"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

CLUBE MILITAR CRITICA LULA E CHAMA O EX-PRESIDENTE DE "AGITADOR"

EM NOTA, ASSOCIAÇÃO DE OFICIAIS DA RESERVA REBATE DECLARAÇÕES DE LULA EM ATO PELA PETROBRAS E DIZ QUE HÁ APENAS 'UM EXÉRCITO' NO PAÍS
"O Clube Militar repudia, veementemente, a infeliz colocação desse senhor, pois neste País sempre houve e sempre haverá somente um exército, o Exército Brasileiro, o Exército de Caxias, que sempre nos defendeu em todas as situações de perigo, externas ou internas." (AE)

 
O Clube Militar publicou em seu site nota em que critica duramente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por seu discurso durante ato em defesa da Petrobrás, na terça-feira, 24, no Rio. O texto chama Lula de "agitador" e o acusa de incitar a discórdia. "É inadmissível um ex-presidente da República pregar, abertamente, a cizânia na Nação", diz a nota.
A associação, composta por oficiais da reserva, se queixa da fala do ex-presidente, quando disse que os petistas também sabem brigar "sobretudo quando o (João Pedro) Stédile (líder do MST) colocar o exército dele nas ruas". A declaração foi feita durante discurso a militantes que participavam do ato, cujo objetivo era defender a estatal em razão dos desgastes provocados pelas investigações de irregularidades. Stédile era um dos presentes no ato.
A fala gerou resposta dos militares. "Neste País sempre houve e sempre haverá somente um exército, o Exército Brasileiro, o Exército de Caxias, que sempre nos defendeu em todas as situações de perigo, externas ou internas", afirma o texto, repudiando a declaração do ex-presidente.
O texto questiona ainda a real intenção da manifestação de Lula e sugere que o petista teme as investigações em curso na Operação Lava Jato. "O que há mais por trás disso? Atitude prévia e defensiva de quem teme as investigações sobre corrupção em curso?".
Os petistas que protestaram no centro do Rio são criticados por mostrarem "despreparo com as lides democráticas" e acusados de reagirem fisicamente aos que gritavam 'fora, Dilma'. "Reagiram inconformados como se só a eles coubesse o "direito" da crítica aos atos de governo".
Abaixo, a íntegra da nota:
"O Brasil só tem um Exército: o de Caxias!
Ontem, nas ruas centrais do Rio de Janeiro, pudemos assistir o despreparo dos petistas com as lides democráticas. Reagiram inconformados como se só a eles coubesse o "direito" da crítica aos atos de governo. Doeu aos militantes petistas, e os levou à reação física, ouvir os brados alheios de "Fora Dilma".
Entretanto, o pior estava por vir! Ao discursar para suas hostes o ex-presidente Lula, referindo-se a essas manifestações, bradou irresponsáveis ameaças: " ..também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele nas ruas". Esta postura incitadora de discórdia não pode ser de quem se considera estadista, mas sim de um agitador de rua qualquer. É inadmissível um ex-presidente da República pregar, abertamente, a cizânia na Nação. Não cabem arrebatamentos típicos de líder sindical que ataca patrões na busca de objetivos classistas.
O que há mais por trás disso?
Atitude prévia e defensiva de quem teme as investigações sobre corrupção em curso?
Algum recado?
O Clube Militar repudia, veementemente, a infeliz colocação desse senhor, pois neste País sempre houve e sempre haverá somente um exército, o Exército Brasileiro, o Exército de Caxias, que sempre nos defendeu em todas as situações de perigo, externas ou internas." (AE)
27 de fevereiro de 2015
Diário do Poder
in movcc

FAZENDO FIGA

Possibilidade de delação premiada de André Vargas deixa Gleisi e o PT do Paraná em pânico

gleisi_hoffmann_61A investigação sobre a atuação de André Vargas nos esquemas investigados pela Operação Lava-Jato voltou para a escrivaninha do implacável juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Com isso, a prisão do ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados tornou-se uma possibilidade concreta e em crescimento.

Também entrou no radar dos políticos a hipótese de Vargas optar por um acordo de delação premiada, contando tudo o que sabe sobre suas relações com o doleiro Alberto Youssef e de outras figuras importantes do PT, como a senadora Gleisi Helena Hoffmann e o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, com o Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história.

Vargas foi coordenador da campanha de Gleisi ao governo do Paraná e financiador de todas as candidaturas da bancada do PT do PT do Paraná. A origem dos recursos precisa ser explicada e pode ajudar sobremaneira as investigações conduzidas pelo juiz Moro.

As informações que André Vargas tem no âmbito da Lava-Jato são inúmeras e muito valiosas. Uma delas, por exemplo, foi adiantada para a revista Veja, em 12 de abril de 2014, quando André Vargas começou a se sentir abandonado pelo casal Gleisi-Paulo Bernardo e sinalizou que poderia falar.

“Vargas insinuou que [Paulo] Bernardo é beneficiário do propinoduto que opera na Petrobras. O ministro, segundo o deputado, seria o intermediário de contratos entre o grupo Schahin, recorrente em escândalos petistas, e a petroleira. Bernardo teria recebido uma corretagem por isso, recolhida e repassada pelo “Beto”.
É assim, com intimidade de sócio e amigo, que Vargas trata o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal sob a acusação de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro que teria chegado a 10 bilhões de reais. Parte desse valor, como se revelou nas últimas semanas, são as propinas de negociatas na Petrobras”.

Diante da possibilidade de André Vargas decidir pela delação desencadeou um surto de pânico no PT paranaense. Principalmente porque existe um consenso na legenda de que o deputado não deve lealdade aos companheiros.
Afinal, foi atirado aos leões, sem maiores deferências, quando o jornal “Folha de S. Paulo” divulgou, em 1º de abril de 2014, sua ligação nefasta com o doleiro Alberto Youssef, de quem foi sócio em um laboratório-lavanderia criado para lesar o Ministério da Saúde.

Contrariando a postura tolerante com companheiros apanhados em situações suspeitas, ou claramente comprometedoras, o agora ex-deputado foi excluído da legenda em rito sumário e não contou com defensores dentro do partido quando teve o mandato cassado.

27 de fevereiro de 2015
ucho.info

PROGRESSÃO ARITMÉTICA

Ronaldo Caiado pede auditoria do Tribunal de Contas da União na dívida interna do País

dinheiro_108Líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO) apresentou requerimento requisitando ao Tribunal de Contas da União (TCU) auditoria na evolução da dívida interna brasileira entre 2011 e 2014. O senador também encaminhou ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, requerimento de informação com questionamentos sobre a dívida que somente em 2014 cresceu 8,14%, o correspondente a R$ 173 bilhões.

De acordo com o líder, o Senado precisa exercer seu papel fiscalizador diante de um governo que mostra claramente descontrole dos gastos públicos. O requerimento com pedido de auditoria já foi aprovado pelo plenário do Senado e enviado ao TCU.

“Muito desta dívida cresce com o aumento de despesas de caráter duvidoso, baseado em prioridades nada transparentes e que servem ainda para aumentar o pagamento dos juros, pois ninguém empresta de graça. Isto em um país que tem uma das maiores taxas de juros do mercado exatamente pela sua incompetência e caráter perdulário! O governo atual gasta muito e gasta mal, sem falar nos bilhões de recursos desviados pela corrupção”, analisou Caiado.

O senador reforça que com o aumento absurdo em R$ 170 bilhões na dívida no ano passado, o país passou a ter um rombo de R$ 2,29 trilhões. “Como no Brasil não existe limite para o endividamento do governo federal, o aumento desse endividamento nos mostra que a gestão do PT amplia seus gastos e compromete o futuro do país com esta dívida astronômica”, argumentou.

Ronaldo Caiado lembra que além do aumento dos gastos com pagamento de juros, o país se endividou mais em decorrência da injeção de R$ 60 bilhões, somente em 2014, para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES).
Mais uma situação em que os recursos arrecadados com os contribuintes brasileiros foram utilizados sem transparência e para um pequeno grupo de interesse do governo, motivo pelo qual o senador colhe agora assinaturas para a instalação de uma CPI que apure os financiamentos do banco.

Estima-se que da expansão da dívida pública de cerca de R$ 1,11 trilhão, nos últimos dez anos, cerca de R$ 400 bilhões referem-se a emissões de títulos públicos para capitalizar o BNDES, o que corresponde a aproximadamente 30% da alta total.

Outro dado alarmante, de acordo com dados do Tesouro Nacional, é que nos últimos dez anos a dívida pública mais que dobrou. Em 2004, o estoque de dívida estava em R$ 1,01 trilhão, subindo para R$ 2 trilhões no fechamento de 2012 e, no final do ano passado, para R$ 2,29 trilhões.

Esse cenário desolador da economia certamente é uma das muitas razões para Dilma Rousseff, a presidente reeleita, continuar se escondendo da opinião pública, que tardiamente descobriu que caiu em um enorme golpe ao acreditar que o Brasil é uma versão moderna e tropical do País de Alice, aquele das maravilhas.

