"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 12 de março de 2014

BRASIL, DE MAL A PIOR

 

No Brasil, o dia seguinte sempre consegue ficar um pouquinho pior do que a véspera. Tome-se as disputas pelos governos estaduais. Em todos os estados, os candidatos até agora apresentados tem ficha ou prontuário pior do que os atuais titulares. Fora os candidatos à reeleição, cujas performances deixam a desejar, ao menos pelos baixos índices de preferência popular nas pesquisas até agora verificadas. Com uma ou outra exceção, é claro.
 
Vale registrar o que se passa em Brasília. O governador Agnelo Queirós, apesar da intensa propaganda que distribui pelas telinhas e microfones, alcança números sofríveis nas consultas populares, como candidato ao segundo mandato. Também, faz por merecer.
 
O diabo é quando se olha para seus adversários. Ainda conforme as pesquisas, que nesse caso parecem inexplicáveis, o favorito é o ex-governador José Roberto Arruda, aquele que foi preso no exercício do mandato e cassado.
Antes, como senador, teve de renunciar por haver mentido da tribuna do Senado, envolvido que estava no episódio da violação do painel.
Como governador, chegou a ser filmado recebendo dinheiro em espécie de um aventureiro local. Ficou rico, se já não era antes, está sendo processado, mas, pelo jeito, conseguiu carta de alforria para candidatar-se.
 
De fato, o companheiro de chapa de Arruda é o também ex-governador Joaquim Roriz, que como senador precisou renunciar para não ser cassado, depois de flagrado recebendo milhões por conta da venda “de uma bezerra” para um empresário local. Fala-se de fato porque, de direito, a candidata é uma de suas filhas, deputada.
 
Quem celebrou acordo para apoiar a dupla foi o também ex-senador, não renunciante, pois cassado, Luís Estevão, ainda hoje proibido de candidatar-se a qualquer cargo e com ordem de prisão decretada, até agora não cumprida.
 
Concorrerá ao Senado o antigo suplente de Roriz, atual senador Gim Argelo, líder do PTB, com tanto orgulho de integrar a quadrilha que, na sombra, disputa uma vaga no Tribunal de Contas da União, caso a presidente Dilma ceda aos seus apelos.
 
Haveria concorrente para Agnelo, de um lado, e Arruda, de outro? Bem que o PSOL, o PSB, o PDT e penduricalhos buscam uma alternativa salutar, mas até agora inviável.
Na periferia do Plano Piloto, maior contingente eleitoral de Brasília, tem-se como certa a vitória de um dos dois candidatos referidos, o atual e o antecessor.
 
Com todo o respeito ao processo democrático, dá vontade de voltar aos tempos em que o Distrito Federal não tinha governador, nem Câmara Distrital, nem representação no Congresso, mas apenas um prefeito nomeado pelo presidente da República…
 
12 de março de 2014
Carlos Chagas

SORTE NA CORRIDA ELEITORAL DEPENDE DO IMPONDERÁVEL E DO INESPERADO

 

 

 

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Atualmente, a previsão do tempo não é algo completamente imprevisível. O mercado de commodities agrícolas se utiliza largamente das previsões para fazer investimentos e saber quando e como a oferta de determinado produto será maior ou menor.

Já o Brasil entra em crise, pela segunda vez, com a possibilidade de falta de energia. Na primeira vez, em 2002, foi por deficiência de geração. Hoje, o risco de apagão se deve à demora na construção de linhas de transmissão e à falta de chuvas, dois problemas que poderiam ser razoavelmente previstos. Não é o que acontece.

O Brasil de hoje está com a sua economia pendurada no clima, como disse Miriam Leitão (“O Globo”, 22.2.2014). É o cúmulo da imprevidência, ainda mais em ano eleitoral. Porém, a eventual falta de energia está sendo considerada um evento inesperado. Só é inesperado pela incapacidade de as autoridades do setor estarem atentas à questão.

Dilma poderá ser afetada eleitoralmente caso ocorra apagão? Sim e não. Se houver um apagão de verdade, seu prestígio será abalado. Se as dificuldades não forem sistêmicas, serão assimiladas pela atmosfera de festa da Copa do Mundo.

O resultado econômico de 2013 – outra surpresa – terminou aliviando o ambiente na equipe econômica. Afinal, levando-se em conta as circunstâncias, um crescimento de 2,3% não é horrível. É evidente que os mal-humorados podem dizer que o apagão vai acontecer, o que não é garantido. Ou que a economia foi muito mal em 2013. Também não é preciso.

O INESPERADO

Conforme disse, o resultado de 2013 é bem mais fraco do que podíamos apresentar, mas melhor do que muitos esperavam: algo abaixo de 2%. No fim das contas, fica claro que o inesperado – ruim, como a ameaça de apagão; e bom, como o resultado econômico de 2013 – afeta, e muito, as expectativas.

Assim, a corrida eleitoral deste ano vive um cenário bastante complexo. A presidente Dilma Rousseff (PT) começa a disputa como favorita. Embora as pesquisas apontem a possibilidade de Dilma vencer ainda no primeiro turno, a batalha eleitoral promete ser acirrada. Em que pese a boa avaliação do governo (41% de aprovação, segundo a última pesquisa Datafolha), existe um sentimento difuso de mudança em parcela expressiva da sociedade brasileira.
 
Além disso, a presidente terá pela frente dois adversários fortes: o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE). Embora apareçam bem atrás nas pesquisas (Aécio tem 17% das intenções de voto e Eduardo aparece com 12%), o desconhecimento das duas candidaturas por parte dos eleitores é um fator que leva PSDB e PSB a acreditarem na possibilidade de um segundo turno contra Dilma Rousseff.
 
