Os brasileiros são muito mais tolerantes com a ignorância do que com a erudição.
Esta é a regra: Ser ignorante é “ser gente como a gente”. Ser erudito é humilhar as pessoas.
Um povo que pensa assim NUNCA se levantará da merda, por mais que os céus e a Natureza o ajudem.
Se num único ponto eu puder mudar o Brasil, farei isso por todos os meios ao meu alcance: que aprenda a respeitar mais o conhecimento e menos a lábia, as poses e os cargos.
O desinteresse pelas coisas mais altas, a indiferença pelo dever de elevar e aprofundar a própria consciência, a falta do desejo de conhecimento, VIOLAM DIRETAMENTE O PRIMEIRO MANDAMENTO.
Esta é a regra: Ser ignorante é “ser gente como a gente”. Ser erudito é humilhar as pessoas.
Um povo que pensa assim NUNCA se levantará da merda, por mais que os céus e a Natureza o ajudem.
Se num único ponto eu puder mudar o Brasil, farei isso por todos os meios ao meu alcance: que aprenda a respeitar mais o conhecimento e menos a lábia, as poses e os cargos.
O desinteresse pelas coisas mais altas, a indiferença pelo dever de elevar e aprofundar a própria consciência, a falta do desejo de conhecimento, VIOLAM DIRETAMENTE O PRIMEIRO MANDAMENTO.
A consciência anestesiada do religioso mentalmente indolente é um escândalo maior do que toda a putaria do mundo.
A simples menção da palavra “Deus” deveria despertar no ser humano as perguntas mais dramáticas e a ânsia de encontrar respostas. Se isso não acontece com você, você está espiritualmente MORTO e a sua reza não passa de uma sucessão de arrotos.
Li ontem, de novo, a parábola do juiz iníquo que, por medo ou outro motivo qualquer, faz justiça de vez em quando. É impossível ler esse parágrafo sem ter de fazer face às perguntas: O simples desejo de ser um juiz já não é uma iniquidade? Como é possível que tantas pessoas, sem ter nem pensado em adquirir a mais alta disciplina interior e em afinar sua consciência moral até o máximo possível, se julguem capacitadas a decidir os destinos humanos porque têm um simples diploma de dotô? Não seria a justiça humana INTEIRA baseada na vaga esperança de que o juiz iníquo faça justiça de vez em quando? E assim por diante.
A ÚNICA desculpa para não buscar o aprimoramento da consciência é a INCAPACIDADE. Essa desculpa é aceitável, desde que não se pretenda ostentar a incapacidade como um mérito sagrado.
O número de pessoas que tinham acesso a livros era ÍNFIMO. Os livros eram copiados à mão, um por um. O acesso às universidades era dificílimo. Todos esses obstáculos foram removidos.
Não posso conceber que uma pessoa inteiramente absorvida na rotina imediata e desprovida de qualquer interesse genuíno pelo mistério da existência tenha algo que legitimamente se possa chamar de “fé”. Essa hipótese me parece totalmente impensável. Se alguém nunca fez a pergunta, que sentido faz dizer que tem fé na resposta?
Nunca consegui ler UMA SÓ LINHA da Bíblia sem me perguntar mil vezes: Que é que isto quer dizer REALMENTE? Não no sentido doutrinal e genérico (para isto basta consultar os teólogos), mas existencialmente, concretamente, na minha própria vida e, de preferência, neste momento? Com frequência não obtive resposta, mas a constelação de perguntas que cada versículo sugeria iluminou, por certo, a minha compreensão da vida, e estou muito grato por isso.
Isso não quer dizer que eu INTERPRETE a Bíblia. Fujo disso como quem evita conversa de bêbado. Ao contrário. Deixo que as perguntas apareçam naturalmente e que o tempo naturalmente as responda — sabendo que as respostas valem apenas para mim mesmo, na maior parte dos casos.
O episódio de Jefté, por exemplo (Juízes 11:39), me deixou embasbacado por muitos meses, até que um esboço de resposta começou a aparecer, mas, sabendo que era coisa subjetiva, nunca me aventurei a publicar as notas que então tomei a respeito.
Nada me deprime mais do que ver o homem medíocre posando de guia das almas. Vi outro dia o debate em que alguns pastores da linha dita “progressista” tentavam desmoralizar o Pastor Marco Feliciano com uma insinuação de racismo por ter associado as misérias do continente africano à maldição de Cam. Um deles, pastor Hermes C. Fernandes, foi festejado no Youtube, com quinhentas e tantas mil visualizações, por ter dado, segundo o editor do vídeo, uma “surra de conhecimento histórico” no seu colega. A surra consistiu em declarar, entre outras coisas, que: (a) A maldição da África são os brancos; (b) que sem a intromissão de europeus e americanos o destino da África teria sido diferente, visto que ali haviam florescido grandes impérios, como por exemplo o egípcio.