27 de fevereiro de 2015
ucho.info

DILMA PUBLICA MP E TARIFAÇO MAIS DO QUE DOBRA CUSTO PREVIDENCIÁRIO DAS EMPRESAS


 
(O Globo) As empresas que tinham alíquota de 1% de contribuição previdenciária sobre a receita bruta (comércio varejista, vestuário, mobiliário, transporte rodoviário e ferroviário de cargas, transporte metroviário de passageiros e indústria de transformação) passam a 2,5%, enquanto as que tinham alíquota de 2% (tecnologia da informação, call center, hotéis, transporte coletivo de passageiros e construção civil) passam a 4,5%, de acordo com a MP. A desoneração da folha beneficiou 56 setores, e o impacto previsto no Orçamento de 2015 era de R$ 18 bilhões.

Comento: Em plena crise econômica, qualquer aumento de impostos representa mais demissões. E muitos demitidos não terão direito ao seguro-desemprego, pois o PT está cortando este direito. O que era uma grave crise caminha rapidamente para a recessão.

HÁ QUASE 9 ANOS...

Um Procurador Geral da República ajudou a mudar o Brasil. Nome: Antônio Fernando de Souza. Obra: a Denúncia do Mensalão. O que fará Rodrigo Janot diante do Petrolão?


Antônio Fernando de Souza mudou o Brasil com a DENÚNCIA do Mensalão. O que fará Rodrigo Janot com o escândalo do Petrolão?
No dia 30 de março de 2006, Antônio Fernando Barros e Silva de Souza, então Procurador Geral da República, com base no Inquérito 2245,  protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF), a DENÚNCIA contras os mensaleiros do PT. Clique aqui para lembrar.  Daí surgiu a Ação 470, que condenou os principais dirigentes petistas e mais de uma dezena de corruptos. Até hoje ainda correm recursos, inclusive com perdão de penas. Mas o Brasil mudou depois do Mensalão, pois ela primeira vez políticos corruptos foram julgados, condenados e presos, com direito à ampla defesa, em pleno Estado de Direito.

O Petrolão é muito maior do que o Mensalão. Envolve, segundo informações iniciais, mais de 40 políticos do PT, PMDB e PP, que roubaram a Petrobras durante anos, desde 2004. Surrupiaram bilhões e a empresa, hoje, é um grande esqueleto, quase quebrada pela má gestão e pela corrupção nela instalada. As provas de acumulam, tantos documentais quanto testemunhais. E chegou a hora do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, oferecer uma denúncia contundente, ajudando a limpar o Brasil como o fez Antônio Fernando de Souza, enfrentando toda a sorte de pressões.

Comenta-se que Rodrigo Janot, o PGR, está montando um acordão comandado pelo Palácio do Planalto, envolvendo o ministério da Justiça, o Tribunal de Contas da União, a Controladoria Geral da União e a Advocacia Geral da União, com o beneplácito da Ordem dos Advogados do Brasil. Janot não ofereceria uma DENÚNCIA, mas pediria ABERTURA DE INQUÉRITOS. Não reconheceria crimes e jogaria no lixo todo o trabalho de uma força tarefa de 15 procuradores do MPF, de dezenas de agentes da Polícia Federal e do juiz Sérgio Moro. Seria algo inacreditável, pois as denúncias e provas se acumulam à frente de todos, há quase um ano, com duas CPIs abafadas e uma terceira caminhando para o mesmo fim. A pergunta é: Janot será um Antônio Fernando ou mais uma marionete do Palácio do Planalto e do Legislativo podre e corrompido do país?

Para aprofundar o tema, leia este post de Reinaldo Azevedo.
 
27 de fevereiro de 2015
in coroneLeaks

AS DUAS CARAS PETRALHAS

PT duas caras quer bônus das desonerações fiscais sem ônus do tarifaço da Dilma.


CLIQUE PARA AUMENTAR
 
Quando é para oferecer uma benesse, o PT é o dono da ideia. Foi assim com as desonerações fiscais populistas que agora começam a cair. Não há dinheiro. Não há arrecadação. Em tempos de crise, só resta ao PT aumentar impostos. Ou dar calotes nos brasileiros, como esse de corrigir a tabela do IR pelo centro da meta da inflação (4,5%) quando a mesma está acima de 7%. Nestas horas, o PT esconde a cara de pau e deixa tudo nas mãos dos partidos fisiológicos como PSD, PR e PROS e, principalmente, do PMDB. Fica de ladinho, como se não fosse governo.

Ontem o PT soltou resolução onde diz, textualmente: "orienta" a bancada a "debater com o Executivo a possibilidade de manter o reajuste de 6,5% na tabela do Imposto de Renda do corrente exercício, aprovado com nosso voto e posteriormente vetado". O presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi além e disse que é pessoalmente favorável à manutenção do projeto aprovado pelo Congresso, com o reajuste de 6,5% da tabela do IR.

Segundo o Valor Econômico, a decisão confronta recente declaração de Dilma que reafirmou o compromisso em manter o veto para evitar impacto e ofensa à Lei de Responsabilidade Fiscal. "Vou cumprir meu compromisso, é 4,5%, não vetamos porque queremos, vetamos porque não cabe no orçamento público", disse a presidente no dia 20.

Na justificativa ao veto, a presidente afirmou que a proposta levaria à renúncia fiscal de R$ 7 bilhões, sem vir acompanhada da devida estimativa do impacto orçamentário-financeiro. Em contrapartida, nos bastidores, lideranças petistas argumentam que a diferença entre o reajuste em 6,5% e o de 4,5% não seria superior a R$ 1,7 bilhão. Um custo "razoável" e que serviria de contraponto ao ajuste fiscal, que constrange o PT. 
 
27 de fevereiro de 2015
in coroneLeaks

O 15 DE MARÇO

O dom de converter as coisas redondas em quadradas 

A crise política, com epicentro no gabinete da presidente Dilma Rousseff, tem, em 15 de março, sua nova data limite para fazer acontecer alguma coisa que provoque correção de rumos. Seja para recrudescer, seja para arrefecer. Não se trata do velho adiamento do início do ano brasileiro, mas de data da manifestação convocada, em sentido estrito, a favor do impeachment, e lato senso contra a ineficiência do governo. O PT joga suas esperanças em fazer a presidente começar a presidir a partir da pressão popular; os partidos aliados também aspiram a que a voz da população, que se fará ouvir ao vivo, como já se fez ouvir em pequisas, aproxime a presidente da realidade do país.

Depois de desfiar interminável relação de problemas que dão substância à crise, os políticos se voltam para o resultado das ruas. Que elas façam o trabalho de persuasão. Lula, o conselheiro presidencial, fez sua parte. Apesar de desalentado, concordou mais uma vez em socorrer a presidente, a quem recomendou sair do isolamento, aproximar-se do PMDB, aceitar a eleição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, incluir Michel Temer no conjunto de ministros que fazem a coordenação política, conversar com empresários, receber sindicatos, realizar projetos e fazer propaganda do governo.

Antes mesmo de viajar para férias na Bahia, durante o carnaval, Dilma teve um encontro com o especialista em marketing eleitoral, o jornalista João Santana. Na primeira saída do silencioso retraimento, Dilma fez marketing eleitoral e não propaganda das realizações do governo, como havia sido recomendado pela assessoria política. A presidente trouxe à cena a gestão da Petrobras no governo do adversário PSDB, de velhos carnavais, tentando dividir o ônus do escândalo de corrupção na estatal com o ex-presidente Fernando Henrique.

Como não era campanha eleitoral, deu-se mal. Ninguém a ouviu, a propaganda eleitoral não a tirou das cordas neste momento em que a campanha ficou para trás. A presidente ainda não apresentou, nem na realidade nem na propaganda, medidas concretas anticorrupção, ações para a educação, saúde e segurança, uma explicação convincente para o ajuste da economia e sobre o que mais virá por aí, ação de governante eleita e não mais de candidata. O uso do mesmo marqueteiro fez a boca torta.

Dilma, ainda inapetente para a relação política, criou um supermesão de coordenação, ao qual deu assento aos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Ricardo Berzoini (Comunicações), Miguel Rossetto (Secretaria Geral), Jaques Wagner (Defesa), José Eduardo Cardozo (Justiça, presença eventual) e a Giles Azevedo (assessor especial, presença eventual). Todos do PT, ninguém do PMDB, o maior partido aliado e o vice da chapa vitoriosa, e ninguém para conversar com os políticos.

O absurdo de Michel Temer não estar nesse núcleo já foi destacado mais de uma vez à presidente, bem como o PMDB já se cansou de explicar que o ministro propriamente da coordenação política, Pepe Vargas, não tem condições de articular nada com o Congresso, bem como não o tem Aloizio Mercadante, agente de atrito com nove entre dez parlamentares governistas. Já se fez chegar à presidente a informação de que, desse imenso conjunto de coordenadores políticos, apenas Jaques Wagner teria trânsito entre os diferentes partidos para conversar com o Congresso a aprovar medidas do interesse do governo.