Aliás, sabendo das dificuldades que representa um segundo turno dentro desse ambiente de mudança existente, o Palácio do Planalto realizará todos os esforços possíveis para liquidar a fatura ainda em primeiro turno. Justamente por isso Dilma trabalha para montar uma ampla e competitiva coalizão. Vale destacar que o governo também teme uma eventual aliança entre Aécio Neves e Eduardo Campos, o que pode tornar as coisas ainda mais complicadas, principalmente se a economia estiver mal e a Copa do Mundo não for o sucesso que se espera.
 
Mesmo com todas essas variáveis no tabuleiro, a presidente Dilma Rousseff preserva uma importante vantagem. Além do controle da máquina administrativa, ela terá a presença do ex-presidente Lula ao seu lado. Vale destacar que Dilma é um produto do sucesso do lulismo.
 
Assim, o ex-presidente fará todos os esforços possíveis para que Dilma saia vitoriosa, assim como ocorreu em 2010.
 
(transcrito de O Tempo)

12 de março de 2014
Murillo de Aragão

PT DO AMAPÁ NÃO QUER APOIAR REELEIÇÃO DE SARNEY PARA O SENADO

 


O jornalista Marcelo de Moraes informa em seu Blog, no “Estado de São Paulo”, que o deputado estadual José Banha, presidente estadual do PT no Amapá, anuncia que o partido pretende lançar o nome  da vice-governadora Dora Nascimento como candidata ao Senado, nas próximas eleições, em vez de Sarney.

Apesar de ser senador pelo Amapá há 24 anos, o ex-presidente Sarney é  criticado por ser muito mais ligado ao Maranhão, do que ao Estado que lhe dá uma cadeira no Congresso.

A importância de José Sarney faz com que a questão do Amapá ganhe impacto nacional, pois, inegavelmente, ele é um dos principais nomes do PMDB e sempre foi aliado do Governo petista. Mas agora o diretório do PT do Amapá pretende acabar com esta parceria.

COMPLEXIDADE

O desafio de PT e PMDB para acertarem alianças regionais é muito mais complexo do que parece. As divergências se espalharam por todo o Brasil e afetam diretamente a candidatura de políticos peso pesados. No Amapá, o PT local é contra o apoio à reeleição do senador José Sarney , para mais um mandato no Senado. A candidatura  da vice-governadora Dora Nascimento diminuiria sensivelmente as chances de sua reeleição.

“Não é que a gente seja bairrista, mas preferimos muito mais apoiar um candidato que esteja aqui no Amapá”, diz o deputado, assinalando diz que a relação de Sarney com o PT local está muito desgastada e acha que o partido deve aproveitar a oportunidade de eleger um senador petista para a vaga.

“Hoje, Sarney está tão desgastado no Amapá, que qualquer candidato que se lance contra ele vai derrotá-lo”, afirmou. “O PT tem o direito de pleitear essa vaga para o Senado até porque é uma estratégia nacional do Partido aumentar nosso número de representantes no Congresso”.

DIRETÓRIO

Banha afirmou que o partido vai aguardar a reunião do diretório nacional, no próximo dia 20, em Brasília, para decidir o futuro político do PT no Estado. “Não queremos apoiar a reeleição de Sarney para o Senado”.“Achamos que a vice-governadora Dora Nascimento  é  o melhor nome para vencer essa eleição e defendo que seja a candidata”, declarou.

Tanto ele quanto Dora Nascimento reconhecem a importância do projeto nacional de reeleger a presidente Dilma Rousseff. E a vice-governadora afirma estar preparada para a situação que o comando nacional do PT decidir. “Sou dirigente do PT nacional e estou preparada para qualquer missão que meu partido desejar”.

Se o PT nacional barrar a proposta de lançamento da candidatura de Dora ao Senado, não vai significar que o diretório do Amapá apoiará sua campanha à reeleição. “Se isso ocorrer, a Dora será candidata à reeleição como vice-governadora na chapa do governador Camilo Capiberibe  do PSB. O PT não lançará candidato ao Senado mas também não vai apoiar o nome de Sarney nem fazer campanha por ele”.

A COPA NO BRASILI DEIXARÁ UM INESTIMÁVEL RASTRO DE PREJUÍZOS

 

  
 
Faltaram ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma os pilares de sustentação para a Copa ser sediada no Brasil: Planejamento, Organização, Direção e Controle.

Nota-se a falta de Planejamento nas obras ainda em construção, inclusive os famosos entornos dos estádios. A ausência desse pressuposto também se evidencia na infraestrutura, tais como estradas, transporte público, em condições deploráveis.

Organização, percebe-se que não há. Ora manda a Fifa, ora o ministro do Esporte (?), ora o governo se rebela, ora são os diretores dos clubes que emprestarão seus estádios, uma legítima Torre de Babel.
Direção, é nítido que não temos um pulso forte a comandar, a determinar prioridades, a modificar turnos de trabalho, reunir permanentemente os dirigentes das empreiteiras e exigir mais ritmo, mais dinâmica e mais cuidados com seus trabalhadores.

Controle, praticamente inexiste. Não há severa fiscalização das verbas liberadas pelo governo. Com atuação precária, mesmo assim o Tribunal de Contas da União conseguiu reduzir os custos em mais de 500 milhões de reais. Se houvesse controle para valer, muito mais se economizaria..

INCOMPETÊNCIA

A Copa no Brasil deixará um rastro de prejuízos inestimável, e comprovará a incompetência e incapacidade de membros do governo sem qualquer condição profissional de inspecioná-la.

O PT apenas pensou no lucro político, deixando de lado o custo real e verdadeiro de um evento deste porte, indiscutivelmente maior que as suas reuniões de partido e bandeirolas a enfeitarem os salões.

