"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 17 de setembro de 2016

DE QUE LADO ESTÁ FHC?


ARTIGOS - MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO




Quem não conhece a história política e o pensamento de Fernando Henrique Cardoso talvez tenha ficado um tanto surpreso com seu artigo, escrito para o jornal O Globo, no dia 4 de setembro. Nele, o ex-presidente deixa claro quais são suas convicções políticas e de qual lado do espectro ele se encontra.

Quem um dia imaginou que FHC pudesse ser um representante da direita, ou de um neoliberalismo, como os esquerdistas amam apontar, pôde constatar ali que se equivocou redondamente.

Em seu texto, Fernando Henrique, apesar de fazer críticas pontuais ao PT, enxerga os erros do Partido dos Trabalhadores apenas na forma como seus integrantes atuaram nos últimos anos, jamais nas convicções políticas e nas bandeiras levantadas por eles.

Isso porque o PSDB, partido fundado por FHC no final dos anos 80, possui, em seu projeto, diferenças meramente marginais em relação ao que propõe o PT. Uma diferença de método, não de concepções sociais, certamente.

Na verdade, Fernando Henrique deixa claro que os esquerdistas como os petistas não são os verdadeiros inimigos, mas, no máximo, adversários circunstanciais brigando por um mesmo espaço de poder. Os inimigos de verdade estão mais à direita, e são aqueles que ele chama de “ultraconservadores em matéria comportamental”, denominando a união destes com outros grupos como “o atraso”.

Na cabeça de FHC, PSDB, PT, PMDB e DEM representam a vanguarda do pensamento político e aqueles que estão à direita representam o retrocesso. Dentro desse entendimento não surpreende o ex-presidente ainda cogitar a possibilidade do Partido dos Trabalhadores se reinventar, abrindo-se para um diálogo não hegemônico. É que, para ele, os erros do PT não são estruturais, mas circunstanciais. São, na verdade, um desvio de sua finalidade original nobre e justa.

Para quem não sabe, já em 1992, Fernando Henrique Cardoso participou da reunião do Diálogo Interamericano de Princeton e, naquela oportunidade, convidou Luiz Inácio Lula da Silva, além de outros membros do PT, a estarem juntos com ele. E os petistas apenas não se vincularam ao programa apresentado por já estarem comprometidos com o Foro de São Paulo.

Considerando que o Diálogo Interamericano previa o fornecimento de sustentação política aos eleitos da esquerda para que tomassem e fossem mantidos no poder, as atitudes de FHC em relação à transmissão do governo dele para Lula ficam fáceis de ser compreendidas. Passar a faixa presidencial para alguém da esquerda não significava, de nenhuma maneira, uma derrota, mas apenas mais uma etapa da construção da hegemonia socialista no continente.

É preciso ter em vista que o comprometimento de Fernando Henrique Cardoso com a ideologia que sempre defendeu, a saber, o socialismo, lhe torna amigo de seus adversários políticos atuais. Para ele, as disputas entre os esquerdistas é salutar e necessária, fazendo parte da dialética do próprio movimento.

O que fica claro em seu artigo é que o único movimento que parece ser inaceitável é o surgimento de políticos de direita e conservadores, que são vistos pelo ex-presidente como representantes do que há de mais retrógrado.

E, apesar de tudo, há ainda direitistas que acreditam que podem ter nesse senhor um aliado confiável. O erro, neste caso, é indesculpável.



18 de setembro de 2016
FABIO BLANCO

REFLEXÃO...

ENTÃO DISSE JESUS: "DEIXEM VIR A MIM AS CRIANÇAS E NÃO AS IMPEÇAM, POIS O REINO DOS CÉUS PERTENCE AOS QUE SÃO SEMELHANTES A ELAS."  (Mateus, 19.14)


significado-de-namaste


17 DE SETEMBRO DE 2016

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA CLAUDIO HUMBERTO


“Agora, Lula não pode mais dizer que não sabia de nada”

Deltan Dellagnol, procurador, ao denunciar Lula como o chefão da propinocracia

AGORA SÓ FALTA PRENDER O CHEFE DA PROPINOCRACIA

A denúncia devastadora contra o ex-presidente Lula, apresentada nesta quarta (14) pela força-tarefa da Lava Jato, provoca a pergunta que não quer calar: “Por que o ‘comandante máximo da propinocracia’ ainda não foi preso?” O meticuloso procurador Deltan Dallagnol mostrou como Lula, seu PT e cúmplices implantaram um esquema criminoso que resultou, só na Petrobras, num roubo de R$ 6,2 bilhões.

DEVOLVE AÍ, COMPANHEIRO

Num primeiro momento, o MPF exige na Justiça que o ex-presidente Lula devolva R$ 87 milhões aos cofres públicos em apenas um caso.