Porém, o ministro da Defesa é o mais discreto dos coordenadores petistas e acredita-se que tenha sido obra de inimigos ocultos entre os amigos a sua inclusão precoce no grupo de políticos que poderão ser atingidos pela Lava-Jato. Nesse caso, partiria da própria central de crise o abate do voo de Wagner.

A presidente sabe que os partidos não suportam Mercadante, nem por isso deixou de impor sua presença nas reuniões políticas em lugar do coordenador Pepe Vargas. Quando foi avisada por Michel Temer que o PMDB faria um jantar com os ministros Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini para explicarem as medidas de ajuste e convencerem o partido a abraçá-las, ela pediu ao vice-presidente para enviar à reunião o ministro Mercadante. Ou seja, o chefe da Casa Civil não entrou no jantar como convidado, mas como olheiro da desconfiança de Dilma na sua equipe econômica.

A insensibilidade tem sido ampla, geral e irrestrita. Quando a água fica pela garganta, a presidente simula uma aceitação dos conselhos, até os pede, marca audiência para empresários, diz que vai mudar, mas não muda. O estilo é errático e deixa a todos no vácuo. A um pedido do presidente do PMDB para que recebesse o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, logo depois de eleito e acatado como líder de todos os deputados, explicou que não, ainda, "não o digeri". Dois dias depois, estavam lá as assinaturas necessárias à instalação da CPI da Petrobras. São registros do próprio PT.

O caso dos encontros de José Eduardo Cardozo e advogados de empreiteiras implicadas na Lava-Jato revelou-se, na definição também corrente no partido, como mais uma produção de "aloprados", termo usado por Lula para definir o grupo de armação de dossiês da campanha de Mercadante para o governo de São Paulo. Nega-se o inegável e enreda-se no próprio novelo.

A providência da presidente Dilma, qual foi? Orientar os ministros do governo a saírem em socorro do ministro da Justiça. E também receber as empresas.

Lula já está funcionando mais ou menos no automático. Não nega os conselhos pedidos, mas vai fazendo a própria relação política à sua maneira, sem esperar o comboio. Amigos contam que ele até parou de reclamar. Recebeu empreiteiras, falou e ainda vai falar mais com o PT, vem a Brasília no meio da semana, foi ao Rio reunir-se com aquele PMDB que produziu o presidente da Câmara e o líder do partido, tem falado com os empresários, voltou seus movimentos à estaca zero.

Para quem queria tirar o poder do PMDB, missão que atribuiu ao chefe da Casa Civil mas também a Gilberto Kassab (Cidades) e Cid Gomes (Educação), Dilma acabou dando mais poder ao partido do vice. Na definição de um frequentador daquele epicentro da crise, Dilma tem o dom de transformar as coisas que estão redondas em quadradas. Depois de colher várias derrotas logo no dois primeiros meses de seu segundo governo, a presidente dá todos os sinais de que está armando situações que a levarão a novas derrotas. O que pode mudar o futuro determinado são os acontecimentos de 15 de março. Para os desesperançados, a presidente, seja qual for o desenlace, continuará sem entender as transformações pelas quais passa o Brasil.


27 de fevereiro de 2015
Rosângela Bittar, Valor Econômico

DA TRAGÉDIA À FARSA

Para defender nossas instituições de grotesca e recorrente farsa histórica, teremos de combater os inimigos da sociedade aberta

"Hegel observou que todos os fatos e personagens de grande importância na História universal acabam por se repetir. E esqueceu-se de acrescentar: ocorrem a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa", registrava Karl Marx em "O 18 Brumário de Luís Bonaparte" (1852). Pois bem, socialistas bolivarianos e peronistas do século XXI insistem em praticar como farsa os mesmos experimentos que causaram tragédias no século XX. O poder político é conquistado essencialmente pela promessa do Paraíso na Terra. Os pobres, deserdados pela insensibilidade dos liberais e pelo oportunismo dos conservadores, tornam-se então presas fáceis da secular seita socialista que arrancou das grandes religiões a bandeira da solidariedade.

Instalados no poder os socialistas, de sua ignorância em assuntos econômicos resulta inexorável desorganização da base produtiva. Segue-se o caos social e dispara-se finalmente a busca de bodes expiatórios. Assistimos depois aos sucessivos episódios de desonestidade intelectual, irresponsabilidade moral e truculência política como passos inevitáveis de uma desesperada tentativa de manutenção do poder.

Precisamos defender nossas instituições dessa grotesca e recorrente farsa histórica que já tragou nossos vizinhos. Estaremos nos próximos meses testando e aperfeiçoando nossas instituições. Veremos claramente quem são os inimigos de uma sociedade aberta no Brasil. Joaquim Barbosa e Sergio Moro, cujas contribuições demarcaram a independência do Poder Judiciário, advertem-nos para a atuação do próprio ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, que estaria tentando evitar a delação premiada do coordenador de um cartel de empreiteiras para fraudar licitações na Petrobras.

A presidente Dilma tem agora a oportunidade de reafirmar seu compromisso com as apurações dos malfeitos "doa a quem doer". Pode até mesmo repreender seu ministro da Justiça. Teori Zavascki poderá demonstrar, com impecável desempenho futuro, que não evitava a delação premiada de Renato Duque quando o soltou, mas apenas cumpria o devido rito processual. Seria o Mensalão a tragédia e o Petrolão a farsa? Tempos interessantes, pois pede-se moralidade até mesmo em patrocínios de nossa amoral festa pagã. Escola carnavalesca patrocinada por ditadura não deveria ser campeã.

FIM DE FEIRA

Faltam 46 meses para o governo Dilma acabar. É tolice tentar abreviar a agonia que, tudo indica (ou melhor, nada indica que não), nos afligirá em três longas prorrogações deste nada promissor ano de dois mil e cinzas. Impeachment já ou logo, como exigem alguns, que prometem sair em bloco às ruas no dia 15, é inviável e só interessa por enquanto ao ex abandonado Luiz Inácio Lula da Silva. Este não é mais o ai-jesus de antes, mas continua sem adversários na oposição, cuja única novidade a apresentar ao público pagante era a barba de Aécio, que a tirou para não a pôr de molho.

Talvez venha a ser a mais longa caminhada de um pato manco na História desta República, pois a chefe do governo só conseguirá ser a líder política de que o País precisa para administrar a herança maldita que ela própria se legou se parar de mentir e mancar a cada passo. Por enquanto, o único sucesso que ela tem a apresentar ao eleitorado que a levou de volta ao trono é que este não vai vergar sob seu peso por causa de uma invejável dieta evidentemente bem-sucedida. Fora isso, o que comemorar de uma governante(a) que só não erra quando cala - lembrando aquela frase cruel de Romário sobre Pelé: "Calado, é um poeta"?

Dilma cuspiu nos direitos trabalhistas que jurou proteger; aumentou a tarifa de luz (no Sudeste, calcula-se, em 70%), que prometeu reduzir; e deixou de pagar o Pronatec, que esfregou na cara do adversário em campanha. Agora, para dar um jeito no cofre, transferiu a responsabilidade para o economista ao alcance. Joaquim Levy saiu do segundo time do candidato derrotado para assumir o que este teria de fazer se ganhasse. E deve agradecer a Deus pelos três pontos porcentuais que ela teve a mais de votos, sempre que se persigna. Cabe-lhe defender o indefensável e salvar a pele da chefona. Se tiver sucesso, será substituído por um companheiro fiel às ideias muito próprias que ela tem da economia. Se não tiver, será apontado como o substituto de Fernando Henrique na condição de bode expiatório preferencial.

Mesmo tendo um escudo para se proteger do material orgânico em que pode resultar sua tentativa de corrigir os erros do próprio passado, contudo, Dilma continua empenhada em dizer e fazer tudo errado. Produziu, por exemplo, depois da Quarta-Feira de Cinzas a piada do carnaval - que tinha tudo para ser a do voo da Beija-Flor até a Guiné Equatorial -, ao transferir a culpa da roubalheira na Petrobrás ao tucano antecessor dos três governos petistas. Agarrou-se à tábua de salvação da delação premiada do ex-gerente Pedro Barusco, que confessou ter começado a roubar discretamente em 1996 (ou 1997?). O professor passou a ser acusado pelo dilúvio universal bíblico e pela seca em que São Paulo virou sertão.

Antes de ser acusado pela traição de Calabar e pela amputação dos braços da Vênus de Milo, o sociólogo desceu das tamancas e bateu abaixo da linha de sua cintura afinada, ao compará-la com o punguista "que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando 'pega ladrão'!" O adversário não foi muito elegante, mas, ainda se levando em conta a eventualidade, é possível concluir que, tendo sido ministra de Energia, presidente do conselho de administração da estatal assaltada , chefe da Casa Civil e presidente no período de 12 anos em que o furto foi "sistêmico", segundo o delator, ela poderia ter ido dormir sem essa.