O problema grave é que seremos nós, o povo, a arcar com este déficit nos cofres públicos. Se ainda somarmos os investimentos em Cuba e perdão das dívidas de outros países, imagino os bilhões jogados fora e que tanto ajudariam o Brasil a melhorar suas estradas, aumentar postos de saúde, reformar escolas, implantar esgotos nas cidades onde ele inexiste, pontes, viadutos, elevadas…
Que desperdício!

12 de março de 2014
Francisco Bendl

O HUMOR DO DUKE

Charge O Tempo 12/03
 
12 de março de 2014


MANIFESTO A FAVOR DO ESCÂNDALO

               

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há uma semana que os jornais não falam de outra coisa.
Agora o “blocão” dos “aliados”, chefiado pelo PMDB, “impôs uma derrota ao governo”. A foto do Globo dessa galera em delírio de “júbilo cívico” é impressionante.
E qual o feito épico que comemoravam?
 
Por se sentirem lesados na divisão daquilo que eles e o PT nos arrancam juntos os “aliados” romperam o pacto de silêncio sobre as falcatruas uns dos outros que eles mantêm contra nós, o povo brasileiro. É isso que eles chamam de “votar todos os projetos com independência”.
Resultado do “voto independente” de ontem?
 
Vão, finalmente, dar uma olhada na roubalheira que rola dentro da Petrobras, coisa de 140 milhões de dólares de suborno pago por uma empresa que aluga plataformas de petróleo que está sendo investigada ha mais de um ano pelos governos da Holanda, da Inglaterra e dos Estados Unidos, mas não pelo do Brasil, que é o principal interessado.
 
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Se quiser refazer o acordo”, diz o pessoal do PMDB (isto é, o acordo de sempre pra todos voltarem a  jogar unidos CONTRA NÓS), “o governo vai ter que sentar e conversar” (isto é, de nos dar uma fatia maior do que está enfiando sozinho no bolso).
Agora, o que mais me assusta é que a imprensa noticia tudo isso pelo ângulo tranquilo e plácido do “debate político”. Segundo os "pundits" de Brasília tudo não passa de uma "crise da base de sustentação" normal para essa época de eleição (que, na verdade, é quando as máfias políticas que estão aí combinam quem vai ficar com quanto daquilo que nos tungam).
 
Essa perda de sensibilidade da imprensa, o fato dela assumir candidamente a linguagem e o padrão de normalidade ditado pela moral dos bandidos é, com certeza, muito mais grave que essa “afanadinha” que deram na Petrobras que não é nem a pontinha do iceberg do que rola lá dentro daquela caixa preta gigante.
 
A imprensa é o sistema imunológico da democracia; o agente que dá o alarme para que os anticorpos entrem em ação quando o organismo dela é invadido por alguma doença que pode matá-la.
 
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O que nós estamos vendo é que o sistema imunológico da nossa democracia está “deprimido”. Ele também está doente. O vírus entra, deita, rola e arrebenta e ele não dá o alarme;  continua agindo como se tudo estivesse normal.
 
Com isso o organismo social não reage e deixa que a doença vá matando a sua sensibilidade moral que é o que segura a democracia em pé.
 
É preciso resgatar o valor do escândalo. Tem escândalo falso e tem escândalo autêntico. E o autêntico, mais que necessário, é o sinal vital da democracia. A capacidade de se indignar é imprescindível para a saúde moral da Nação. E isso SÓ A IMPRENSA PODE FAZER REVIVER.  Dos políticos é que não virá.
 
É preciso parar com essa ideia falsa de que ser profissional em jornalismo é tratar como se fosse normal aquilo que não é normal ou como se fosse saudável aquilo que é doente
.
 
Veja-se o exemplo da cidadezinha de Hampton, na Florida, que o Jornal Nacional mostrou ontem. Montaram lá uma indústria de multas de trânsito; os funcionários da prefeitura gastaram 70 mil com cartões corporativos; a cidade deve 300 mil e não paga.
Normal?
 
No Brasil é coisa de criança. Não ha quem não faça. Mas lá o prefeito já está na cadeia, com o devido uniforme de presidiário, mas só isso não basta. Se não aparecer a grana da indústria de multas que sumiu e a cidade não pagar sua dívida, vão acabar com ela como unidade política autônoma e incorporá-la à cidade vizinha.
 
É assim que se trata essas estripulias. É assim que se trata essa cambada!
Corrupto tem em todo lugar. Não é privilégio do brasileiro. É privilégio da espécie humana.
Mas se deixar o corrupto ganhar a parada depois de desmascarado como corrupto vai tudo pra cucuia. Não dá mais nem pra mãe da favela convencer o filho de que é melhor estudar que entrar para o tráfico, nem pra mãe do Leblon convencer o dela que é melhor trabalhar que puxar saco de político pra arrumar uma beira pra roubar a Petrobras. E o país apodrece de cabo a rabo.

Teve outro momento chocante no Jornal Nacional de ontem, aliás, que ligou alarmes em mim que nunca tinham soado antes. Viram aqueles moleques do morro depredando um carro da polícia e dando porrada nos PMs que corriam pra lá e pra cá sem reagir?
O que é que é aquilo, meu deus do céu?!
 
Segundo a Globo – e eu vi a cena e a repetição desse diagnóstico umas 10 vezes em todo os jornais de todos os canais de notícias de Jacarepaguá que estão sempre ligados aqui no meu posto de observação – trata-se de “uma nova estratégia usada pelo tráfico para desmoralizar as UPPs”!!!
 