PODER CORROMPIDO

Segundo Dallagnol, o objetivo de Lula com a ladroagem era “garantir a governabilidade”. Mas só assegurou a “governabilidade corrompida”.

VIROU REGRA

Procuradores verificaram que o esquema de Lula chegou ao ponto de não ser mais necessário cobrar propina. Já havia virado regra.

POLÍTICO 171

Lula é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio, enriquecimento ilícito, falsidade ideológica etc.

PF MONITORA LULA POR NÃO DESCARTAR POSSÍVEL FUGA

A Polícia Federal monitora Lula por não pode descartar a hipótese de fuga. Afinal, há possibilidade concreta de decretação de sua prisão. O ex-presidente tem dito que não “reconhece” a autoridade do juiz Sérgio Moro e insiste em ser julgado só pelo Supremo Tribunal Federal. Mas foi a fuga de Mauricio Funes, ex-presidente de El Salvador, amigo de Lula, acusado de corrupção, que ligou o “alerta” na força-tarefa.

À IMAGEM E SEMELHANÇA

Mauricio Funes se diz “petista”, o marqueteiro João Santana fez sua campanha e ele era casado com uma brasileira filiada ao PT.

PARTIU ‘EXÍLIO’

Investigadores apuram contatos de Lula com governantes da América do Sul e da África que seu governo financiou fortemente.

SEMPRE OS MESMOS

Além do Uruguai, Lula tem relações próximas com governantes da Venezuela e Equador e outros países integrantes do “Foro São Paulo”.

PRISÃO SOLICITADA

O procurador Deltan Dallagnol não informou se havia pedido a prisão de Lula, lembrando que o MPF jamais divulga o que pretende fazer. Mas a verdade é que a prisão de Lula foi mesmo solicitada.

PT PODE SER EXTINTO

A devastadora denúncia contra Lula terá efeito colateral: o Tribunal Superior Eleitoral retoma o processo da extinção do PT, cancelando seu registro por “doações” de dinheiro roubado da Petrobras.

CORRENDO PARA O ABRAÇO

Enquanto a força-tarefa da Lava Jato revelava detalhes da denúncia contra o “poderoso chefão”, a pergunta se recusava a calar: quando é que Lula, que para o MPF é o “chefe supremo da corrupção”, vai se juntar na cadeia a José Dirceu, o “gerente da organização criminosa”?

SÓ VÊ O QUE QUER

Deputado Pedro Uczai (PT-SC) viaja na maionese, na Câmara. Ele disse que Lula, denunciado pelo Ministério Público por corrupção, é “perseguido”. Ele não vê qualquer caso envolvendo o ex-presidente.

CRUELDADE

Na Câmara, deputados ficaram estarrecidos com a morte do labrador Nego, cão sacrificado pela ex-presidente Dilma após o impeachment. “Não estava acreditando”, disse o perplexo Laércio Oliveira (SD-SE).

HONROSAS EXCEÇÕES

Os senadores Reguffe (Sem partido-DF) e Eunício Oliveira (PMDB-CE) não participaram da farra de pedidos de “ressarcimento” de gastos. Esse tipo de despesa já nos custou R$ 12,18 milhões só até agosto.

VOLTOU AO NORMAL

A Câmara retornou ao ritmo normal... de falta de trabalho. Após a cassação de Eduardo Cunha, só meia dúzia de gatos pingados apareceu para trabalhar, ontem. Mas os salários não serão cortados.

RECORDAR É ELEGER

Dos dez senadores do PT e de Dilma, sete são investigados ou respondem a processos. Ângela Portela (RR), Gleisi Hoffmann (PR), Humberto Costa (PE), Jorge Viana (AC), Lindbergh Farias (RJ) e Paulo Rocha (PA) são alvos de investigação no Supremo Tribunal Federal.

PENSANDO BEM...

...não foi a casa que caiu; foi o tríplex.

PODER SEM PUDOR

CORRENDO FROUXO

Então senador pelo Piauí, o folclórico Mão Santa (PMDB) acusou Lula de editor de flâmula:

- Ele tirou o "Ordem e Progresso" da bandeira do Brasil e botou "Desordem e Regresso"!

Presidindo a sessão, Tião Viana (AC), ex-líder do governo, caiu na risada, como quase todo o plenário. Mas não saiu em defesa de Lula.


17 de setembro de 2016

AMEAÇAS DO SUBTERRÂNEO


BRASÍLIA - Sentindo-se abandonado pelo grupo que ajudou a alçar ao poder, Eduardo Cunha caiu atirando. Na primeira entrevista após a cassação, ele ameaçou abrir fogo contra o governo de Michel Temer e atacou o deputado Rodrigo Maia, que o substituiu no comando da Câmara.

