"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O GOVERNO E ESSAS AGÊNCIAS

Até sexta-feira, o governo federal deverá anunciar os cortes no Orçamento de 2014 e, com isso, definirá o tamanho do superávit primário, que é a parcela da arrecadação destinada à amortização da dívida.

A presidente Dilma avisou dia 24 de janeiro, em Davos (Suíça), que desta vez é para valer. É definição sujeita a questionamentos que, no entanto, podem fazer certa diferença. A conferir.

Mas a observação que convém agora é de que essa postura mais ortodoxa, se confirmada, não tem a ver com conversões do governo a novas posições ideológicas. Está mais relacionada às ameaças das agências de classificação de risco, especialmente da Standard & Poor's, de rebaixar a qualidade do título de dívida brasileira se as metas fiscais não forem confiáveis.

O que vemos, então - quem diria - é o governo do PT preocupado com avaliações das agências de risco... Nesse particular, há mudanças a sopesar.

Até recentemente, o discurso era o de que essas agências faziam o jogo do capital financeiro global e do chamado Consenso de Washington, ideário incorporado pela própria razão de ser dessas agências. E que o governo deveria tomar decisões baseadas no interesse do povo e não no dos banqueiros internacionais.

Para quem não tem familiaridade com o tema, as agências de classificação de risco avaliam a capacidade que um devedor tem de honrar suas dívidas, ou seja, medem o risco de calote. Um dos mais importantes indicadores da qualidade de uma dívida é o nível de saúde financeira do devedor. No caso de um país, se as contas públicas estão em deterioração e se a perspectiva de avanço econômico baixo reduz a arrecadação, aumenta o risco de calote, ainda que isso não esteja nos radares. As três mais importantes agências de classificação de risco são Moody's, Standard & Poor's e Fitch.

No início da crise financeira global essas agências foram duramente criticadas - e não só pelos governos de esquerda - porque fizeram farta distribuição de certificados AAA (de alta qualidade) para títulos de dívida que, em semanas, passaram a ser consideradas "lixo tóxico".

Mas, afinal, por que o governo Dilma entende agora dar satisfação a instituições privadas relativamente pequenas, a ponto de ter de fixar a política fiscal soberana às suas "exigências"?

Ficou insatisfatório contra-argumentar que temos um colchão fantástico de US$ 370 bilhões em reservas externas, maior que a dívida brasileira em moeda estrangeira, de US$ 312 bilhões; e que o Banco Central já aumentou em 3,75 pontos porcentuais ao ano os juros básicos para combater a inflação.

É que o governo brasileiro percebeu que a ameaça de rebaixamento da qualidade da dívida é alta, sim, porque a dívida bruta pode saltar para acima de 57% do PIB, número que o Fundo Monetário Internacional já vinha considerando subestimado. E percebeu também que, se ocorresse, esse rebaixamento seria desastroso para os investimentos do Brasil, para o plano de negócios da Petrobrás e para a saúde financeira das empresas do País. Não só aumentaria o custo da dívida (aumento dos juros), mas, também, afastaria grande número de aplicadores em títulos e ações de empresas brasileiras.

POLÍTICA ECONÔMICA: TRÊS ESCOLHAS POSSÍVEIS

 

PARADOXO


 
19 de fevereiro de 2014
Antônio Delfim Netto, Folha de SP

PERDIDO NO LABIRINTO

Os venezuelanos ficam em enormes filas esperando para comprar óleo de cozinha. Depois, quando chega a vez de serem atendidos, a compra está limitada a duas latas por pessoa. Vivemos o mesmo e com o mesmo produto nos anos 1980. Mas o que realmente preocupa não é o desabastecimento de óleo e outros produtos, mas os flagrantes atentados do governo à liberdade.

A tragédia política e econômica da Venezuela tem sido longa. O que o Brasil deveria fazer, sendo líder da América do Sul, em respeito à tradição diplomática que tem, é defender os princípios e valores democráticos. Mas, consistentemente, no governo do PT, a diplomacia brasileira tem errado o tom, apoiado um dos lados em conflito na Venezuela e sancionado o comportamento autoritário do governo. As notas que assinou, tanto do Mercosul quanto da Unasul, dão as condolências às famílias das vítimas, mas compram a versão do governo da Venezuela, que alega haver um golpe em marcha. A nota do Mercosul repudia "as ameaças de ruptura da ordem democrática legitimamente constituída pelo voto popular". Mas não deixa igualmente explícito o repúdio às ameaças à liberdade e democracia praticadas pelo governo.