É nada! Quem desmoraliza a polícia é a imprensa com o modo absurdamente desequilibrado como ela cobre um lado e outro dessa guerra. Não precisa “estratégia” nenhuma pra desmoralizar as UPPs.
A PM está tomando cascudo e chute na bunda de pivete no centro nacional do crime organizado na véspera da Copa do Mundo porque a polícia já está desmoralizada. E não foi o tráfico que fez isso. O tráfico não tem poder para tanto, como já mostrei no artigo de ontem.
 
Enfim, meus caros amigos, a imprensa está precisando ir pro divã correndo. Ela é a única esperança que nos resta mas, se não abrir o olho, se não reativar o seu nervo moral adormecido,  se não reassumir a função institucional para a qual está titulada e legitimada em todo lugar civilizado do mundo, roda já pra onde já rodaram as da Venezuela e da Argentina, e nós todos com ela porque já não sobra mais nada em pé.
 
b00
12 de março de 2014
vespeiro

CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS... NA POLÍTICA.

Brasil é o único país do mundo onde o turismo é causa de inflação
Assistindo o Jornal Hoje, na Globo, interessei-me por uma notícia sobre a atual inflação, onde os alimentos foram o destaque pela disparada dos preços. Lógico que ao chegar na hora das justificativas do governo, veio aquela fieira de desculpas esfarrapadas: foi por causa da seca no sul e das enchentes do norte onde, por certo, as plantações de biscoito e macarrão foram prejudicadas, boi que engordou e virou pelanca, boi que emagreceu e virou osso, e por aí afora. Mas desliguei logo depois da desculpa mais absurda atrelada ao resto: as férias escolares e o turismo também foram responsáveis. Desliguei imediatamente.

Gente vagabunda e escrota, esses petralhas, que investem tudo que podem na imbecilização do povo, sem o menor escrúpulo, para depois se manterem no poder por meio das mentiras mais escabrosas. Um partido que se diz dos trabalhadores que só faz maltratar, torturar e condenar ao ostracismo e à morte a grande maioria da população trabalhadora que o sustenta, mas que ele ceva com capim.

São filhos da puta, sim! São genocidas! 

Tudo dominado

Elio Gaspari lembrou bem hoje:

“Ganha uma viagem a Roma, com direito a hotel “padrão Dilma”, quem souber apontar uma só política pública associada ao descontentamento do PMDB com o atual governo, os passados e os futuros. Se o deputado Eduardo Cunha, líder da bancada do partido e porta-voz da insatisfação, estivesse discutindo transportes públicos, muito bem. Difícil que o faça, a menos que pretenda começar pela promiscuidade existente nas relações dos governos do Rio de Janeiro com os concessionários. Ele também poderia estar descontente com a inépcia dos ministérios da Educação, ou da Saúde, mas disso seu PMDB não se queixa. A bandeira mais visível da oposição, ajudada pelos rebeldes, foi a proposta de instalação de uma comissão externa para investigar a Petrobras.”

Pois é. É claro que essa briga de bandidos agrada muito quem é oposição. É claro também que o caso das propinas da Petrobras tem que ser investigado, mas será que alguém acredita que o PMDB fez com que essa CPI das propinas fosse aprovada pelo amor à Pátria de cada um dos deputados que votaram contra o governo? Alguém duvida que o resultado dessa pirraça acabe em pizza quando o PT ceder um pouco (e vai ceder porque é ano de eleição)?

Dói muito chegar à triste conclusão que não vai ser em uma, duas ou dez eleições que vamos ter representantes dignos, mesmo se levando em consideração a remotíssima possibilidade do eleitor votar com consciência. A calhordice já está tão arraigada no meio político que a exceção virou regra geral e quase unânime: se não for canalha, desonesto, escroto, mau-caráter, moleque, ordinário, salafrário e sem-vergonha, não chega ao “pudê”.

E que me desculpem e esperneiem os que não concordarem, mas se essa sujeira toda não foi invenção do PT, ela foi institucionalizada por ele.

Não tem vacina que dê jeito em demência congênita

“E é muito importante que nós estejamos aqui preocupadas com as meninas, porque as meninas de hoje são as mulheres de amanhã. As mulheres de amanhã, elas vão ter cada vez mais, mais do que na minha vez, mais do que na vez das mais novas que eu, mas já adultas, tiveram”.
Dilma Rousseff, no anúncio da imunização contra HPV, internada por Celso Arnaldo Araújo ao comprovar que não há vacina contra a sintaxe doentia do dilmês.
O “missionário” R.R. Soares colocará mais um filho na política - o quinto. Felipe Soares será candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro.
 
 
Já são políticos David Soares (vereador em São Paulo), Marcos Soares (deputado estadual no Rio de Janeiro), Daniel Soares (vereador em Guarulhos) e André Soares (deputado estadual em São Paulo).

Não sei se é caso único, mas é muito raro que todos os cinco irmãos de uma família sigam a mesma carreira, principalmente levando-se em conta que Soares não é político - pelo menos não oficialmente. E isso me cheira mal porque é óbvio que há interesses por trás, que nem de longe passam pelo dever cívico de zelar pelo povo e pela Nação.

R.R. Soares é proprietário da Graça Artes Gráficas e Editora Ltda. (adquirida em 1983), da Graça Music (uma gravadora gospel), da Graça Editorial (uma editora) e da Graça Filmes, lançada em 2010 (distribuidora e produtora de longas). As outras, tais como STB (Superior Technologies in Broadcasting), RIT, Nossa Rádio e Nossa TV (rede de TV por assinatura), pertencem à Igreja Internacional da Graça de Deus e em nome Dele, R.R.Soares pede que acreditem que ele não lucra um tostão com elas, apesar de ter uma fortuna acumulada de R$ 300 milhões.
 
