuba, Equador ou Bolívia), ou comandava uma ruptura institucional no país, através da implantação do caos nas grandes cidades.
Já está claro que o ex-presidente optou pela segunda hipótese, ao incentivar os “exércitos” de Stédile (sem-terra) e Boulos (sem-teto) a ocuparem as ruas e estradas, com apoio direto do PT, do PCdoB, de centrais sindicais, de federações, de sindicatos, de movimentos populares e de pastorais da Igreja Católica, com entusiasmada participação dos vândalos do movimento black bloc.
Na terça-feira, dia 6, em Belo Horizonte, diante de 7 mil jovens de todo o país, integrantes do movimento Levante Popular da Juventude, Lula demonstrou claramente esse intento, ao fazer um discurso de incentivo à radicalização política e à luta de classes.
GOLPE DAS ELITES – “Parece que as elites deste país não aceitaram, não assimilaram o fato de as pessoas humildes, da periferia, começarem frequentar universidades públicas e privadas. Causou incômodo à direita o pobre viajar de avião, ter carro. O nosso problema foi provar que o pobre não é o problema desse país”, disse Lula, ovacionado pela plateia.
Durante os quase 30 minutos do pronunciamento, voltou a denunciar que os avanços sociais durante 13 anos de governo do PT foram os verdadeiros motivos do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “A preocupação deles era me tirar do caminho em 2018. Eu já estou com 70 anos, já fui presidente. O problema deles não é mais comigo, mas com vocês que sofreram o golpe”, disse ele, conclamando os jovens a se manifestarem politicamente.
“Eu fico assustado quando vejo as pessoas negarem a política. Na negação da política, cresce a direita, os Bolsonaros”, disse o ex-presidente, acrescentando: “Se vocês pararem de gostar de política, quem gosta vai governar por vocês. A elite vai continuar no poder por mais 500 anos”.
ESTÁ DANDO CERTO – Lula tem limitações culturais, mas sua intuição política é impressionante. A determinação que deu ao PT foi no sentido de abandonar e esquecer Dilma Rousseff. Sua estratégia agora é fortalecer a campanha “Fora Temer”, sem a contrapartida “Volta Dilma”, e recriar o movimento “Diretas Já” três décadas depois.
Se dúvida, a estratégia vem dando certo. A manifestação de domingo em São Paulo foi impressionante e no feriado desta quarta-feira o PT conseguiu pegar carona no tradicional ato “Grito dos Excluídos”, organizado todo ano pelas pastorais da Igreja Católica em todo o país, desde os anos 90.
A iniciativa de Lula está conseguindo massiva adesão dos jovens carentes e de classe média, em todo o país. É aí que mora o perigo, como se diz atualmente.
REBELDIA NATURAL – Não é preciso ser sociólogo nem psicólogo para saber que os jovens demonstram tendência natural à insatisfação e à rebeldia. As injustiças sociais são percebidas e condenadas por eles, que não conseguem entender a passividades das gerações anteriores. Por isso, não é difícil despertar revolta entre os jovens.
Nos dias de hoje, a disseminação dessas palavras de ordem de Lula é imediata e universal, através das redes sociais. A violenta repressão policial, prendendo e até ferindo os manifestantes, como aconteceu com a estudante atingida no olho, só faz agravar a situação.
Este é o quadro atual, que já preocupa – e muito – as forças estaduais e federais de segurança. Lula ameaçou incendiar o país e está cumprindo a promessa.
08 de setembro de 2016
Carlos Newton