A oposição errou ao tentar o golpe em 2002, mas isso não significa que todos os manifestantes que estão nas ruas são golpistas, ou que as marchas tenham o poder de destituir Maduro. Ontem, o líder Leopoldo López se entregou depois de discurso inflamado. A parte da oposição que é liderada por Henrique Capriles tem repudiado radicalismos. Além da crise econômica, os protestos têm outro motivo real: o aumento exponencial da violência desde o início do período Chávez.

Segundo o Itamaraty, nenhuma nota foi divulgada isoladamente pelo Brasil porque ele considera mais eficiente as notas coletivas. Ao fazer um texto conjunto, o Brasil tem que conciliar sua posição com a da Argentina, que tem adotado alguns dos métodos venezuelanos de combater a oposição, e até com a própria Venezuela, que é a presidente Pro tempore do Mercosul. A nota do bloco foi divulgada pela chancelaria da Venezuela. Ou seja, é feita de encomenda para respaldar Maduro e não para defender a democracia como valor político do bloco.

Com o pretexto da crise econômica, o governo Nicolás Maduro está sufocando os jornais. O economista e colunista Pedro Palma, que não pode mais ser publicado na exígua edição de papel do "El Nacional", conversou com o blog na semana passada e disse que Maduro afirmou que "os dias da imprensa estavam contados". Os jornalistas fizeram uma marcha pedindo que as empresas tivessem acesso à licença para importação de papel e nem foram recebidos pelo governo.

Desde a época de Hugo Chávez, o governo tem formado, treinado e armado os Colectivos , as milícias chavistas. O governo foi encurralando e tirando legitimidade de todas as instituições e ameaça qualquer oposição que se forma. Ao expulsar os funcionários consulares americanos, Maduro os acusou de estarem distribuindo "vistos" de entrada nos Estados Unidos. Parece mais um factoide desses que seu antecessor usava para distrair a atenção quando a situação política e econômica piorava.

A péssima administração da economia, que consegue entrar em crise mesmo com o petróleo a US$ 100, faz com que os venezuelanos estejam há muito tempo vivendo os efeitos de uma inflação acima de 30% ao ano com grave desabastecimento. A Venezuela é um país perdido num labirinto. Respaldar um governo que errou tanto há tanto tempo é tão arriscado quanto abraçar a oposição. Lá, é o caso de, à distância, defender princípios e valores democráticos e torcer por alguma saída que não aumente a violência nem aprofunde a crise no país.

FUGA DA RAIA


GOLPE À BRASILEIRA


 
19 de fevereiro de 2014
Marco Antônio Villa, O Estado de S Paulo

'BEICINHO' E POLÍTICA INDUSTRIAL

A preocupação do governo com a fragilidade do seu desempenho econômico foi explicitada pelas reações do ex-ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e do ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, à entrevista do presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Pedro Passos, concedida ao Estado (9/2). O presidente do Iedi, sócio da Natura, enfatizou o esgotamento do atual modelo econômico e defendeu a sua reformulação com ênfase na integração da economia brasileira à economia internacional, por meio de acordos com a União Europeia (UE) e os EUA, com equacionamento dos obstáculos argentinos.

A reação de Fernando Pimentel foi desqualificar a entrevista, com o argumento de que seria "política": "A Natura hoje tem uma posição partidária, de apoio a uma candidatura de oposição ao governo Dilma Rousseff". Passos seria "militante de um projeto eleitoral de oposição" e não seria o caso de responder às suas críticas "porque elas não foram feitas no âmbito do debate". E, no entanto, as críticas de Passos são mais do que razoáveis, alinhadas com o sentimento generalizado de que a política industrial do governo, que teve Pimentel como principal responsável, tem sido um retumbante fracasso.

Em sua entrevista de despedida como ministro, Pimentel, mais uma vez, mostrou falta de intimidade com os assuntos de sua pasta, ao referir-se enfaticamente às altas margens de lucros das montadoras como se fosse algo surpreendente. É bem sabido que foi na sua gestão que foi implementado o programa Inovar Auto, hoje questionado pela UE, que beneficia as montadoras com vantagens tributárias associadas ao IPI que, somadas à atual tarifa de 35%, levam a proteção nominal a pornográficos 70%. Talvez proteção alta tenha alguma relação com margens de lucro despropositadas?

É curioso que, à época em que o Iedi defendia ardorosamente a proteção alta e a desvalorização cambial, sem preocupações quanto às consequências macroeconômicas, em sintonia com a emergente "nova matriz macroeconômica", nunca se tenha ouvido qualquer comentário no governo sobre o alinhamento político de seus dirigentes.