O correntista suíço começou a dar recados na madrugada desta terça (13), antes mesmo de deixar o Congresso. Assim que saiu do plenário, ele reuniu jornalistas e avisou que pretende lançar um livro com revelações sobre a engenharia da derrubada do governo Dilma Rousseff.

"Vou contar tudo o que aconteceu no impeachment, com todos os personagens que participaram de diálogos comigo. Esses serão tornados públicos em toda a sua integralidade. Todos, todos, todos. Todo mundo que conversou comigo", prometeu o agora ex-deputado. Questionado se havia gravado as conversas, ele respondeu com um sorriso irônico: "Tenho boa memória".

Magoado, o peemedebista culpou o Planalto por sua desgraça. Seu primeiro alvo foi o ex-ministro Moreira Franco, a quem batizou de "eminência parda" por trás de Temer.

Poucas horas depois, ele voltou a mira contra o presidente do Senado, Renan Calheiros. "Espero que os ventos que nele chegam através de mais de uma dezena de delatores e inquéritos no STF, incluindo [o delator] Sérgio Machado, não se transformem em tempestade", provocou.

As ameaças do ex-presidente da Câmara viraram o principal assunto em Brasília depois da sua cassação. Ninguém sabe ao certo o que ele está disposto a contar e, principalmente, se o governo Temer seria capaz de resistir a uma possível delação.

Desde os tempos da Telerj, no governo Collor, Cunha cultiva a reputação de fabricar dossiês contra adversários. A diferença é que ele não pode mais usá-los para acumular poder ou ampliar os negócios. Agora as informações do subterrâneo da política se tornaram a sua última arma para tentar escapar da cadeia.



17 de setembro de 2016
Bernardo Mello Franco, Folha de SP

IMITAÇÕES DE VIDAS

O caro leitor e a prezada leitora podem reparar: Eduardo Cunha e os petistas de modo geral usam a mesma linguagem. Adotam métodos semelhantes e argumentos muito parecidos para justificar as respectivas descidas ao inferno depois de experimentarem as delícias do paraíso. A começar pela adoção do ataque como defesa, estratégia que, no caso deles, nem sempre se mostrou a melhor prática.

Aqui desmentem o velho lema, mas, no conjunto das desastrosas obras, confirmam o ensinamento do dito segundo o qual quem almeja em excesso acaba perdendo tudo. Sendo o pecado original e deflagrador da derrocada, a perda de noção da realidade, atributo dos insensatos.

Começam satisfeitos com a conquista do poder, logo se deixam embriagar por ele, em seguida se convencem da condição de onipotentes e em pouco tempo transformam-se em napoleões de hospício, dizendo qualquer coisa que lhes venha às cabeças, crentes de que são invencíveis a despeito das circunstâncias adversas criadas por eles em sua incapacidade de reconhecer o equívoco – quando lhes bate à porta ou quando já materializado na forma de péssimas consequências.

A culpa é sempre dos outros. Dos primeiros aos últimos escândalos de corrupção nos quase quatro governos do PT, Luiz Inácio da Silva e Dilma Rousseff nunca sabiam de nada daquilo que o País via exposto em denúncias, investigações, processos e condenações. A responsabilidade no início era de grupos isolados ou de “traidores” da confiança alheia.

À medida que foi ficando impossível sustentar a alegação que colocava ambos na condição de presidentes néscios, a culpa passou a ser da perseguição dos adversários, da elite insatisfeita com a alegria dos pobres, da ingratidão dos agraciados. Da arbitrariedade da Suprema Corte de Justiça, dos excessos da Polícia Federal, da leviandade do Ministério Público, da maldade de Joaquim Barbosa, da pérfida vaidade do juiz Sérgio Moro, dos golpistas conspiradores, dos vingativos congressistas, do traiçoeiro vice-presidente Temer, de Cunha o anjo mau maior.

Nada, nada mesmo a ver com a irresponsável e populista gastança, com a abertura dos cofres públicos e do aparelho de Estado à sanha de ladrões, com o menosprezo pelo contraditório, com a soberba petista no trato dos aliados como subordinados. Com a arrogância de Dilma na imposição de suas convicções erráticas, com a suposição de que popularidade e votos sirvam de salvo-conduto ao vale tudo. Com a cínica negativa de evidências, impertinência autodefinidos como heróis da resistência, com a compra de brigas erradas, as alianças espúrias e a recusa em ouvir os que aconselhavam na direção do acerto e eram mandados à companhia do agourento Velho do Restelo sem escusas pelo desrespeito a Camões.

Eduardo Cunha também quis cair atirando sem dispor de munição essencial: credibilidade. Anunciou a publicação de um livro “contando” tudo. José Dirceu fizera o mesmo e desistiu da empreitada. Antes da carreira de escritor, Cunha tem outras preocupações mais atinentes à residência onde Dirceu vive restrição de liberdade.