A galhofa é nossa, mas sugiro que se preste mais atenção em algo mais sério que ela também disse ao voltar da mudez dos idos de Momo. Depois de ter rasgado a bandeira socialista ao garantir que não se apena empresa, para evitar desemprego, mas gente, para punir corrupção, ela deu uma guinada de 180 graus ao afirmar: "Isso não significa de maneira alguma ser conivente ou apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja". E completou, repetindo o lugar-comum traduzido do portunhol do aliado Collor: "Doa a quem doer".

O noticiário dá-lhe duas boas oportunidades de provar que será coerente com o "duela a quién duela" que assumiu. Para fazê-lo terá de interromper imediatamente a tentativa canhestra de seu novo controlador-geral da União, Valdir Moisés Simão, de celebrar acordos de leniência com as empreiteiras acusadas de pagar propina a petroleiros, partidos do governo e políticos aliados para tentar evitar delação premiada de empresários presos. A proposta foi avalizada pelo advogado-geral da União, Luís Inácio (que não se perca pelo nome) Adams, outro funcionário a ela diretamente subordinado, e abençoada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), cuja composição é fiel a seu governo. É, porém, contestada pelo Ministério Público Federal, que tem todas as razões do mundo para temê-la. Pois jogaria por terra a oportunidade inédita que a presidente diz perseguir de, enfim, punir judicialmente corruptores.

Outro episódio constrangedor para ela é o das audiências do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - um dos militantes que não riem da piada do Fernandinho primeiro bode expiatório -, aos advogados dos empreiteiros presos. Sabe-se que ele chamou de medievais nossas masmorras, mas nunca fixou um prego numa barra de sabão para mudar o fato. Agora recebe causídicos de luxo, mas não faz idêntico esforço para conseguir nas varas de execuções penais a soltura de 9 mil ex-condenados que já cumpriram pena e não saem da cela por não poderem pagar advogados que tenham acesso à agenda dele. Ou melhor: à agenda controlada pela assessora de confiança, e não a que aos pagadores de seus proventos é dado conhecer. Segundo a Folha, o que ele fez em 80 de 217 dias de trabalho desde o início da Operação Lava Jato foi mantido em segredo, o que torna Sua Excelência o primeiro ministro clandestino da história de qualquer democracia.

Só atitudes dela contra essas tentativas de melar o jogo dissiparão o clima de xepa. Segundo minha avó, "desculpa de cego é feira ruim e saco furado".


27 de fevereiro de 2015
Jose Nêumanne, O Estado de S.Paulo

POLÍTICA DO COTIDIANO DO JORNALISTA CLAUDIO HUMBERTO

“Não tem como me afastarem da magistratura…”
Flávio Roberto de Souza, juiz flagrado usando carrões de Eike Batista, que apreendeu



Indefinição de Dilma azeda relações com Toffoli

Azedaram as relações do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Dias Toffoli, com Dilma Rousseff. Assim como há sete meses ela não consegue escolher o substituto de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal, não se define quanto a outra vaga no TSE, ignorando o apoio de Toffoli à recondução de ministro Henrique Neves. Tampouco escolhe outro, deixando o TSE desfalcado de um ministro.

Segunda vaga

A indecisão de Dilma deve prejudicar ainda mais o TSE: nesta quinta (26) se encerra o mandato da ministra Luciana Lóssio.

Pedala, Dilma

O ex-presidente Lula até já interferiu, chamando a atenção de Dilma para a necessidade de preencher as vagas no Supremo e no TSE.

Combinado

Toffoli acertou no Supremo que só será definida a lista tríplice para a vaga de Lóssio quando Dilma preencher a vaga de Henrique Neves.

Pelo ralo

A Câmara dos Deputados gastou mais de R$ 243 mil, neste início do ano, para instalar armários novos para suas excelências

PT e PMDB agora brigam por orçamentos obesos

A indefinição de Dilma sobre o segundo escalão acirra os ânimos entre PT e o principal aliado PMDB na briga por cargos, sobretudo aqueles de orçamentos obesos. É o caso da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), há anos controlada pelo PMDB e agora pretendida pelo PT para presentear um petista sem mandato, Rogério Carvalho, presidente do PT sergipano. Para o PMDB, é questão de honra manter o cargo.

Costa quente

A Funasa é comandada por Antonio Henrique Pires, indicado pelo vice-presidente Michel Temer e pelo ex-deputado Henrique Eduardo Alves.

De olho em 2016

A ideia do PT é dar “instrumentos” a Rogério Carvalho para que ele possa disputar a prefeitura de Aracaju em 2016.

Já te vi

Rogério Carvalho parece ter certa incompatibilidade com as urnas. Em 2014, disputou o Senado e perdeu para Maria do Carmo (DEM-SE).

Esses bolivarianos...

Esses “bolivarianos” são uns artistas. O diplomata Antônio Simões, conhecido pela idolatria às baixarias da semi-ditadura venezuelana, poderia trabalhar na Bolívia, “farol” do bolivarianismo, mas preferiu o “circuito Helena Rubinstein”: será o embaixador do Brasil em Madri.

Bengala adiada

O governo quer trégua na briga pela “PEC da bengala”, que passa para 75 anos a aposentadoria compulsória. O ministro Pepe Vargas obteve dos aliados a promessa de o tema não entrar em pauta esta semana.

Base esfacelada

Carlos Sampaio (PSDB-SP) acha que não adianta o lobby de ministros pela maldade fiscal. Para ele, a bancada leal a Dilma é a que votou em Arlindo Chinaglia para presidente da Câmara: 136 em 513 deputados.

Pezão nega ligação

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), refutou outra vez a ligação de seu nome à Lava Jato. Ele está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos até sobre seu patrimônio.

Queda de braço

Pegou fogo a briga do deputado Paulo Maluf (SP) com o senador Ciro Nogueira (PI), ontem. Presidente nacional do PP, Nogueira quer dissolver o diretório paulista e colocar Guilherme Mussi no comando.

Incompetência

O HSBC anda ruim das pernas. Agora sua matriz – a HSBC Holdings – definiu que o Brasil está entre os países “problemáticos”, e admite até abandoná-los. Mas problemático mesmo é o HSBC. Um banco desse porte não fazer lucro no Brasil é sinal de incomensurável incompetência

Líderes fortalecidos

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, oficializou a proibição de candidaturas avulsas para disputa nas comissões permanentes da Casa. Agora, os nomes serão aqueles definidos pelos líderes e ponto.

Sinal fechado

PT e PSOL prometem fazer barulho pela abertura de investigação no Senado contra o senador José Agripino Maia (DEM-RN). Ele foi citado, em delação premiada, nas negociatas no seu Estado.

Lula lá

Apavorados com a reta final da Lava Jato, políticos governistas torcem para que Lula não desembarque em Brasília, nesta quarta, de um dos jatinhos de empreiteiras que costuma usar.


PODER SEM PUDOR

Só por telefone

Benedito Valadares estava no final do último mandato de senador, nos anos 70, e evitava jornalistas. Certo dia, acabou encurralado em um corredor do Senado. Atônito, pegou o telefone mais próximo e fingiu que falava com alguém. Conversa demorada. Os jornalistas se impacientaram e ele reagiu:

- Não têm respeito? Não vêem que estou falando com o Carvalho Pinto?

- Mas o Carvalho Pinto está ali do lado! - apontou um jornalista.

Valadares deu uma olhada, viu o colega, mas insistiu na desculpa:

- É que eu só falo com ele por telefone…


27 de fevereiro de 2015
 

A BOLHA ASSASSINA

RIO DE JANEIRO - A presidente Dilma emagreceu 13 quilos em menos de dois meses. Puxados pelos índices econômicos, seu governo, sua força no Congresso e sua popularidade também emagreceram em escala equivalente. Essas quedas bruscas podem ser enganadoras, mas os observadores mais independentes consideram que Dilma já não tem muita gordura para queimar e garantem que seus índices continuarão caindo. Ainda mais agora, por ter contra si um partido capaz de tudo quando se encontra na oposição: o PT.

E é isto que torna a coisa intrigante. Dilma foi criação exclusiva de Lula --fundador, perpétuo inspirador e sinônimo do PT. Feita de barro e posta a andar com um sopro, ocupou cargos-chave nas duas administrações do criador e, por sua identificação com os princípios, programas e posturas do PT, foi duas vezes escolhida candidata à Presidência pelo partido. Em ambas as campanhas, e nos dois turnos de cada, foi solidamente instrumentalizada pelos ideólogos e marquetólogos petistas --nenhuma frase, palavra ou ideia lhe saiu pela boca sem aprovação oficial.

Instrumentalização esta que atravessou seu primeiro governo e se materializou na chuva de benesses populistas, redução de taxas, estímulo ao consumo, vivas ao desperdício e bolsas a cair do céu para tantas categorias. Tudo proposto e aprovado triunfalmente pelo PT, e executado por milhares de militantes ocupando cada espaço da administração e reafirmando ser aquilo apenas uma fiel continuação do governo Lula.

Se, de repente, descobre-se que tal triunfalismo não passava de uma bolha, que a bolha estourou e é preciso conter o pus, por que espremer somente Dilma se, em quatro anos, ela só fez o que os companheiros achavam justo e certo?