Há grande heterogeneidade nas posturas empresariais em relação ao governo. A posição de alguns setores, como o automotivo, de apoio à política industrial, simplesmente revela o tratamento diferenciado de que se beneficiam. Segundo a Anfavea, "o governo (...) minimizou possíveis consequências (da crise) ao (sic) setor automotivo e à (sic) economia como um todo". Não é por acaso que, no recente confronto entre a Anfavea e a emergente Abeifa, concorrente na representação empresarial do setor automotivo, tenha escapado o argumento de que a Anfavea teria "acesso livre aos gabinetes em Brasília".

Paulo Bernardo, na sua crítica a Passos, optou por alegações também rasteiras. Como Pimentel, fugiu da substância como o diabo da cruz. Sugeriu que Passos estaria "fazendo beicinho" e que as dificuldades entre governo e empresariado poderiam ser resolvidas com "discussões da relação". Para o ministro, analistas que tenham independência em relação ao governo são descartados pois "ninguém entende o que eles falam". E pontifica: "O cidadão não entende conceitos macroeconômicos, mas sabe se a economia está indo bem ou mal". O recorrente truque presidencial de apelar para discurso enfático quando falta substância ao argumento está sendo copiado por sua equipe.

Quem fez de fato "beicinho" nos últimos tempos foi a chefe de Paulo Bernardo, ao ameaçar não participar da programada cúpula Brasil-União Europeia. Em reação pueril, estaria irritada com a queixa europeia em Genebra quanto ao IPI discriminatório e à Zona Franca de Manaus. Se tivesse tomado melhores decisões quanto à política industrial, teria evitado tais achaques e turbulências. "Beicinho", agora, não vai resolver.

A LISTA DE BARBOSA


 
19 de fevereiro de 2014
ALEXANDRE SCHWARTSMAN, Folha de SP

AS BATALHAS DE DILMA PARA MANTER SEU FAVORITISMO RUMO À REELEIÇÃO


No amanhecer de 2014, Dilma Rousseff parece lutador de videogame: cercado de muitos adversários e tendo que combater todos ao mesmo tempo.

A lista de seus incômodos adversários é grande e de tipos variados. Existem adversários internos e externos ao seu governo. Existem adversários conjunturais, políticos e midiáticos. Vamos fazer um inventário.

Comecemos pelos adversários internos. Dilma luta contra quatro tipos de adversários: aqueles no PT que querem a volta de Lula; os dissidentes da base governista em geral e, em especial, no PMDB, que está rachado e deve marchar para a campanha assim; e, por fim, a própria incompetência do governo em entregar resultados e/ou fazer trapalhadas.

O PMDB é o que mais preocupa pelo fato de ter uma das melhores estruturas partidárias do país.

No âmbito externo, Dilma enfrenta os dois polos da oposição: PSDB e PSB; a má vontade de setores da grande imprensa; a má vontade dos empresários; e a desconfiança do mercado financeiro.

Para piorar, enfrenta uma conjuntura adversa com incertezas nos campos econômico e social. Em particular, no que se relaciona com o crescimento econômico, o câmbio, o emprego e a inflação, além das incertezas da Copa do Mundo.

Olhando o quadro estadual, as dificuldades de Dilma são muitas. No Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) terá uma campanha difícil. Mesmo que a senadora Ana Amélia Lemos (PP) venha a apoiar Dilma (hipótese pouco provável), não deverá ser um apoio forte e apaixonado.

A partir do Paraná e até o Pará, passando por São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Tocantins, o PSDB terá estruturas de campanha fortes. No Rio de Janeiro, onde Dilma foi muito forte, a situação já não é tão boa. Em Pernambuco também, onde Eduardo Campos pontifica.

Na Bahia e no Ceará, Dilma pode enfrentar dificuldades. Na Bahia, o candidato do governo Jaques Wagner (PT), Rui Costa (PT), terá pela frente o candidato da aliança DEM, PSDB e PMDB, que poderá ser o ex-governador Paulo Souto (DEM) ou então o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).

No Ceará, por conta da resistência do PT a apoiar a candidatura do senador Eunício Oliveira (PMDB) a governador, pode ocorrer um entendimento entre PMDB e PSDB. Os tucanos poderiam apoiar Eunício em troca do apoio do PMDB à candidatura de Tasso Jereissati (PSDB) ao Senado.

Além dos problemas políticos dos palanques estaduais, Dilma terá que conviver com a ameaça de um racionamento energético. O governo, que antes havia descartado a possibilidade de apagão, agora já admite essa possibilidade, mesmo dizendo que ela é “baixíssima”. Sem falar nos problemas de infraestrutura (aeroportos, portos, estradas), que poderão se tornar mais visíveis em função da Copa.