Tido e havido como poderoso incondicional e visto em sua imaginação como presidente da República, terminou na noite de segunda-feira dono de escassos 10 votos. Frutos de seus tropeços. Da mentira, do uso da Casa (por extensão dos colegas) como instrumento de seu desejo, da crença no lema “comigo ninguém pode”. Nem o Ministério Público a quem desafiou na pessoa de Rodrigo Janot nem a sociedade a quem pretendeu convencer da posição de perseguido político, herói do impeachment, vítima de um golpe. Tudo culpa do PT, da covardia eleitoral dos colegas, de uma urdidura do governo.

Há mais um traço de união entre Cunha e o PT, expresso em antigo dístico: são anjos de candura amarrados pela cintura.

17 de setembro de 2016
Dora Kramer, Estadão

BRASIL E CHINA ENCONTRAM-SE NA ENCRUZILHADA DA GLOBALIZAÇÃO

Brasil e China encontram-se na encruzilhada da Globalização. O Brasil busca mudar o seu padrão de crescimento com menor dependência no consumo interno e maior ênfase em investimentos. A China está crescendo menos, mas talvez melhor. Tem se reorientado para a produção de bens de maior valor agregado, mais incentivos ao mercado interno e portanto menor dependência nas exportações.

A julgar pelas taxas de crescimento de Brasil e China, podemos dizer que a renda per capita desses países deve a mesma em 2020. A China tem adotado desde 1978 um modelo de industrialização voltado a exportações. O Brasil tem praticado diferentes variantes da estratégia de substituição de importações.

Os chineses buscaram acordos comerciais (inicialmente na forma de tratamento de sua economia como "nação mais favorecida. Implementaram desde os anos 80 PPPs (parcerias público-privadas) voltadas à infra-estrutura para o comércio exterior e administraram para baixo o câmbio e a remuneração dos fatores (o valor pago pela mão-de-obra, por exemplo). Já o Brasil recorreu frequentemente ao protecionismo, alento ao mercado interno e incentivo em compras governamentais ao conteúdo local.

O êxito ou fracasso desses modelos e seu impacto na renda estará associado à adaptação ante um verdadeiro "eclipse"da economia global. Como o cenário global mudou, esses dois países também têm de "reinventar" suas estratégias econômicas.

A China tem acelerado sua adaptação criativa e, mediante exuberantes superávits comerciais e sucessivos excedentes orientados estrategicamente à pesquisa, desenvolvimento e inovação, está aproximando-se do centro denso em tecnologias. Já lidera o mundo em energia solar, por exemplo. Em 2020, chegará à marca de 2,5% de seu PIB voltados à inovação, superior portanto à media de 2,1% dos países da OCDE. O Brasil continua no patamar de apenas 1% de seu PIB em pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Já foi possível sentir isso nos últimos 15 anos. Este renovado sistema internacional em que há uma centralidade da China fez reemergir, para países como o Brasil, lógica semelhante ao padrão Norte-Sul das vantagens comparativas do século 19. A tonelada chinesa exportada ao Brasil vale US$ 3 mil, enquanto a tonelada brasileira à China menos de US$ 170. Esta relação leva a uma sensação de efêmera de potencial prosperidade, pois os benefícios do comércio em commodities não têm se traduzido em investimentos nas áreas de ponta deste cenário global de acirradas rivalidades tecnológicas.

Daí o Brasil ter grandes dificuldades em promover ganhos sustentados de renda ao longo do tempo, pois sua produtividade permanece muito baixa. De 1992 e 2007 a Produtividade Total dos Fatores (PTF) no Brasil cresceu apenas 11.3%. No mesmo período, a PTF cresceu a uma média anual de 4% na China. Estes parâmetros reforçam a noção de que os períodos de elevado crescimento da economia brasileira associam-se (I) à vigorosa demanda global por commodities em que o Brasil apresenta vantagens comparativas ou (II) a períodos de proteção do mercado via substituição de importações, forte papel do Estado na composição da demanda e consumo interno voraz.

Pode-se perguntar, o Brasil ganha ou perde com a mudança do perfil da economia chinesa em direção a uma maior participação do mercado interno? Em geral a reconversão do modelo econômico chinês diminui as oportunidades relativas para o Brasil. Os grandes beneficiários da mudança são os países que podem atrair empresas que hoje produzem na China e cujas matrizes encontram-se descontentes com os custos de produção em alta naquele país, caso da mão-de-obra e do preço dos imóveis. São países como o México, que tem acordo de livre comércio com os Estados Unidos, e os do entorno geográfico chinês, como Tailândia, Indonésia e Vietnã.