Nada disso é cultura histórica. É uma ignorância radical, completa, imperdoável. A começar pelo exemplo citado. O Império Egípcio viveu e durou com base na exploração de escravos. A escravidão era generalizada e institucional na África desde milênios antes da chegada dos europeus, e os grandes impérios que ali floresceram, como por exemplo o de Oyo, viveram do aprisionamento e tráfico de escravos. Em contraste com essa exploração milenar, os brancos participaram do tráfico durante apenas três séculos, e sua passagem pela África espalhou ali escolas, hospitais, estradas, assistência médica gratuita e mil e um outros benefícios, entre os quais A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA, uma idéia que jamais tinha ocorrido aos belos impérios mencionados pelo Pastor Fernandes.
A coisa mais fácil, no Brasil, é ludibriar a platéia inculta com uns respingos de pseudocultura.
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24 de junho de 2017
A simples menção da palavra “Deus” deveria despertar no ser humano as perguntas mais dramáticas e a ânsia de encontrar respostas. Se isso não acontece com você, você está espiritualmente MORTO e a sua reza não passa de uma sucessão de arrotos.
Li ontem, de novo, a parábola do juiz iníquo que, por medo ou outro motivo qualquer, faz justiça de vez em quando. É impossível ler esse parágrafo sem ter de fazer face às perguntas: O simples desejo de ser um juiz já não é uma iniquidade? Como é possível que tantas pessoas, sem ter nem pensado em adquirir a mais alta disciplina interior e em afinar sua consciência moral até o máximo possível, se julguem capacitadas a decidir os destinos humanos porque têm um simples diploma de dotô? Não seria a justiça humana INTEIRA baseada na vaga esperança de que o juiz iníquo faça justiça de vez em quando? E assim por diante.
A ÚNICA desculpa para não buscar o aprimoramento da consciência é a INCAPACIDADE. Essa desculpa é aceitável, desde que não se pretenda ostentar a incapacidade como um mérito sagrado.
O número de pessoas que tinham acesso a livros era ÍNFIMO. Os livros eram copiados à mão, um por um. O acesso às universidades era dificílimo. Todos esses obstáculos foram removidos.
Não posso conceber que uma pessoa inteiramente absorvida na rotina imediata e desprovida de qualquer interesse genuíno pelo mistério da existência tenha algo que legitimamente se possa chamar de “fé”. Essa hipótese me parece totalmente impensável. Se alguém nunca fez a pergunta, que sentido faz dizer que tem fé na resposta?
Nunca consegui ler UMA SÓ LINHA da Bíblia sem me perguntar mil vezes: Que é que isto quer dizer REALMENTE? Não no sentido doutrinal e genérico (para isto basta consultar os teólogos), mas existencialmente, concretamente, na minha própria vida e, de preferência, neste momento? Com frequência não obtive resposta, mas a constelação de perguntas que cada versículo sugeria iluminou, por certo, a minha compreensão da vida, e estou muito grato por isso.
Isso não quer dizer que eu INTERPRETE a Bíblia. Fujo disso como quem evita conversa de bêbado. Ao contrário. Deixo que as perguntas apareçam naturalmente e que o tempo naturalmente as responda — sabendo que as respostas valem apenas para mim mesmo, na maior parte dos casos.
O episódio de Jefté, por exemplo (Juízes 11:39), me deixou embasbacado por muitos meses, até que um esboço de resposta começou a aparecer, mas, sabendo que era coisa subjetiva, nunca me aventurei a publicar as notas que então tomei a respeito.
Nada me deprime mais do que ver o homem medíocre posando de guia das almas. Vi outro dia o debate em que alguns pastores da linha dita “progressista” tentavam desmoralizar o Pastor Marco Feliciano com uma insinuação de racismo por ter associado as misérias do continente africano à maldição de Cam. Um deles, pastor Hermes C. Fernandes, foi festejado no Youtube, com quinhentas e tantas mil visualizações, por ter dado, segundo o editor do vídeo, uma “surra de conhecimento histórico” no seu colega. A surra consistiu em declarar, entre outras coisas, que: (a) A maldição da África são os brancos; (b) que sem a intromissão de europeus e americanos o destino da África teria sido diferente, visto que ali haviam florescido grandes impérios, como por exemplo o egípcio.
Nada disso é cultura histórica. É uma ignorância radical, completa, imperdoável. A começar pelo exemplo citado. O Império Egípcio viveu e durou com base na exploração de escravos. A escravidão era generalizada e institucional na África desde milênios antes da chegada dos europeus, e os grandes impérios que ali floresceram, como por exemplo o de Oyo, viveram do aprisionamento e tráfico de escravos. Em contraste com essa exploração milenar, os brancos participaram do tráfico durante apenas três séculos, e sua passagem pela África espalhou ali escolas, hospitais, estradas, assistência médica gratuita e mil e um outros benefícios, entre os quais A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA, uma idéia que jamais tinha ocorrido aos belos impérios mencionados pelo Pastor Fernandes.
A coisa mais fácil, no Brasil, é ludibriar a platéia inculta com uns respingos de pseudocultura.
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Olavo de Carvalho