Com tantos adversários e dificuldades, Dilma será exigida ao máximo para manter o seu favoritismo rumo à reeleição. Não será o passeio que muitos, inclusive de seu time, achavam.

Dilma terá muitas frentes e adversários para combater. Considerando a qualidade inconsistente de seu grupo, a dificuldade de dialogar e o fato de que o PT anda dividido com relação à direção da campanha, não será tarefa fácil.

Em especial, porque uma campanha necessita de vetores de agregação, e não de confronto. Parece que o PT está se orientando na direção oposta aos rumos tomados para a construção do “lulismo”. Parece, também, que Dilma percebe isso, mas não reage como deveria para se estabelecer como líder inconteste do atual momento político do país.

 
19 de fevereiro de 2014
Murillo de Aragão, O Tempo (MG)

AMORES IDEAIS


No filme A Garota Ideal, de 2007, o ator Ryan Gosling vive um cara tímido e introspectivo que compra uma boneca inflável, dá a ela o nome de Bianca e começa a tratá-la como a uma namorada de verdade. Cega, surda e muda, mas com um corpo, ele a leva para passear e a apresenta aos colegas, deixando todos perplexos com esse delírio.

Em determinada cena, uma vizinha, entrando no jogo do rapaz, presenteia a “namorada” dele com flores de plástico, deixando-o comovido: as flores durariam para sempre, como Bianca. Em sua cabeça, ele havia conquistado uma relação eterna, à prova de realidade.

Corta para o excelente Ela, filme em cartaz com Joaquin Phoenix vivendo um recém-divorciado que, solitário e carente, se apaixona pela voz de um sistema operacional – outro absurdo, mas é isso mesmo que acontece: ele fala com um smartphone através de um serviço de inteligência artificial que faz parecer que há, de fato, uma pessoa real batendo papo com o cara.

Dessa vez, não há um corpo, mas há uma voz feminina que pergunta, responde, conversa, faz declarações de amor, discute a relação, faz sexo por telefone, dá toda a pinta de que é humana – só que é outra “garota ideal” que não existe.

Em ambos os filmes, os protagonistas tratam as suplentes como gente: um leva a boneca para as refeições à mesa com a família, o outro leva o aparelho tagarela para um piquenique com um casal de amigos. A diferença entre os filmes é que, no primeiro, todos ao redor estão conscientes de que aquela maluquice é um caso isolado. Já em Ela, a situação é considerada normal, corriqueira até. Não duvide: em muito pouco tempo, estaremos namorando smartphones e quiçá casando com eles.

Se, no primeiro filme, o protagonista é um desajustado, no segundo é um homem sensível, romântico, que está apenas atravessando uma fossa e encontra na tecnologia uma forma aparentemente menos sofrida de se relacionar. Porém, havendo idealização, sempre haverá a dor da perda – mesmo entre um homem e uma máquina. A única forma de manter uma relação sem brigas, ciúmes e desencantos é não se envolvendo emocionalmente. Ou seja: quem almeja um romance perfeito, que abrace de vez a solidão, a única candidata à altura do projeto.

Parece ficção científica, mas o relacionamento entre pessoas reais e virtuais, que já acontece, não demora será convencional. Esse futuro está logo ali, dobrando a esquina. O artificial e o verdadeiro estão cada vez mais próximos e parecidos. Enquanto isso, o melhor é continuarmos nos virando com amores onde há cheiro, toque, pele, e que brotam e murcham, dois processos naturais da vida orgânica. Ao menos, poderemos guardar deles a lembrança das mãos que acariciaram nossos cabelos e dos beijos de boa noite.
19 de fevereiro de 2014
Martha Medeiros, Zero Hora

DISSE O "BLACK BLOC"


  
 
19 de fevereiro de 2014
Ruy Castro, Folha de SP

RUÍDOS PARA DILMA

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff continua sendo a favorita para vencer a eleição de outubro, mas há ruídos cada vez mais claros no cenário político.

Ontem, saiu uma pesquisa eleitoral do instituto MDA e da Confederação Nacional do Transporte (CNT). O levantamento deve ser observado menos pelos resultados sobre intenção de voto de cada pré-candidato e mais pelo cenário político que desenha no Brasil nos próximos meses.

A intenção de voto para a eleição presidencial permanece inalterada em relação ao que diversos institutos apuraram no final de 2013: Dilma Rousseff (PT) tem 43,7% contra 17% de Aécio Neves (PSDB) e 9,9% de Eduardo Campos (PSB). Hoje, a petista venceria no primeiro turno.