Um dos mais impactantes fenômenos da economia global nos próximos dez anos será a migração de postos de trabalho da China para outros países. Cerca de 10 milhões de empregos sairão da potência asiática, que deixará cada vez mais de ser apenas uma plataforma de produção de itens de baixo valor agregado e se concentrará em produtos que exigem conhecimento intensivo. Mesmo quando, daqui a uma dezena de anos, a China tornar-se maior economia do mundo em termos de PIB nominal, ela ainda assim, será uma economia comparativamente pobre, com renda per capita próxima a US$ 12 mil por ano, semelhante à do Brasil contemporâneo.

Caso o Brasil não promova reformas estruturantes, sacrifícios em direção à competitividade e reforma de sua inserção global, essa "China 2.0" vai imobilizar ainda mais o Brasil na chamada "Armadilha da Renda Média". O Brasil continua muito pobre para concorrer com os mais pobres. E muito ineficiente para competir com os mais avançados e dinâmicos.



17 de setembro de 2016
Marcos Troyjo, Folha de SP

AS ORELHAS ARDEM

RIO DE JANEIRO - Na sessão de posse da ministra Cármen Lúcia na presidência do Supremo Tribunal Federal, o ministro Celso de Mello, decano do STF, disse em discurso: "Fatos notórios [...] revelaram que se formou, em passado recente, no âmago do aparelho estatal e nas diversas esferas governamentais da Federação, uma estranha e perigosa aliança entre determinados setores do Poder Público, de um lado, e agentes empresariais, de outro, reunidos em imoral sodalício com o objetivo ousado, perverso e ilícito de cometer uma pluralidade de delitos profundamente vulneradores do ordenamento jurídico instituído pelo Estado brasileiro".

E continuou: "A corrupção traduz um gesto de perversão da ética e do poder e da erosão da integridade da ordem jurídica, cabendo ressaltar que o dever de probidade e de comportamento honesto e transparente configura obrigação, cuja observância impõe-se a todos os cidadãos desta República, que não tolera o poder que corrompe nem admite o poder que se deixa corromper".

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também discursou: "Os trabalhos de investigação desenvolvidos na Lava Jato conduziram-nos por caminhos ainda não percorridos. Descobrimos a latitude exata do entroncamento entre o submundo criminoso dos políticos e o capitalismo tropicalizado do compadrio, favorecimento e ineficiência".

E mais: "As forças do atraso, que não desejam mudança de nenhuma ordem, já nos bafejam com os mesmos ares insidiosamente asfixiantes do logro e da mentira. Tem-se observado diuturnamente um trabalho desonesto, de desconstrução da imagem de investigadores e juízes. Atos midiáticos buscam ainda conspurcar o trabalho sério e isento desenvolvido nas investigações da Lava Jato".

Sentados ao redor deles, com as orelhas em fogo, o ex-presidente Lula e seus confrades.



17 de setembro de 2016
Ruy Castro, Folha de SP

O QUE ESTÁ POR TRÁS DO TRUQUE SUJO DE DIZER QUE OS PROCURADORES "EXAGERARAM" ?


Imagine a seguinte situação: no local de trabalho, um sujeito passa a mão na bunda de uma garota. Ela reage e o chama de “imundo, vil e desprezível”. 
Tudo é gravado pelas câmeras de TV. Em um truque de mágica, para reverter sua situação, o assediador passa a acusar a garota de “excessiva”. 
A partir de agora, ele passaria a dizer que todo o problema está “no excesso” da garota. 
A mudança de foco tem objetivo claro: garantir seu emprego, demitir a garota, e, em um processo judicial, ganhar a causa. Quem sabe até convencê-la a abandonar o processo.

Eis uma legítima tática de bullying praticada de modo sutil para causar “travamento” psicológico em sua vítima.

Todos aqueles que estão emitindo a narrativa de que “os procuradores exageraram” apelam exatamente ao mesmo truque acima. 
O comandante de um esquema de corrupção foi descoberto. Suas evidências foram expostas. O que Lula poderia fazer diante de tantas evidências? Simples: partir para o bullying e, em coordenação com seus sicários, sair dizendo que os procuradores foram “excessivos”.

O que foi “excessivo”? Exigir apresentações em Power Point? Que legal. Acabamos de descobrir que a maior parte dos gerentes que dominam o uso do Power Point são “excessivos”. 
Nesta última sexta eu só quis apresentar um framework de automação de testes se pudesse ter 40 minutos iniciais para exigir um Power Point com a visão geral do artefato. O resultado foi bom. Terei sido eu “excessivo”? Ou será que nomear Lula como o “chefe do esquema” é excessivo? 

Divertidíssimo. Também acabamos de descobrir que explanar o óbvio – principalmente a partir da cinco delações, incluindo de pessoas como Léo Pinheiro, Pedro Correa e Delcídio do Amaral – é “excessivo”.