Só falta agora que, abandonada por Lula, desprezada pelos companheiros e odiada pelo povo, Dilma engorde tudo de volta.


27 de fevereiro de 2015
Ruy Castro, Folha de SP

"QUE PAÍS É ESSE?"

Foi o que perguntou o ex-diretor da Petrobras Renato Duque ao ser preso em sua casa no início da Operação Lava-Jato, ecoando, talvez inconscientemente, a música de Renato Russo que, embora escrita em 1978 e só gravada em 1986, continuou atualíssima naquela ocasião e agora, explicitando a decadência moral do país.

Inclusive pela indignação autêntica que Duque, identificado nos autos como o atravessador de propinas para o PT na Petrobras, exibiu para seu advogado mesmo na hora de ir preso.

"Nas favelas, /no Senado/ Sujeira pra todo lado/ Ninguém respeita a Constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação". É o caso dos Duque, dos Paulo Roberto Costa, dos Cerveró, e de toda a lista de políticos, com ou sem mandato, que brevemente será revelada.

Um estrangeiro que chegasse ao Brasil por esses dias se sentiria mais próximo de uma Venezuela, de uma Argentina, do que gostaríamos. O velho dito popular "eu sou você, amanhã", o chamado "efeito Orloff" em relação à Argentina, cada vez ganha mais força com a sequência de acontecimentos ruins que não têm data para terminar, pois a "presidenta" parece cada vez mais longe da realidade, enquanto o "presidente" flerta abertamente com o "exército" do Movimento dos Sem Terra (MST) para enfrentar os críticos do petismo.

Um ato para "defender" a Petrobras, transforma-se em ato para atacar os que denunciam a corrupção e defender os corruptos. Um manifesto de intelectuais denuncia uma pseudo tentativa de "debilitar a Petrobras", tendo como consequência a dizimação de empresas "responsáveis por mais de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial". Fingindo desconhecer que quem debilitou a Petrobras foram os ladrões instalados nas diretorias da estatal pelos governos petistas.

Só de propina para o PT ao longo dos anos calcula o gerente Pedro Barusco que foram entre US$ 150 e 200 milhões. As brigas de rua, com milicianos de camisas vermelhas agredindo manifestantes a favor do impeachment da presidente Dilma, dão uma tênue ideia do que poderá vir a ser uma praça de guerra que vemos todos os dias ultimamente no noticiário sobre a Venezuela ou a Argentina. Os caminhoneiros bloqueando estradas em 12 estados por causa da alta do preço do diesel é uma visão que parece deslocada no tempo, trazendo de volta antigas campanhas políticas na região.

Para um olhar estrangeiro, o que diferencia Brasil de seus vizinhos bolivarianos é muito pouco, e nossas instituições precisarão ser muito firmes, e ter uma visão democrática profunda, para não serem atropeladas pelas manobras governamentais, que não desistem de atuar para atrapalhar o trabalho do Ministério Público.

Estamos aos poucos regredindo para o estágio de uma República Bananeira, onde tudo está à venda, época que parecia ter sido superada nos anos de democracia. Mas a utilização de instrumentos democráticos para enfraquecer a própria democracia é uma história antiga dos movimentos autoritários, onde uns são mais iguais que outros, como na "Revolução dos Bichos", de George Orwell, que tão bem desvelou as entranhas dos regimes autoritários.

Ontem, o "Financial Times" publicou uma reportagem dando 10 razões que podem levar ao impeachment de Dilma, e sintomaticamente o jornal inglês seleciona os perigos da economia como detonadores do processo político de impedimento da presidente: escândalo da Petrobras; queda na confiança do consumidor; aumento da inflação; aumento do desemprego; queda na confiança do investidor; déficit orçamentário; problemas econômicos no geral; falta d"água; possíveis apagões elétricos.

Todos esses problemas puramente econômicos levariam, como consequência, à perda da maioria no Congresso, abrindo caminho para um processo político de impeachment. O importante a notar é que o impeachment já se tornou um tema inevitável nas análises sobre o futuro do país, e seria hipocrisia tratá-lo como algo de que não se deve falar. O país está convulsionado, e sem uma liderança com grandeza que possa levar a acordos políticos indispensáveis para a superação do impasse que se avizinha.

A agressão ao ex-ministro Guido Mantega no Hospital Einstein, por todas as formas inaceitável, é um sintoma dos ânimos exaltados, mas também reflexo do estilo agressivo de fazer política que o PT levou adiante no país nos últimos 12 anos. Quem não é amigo é inimigo, e qualquer um pode ser amigo, desde que aceite a hegemonia petista. Uns mais iguais que os outros.


27 de fevereiro de 2015
Merval Pereira, O Globo

QUE AGONIA

SÃO PAULO - Ao final da longa purgação que apenas se inicia, a Petrobras e todo o complexo político-empresarial ao seu redor terão sido desidratados. Do devaneio fáustico vivido nos últimos dez anos restará um vulto apequenado, para o bem da democracia brasileira.

As viúvas do sonho grande estão por toda parte. Um punhado de militantes e intelectuais fanáticos por estatais monopolistas acaba de publicar um manifesto que exala agonia.

O léxico já denota a filiação dos autores. A roubalheira na Petrobras são apenas "malfeitos". O texto nem bem começa e alerta para a "soberania" ameaçada, mais à frente sabe-se que por "interesses geopolíticos dominantes", mancomunados, claro, com "certa mídia", em busca de seus objetivos "antinacionais".

Que agenda depuradora essa turma teria condição de implantar se controlasse a máquina repressiva do Estado. Conspiradores antipatrióticos poderiam ser encarcerados, seus veículos de comunicação, asfixiados, e suas empresas, estatizadas para abrigar a companheirada.

Que espectro de PDVSA, o portento estatal total que fatura o equivalente a 60% do PIB na Venezuela, poderia surgir no Brasil. O Congresso conservador, o Orçamento limitado e vigiado, o Judiciário indócil, o Ministério Público indômito e a Polícia Federal autônoma seriam afogados pela força diluviana dessa empresa-Estado.

Felizmente o Brasil é muito maior que o petróleo que produz e pode vir a produzir. A Petrobras, mesmo agigantada após anos de política monopolista perdulária, fatura pouco mais de 5% do valor do PIB.

Quanto maior é o peso de empresas estatais na economia, mais amplos são os meios para o autoritarismo. Imagine se o governo ainda tivesse em mãos a Vale, a Embraer e as telefônicas para fazer política. Quais seriam os valores da corrupção, se é que sobrariam instituições independentes o bastante para apurá-los?

MORALISMO E ILEGALIDADE


27 de fevereiro de 2015
Denis Lerrer Rosenfield, O Estado de S. Paulo

A BEIRA DO DESPENHADEIRO

A crise da Petrobras não arrefece. A cada revelação da Operação Lava-Jato, que investiga o bilionário esquema de corrupção, a maior empresa brasileira derrete um pouco mais. Na terça-feira, a agência norte-americana de classificação de risco Moody"s - uma das três mais importantes do mundo - rebaixou, pela segunda vez, as notas de crédito (rating) da estatal, agora, para grau especulativo.

Detentora da maior dívida corporativa do mundo (R$ 261,45 bilhões), a companhia se aproxima da beira do despenhadeiro, e o Brasil aprofunda a fragilidade externa. A decisão da Moody"s poderá levar agências como a Standard & Poor"s e a Fitch a revisarem para baixo o grau de risco da petroleira. A reclassificação por outra instituição desencadeará movimento de venda de títulos e ações, sobretudo pelos fundos de pensão. Na maioria deles, a regra é clara no sentido de se desfazerem dos papéis de empresas com nota de crédito negativa.

A Petrobras perderá capacidade de recorrer ao mercado a fim de buscar dinheiro e honrar compromissos com acionistas, investidores e credores. É dado como certo que a empresa não conseguirá a chancela de duas agências para novas transações. Hoje, cerca de 80% da dívida estão no exterior. O trágico cenário que se constrói, a partir da decisão da Moody"s, não ficará restrito à petrolífera. A falta de credibilidade contaminará outras estatais, como Eletronorte, Eletrobras, Banco do Brasil, que buscam nas fontes internacionais recursos para incrementar as atividades.

Mais: a irresponsabilidade na gestão da petrolífera repercute em toda a economia nacional. Apesar das falcatruas, que lhe corroeram as finanças, a Petrobras movimenta 13% do Produto Interno Bruto do Brasil. A área de abrangência vai muito além da atividade-fim, que é a extração de petróleo. A empresa cumpre papel social e econômico importantíssimo para o desenvolvimento do país no campo da pesquisa científica, da produção tecnológica, da geração de empregos.

Aos 61 anos, é um dos maiores patrimônios da nação, não de grupos que se aboletam no poder para gestões efêmeras, mas com alta capacidade destrutiva. Historicamente se tornou instituição âncora da economia nacional. Nos governos do general João Figueiredo - o último do ciclo da ditadura - e de José Sarney, o primeiro da redemocratização, o Brasil apelou para a moratória. Entre o fim dos anos 1980 e início da década de 1990, o calote colocou o país à margem dos recursos estrangeiros.