Mas indicadores laterais devem ser levados em conta. O mais relevante talvez sejam o humor dos brasileiros a respeito da economia e a taxa de popularidade do governo. Para 77,2%, o custo de vida aumentou nos últimos 12 meses. Não adianta a equipe econômica dizer diariamente que a inflação está controlada. A percepção das pessoas é outra --e é natural que seja assim quando os preços sobem na faixa próxima a 6% ao ano há muito tempo.

Essa sensação das pessoas se traduz na taxa de aprovação do governo Dilma Rousseff. Na MDA/CNT, 36,4% aprovam a administração petista. Em novembro, o percentual era de 39%.

Foi a primeira queda de Dilma desde o início de sua recuperação lenta e gradual pós-protestos de junho passado. Pode ser um deslize momentâneo? Sim, pode. Só que a presidente está abaixo da fronteira psicológica dos 40% de aprovação, considerados o patamar mínimo para ter sucesso eleitoral certo, segundo dez entre dez politólogos e marqueteiros.

Em resumo, o retrato geral é de uma certa deterioração na solidez eleitoral de Dilma neste início de ano. Se esse mau humor dos eleitores com a petista é passageiro ou não só será possível saber mais adiante.

O SÉCULO XX CONDENA OS EUA DO 21

 

NEOBRASILEIRISMOS OU O SUCESSO DA VAQUINHA

 

A COPA É NOSSA

 
Tivesse sido aplicada na saúde ou na educação, a megalomania de alguns políticos brasileiros seria mais louvável. As 12 arenas que sediarão os jogos da Copa do Mundo custarão pelo menos US$ 8,9 bilhões - um quarto da verba anual destinada ao Ministério da Educação e 20% do que será alocado em recursos na pasta da Saúde em 2014. Com hospitais e escolas públicas sucateados, além de médicos e professores mal remunerados, é difícil entender o porquê de aplicar rios de dinheiro em evento esportivo.
O fim da Copa dará lugar à ressaca moral e à pergunta de difícil resposta: "O que fazer com tantos elefantes brancos?" As autoridades terão percebido que os bilhões escoaram pelo ralo. Estádios modernos e pomposos construídos em Brasília, em Cuiabá e em Manaus terão como única utilidade servir de cenário de fundo para fotografias de turistas e de palco para shows esporádicos. Os governantes também vão constatar que pouco - ou nada - mudou na situação econômica do Brasil.

Um país que deixa os doentes morrerem à míngua dentro de hospitais públicos lotados e abandona os idosos à própria sorte não pode se gabar de ser superpotência emergente. Uma nação que corteja ditadores latino-americanos se rotula de democrática e sugere punir manifestantes com até 30 anos de prisão está mergulhada na controvérsia. Uma pátria-mãe que mantém os filhos na mira de marginais e se omite em garantir segurança. Nosso Brasil mal conseguiu cumprir prazos para a realização da Copa e chegou a ser alvo de chacota da todo-poderosa Fifa. Os projetos de mobilidade urbana e acessibilidade não saíram no papel e ali continuarão. O Mundial no Brasil, assim como sua mascote, Fuleco, ou sua bola, Brazuca, não terão passado de produto de marketing político.

Enquanto isso, engravatados terão enchido os bolsos de dinheiro e farão do Mundial uma escada para suas ambições de poder. A imensa maioria da população, depois de passado o efeito do ópio do futebol, seguirá na dura rotina de sempre, tentando driblar a inflação e o alto custo de vida, fazendo mágica para alimentar os filhos e se acostumando com as mazelas na saúde e na educação. Nossos políticos merecem o título de campeões do desperdício. Nós, de heróis da resistência.

19 de fevereiro de 2014
Rodrigo Craveiro
Correio Braziliense

INTIMIDAÇÃO A DOMICÍLIO

Pois é, meus caros, pensei muito antes de decidir publicar essa história que aconteceu comigo na semana passada. Nem sei se tomei a decisão certa, em todo caso...
 
Não dá para reproduzir todos os diálogos exatamente, mas a coisa foi mais ou menos assim:
Hoje (11/2) meu interfone tocou com o porteiro falando que havia dois sujeitos procurando por mim para uma entrevista. “Entrevista, eu?...”, pensei. Não sabendo do que se tratava e não querendo pedir ao porteiro para que obtivesse dos caras maiores informações porque eu não iria entender mesmo - ele fala uma língua estranha -, desci, abri a portaria, fechei, fui para a calçada, e perguntei o que eles queriam.
 
Eram dois jovens bem trajados e com mochilas às costas, que me responderam perguntando se eu era eu e se o meu blog era meu. Em sequência, o mais falante perguntou se eu poderia ser entrevistado por eles e eu disse que sim, perguntando a que e a quem devia essa honra e como eles tinham obtido meu endereço.
 