12 de março de 2014

BRASIL É O ÚNICO PAÍS DO MUNDO ONDE O TURISMO É CAUSA DE INFLAÇÃO

Assistindo o Jornal Hoje, na Globo, interessei-me por uma notícia sobre a atual inflação, onde os alimentos foram o destaque pela disparada dos preços.
Lógico que ao chegar na hora das justificativas do governo, veio aquela fieira de desculpas esfarrapadas: foi por causa da seca no sul e das enchentes do norte onde, por certo, as plantações de biscoito e macarrão foram prejudicadas, boi que engordou e virou pelanca, boi que emagreceu e virou osso, e por aí afora.
Mas desliguei logo depois da desculpa mais absurda atrelada ao resto: as férias escolares e o turismo também foram responsáveis.
Desliguei imediatamente.
 
Gente vagabunda e escrota, esses petralhas, que investem tudo que podem na imbecilização do povo, sem o menor escrúpulo, para depois se manterem no poder por meio das mentiras mais escabrosas.
 
Um partido que se diz dos trabalhadores que só faz maltratar, torturar e condenar ao ostracismo e à morte a grande maioria da população trabalhadora que o sustenta, mas que ele ceva com capim.
 
São filhos da puta, sim! São genocidas! 
 
12 de março de 2014

TUDO DOMINADO


Elio Gaspari lembrou bem hoje:
 
“Ganha uma viagem a Roma, com direito a hotel “padrão Dilma”, quem souber apontar uma só política pública associada ao descontentamento do PMDB com o atual governo, os passados e os futuros. Se o deputado Eduardo Cunha, líder da bancada do partido e porta-voz da insatisfação, estivesse discutindo transportes públicos, muito bem. Difícil que o faça, a menos que pretenda começar pela promiscuidade existente nas relações dos governos do Rio de Janeiro com os concessionários. Ele também poderia estar descontente com a inépcia dos ministérios da Educação, ou da Saúde, mas disso seu PMDB não se queixa. A bandeira mais visível da oposição, ajudada pelos rebeldes, foi a proposta de instalação de uma comissão externa para investigar a Petrobras.”
 
Pois é. É claro que essa briga de bandidos agrada muito quem é oposição. É claro também que o caso das propinas da Petrobras tem que ser investigado, mas será que alguém acredita que o PMDB fez com que essa CPI das propinas fosse aprovada pelo amor à Pátria de cada um dos deputados que votaram contra o governo? Alguém duvida que o resultado dessa pirraça acabe em pizza quando o PT ceder um pouco (e vai ceder porque é ano de eleição)?
Dói muito chegar à triste conclusão que não vai ser em uma, duas ou dez eleições que vamos ter representantes dignos, mesmo se levando em consideração a remotíssima possibilidade do eleitor votar com consciência. A calhordice já está tão arraigada no meio político que a exceção virou regra geral e quase unânime: se não for canalha, desonesto, escroto, mau-caráter, moleque, ordinário, salafrário e sem-vergonha, não chega ao “pudê”.
E que me desculpem e esperneiem os que não concordarem, mas se essa sujeira toda não foi invenção do PT, ela foi institucionalizada por ele.
 
12 de março de 2014

NÃO TEM VACINA QUE DÊ JEITO EM DEMÊNCIA CONGÊNITA


“E é muito importante que nós estejamos aqui preocupadas com as meninas, porque as meninas de hoje são as mulheres de amanhã. As mulheres de amanhã, elas vão ter cada vez mais, mais do que na minha vez, mais do que na vez das mais novas que eu, mas já adultas, tiveram”.
Dilma Rousseff, no anúncio da imunização contra HPV, internada por Celso Arnaldo Araújo ao comprovar que não há vacina contra a sintaxe doentia do dilmês.

AVANÇOS E RECUOS

A produção industrial brasileira cresceu 2,9% no primeiro mês deste ano em comparação com dezembro de 2013. É o que constatou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Industrial Mensal. O resultado interrompe trajetória de queda que começou em novembro (-0,6%) e se repetiu em dezembro (-3,7%).
A indústria de bens de capital foi a que mais cresceu de dezembro para janeiro: 10%. A de bens de consumo apresentou alta de 2,3%, sendo 3,8% nos bens duráveis e 1,2% nos semiduráveis e não duráveis, enquanto os bens intermediários tiveram incremento de 1,2%.

Com a exceção dos bens de capital, que acumulam alta de 12,1% nos últimos 12 meses, as outras categorias de uso somam quedas, de 0,2% a 1%. Mas há uma sinalização de certa melhoria: a venda de papelão ondulado da indústria cresceu 5,09% em fevereiro em relação a igual mês de 2013, auferindo 262,852 mil toneladas (mas, ante janeiro, houve recuo de 5,36%).

Segundo a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO), no acumulado dos dois primeiros meses deste ano, registrou-se alta de 3,29% sobre o mesmo período de 2013, para 540,6 mil toneladas. Deduz-se que a produção de embalagens aumentou devido a mais pedidos da indústria.

A pesquisa, divulgada ontem, mostra que 17 dos 27 ramos tiveram aumento na produção de janeiro em relação a dezembro. A indústria farmacêutica, com alta de 29,4%, foi uma das principais influências positivas, assim como a de veículos automotores, que, com 8,7% de crescimento, interrompeu tendência negativa que vinha se repetindo desde outubro.

Contudo, o segmento do fumo está entre os que tiveram perdas significativas na produção (-47,6%). Também amargaram resultado para baixo setores como produtos químicos (-2,5%), metálicos (-2,7%) e álcool (-2,2%). Quanto à utilização da capacidade instalada (UCI), a indústria de transformação ficou em 82,7% no primeiro mês do ano, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em dezembro, o indicador estava em 82,1%; em janeiro, 83,5%.