Sejamos francos: aquele que diz que está dizendo que os procuradores foram “excessivos” está mentindo. Se for um opositor do PT que comprou a narrativa – como Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo – podem até terem sido feitos de bestas pelo oponente, mas isso não interessa: uma mentira é uma mentira, esteja seu propagador ciente de que mente ou apenas – por ego, insanidade ou qualquer outro motivo – propagando mentiras alheias.

O ataque aos procuradores da Lava Jato não passa de uma tática de bullying, suja até o limites da depravação humana. Como tal, esse tipo de torpeza merece escracho. 
O PT só ficou tanto tempo no poder por um único motivo: nossa intimidação diante de truques psicológicos sujos. Mais um motivo para rejeitarmos o sujíssimo truque de dizer que “os procuradores foram excessivos”.

Na verdade, foram até discretos diante do amontoado de evidências que tinham em mãos. Assim como a garota que nomeou seu assediador foi até tranquila demais, pois poderia ter dado um tabefe no agressor. 
Os procuradores da Lava Jato ficaram longe disso. Motivo adicional para sabermos que os praticantes de bullying merecem ser envergonhados em público a cada vez que emitirem a narrativa desonesta de que “os procuradores exageraram”.

17 de setembro de 2016
ceticismo político

DENÚNCIA É DESTAQUE NA IMPRENSA MUNDIAL, QUE NÃO CONSEGUE ENTENDER O BRASIL

Resultado de imagem para denúncia de lula na imprensa mundial
Como dizia o genial chargista e cineasta Henfil, deu no NY Times




















Nesta quarta-feira (dia 14), o Ministério Público Federal formalizou a denúncia de que o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva chefiava o esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. O detalhamento das acusações contra o ex-governante brasileiro imediatamente passou a estampar a capa dos principais portais de notícias do mundo.
A “BBC” dá como destaque uma imagem do ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia, também denunciada, e a manchete: “Ex-presidente do Brasil enfrenta acusações”. O “The New York Times” também traz a notícia de que Lula é acusado de corrupção e sua prisão pode ser decretada.
O jornal  francês “Le Monde” também noticia a denúncia contra o ex-presidente, dizendo que a situação se complica para ele. O “El País” mancheteia: “Procurador da Lava Jato acusa Lula de ser maestro da orquestra criminosa”.
O site econômico “Bloomberg” diz que os promotores afirmam que o caso Lula é o maior escândalo da história do Brasil. O “The Guardian”, o “Independent” e o “Al Jazeera” também destacam o caso, que agita a imprensa internacional.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Lula, chamado de “O Cara” pelo presidente norte-americano Barack Obama, é um dos políticos mais conhecidos do mundo. Com a denúncia dos procuradores da Lava Jato, mostrando quem é Lula na realidade, a versão de que a então presidente Dilma Rousseff sofreu um “golpe parlamentar” enfim vai cair no vazio e a imprensa internacional deve começar a entender que a democracia brasileira, ao invés de sofrer retrocesso, está se aprimorando, apesar da presença ostensiva de políticos corruptos no ministério de Temer e no comando do Congresso Nacional, e isso os estrangeiros não conseguem entender de jeito algum(C.N.)


17 de setembro de 2016
Deu em O Tempo

ACERVO DE PROVAS E TESTEMUNHAS QUE LULA É O CHEFÃO DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

CARLA ZAMBELLI, ESTAMOS COM VOCÊ

CARLA ZAMBELLI ESTAMOS COM VOCÊ


17 de setembro de 2016
postado por m.americo

CEDO OU TARDE VOCÊ VAI TER QUE ESCOLHER UM LADO

CEDO OU TARDE VOCÊ VAI TER QUE ESCOLHER UM LADO


17 de setembro de 2016
postado por m.americo

O PRÓXIMO PASSO DOS SOCIOPATAS

O PRÓXIMO PASSO DOS SOCIOPATAS


17 de setembro de 2016
postado por m.americo

DELAÇÃO DE DELCÍDIO DO AMARAL NA AÇÃO CONTRA LULA. DEPOIMENTO COMPLETO A LAVA JATO

A LAVA JATO CHEGOU NO CHEFE DA QUADRILHA!

"SÓ GANHA DE MIM AQUI NO BRASIL CRISTO"

TSE TEM NOVIDADES PARA O FORATEMEROSFERA



O TSE deixa para 2017 o julgamento das contas da chapa Dilma-Temer. A mudança não é apenas jurídica: é uma revolução no discurso do PT.

O TSE, Tribunal Superior Eleitoral tem novidades para a foratemerosfera: o processo de cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal fica para 2017, o que elimina as chances de eleições diretas caso não apenas Dilma sofra impeachment, como as contas de sua eleição sejam rejeitadas (a primeira decisão do Tribunal foi histórica, com nove votos unânimes contra Dilma).