- É que nós somos estudantes de jornalismo, lemos o seu blog e também temos um blog. Endereços são fáceis de achar e, como nós moramos perto, resolvemos conhecê-lo pessoalmente, respondeu o falante.
 
- Então vamos lá, disse eu, começando a ficar ressabiado por me dar conta de ser tão fácil achar um endereço.
 
- Aqui mesmo?
 
- Se vocês quiserem atravessar a rua e me acompanhar em uma cerveja no meu bureau etílico, a gente vai lá.
 
- Não, obrigado, aqui está bom. Mas o seu blog é político, não é? - emendou o falante.
 
- Peraí - disse eu -, já começou a entrevista?
 
- Já.
 
- E vocês não vão gravar ou escrever nada?
 
- Não é preciso, a gente tem boa memória - disse o falante com um risinho de canto de boca.
 
Já não gostei do cinismo e da ironia.
 
- Por que o senhor fala tão mal do PT e da esquerda no seu blog? - continuou.
 
- Porque ambos são uma cambada de filhos da puta! - disparei, já meio pau da vida.
- Não é bem assim, cara - o tratamento já tinha mudado. E é melhor baixar a bola porque...
 
Entendendo que a intimidação era o objetivo, interrompi, elevando a voz:
- E tem mais: se vocês vieram aqui, na porta da minha casa, para me intimidar e ameaçar, é bom irem tirando o cavalinho da chuva, porque pra marginal eu chamo a polícia!
 
- Pra quem tá sozinho, você é bem folgado, cara! - falou o outro que até então estava mudo.
 
Mas eu não estava sozinho. O porteiro do meu prédio, dois seguranças da área e o jornaleiro já estavam próximos em função da minha gritaria. Sendo assim, emendei, cheio de coragem e já aos berros:
 
- E sumam daqui antes que eu mesmo resolva isso na porrada antes da polícia chegar!
Enlouqueci! Um delinquente geriátrico (com a devida licença do Magu) dando porrada em dois rapazes, só de uma cabeça transtornada! E a minha estava.
 
A essas alturas, a galera que me conhece já estava bem próxima e, quando os manés olharam em volta, notaram que era furada e bateram em retirada, balbuciando algo que não entendi bem. Pensei até em segui-los - imaginem, santa idiotice! -, mas desisti, a pedidos.
Então, atravessei a rua e fui tomar uma Antarctica bem gelada, que foi o melhor remédio para a tremedeira que eu estava.
 
A bem da verdade, eu cometi uma imprudência, já que estava na porta de casa - afinal tenho mulher e uma filha morando comigo -, mas meus gragomilos andam tão cheios que, na hora, nem pensei nisso. Tampouco pensei - por distração - em perguntar antes o endereço do blog dos meliantes, mas, provavelmente, seria perda de tempo, já que, como todo petralha e similares, eles mentiriam.
Mas o recado deles, sem dúvida, foi dado.
Na realidade, meus amigos, o que resta a essa gentalha da esquerda senão um único argumento, que é a intimidação, assinada, selada e apoiada pela corja que governa a espelunca em que transformaram o Brasil? E digo mais: se for para resolver na porrada, tô dentro, e se for na base de armas, idem, compro uma.
 
19 de fevereiro de 2014

DAS VICISSITUDES POR QUE PASSA UM VELHO NO BRASIL

Das vicissitudes por que passa um velho no Brasil, talvez a pior seja a de não ser reconhecido como tal.
 
Estou brincando, é claro.
 
Mas hoje, como todo brasileiro que se preza, fui fazer minha fezinha na Mega Sena no último dia para as apostas e em cima da hora. Como a fila descomunal em busca de mais de cem milhões metesse medo, optei pelas prerrogativas que me facultam as leis e, sendo um cidadão de 62 anos, entrei na fila dos idosos. Muito embora eu discorde desse privilégio quando se trata de apenas jogar, lembrei dos desaforos que já fui obrigado a engolir por gente idosa sem educação que nem sequer pede licença para usar sua idade como argumento quando não há lugares específicos para eles, e assumi minha cara de pau, honestíssima e perfeitamente legal, por sinal. Não deu um minuto e uma senhora com a aparência de sobrevivente bíblica se enfiou na minha frente, sem a menor cerimônia.
 
- Minha senhora - disse eu -, a fila é atrás de mim.
 
- Isso aqui é fila de idosos - respondeu a sobrevivente do dilúvio, cheia de orgulho em exibir suas pelancas.
 
- Exatamente por isso estou aqui - retruquei.
- Você não é idoso!
 