A Petrobras, compradora de petróleo no mercado externo, tinha crédito na praça internacional e, assim, conseguia internalizar dólares necessários para abastecer o país. O governo Lula conseguiu levar o país a conquistar status de bom pagador e obter grau de investimento. Hoje, a conquista se esvai pelo ralo.

Confirmado o prognóstico de especialistas, a Petrobras não derreterá sozinha. O Brasil corre sério risco de reprovação global e perda de investidores. Para fugir do cenário catastrófico, não existe plano B. Impõe-se choque de realismo e de austeridade como o sugerido pelo pacote fiscal do governo. A receita é amarga. Mas precisa ser aviada.


27 de fevereiro de 2015
Editorial Correio Braziliense

VOZ DO BRASIL

O ofício intelectual não combina bem com manifestos

Eu sabia que eles assinariam um manifesto. Ingênuo, imaginei que, desta vez, seria um texto contra o pacote fiscal de Dilma Rousseff (culpando, bem entendido, o mordomo, que se chama Joaquim). Contudo, eles desistiram de fingir: o inevitável manifesto, intitulado “O que está em jogo agora”, é tão oficialista como “A voz do Brasil” dos velhos tempos. Num lance vulgar de prestidigitação, o texto dos “intelectuais de esquerda”, assinado por figuras como Marilena Chaui, Celso Amorim, Emir Sader, Fabio Comparato, Leonardo Boff, Maria da Conceição Tavares e Samuel Pinheiro Guimarães, apresenta-se como uma defesa da Petrobras — mas, de fato, é outra coisa.

O ofício intelectual não combina bem com manifestos. Dos intelectuais, espera-se o pensamento criativo, a crítica do consenso, a dissonância — não o chavão, a palavra de ordem ou o grito coletivo. Por isso, eles deveriam produzir manifestos apenas em circunstâncias excepcionais. Os “intelectuais de esquerda”, porém, cultivam o estranho hábito de assinar manifestos. Vale tudo: crismar um crítico literário como inimigo da humanidade, condenar a palavra equivocada no editorial de um jornal, tomar o partido de algum ditador antiamericano, denunciar a opinião desviante de um parlamentar. O manifesto sobre a Petrobras é parte da série — mas, num sentido preciso, distingue-se negativamente dos demais.

A fabricação em série de manifestos é um negócio inscrito na lógica do marketing. De fato, pouco importa a substância do texto, desde que ele ganhe suficiente publicidade, promovendo a circulação do nome dos signatários. Como os demais, o manifesto da Petrobras é uma iniciativa em proveito próprio. Mas, nesse caso, o proveito tem dupla face: além do marketing da marca, busca-se ocultar o fracasso de uma ideologia. Por isso — e só por isso! — ele merece a crítica de quem não quer contribuir, involuntariamente, com a operação mercantil dos “intelectuais de esquerda”.

Segundo o manifesto, a Operação Lava-Jato desencadeou uma campanha da mídia malvada para entregar a Petrobras, junto com nosso petróleo verde-amarelo, aos ambiciosos imperialistas. A meta imediata da conspiração dos agentes estrangeiros infiltrados seria restabelecer o regime de concessão. Sua meta final seria remeter-nos “uma vez mais a uma condição subalterna e colonial”. A fábula, dirigida a mentes infantis, esbarra numa dificuldade óbvia: sem o aval do governo, é impossível alterar o regime de partilha.

A Petrobras não foi derrubada à lona pelo escândalo revelado por meio da Lava-Jato, que apenas acelerou o nocaute. Os golpes decisivos foram assestados ao longo de anos, pela política conduzida nos governos lulopetistas, sob os aplausos extasiados dos “intelectuais de esquerda”. No desesperador cenário atual, a direção da Petrobras anuncia uma redução brutal de investimentos na prospecção e extração, precisamente os setores em que a estatal opera com eficiência. O regime de partilha obriga a empresa a investir em todos os campos do pré-sal. A troca pelo regime de concessão será, provavelmente, a saída adotada pelo governo Dilma. Os “intelectuais de esquerda”, móveis e utensílios do Planalto, escreveram o manifesto para, preventivamente, atribuir a mudança de rumo aos “conspiradores da mídia”. Por meio dessa trapaça, conciliam a fidelidade ao “governo popular” com seus discursos ideológicos anacrônicos. Ficam com o pirulito e a roupa limpa.

Há uma diferença de escala, de zeros à direita, entre as perdas decorrentes da corrupção e as geradas pelo neonacionalismo reacionário. A Petrobras é vítima, antes de tudo, do investimento excessivo movido a dívida, da diversificação ineficiente e do controle de preços de combustíveis. Numa vida inteira de falcatruas, Paulo Roberto Costa, o “Paulinho”, e Renato Duque, o “My Way”, seriam incapazes de causar danos remotamente comparáveis aos provocados pelos devaneios ideológicos do lulopetismo — que são os dos signatários do manifesto. “A História dirá!”: os “intelectuais de esquerda” invocam, ritualmente, o veredito de um futuro sempre adiável. O manifesto é uma manobra diversionista. Ele existe para desviar a atenção pública de um singelo, mas preciso, veredito histórico: a falência da Petrobras é obra de uma visão de mundo.

Franklin Martins, o verdadeiro autor do manifesto, cometeu um erro tático ao colocar seu nome entre os signatários. Ao fazê-lo, o ex-ministro descerra o diáfano véu de independência que cobriria a nudez do texto. O manifesto não é a “voz da sociedade”, nem mesmo de uma parte dela, mas a Voz do Brasil. Nasceu no Instituto Lula, como elemento de uma operação de limitação dos efeitos da Lava-Jato. Enquanto os “intelectuais de esquerda” assinavam uma folha de papel, Lula reunia-se com representantes do cartel das empreiteiras e Dilma preparava o “acordo de leniência” destinado a restaurar os laços de solidariedade entre as empresas e os políticos.

Sem surpresa, no último parágrafo, o manifesto menciona o ano mágico. A conspiração “antinacional” e “antidemocrática” dos inimigos da Petrobras almejaria provocar uma “comoção nacional” e, finalmente, a “repetição” do golpe militar de 1964. Na Venezuela, que deixou de ser uma democracia, o regime aprisiona líderes opositores sob acusações fantasiosas de conspiração golpista. No Brasil, que é uma democracia, acusações similares partem dos “intelectuais de esquerda”. Os signatários do manifesto, sempre encantados por regimes nos quais a divergência política equivale à traição da pátria, sonham com o dia em que falariam sozinhos, como porta-vozes de um poder incontestável.

O manifesto é uma peça de corrupção intelectual. Ele contamina a praça do debate público com os resíduos de um discurso farsesco. A Petrobras é um pretexto. Os “intelectuais de esquerda” enrolam-se no pendão auriverde para fingir que não estão pelados.

 
27 de fevereiro de 2015
Demétrio Magnoli, O Globo

COMEÇAR DE NOVO

SÃO PAULO - O PT pode evocar FHC, as elites, a imprensa ou uma combinação desses inimigos de sempre, mas o lamentável ataque de que foi vítima o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda) na cafeteria de um hospital particular em São Paulo deveria ser compreendido pelo partido como um sinal inequívoco de seu divórcio com o eleitorado na maior cidade e no mais rico Estado do país.

Já existe numa ala do comando petista essa percepção. Um dirigente, questionado por esta colunista na última segunda-feira sobre qual o caminho a seguir, admitiu não ter a menor ideia. "Em São Paulo o jeito será recomeçar do zero", vaticinou.

Um caminho seria tentar entender sem o manto diáfano da fantasia conspiratória e da vitimação o que levou a popularidade do prefeito Fernando Haddad e da presidente Dilma Rousseff a níveis inferiores ao do sistema Cantareira.

A resposta não estará só no humor da elite mal-educada dos Jardins. O quadro é similar nas "franjas" da cidade, território que costumava se pintar de vermelho nas eleições muito antes das ciclofaixas de Haddad.

Ao minimizar a importância de repetidos escândalos de corrupção ligados ao partido, Lula ajudou a corroer a imagem do PT em seu berço.

Em vez de ironizar e tachar de "neofascista" a real preocupação de uma parcela cada vez mais ampla da sociedade com a ética, o partido deveria reconhecer o fato e apresentar uma agenda para vencer o estigma de legenda associada a desvios.

Mas o PT perdeu mais tempo negando o mensalão, fazendo vaquinha para os condenados e traçando paralelos com o PSDB do que agindo para fazer as pazes com um setor da sociedade --os formadores de opinião-- que ajudou a fundar a sigla.

A grosseria contra Mantega foi a explosão de um antipetismo que vai virando ódio. Nesse ritmo, o próximo dia 15 pode ser uma data funesta para a presidente no maior colégio eleitoral do país. E ninguém sabe o que fazer para evitar o cortejo.