Portanto, o grito “Fora Temer” (sem vírgula), roboticamente repetido pela militância do partido, terá uma sobrevida: tal como o “Fora Cunha” (também sem vírgula), é um mantra psicológico para que a militância não se sinta errada, crendo que defendeu o lado ruim da história sem perceber. Não é, por exemplo, um grito de apoio ao TSE: o único órgão que pode mesmo fazer algo para Michel Temer ficar de “fora”.

Joga-se todo o problema em um bode expiatório, como se Michel Temer e Eduardo Cunha, com seus erros somados, valessem algo como 0,000001% do problema das pedaladas, dos decretos, de Pasadena, da proximidade com um rol de presidiários etc.

Contudo, é um grito que só funciona se não for concretizado: assim que Cunha cai, cai também a narrativa de que o impeachment seria um “golpe” que fora “arquitetado” Eduardo por Cunha ele próprio (que rejeitou mais de 30 peças de impeachment) e o PT fica sem o que dizer.

Da mesma forma, a grita petista “Fora Temer”, repercutida sempre sem vírgula, só funciona caso Michel Temer continue no poder: caso Michel Temer saia via TSE, a litania sobre “golpe” e “impostor” fica ainda mais esvaziada de sentido do que agora, e a esquerda, sempre em um monobloco uníssono, terá novamente de mudar o bordão ao qual se resume todo o seu pensamento.

Afinal, na prática, a forma mais rápida de Michel Temer ficar “fora” do governo, não sendo acusado pessoalmente de nada (“citação” na Lava-Jato envolve até a tia do café que passou na sala de reunião), é pela cassação da chapa de Dilma pelo TSE – a mesma chapa que o elegeu democraticamente como presidente legítimo do Brasil com 54,5 milhões de votos (noves fora urnas eletrônicas, propina etc).

O PT passou o ano passado inteiro repetindo como um fetiche a expressão “respeitem as urnas”, como se as urnas vigiadas pelo ex-advogado do PT fossem respeitáveis. Assim que se iniciou o processo do TSE, mesmo que não seja um pensamento formalmente colocado na forma de silogismo para o povão, o bordão teve de ser abolido. Nenhum petista em 2016 repete o cacoete.

Sem “respeitem as urnas”, sem “Fora Cunha”, o PT tem até 2017 para gritar “Fora Temer”. Depois do julgamento do TSE, independentemente do resultado da cassação da chapa, ao que tudo indica eleita com contas espúrias, o PT ficará completamente sem ter o que dizer. A lobotomia massiva na população não terá apenas grades para separá-la do povo.



17 de setembro de 2016
flavio morgenstern
senso incomum

HILLARY CLINTON & VLADIMIR PUTIN: QUAL A REAL AMEAÇA AO OCIDENTE?


A campanha da socialista Hillary Clinton adotou a estratégia de atacar Donald Trump acusando-o de não jogar duro o bastante com os russos. 
Em contrapartida, Hillary promete que, se eleita, irá enfrentar e até mesmo promover uma guerra contra o que ela considera o maior inimigo dos Estados Unidos.

É evidente que historicamente os russos sempre tiveram interesses geopolíticos bastante distintos daqueles das democracias ocidentais. 
E isso não mudou com a ascensão de Vladimir Putin, ex-agente da KGB, ao poder. 
Mas em nosso entender, a real motivação de Hillary Clinton com esta estratégia é na verdade desviar o foco daquele que representa hoje a real ameaça ao ocidente: o mundo islâmico, ao qual ela e seu partido e toda a esquerda ocidental são aliados.

No vídeo-áudio que se segue, surgido de um debate no Fórum de Leitores do Crítica Nacional, fazemos uma consideração breve a respeito desse tema, que é um dos mais relevantes para a geopolítica contemporânea.

O livro Geopolítica Contemporânea: Desconstrução de Narrativas da Esquerda Globalista, de autoria do editor do Crítica Nacional já se encontra em pré-venda. Acesse esse link aqui para fazer sua aquisição antecipada com desconto.

17 de setembro de 2016
crítica nacional

PROCURADORES DECLARAM QUE EXISTEM "PROVAS ROBUSTAS" CONTRA LULA

Charge do Simanca, reprodução de A Tarde

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) manifestou repúdio sobre o que chamou de “deturpação” das afirmações dos procuradores da República na operação Lava Jato, que na quarta-feira (14) denunciaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua mulher, Marisa Letícia, e outros seis investigados por corrupção e lavagem de dinheiro.

“Cumprindo legitimamente o dever e o direito de informar a população, a força-tarefa Lava Jato tão somente apresentou a acusação contra o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, dentre outros, como o fez em já numerosas outras ocasiões, sempre nos momentos nodais dos processos, nos quais impõe-se o esclarecimento à opinião pública”, apontou a entidade, através de nota assinada pelo procurador regional da República José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR.