- Mas é claro que não, minha senhora! Eu sou só um palhaço que entrou na fila com o único propósito de criar confusão - vociferei ironizando, já meio puto da vida.
 
E acrescentei:
 
- E olha, por causa dessa sua bobeira, já há mais duas pessoas na sua frente.
 
Ao ver-se inapelavelmente derrotada diante da minha irredutibilidade, a garçonete da Santa Ceia resolveu chorar suas mágoas com os demais idosos, buscando alguém que se solidarizasse com suas besteiras. Não a ouvi muito bem, mas em uma das suas lamentações ela chegou a dizer “você não sabe como eu estou me sentindo...”. Pena para ela - a essas alturas uma verdadeira Madalena - que não tenha encontrado um só Cristo que desafiasse alguém a atirar a primeira pedra.
Além disso tudo, o “sistema” da loteria estava caindo a toda hora. Como tudo que o governo do PT faz é uma questão de talento, a resposta dos atendentes pela demora era “tá lento”. Somando tudo, a amante de Abraão, provavelmente cansada de ser ignorada por tanto tempo, bateu em retirada.
O que me deixa mais pasmo nessa história é ter mais uma confirmação da falta de educação dos brasileiros que, por suas idades, deveriam servir de exemplo aos jovens. Não sou leviano a ponto de atribuir isso ao governo do PT exclusivamente, mas que a coisa piorou, e muito, de onze anos para cá, é inquestionável.
P.S.: Fiz o jogo. Rezem por mim.
 
19 de fevereiro de 2014

NADA DE NOVO, APENAS O IMPERIALISMO DE SEMPRE

   

Pesquisem sobre o coletivo Otpor (Отпор), formado inicialmente na Bósnia/Sérvia e hoje adotado como laboratório master da ideologia e das táticas sublevacionistas que a CIA e o Pentágono usam para desestabilizar governos mundo afora, desde as malfadadas ‘revoluções coloridas’ na Ucrânia, Geórgia, Bielorrússia, Egito, Líbia, Síria…

No Irã tentaram mas não tiveram sucesso. Na Turquia, também não. Até na Rússia tentaram, com a ONG Golos (Voz). Agora na Ucrânia de novo…

Quem disse que a América do Sul, com suas imensas reservas de petróleo (Brasil e Venezuela), escaparia ilesa? O Império pratica políticas de império, desde sempre.

Pesquisem e depois me diga o que encontraram nesse angu. Os mesmos métodos, os mesmos financiadores: Otpor, na Sérvia/Bósnia; Porá, na Ucrânia (que fez a malfadada revolução laranja); Golos, na Rússia; o Change#Brasil, no Brasil; La Salida, na Venezuela (agorinha mesmo, o La Salida está tocando o terror em Caracas).

Enfim, meu caro, é o imperialismo na sua essência: a guerra, a mentira e a manipulação. E os idiotas manipulados se achando heróis…

19 de fevereiro de 2014
José Donizete Fraga

FAMÍLIA SARNEY É TOMADA POR DESESPERO E ANTECIPA A TEMPORADA DE COVARDIA POLÍTICA NO MA

 

roseana_sarney_14 (abr)Vale tudo – Vivendo uma crise de credibilidade que possivelmente é a maior de toda a longeva história do grupo político que controla, a família Sarney já iniciou o jogo sujo na tentativa de garantir a eleição de algum apaniguado para o governo do Maranhão, o mais miserável estado da federação, obra maior do caudilho José Sarney.

Cada vez mais incomodada com os índices de aprovação de Flávio Dino junto ao eleitorado maranhense, a governadora Roseana Sarney acionou o conglomerado de comunicação da “famiglia” para estocar o candidato do PCdoB ao Palácio dos Leões, sede do Executivo estadual.

Os veículos midiáticos do grupo publicaram falsas denúncias contra Dino, que atualmente presidente a Embratur.
As reportagens, encomendadas pela chefe do desgoverno que tem levado o Maranhão a afundar no caos, atribuem o déficit da conta-turismo do País à Embratur, que está vinculado às questões cambiais e de competitividade, que não são geridas por qualquer órgão do Turismo.
Além disso, as matérias jornalísticas (sic) citam de maneira irresponsável contratos inexistentes que valeriam até as eleições. Ou seja, jogo sujo e baixo, no melhor estilo de grupos mafiosos.

Roseana e seu grupo tentam fazer do secretário de Infraestrutura, Luís Fernando Silva, o próximo governador do Maranhão, mas a falta de traquejo cacife do candidato tem exigido do clã algumas providências nada ortodoxas, como as matérias mentirosas e de encomenda contra Flávio Dino.