27 de fevereiro de 2015
Vera Magalhães, Folha de SP

LENTA DESCONSTRUÇÃO

Não foi um evento isolado, nem um engano. A Petrobras começou há muito tempo a caminhada para a perda do grau de investimento. Foi o resultado de vários erros cometidos pelo governo. Investimentos impostos pelo Planalto, nomeações políticas, preços populistas, propinas, descuidos. O PT achou que a empresa era dele. Ainda acha. A empresa é do Brasil.

O governo agora pode culpar o mensageiro. É bem do seu feitio. As agências erram muito, já erraram no passado, e, se forem criticadas, há razões. Mas uma  análise sincera encontrará o quanto o governo foi insensato na condução da empresa.

Abriu inúmeras frentes de trabalho pelas exigências mais disparatadas. Uma refinaria no Maranhão, outra no Ceará. Mais uma no Rio. E a de Pernambuco? Melhor ainda, porque seria par a que o "companheiro" Hugo Chávez tivesse alternativa para vender seu petróleo.

O fluxo de caixa não é problema. A Petrobras pode comprar gasolina e diesel a um preço e vender mais baixo. Quantas vezes ouvimos José Sérgio Gabrielli dizer que não repassaria a "volatilidade" Lorota. Era uma forma de manipular o preço, evitar" que a inflação, sempre no teto, estourasse a meta. Era a certeza de que o caixa da empresa era elástico. Quando Graça Foster assumiu, ela deixou claro inúmeras vezes que o preço estava errado, mas foi obrigada a engolir a sandice de subsidiar combustível fóssil. Se tivesse tido uma política realista de preços, a empresa teria o indicador melhor na comparação entre endividamento e geração de caixa. Se tivesse sido realista nos vários anos em que ficou artificialmente baixo, agora os preços poderiam cair. Isso daria um alívio à inflação, ao país, aos caminhoneiros que estão parando a estrada.

Os fúncionários alertaram que acima de um determinado custo a refinaria Abreu e Lima seria inviável, jamais se pagaria. Fizeram relatórios internos. Nada foi olhado. E os custos dispararam de US$ 2,5 par a US$ 18 bilhões. Os companheiros venezuelanos roeram a corda e deixaram o mico com o Brasil. A obra continuou.

Rodadas de licitação de petróleo foram suspensas porque tinham que mudar o modelo de exploração para que a Petrobras fosse dona de 30% de cada campo de petróleo. E para tudo isso a empresa foi se endividando. Houve alertas. Mas eram coisa de pessimistas, disseram. Chegou ao ponto em que a ANP terá que adiar a próxima rodada, porque a Petrobras não cumpre a exigência do balanço auditado.

E, além de tudo, houve o roubo. Em larga escala, disseminado pelos vários negócios. E isso colocou a empresa na pior era de incerteza da sua vida. A Petrobras ficou endividada, sem balanço, com projetos excessivos e de rentabilidade duvidosa. Perdeu valor de mercado. A dívida cresceu exponencialmente e passou a frequentar as páginas dos escândalos político-policiais.

O rebaixamento tem efeito concreto. A empresa sai do portfólio dos melhores investidores, os fundos de pensão do mundo inteiro. Os reguladores dos países impedem que os fundos invistam em empresas de grau especulativo. O crédito será mais caro, se for captado. A empresa terá que cortar mais investimento porque precisará financiá-los com seu caixa.

E inúmeros efeitos começam a se espalhar pela economia. Falando só de um: a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) ontem deu entrevista em que calculou que a paralisia da Petrobras pode levar a uma redução de investimentos da ordem de R$ 80 bilhões este ano. Há projetos cancelados, como as duas refinarias, e os efeitos da operação Lava-Jato, que têm travado contratos de empreiteiras não só com a Petrobras, mas também em empréstimos com o BNDES, afetando o fluxo de caixa das empresas e, consequentemente, as encomendas.

- Aí a empresa vai ao banco e encontra também urna conjuntura ruim. Com crédito mais restrito e juros mais altos. Quem tem grande participação do setor de óleo e gás na sua carteira pode acabar cancelando encomendas e projetos de outros setores, por ficar sem caixa. Há um efeito cascata - explicou o diretor de competitividade da Abimaq, Mário Bernardini.

A Abimaq projeta queda da taxa de investimento de 18% para 16% do PIB este ano, e uma retração da economia entre 1% e 2%.

Diante dessa coleção de incertezas e efeitos negativos de decisões insensatas do governo, o rebaixamento era esperado. Mas, quando chegou, doeu.


27 de fevereiro de 2015
Miriam Leitão, O Globo

RISCO PETROBRAS, RISCO BRASIL

Todo o mercado de petróleo está em retração. Com a queda de preços, companhias desistem dos investimentos mais caros

A inflação já estourou o teto da meta e vai continuar assim ao longo deste ano. Produção e consumo vão devagar, quase parando. Contas externas continuam no vermelho. Contas públicas são arrumadas a custo de corte de gastos, inclusive em benefícios sociais, e carga tributária.

O brasileiro já entendeu tudo. Pesquisa do Instituto Datapopular mostra que as pessoas esperam para este ano mais inflação, menos emprego, mais impostos e nada de aumento de salário.

Mas não há expectativa de desastre ou de uma crise aguda, não por causa do cenário econômico.

Por exemplo: a inflação em 12 meses, medida pelo IPCA-15 de fevereiro, bateu em 7,36%. Qual a previsão consensual entre os especialistas para o final do ano? A mesma coisa, 7,33%, tal como se vê no Relatório Focus, veiculado toda segunda-feira no site do Banco Central e que resume a opinião de fora do governo (consultorias, instituições financeiras, institutos de estudo e pesquisa).

O dólar tem oscilado entre R$ 2,80 e R$ 2,90. Expectativa para dezembro? R$ 2,90, e se chegar a R$ 3, pouca gente vai estranhar. Bate na inflação, encarece o importado, mas o BC agora parece mais sério no esforço de alcançar a meta de 4,5%, ainda que lá na frente. A taxa de juros vai subir de novo na próxima reunião.

Por outro lado, o dólar caro o ano todo deve ajudar a reduzir o déficit das contas externas, barateando exportações e encarecendo as viagens internacionais.

Também ninguém espera um desastre nas contas públicas. Ao contrário, é certo que estarão bem melhor do que ano passado só com a eliminação, já em prática, das lambanças do ex-ministro Mantega. Será difícil para o atual ministro Joaquim Levy cumprir a meta de economizar R$ 55 bilhões líquidos este ano, mas ninguém vai achar que é o fim do mundo se economizar uns 40 bi ou até menos que isso. Interromper a trajetória desastrosa dos últimos anos já é um baita avanço.

O país não escapa de uma recessão este ano, também conforme um amplo entendimento entre analistas aqui e lá fora. Logo, o desemprego deve aumentar — e as pessoas já perceberam que está mais difícil arranjar ou trocar de trabalho. Mas quando se estende o cenário para 2016, a coisa melhora no geral. A expectativa é de mais crescimento, com menos inflação e maior equilíbrio nas contas do governo.

Resumindo, 2015 é um ano ruim, pior que 2014, mas será também um período de arrumação. Dia desses, o ministro Joaquim Levy disse que não há tarefa de política econômica que não possa ser feita neste momento. Quis dizer que os problemas estão identificados, as receitas são conhecidas e já foram aplicadas em outras ocasiões. Há também amplo entendimento nisso.

Então, qual o problema, além do desconforto de cruzar este ano?

A Petrobras.

Considerem os investimentos em infraestrutura, por meio das concessões de estradas, portos, aeroportos, transportes a empresas privada — aqui está a única chance de intensificar a atividade econômica. Mas isso não pode deslanchar enquanto as empresas que se ocupam disso, todas clientes e fornecedoras da Petrobras, estiverem mais preocupadas em se livrar da Lava-Jato e vender ativos.

A própria estatal está cancelando obras e devolvendo sondas, plataformas etc. Estaleiros nacionais e estrangeiros que se instalaram por aqui perdem encomendas, sobram com capacidade ociosa. E não são competitivos no mercado externo porque, protegidos aqui, têm preços maiores e tecnologia menos atual.

Além disso, todo o mercado mundial de petróleo está em retração. Com a queda de preços, companhias pelo mundo todo desistem dos investimentos mais caros e, com isso, sobram equipamentos e navios. Aliás, ficaram mais baratos, o que poderia ser uma oportunidade para a Petrobras — que, entretanto, não pode aproveitá-la por causa da política de comprar máquinas com alto componente nacional.

Não foi só roubalheira — com o perdão desse “só”.

Além de limpar os balanços do que foi roubado, será preciso mudar toda a política para o setor e eliminar os desastres causados por uma gestão tão equivocada que está merecendo a atenção de especialistas internacionais como um exemplo acabado do que não se deve fazer.

Vai ser difícil, porque depende de circunstâncias internacionais fora de controle e porque a presidente Dilma acha que está tudo indo bem na estatal. Disse, por exemplo, que a agência Moddy’s rebaixou a nota da Petrobras por falta de conhecimento do que se faz na companhia. Ora, todo mundo sabe o que se passa lá — e ninguém acha que vai bem.