O uso do parque fabril cresceu na comparação com janeiro de 2013 em 10 dos 21 setores pesquisados, mostrando comportamento heterogêneo da indústria. Os setores que tiveram alta da UCI foram bebidas, têxteis, madeira, celulose e papel, derivados de petróleo e biocombustíveis, químicos, máquinas e materiais elétricos, outros equipamentos de transporte, móveis e produtos diversos. Por sua vez, a produção de cerveja avançou 12,8%, passando de 1,072 bilhão de litros há um ano para 1,209 bilhão de litros no mês passado. As vendas internas de máquinas agrícolas no atacado atingiram 5.615 unidades em fevereiro, alta de 48,9% na comparação com janeiro e recuo de 9,6% ante fevereiro de 2013.

Resumo da ópera: a economia dá sinais de recuperação, mas há um quadro concreto de instabilidade. Há avanços substantivos e recuos significativos, o que gera clima de incertezas. A hora é para mais trabalho, produtividade e investimentos em infraestrutura, para que o país volte aos eixos do pleno crescimento.

 
12 de março de 2014
Editorial Correio Braziliense

AS PREOCUPANTES DEFICIÊNCIAS DA JUSTIÇA ELEITORAL

 
 

OS RISCOS DA LEI ANTITERRORISMO

Defensores da adoção de uma lei antiterrorismo acenam com a proximidade dos eventos esportivos, mas o projeto que tramita no Senado tem diversos problemas

Quando o repórter cinematográfico Santiago Andrade morreu, vítima de um rojão disparado por vândalos durante uma manifestação no Rio em fevereiro, o Congresso acreditou que daria uma resposta rápida à sociedade analisando o Projeto de Lei do Senado 499/2019, a Lei Antiterrorismo, de autoria de uma comissão mista. No entanto, após diversas objeções à lei terem sido levantadas, os senadores resolveram suspender a tramitação. Mas, neste mês, o tema deve voltar à pauta, segundo informou a Gazeta do Povo no domingo.

Os defensores da adoção de uma legislação específica contra o terrorismo têm pontos importantes a seu favor. É verdade que, exceto por alguns episódios registrados durante a ditadura militar – seja por parte dos próprios militares (como o frustrado atentado do Riocentro) quanto por parte de grupos de guerrilha armada que se opunham ao governo –, o terrorismo é uma realidade praticamente desconhecida no Brasil. Mas o país está prestes a sediar dois grandes eventos esportivos que atrairão a atenção de todo o mundo: a Copa, neste ano, e os Jogos Olímpicos, em 2016 – a Olimpíada, inclusive, já sofreu com atos terroristas, como os de Munique (em 1972) e Atlanta (em 1996). No entanto, por mais importantes que sejam esses fatores, o projeto que tramita no Senado tem diversos problemas que o tornam totalmente inadequado para dar uma resposta ao problema que pretende combater.

Todas as condutas descritas como crimes no PLS 499 já estão presentes no Código Penal; bastaria que a lei já existente fosse corretamente aplicada. O que a Lei Antiterrorismo propõe, na prática, é aplicar penas mais severas para os mesmíssimos crimes já previstos, caso eles tenham “motivação terrorista”. E é aí que começam os problemas, pois a discussão nos tribunais vai girar em torno da intenção do criminoso e da própria definição de terrorismo, pois a lei é um tanto vaga nessa conceituação (“provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade de pessoa”).

É preciso questionar: faz sentido ter duas punições diferentes para um mesmo crime, diferenciando-as por um critério tão subjetivo quanto a intenção do réu? Fazer uma corte definir se um criminoso realmente tinha motivação terrorista, ou provocar um tribunal superior para que esclareça o conceito de terrorismo, é pedir por uma batalha jurídica que pode levar anos e provocar impunidade. Se um magistrado considerar que as penas são completamente desproporcionais à gravidade do ato cometido, ele tenderá a deixar de lado a acusação de terrorismo, minando a própria eficácia da lei.

E, considerando as emendas apresentadas ao texto original, há um outro risco gravíssimo: de acordo com proposta do senador Pedro Taques (PDT-MT), a Lei Antiterrorismo teria uma excludente: “não constitui crime de terrorismo a conduta individual ou coletiva de pessoas movidas por propósitos sociais ou reivindicatórios, desde que os objetivos e meios sejam compatíveis e adequados à sua finalidade”, afirma o texto da emenda, feita sob medida para livrar diversos movimentos alinhados com o petismo. Essa emenda propõe, na prática, a legitimação do crime, quando praticado por motivos considerados “nobres” (ou seja, aqueles alinhados à ideologia do governo atual).

Não é por falta de leis que o Brasil hoje parece entregue à violência; leis existem, e há quem pense que existem até em demasia. Black blocs, vândalos e movimentos que recorrem a métodos considerados “terroristas” efetivamente precisam ser contidos e punidos. Mas já existem leis para isso; o que as forças de segurança e a Justiça precisam fazer é aplicá-las corretamente, sem leniência. Afinal, como já ressaltamos inúmeras vezes, é principalmente a impunidade que faz crescer a criminalidade. Se o Brasil quer realmente eliminar a violência, terrorista ou não, precisa primeiro resolver essa situação em que os autores de crimes muito raramente pagam por eles. Sem isso, nenhuma nova lei terá serventia.

MOBILIDADE PERVERSA

Uso de meios individuais de transporte avança mais que o de públicos na Grande São Paulo, que paga o preço de suas escolhas equivocadas

UMA DEPENDÊNCIA DESASTROSA

Mais uma operação de salvamento do comércio entre Brasil e Argentina será discutida nos próximos dias pelos governos dos dois maiores sócios do Mercosul. Além do vínculo ideológico entre a Casa Rosada e o Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff leva em conta, com certeza, uma segunda motivação, tão importante quanto prosaica. O mercado argentino continua sendo um dos principais destinos dos manufaturados brasileiros - mais importante do que seria, se a política externa brasileira tivesse mantido, a partir de 2003, o tradicional pragmatismo do Itamaraty. Como a Argentina está muito perto de uma crise cambial, as autoridades brasileiras poderão, segundo se informa em Brasília, favorecer o uso mais amplo das moedas nacionais nas trocas bilaterais.