Presidente estadual do Partido Progressista, o deputado federal Waldir Maranhão divulgou nesta quarta-feira uma nota de desagravo em favor de Flávio Dino, em que repudia a conduta da “famiglia” que transformou o estado em uma capitania hereditária.

“O império de comunicação do grupo Sarney costumeiramente abandona o jornalismo sério e responsável para abrir espaço ao exercício chicaneiro da informação, divulgando calúnias e difamações contra seus adversários”, disse Waldir Maranhão ao editor do ucho.info.

“O Maranhão tornou-se ao longo dos anos em reduto de miséria, sem que os atuais ocupantes do poder tenham se preocupado em reverter um quadro que avilta a dignidade dos maranhenses. O Estado precisa urgentemente de um novo olhar, mas não será com essas estratégias condenáveis que alguma mudança surgirá no horizonte do Maranhão, que há cinco décadas convive com a desesperança”, afirmou o presidente do PP maranhense.

Para provar a extensão das mentiras plantadas pelo grupo Sarney contra o principal adversário na eleição de outubro próximo, a Controladoria-Geral da União (CGU) analisa apenas um contrato da área de informática da Embratur, firmado em 2009, quando Flávio Dino era deputado federal, não presidente do órgão.

19 de fevereiro de 2014
ucho.info

CRISE NA VENEZUELA AUMENTA E DIVIDE LÍDERES LATINO-AMERICANOS

 

(Reuters)
 
Fora de controle – A mais grave crise política enfrentada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que atingiu seu ápice na terça-feira (18), levou a reações antagônicas na América Latina.

De um lado, aliados como Bolívia, Equador e Argentina correram para demonstrar apoio ao governo chavista. De outro, países como Colômbia, Peru e Chile pediram calma e respeito aos direitos humanos e de manifestação.

A convulsão popular em Caracas atingiu seu momento mais crítico na tarde de terça-feira, quando Leopoldo López, hoje principal nome da oposição, decidiu se entregar à polícia numa marcha que reuniu dezenas de milhares de pessoas. Ele recebeu uma ordem de detenção por, segundo o governo, ser responsável pela violência ocorrida durante protestos na capital.

Da Argentina, Maduro recebeu uma ligação do chanceler Héctor Timerman, que lhe ratificou o “apoio absoluto às instituições venezuelanas”.
O Uruguai condenou o que chamou de tentativas de derrubar um governo legítimo. O Equador qualificou as manifestações da oposição como “tentativas antidemocráticas”. E Cuba e Bolívia, em tom parecido, acusaram os Estados Unidos de arquitetarem um golpe na Venezuela.

“Há uma tentativa de golpe de Estado contra as obras de Chávez”, disse o presidente boliviano, Evo Morales, na terça-feira. “Temos obrigação de repudiar essa tentativa de golpe que vem de fora, do império.”

Na quarta-feira, Maduro anunciou a expulsão de três funcionários da embaixada americana, que segundo ele estariam recrutando estudantes para participar de atos de violência.
Washington negou a acusação e disse que o uso das Forças Armadas para reprimir protestos é “alarmante” e pode contribuir para o agravamento da situação.

Atrito com Colômbia

Já o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, pediu que os canais de comunicação entre as diferentes forças políticas da Venezuela sejam restabelecidos para garantir a estabilidade do país.
A declaração irritou Maduro.

“O presidente Santos quer me dar lições de democracia, quando o que estou fazendo é defender a Venezuela”, afirmou o chavista. “Os problemas dos venezuelanos são resolvidos pelos venezuelanos!”

Discurso similar ao de Santos foi adotado por Peru e Chile. O presidente chileno, Sebastián Piñera, fez um apelo para que os direitos humanos fossem respeitados durante os protestos contra Maduro, iniciados há duas semanas em meio à insatisfação popular com a violência crescente, a economia frágil e a pressão do governo sobre a imprensa.

“A defesa dos direitos humanos em todo o tempo, em todo o lugar e em toda circunstância são valores que hoje são universais e que não reconhecem fronteiras”, disse Piñera.

Na terça-feira, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, disse que o Brasil espera “uma convergência dentro de um respeito à institucionalidade e à democracia” na Venezuela e demonstrou preocupação com a situação no país vizinho.

No fim de semana, em comunicado conjunto, os países-membros do Mercosul repudiaram a violência na Venezuela e condenaram o que consideram ameaças de quebra da ordem democrática feitas por oposicionistas. A organização de direitos humanos Human Rights Watch também se manifestou e criticou severamente a detenção de López.

19 de fevereiro de 2014
(Reuters)
(Com agências internacionais)