Acrescente a isso a lista de Janot — a relação de políticos investigados ou denunciados na Lava-jato, que está para sair, e se vê o potencial de impacto na vida política.

Quem mesmo queria acabar com a Petrobras? Ou com o país?


27 de fevereiro de 2015
Carlos Alberto Sardenberg, O Globo

REPITO PORQUE É BOA DEMAIS... KKKKKKKKKKK... QUE ME PERDOE LOS HERMANOS

DEU PARA ENTENDER?...

O Lula vai ser o responsável pela incitação à uma guerra civil de consequências imprevisíveis.
 
Sim... É só o começo.
                                                                                            
Esses pobres imigrantes são, em sua maioria, ex-combatentes treinados e experientes, muitos dos quais já estão à serviço do tráfico em nossas favelas.
Certamente são tropa do "exército do Stedile" ao qual se referiu o cachaceiro-mor em seu discurso na ABI de “apoio à Petrobras”.

Aliás, observando a fachada do prédio (da ABI) que aparece ao fundo, dá para perceber que a foto foi tirada durante esse evento.
Será que vão começar a entender?
 

 
Entenderam agora? Imigrante haitiano participa do ato em favor do Luladrão. Isso é só o começo...
 
27 de fevereiro de 2015
(recebido por email)

NA TV, PMDB DESPREZA DILMA E SÓ FALTA FALAR NO IMPEACHMENT



Temer apresenta o PMDB como alternativa de Poder

Foi interessante, instigante e insinuante o programa partidário que o PMDB exibiu quinta-feira à noite, em rede nacional. Embora ainda conste como o principal aliado na coalizão de apoio ao governo Dilma Rousseff, o PMDB simplesmente ignorou a existência da presidente da República e se autoproclamou o partido que pode se transformar na salvação do país, para enfim conduzi-lo ao desenvolvimento social e econômico.

Idealizado pelo marqueteiro Elsinho Mouco, o programa fez ouvidos de mercador às conquistas sociais que o PT tanto apregoa e preferiu se referir à grave crise institucional, política e econômica que o país atravessa, para apresentar suas soluções.

O vice-presidente Michel Temer, por exemplo, disse que a apuração de irregularidades não pode paralisar a vida produtiva do país e assinalou que é necessário adotar uma agenda positiva. Afirmou ser necessário apressar a reforma política e propôs a realização de um ajuste fiscal capaz de fortalecer a economia e garantir os programas sociais, sem citar os governos Lula ou Dilma.
Ao contrário, deu até uma indireta no PT, ao defender a liberdade plena de informação, mostrando publicamente ser contrário à tese de regulamentação da mídia, ardorosamente defendida pelos petistas.

MAR DE CRISES

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), também defendeu a reforma política. Disse que o mar de crises que invade o noticiário mostra ser urgente e absolutamente necessário que se mude a maneira de fazer política no país.

Os depoimentos foram se sucedendo e o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (AL), afirmou que é preciso humildade e perseverança para fazer as mudanças que o país espera, prometendo colocar em pauta as propostas que tenham realmente interesse público e que tragam benefícios para o povo brasileiro.

O deputado Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara, também se referiu à importância da reforma política, acentuando que a atuação do PMDB no Congresso mostrará que os parlamentares escolhidos para representar a sociedade estão realmente à altura de desempenhar essa missão.

OS SEIS MINISTROS

Também participaram do programa os seis ministros do PMDB – Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura), Edinho Araújo (Portos), Helder Barbalho (Pesca), Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Vinicius Lages (Turismo). Cada um apresentou seus planos, sinteticamente, mas sem qualquer referência à presidente Dilma Rousseff.

“Não ter a presença da presidente Dilma, nem citação ao Partido dos Trabalhadores, é absolutamente natural. O programa é peemedebista, não governista”, alegou o marqueteiro Elsinho Mouco, em entrevista à repórter Andreia Sadi, da Folha.

Os petistas, é claro, não gostaram nada da linha editorial do programa do PMDB e já vinham criticando as chamadas exibidas nas duas últimas semanas, que também ignoravam a presidente Dilma Rousseff. Mas o PMDB não está nem aí.

Traduzindo tudo isso: o PMDB está cada vez mais descolado do PT. Como dizia Roberto Carlos, daqui para a frente, tudo vai ser diferente. Em busca do Poder, é cada um por si, até que o impeachment os separe definitivamente.

27 de fevereiro de 2015
Carlos Newton

OS PRIMEIROS CULPADOS DA LAMBANÇA





Até o Lula anda apelando. Instalado em Brasília há três dias para tentar botar ordem na confusão entre Dilma e os partidos da base oficial, o ex-presidente renunciou à sua experiência para fazer coro com os vigaristas que através de décadas tem sustentado ser culpa do sistema de comunicação social do governo a péssima imagem do próprio.

Quer dizer, se a população protesta, se os caminhoneiros param, se a Petrobras transformou-se na caverna do Ali Babá, se faltam água e energia, e se do palácio do Planalto surgem iniciativas extinguindo direitos trabalhistas – tudo acontece por falta de comunicação social.

Incompetentes seriam os encarregados de divulgar que o país é um paraíso, que a presidente apresenta altíssimos níveis de popularidade, que os caminhoneiros não se rebelaram, que a Petrobras dá exemplos de extrema honestidade, que a água e a energia são distribuídas amplamente e que os direitos trabalhistas estão sendo ampliados.

Essa é a sina dos ministros da Comunicação Social, dos secretários e assessores de Imprensa. São os primeiros a ser arcabuzados pela quadrilha que cerca os donos do poder. Fragilizados pela inoperância dos governos a que servem, os comunicadores recebem a primeira carga de críticas e diatribes.

O diabo é estar a equação matreiramente invertida. Se os encarregados da comunicação social não anunciam milagres será porque milagres não existem e nada de bom há para anunciar. Se o governo nada tem para divulgar, mas só malfeitos, como esperar que se transformem em prestidigitadores capazes de tirar coelhos da cartola?

Tem sido assim, em especial nos dois governos do PT. Os companheiros, frustrados com a má imagem dos governantes, quer dizer, deles mesmo, logo se queixam de estar sendo perdida a batalha da comunicação, por inoperância de seus responsáveis. Ainda mais quando se negam a distribuir publicidade aos montes para veículos partidários quase sempre inoperantes e até inexistentes.

LULA NA VIGARICE

O inusitado na quadra atual é o engajamento do Lula nessa vigarice. Ele, pelo menos, tinha obrigação de prospectar mais fundo as causas de o Congresso estar em vias de rejeitar as medidas provisórias de arrocho social enviadas pela presidente Dilma. Já viveu experiência igual, ainda que não tão aguda como agora.

Como, indaga o primeiro companheiro, não se explica o maravilhoso sentido das propostas da sucessora? Por que não divulgar os sublimes objetivos da redução de prerrogativas trabalhistas? Se os fatos continuam desmentindo as enganações, pior para os fatos…

Ampliando-se um pouco mais a dimensão das agruras que atingem a comunicação social deste e de todos os governos, a constatação é de que o mesmo raciocínio se usa contra a imprensa: só más notícias são apresentadas? A culpa é de quem as apresenta.

27 de fevereiro de 2015
Carlos Chagas

AFASTADO DO CASO EIKE, JUIZ CONTINUA JULGANDO OUTRAS AÇÕES



Juiz motorista ficou surpreso com a decisão da corregedora

A corregedora-nacional de Justiça, ministra Nancy Andrighi, determinou na quinta-feira (26) o afastamento do juiz o juiz Flávio Roberto de Souza, da 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, da condução dos processos contra o empresário Eike Batista.

O magistrado foi flagrado dirigindo o Porsche Cayenne de Eike e admitiu ter guardado o veículo na garagem do prédio onde mora, junto com uma Range Rover, do filho do empresário, Thor Batista. Flávio Roberto Souza também deu a um vizinho a guarda de outro carro da família de Eike e de um piano de cauda. Esses e outros bens foram apreendidos por decisão do próprio juiz e seriam leiloados para garantir o pagamento de dívidas empresariais.

Com a decisão, o juiz continuará na função, mas os processos de Eike serão distribuídos a outro magistrado. Nancy Andrighi determinou ainda a instauração de um procedimento disciplinar que tramitará junto com uma sindicância já aberta na Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. O afastamento  das funções só pode ser determinado por uma decisão colegiada do tribunal de origem do juiz ou do plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com voto de pelo menos dois terços dos membros, conforme a Lei Orgânica da Magistratura.
 
Na decisão, a ministra Nancy Andrighi considerou que “não há e nem pode haver” possibilidade de “um juiz manter em sua posse patrimônio de particular”. Ela destacou que, como justificativa para o seu ato, o magistrado afirmou que vários juízes fazem o mesmo. Para ela, o juiz federal feriu o código de conduta da magistratura. A ministra também orientou que o magistrado passe a se comportar de maneira mais “prudente”.

27 de fevereiro de 2015
Nathalia Passarinho