Esse expediente já foi tentado há alguns anos, mas sem sucesso. Como era previsível, o comércio continuou baseado no dólar, porque os empresários pouco se interessaram pela alternativa. Mas a política da presidente Cristina Kirchner, fiel ao padrão imposto por seu marido, tornou cada vez mais difícil um intercâmbio normal entre os sócios do Mercosul.

O problema da forma de pagamento volta à agenda, neste momento, porque a situação argentina se agravou continuamente desde a eclosão da crise global, em 2008. Suas importações ficaram sujeitas, nos anos seguintes, a um protecionismo crescente e a regras severas de controle cambial - uma situação cada vez mais incômoda para as empresas brasileiras.

A discussão sobre o uso das moedas nacionais já começou entre os governos dos dois países, com alguma participação de empresários, segundo o Estado noticiou ontem. O arranjo pode ser complementado com um esquema de financiamento bancado pelo lado brasileiro. Se algo desse tipo se confirmar, o governo argentino terá conseguido, finalmente, abrir a empresas de seu país o acesso ao crédito oficial brasileiro. Essa tem sido uma antiga reivindicação da presidente Cristina Kirchner.

O governo brasileiro tem geralmente cedido às pretensões argentinas, quando se trata de fixar as condições de comércio entre os dois países. Essa boa vontade tem sido em grande parte ditada por afinidade ideológica - os dois governos têm apoiado o bolivarianismo - e também pela ilusão de uma liderança regional brasileira. Aceitar as imposições de alguns vizinhos seria parte do preço dessa liderança imaginária. Mas outro fator vem ganhando peso crescente: a dependência excessiva do mercado argentino, consequência de uma série de erros estratégicos da diplomacia econômica petista.

No ano passado a Argentina absorveu 8,1% das exportações brasileiras. A parcela vendida pelo Brasil aos EUA, de 10,3%, foi pouco maior. A China tem sido o único mercado individual com participação maior que a americana e a argentina na absorção de produtos brasileiros (19% no ano passado).

O crescente problema cambial argentino torna essa dependência cada vez mais perigosa. No primeiro bimestre deste ano, o Brasil vendeu à Argentina 16% menos, em valor, do que em janeiro e fevereiro de 2013. O lado brasileiro ainda foi superavitário, mas a redução das vendas prejudicou seriamente o resultado geral do comércio.

Estados Unidos e União Europeia também são importantes mercados para a indústria brasileira. No primeiro bimestre, 45% das exportações para os Estados Unidos foram de manufaturados. Incluídos os semimanufaturados, a proporção das vendas industriais chegou a 66,23%. Esse comércio poderia ser muito mais dinâmico, se os governos brasileiro e argentino houvessem apoiado, há cerca de dez anos, a conclusão do acordo da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Outros sul-americanos negociaram acordos com os EUA e com outros países avançados e com isso dinamizaram suas exportações. O Brasil ficou preso a um Mercosul emperrado. Nem as negociações com a União Europeia foram concluídas, em grande parte por causa da resistência argentina. A desastrosa dependência do mercado argentino é uma das consequências desses erros.

 
12 de março de 2014
Editorial O Estadão

MANGAS DE FORA

O menos conhecido entre os postulantes à Presidência na eleição deste ano, o governador Eduardo Campos precisa virar notícia. O caminho mais curto é polemizar com quem já é notícia: a presidente Dilma Rousseff.

Independentemente de ela responder - o que provavelmente não fará -, os ataques diretos à presidente rendem espaço no noticiário político ao governador de Pernambuco e ajudam na identificação como candidato de oposição junto ao eleitorado.

Uma fórmula simples. Opção arriscada, diriam alguns, pois representa um caminho sem volta. Seria, se nessa altura Eduardo Campos ainda estivesse apostando em alguma forma de convivência com os ex-aliados do PT.

Não parece. Ou melhor: tudo indica que o governador agora atravessou mesmo o seu rubicão. Resolveu assumir de vez o papel de oposicionista sem adjetivos, dispensando até mesmo o estágio na ambiguidade que marcou a conduta dos candidatos do PSDB nas últimas eleições presidenciais.

Os tucanos primeiro ficaram com receio de se contaminar com os problemáticos índices de popularidade do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e depois se conduziram com medo de se confrontar com o alto grau de popularidade de Luiz Inácio da Silva.

Não defenderam o legado de seus dois governos, viram o PT subtrair-lhes o patrimônio da estabilidade econômica e fizeram três campanhas presidenciais nas quais era complicado o eleitor perceber em que lado mesmo estavam os tucanos. Os discursos eram dúbios e os posicionamentos do partido nos Estados também.

Escolado nessas escapadelas - até porque Minas Gerais foi protagonista por três vezes de uma das mais evidentes -, o senador Aécio Neves quis acumular a candidatura com o posto de presidente do PSDB. Para controlar as alianças regionais do partido e evitar a formação de possíveis quintas colunas.

Voltando a Eduardo Campos, ele não pode dar-se ao luxo da dubiedade. Se não partir para o confronto, deixa esse espaço todo livre para o tucano Aécio. Além disso, fica eternamente na sombra do governismo federal e não trilha o caminho independente que pretende.

Nas últimas semanas fez duas frases de efeito citando nominal e diretamente a presidente da República. Na primeira, disse que ela estava de "aviso prévio". Ou seja, cumprindo seus últimos meses no cargo. Com isso, enfrentou logo um tema tabu, o de que Dilma está reeleita.

Pode até ser favorita, mas ele como adversário "à vera" precisa se comportar como quem tem chance de derrotá-la. A segunda frase de Eduardo Campos sinaliza a intenção de atrair a atenção dos descontentes com o desempenho e com a maneira de ser da presidente.

"O Brasil não aguenta mais quatro anos de Dilma", afirmou, numa oração de fácil compreensão e que se presta bem ao uso político da repetição de uma ideia força sem muita elaboração de conteúdo. Guardadas as proporções, é o que faz Lula.

Dessa fase de Campos não escapam os tucanos. Ontem entraram na roda por tabela, quando o governador acusou a presidente de "varrer para debaixo do tapete" as dificuldades da economia tal como fez Fernando Henrique antes da eleição de 1998. Assim, o candidato do PSB vai tentando não ficar a reboque de ninguém.

Avaliados os custos e os benefícios, digamos que não tem nada a perder. Pode ser visto como ingrato? Pode, mas quem o vê por essa ótica não vota nele, pois considera que seu compromisso com o PT deveria ser eterno.

Para isso, Eduardo Campos também tem resposta. Dirá que seu dever de lealdade começou e terminou com Lula. Dilma ele ajudou a eleger, não o contrário.

E o PT, quando o chamou de playboy mimado sem que Lula desautorizasse a declaração nem Dilma impusesse algum reparo, deu uma boa ajuda à decisão do governador de pôr as mangas formal e oficialmente de fora.

Para todos os efeitos, foi o governo quem começou.

 
12 de março de 2014
Dora Kramer, O Estado de S. Paulo

DERROTA SIMBÓLICA


A derrota do governo na votação do requerimento da criação de uma comissão externa para investigar na Holanda denúncias de corrupção na Petrobras foi o resultado de um dia inteiro de negociações para contornar a rebelião dos partidos da base, comandados pelo PMDB da Câmara.

Há duas facetas nesta crise política. A primeira, mais aparente, é a dissidência interna que revela o incômodo com a falta de reciprocidade do governo ao apoio dos partidos da aliança governista e, sobretudo, do próprio PMDB, que se sente sub-representado no governo Dilma.

Esse seria, na visão que o governo gosta de divulgar, o interesse fisiológico do PMDB, sobretudo na bancada da Câmara, que está em estado de rebelião e ontem se declarou avalista da ação do líder Eduardo Cunha, que o governo tentou em vão isolar dentro do partido.

Outra faceta, acobertada politicamente, é o projeto hegemônico do PT que, a longo prazo, pretende se ver livre não apenas do PMDB mas da maioria dos partidos que fazem parte da bancada aliada no Congresso.

O que mais se ouviu ontem nos discursos dos deputados, durante a votação do requerimento, foi que o governo Dilma tentou arrogantemente esmagar a ação do PMDB e dos demais partidos da base governista.

O próprio presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, ajudou a votação do requerimento, recusando o pretexto que o deputado Sibá Machado lhe deu, citando uma longínqua decisão da Câmara.

A bancada do Senado do PMDB tentou desqualificar a liderança do deputado Eduardo Cunha, como se ela não representasse a vontade da maioria real dos deputados do partido. E a vontade da maioria da Câmara foi tão clara que alguns partidos da base, como o PR, votaram unanimemente contra o governo que apoiam.

A sensação dos deputados era de uma declaração de independência em relação ao governo central, mesmo daqueles que não querem deixar de apoiar a presidente Dilma por ainda estarem convencidos de que ela é favorita na corrida presidencial.

De qualquer maneira, surgiu ontem no plenário da Câmara um movimento de pressão contra a maneira como o Palácio do Planalto vem lidando com seus ainda aliados. O que une essa maioria que apareceu no placar eletrônico é a rejeição à ação autoritária da presidente Dilma e, sobretudo, ao projeto de hegemonia do PT, de longo prazo e com objetivos claros de não precisar de apoios para governar o país.

Muitos deputados aproveitaram para desabafar na tribuna da Câmara, na tentativa de deixar portas abertas para uma retomada das discussões, pedindo uma relação mais adequada. Mas o fortalecimento da liderança do deputado federal Eduardo Cunha deve dificultar uma mudança do quadro, pois o que o Palácio do Planalto queria ontem era uma prova de que Cunha não representava a linha política do PMDB, o que foi desmentido pela votação do requerimento e, sobretudo, pelo documento de apoio da bancada à sua liderança.

O presidente do PMDB Valdir Raupp chegou a dar uma declaração forte desautorizando a atuação de Cunha, mas os fatos falaram mais alto. Em se tratando do PMDB, não será de se estranhar se a cúpula do partido reconhecer que a tendência da bancada de deputados é, na verdade, a da maioria das bases do partido.

Uma vitória como a de ontem, que chegou a ser comemorada por deputados de oposição como sendo o início do fim do governo Dilma, num evidente exagero, tem um peso político que não pode, no entanto, ser desprezado. Resta saber agora se a presidente Dilma terá capacidade de rever seus métodos de negociação com os partidos da base aliada.

Para isso, ela teria que ter uma humildade que não tem sido sua característica nos últimos anos. Ao contrário, a expectativa na Câmara ontem era de que ela tentaria retaliar a decisão do plenário, o que só dificultaria as relações já tão conturbadas na base aliada.

Como está convencida de que brigar com os políticos reforça a imagem de austeridade que agrada a classe média, pode ser que a presidente Dilma tente radicalizar em vez de negociar com os deputados do PMDB.

Ontem foi o dia em que a presidente Dilma ficou menor que o deputado Eduardo Cunha.
12 de março de 2014
Merval Pereira, O Globo