PROVAS E CONVICÇÕES – Nesta quinta-feira (15) Lula disse durante evento do PT que não havia provas contra ele, mas apenas “convicções”. O ex-presidente também se queixou da apresentação feita pelos procuradores. Ele e outros petistas classificaram o episódio como “espetáculo pirotécnico”.

“É sob o olhar de seu povo que se constrói um país realmente democrático. E para isso a liberdade de imprensa, o amplo acesso às informações e o livre debate público são essenciais. Entretanto, nesse contexto, não se configura legítima qualquer manipulação ou deturpação de frases ditas no exercício do dever de esclarecimento à população”, escreveu Robalinho, acrescentando:

“Os procuradores da República foram didáticos e extensivos em sua exposição precisamente para que o entendimento da população sobre a denúncia fosse completo, podendo a partir daí terem o conhecimento para exercerem a cidadania e o senso crítico. Configura-se em discurso político e/ou em estratégia de defesa, sem compromisso com a verdade, deturpar falas dos Procuradores da República nesta ocasião.”

PROVAS ROBUSTAS – A entidade afirma que “a convicção da força-tarefa fundamenta-se em provas robustas reunidas em investigações sérias”.

As acusações do Ministério Público Federal se referem ao recebimento de vantagens ilícitas da OAS por meio da reforma do tríplex 164-A, no Guarujá (SP), e o armazenamento de bens do acervo presidencial. Segundo a denúncia, Lula recebeu R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira.

Parte do valor está relacionada ao apartamento: R$ 1,1 milhão para a aquisição do imóvel, R$ 926 mil em reformas, R$ 342 mil para cozinha e imóveis, além de R$ 8 mil para eletrodomésticos. O armazenamento dos bens custou R$ 1,3 milhão. A força-tarefa da Operação Lava Jato requereu o bloqueio de R$ 87 milhões dos denunciados na ação penal.

OBRIGAÇÃO – Segundo a ANPR, o Ministério Público Federal em Curitiba apenas cumpriu sua obrigação constitucional. “O trabalho desenvolvido pelos procuradores da República na operação Lava Jato é profissional e republicano, além de submetido à contínua observância do devido processo legal, e estar sob supervisão do Poder Judiciário independente e técnico do País, em especial a 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, a quem cabe a análise do recebimento da denúncia”, afirma a entidade.



17 de setembro de 2016
Deu em O Tempo
(Agência Estado)

ADVOGADOS DE LULA ALEGAM QUE NÃO FOI APRESENTADA "QUALQUER PROVA" CONTRA ELE

Charge do Alpino, reprodução do Yahoo

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu as declarações do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT-sem partido-MS) e do ex-deputado Pedro Corrêa (ex-PP/PE), tornadas públicas nesta sexta-feira (16) pela operação Lava Jato e feitas em delação premiada. 
Segundo Delcídio, durante o mensalão, Lula ‘abraçou’ o PMDB para evitar o risco de sofrer impeachment. E Corrêa atribuiu a Lula diálogos que colocam o petista no centro do esquema de loteamento dos cargos graduados da Petrobras.

A nota foi assinada pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira. Tem o seguinte teor:

“As declarações de Delcídio do Amaral e Pedro Correa tornadas públicas hoje (16/09/2016) pela Operação Lava Jato não têm qualquer valor jurídico e não alteram o fato de que o Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (14/06/2016) sem qualquer prova.

É indefensável que a Lava Jato faça uma denúncia usando declarações formuladas pelo já condenado Pedro Correa em processo de complementação de delação premiada no qual não consta referência de homologação judicial.

Já a delação premiada de Delcídio Amaral foi negociada com o MPF sem a observância do requisito da voluntariedade (Lei nº 12.850, art. 4º), uma vez que o ex-senador narrou à repórter Malu Gaspar, da Revista Piauí, em junho, que o processo de delação premiada foi iniciado após ser ele trancado em um quarto sem luz na PF de Brasília, que enchia de fumaça do gerador do prédio: ‘Aquilo encheu o quarto de fumaça, e eu comecei a bater, mas ninguém abriu. Os caras não sei se não ouviram ou se fingiram que não ouviram. Era um gás de combustão, um calor filho da puta. Só três horas mais tarde abriram a porta. Foi dificílimo’. Lembrou o senador, meses depois, durante um almoço na casa do irmão.

Também deixou de cumprir o caráter sigiloso até a denúncia, tal como assegurado pela lei (Lei nº 12.850, art. 7º, §3º) e pelo próprio acordo de colaboração, uma vez que o teor da delação foi vazado à revista IstoÉ, em edição antecipada para 03 03.2016. E o conteúdo da narrativa de Amaral não é confirmado por qualquer prova, além de ser incompatível com o conteúdo de outras delações premiadas sobre o mesmo tema.

No lugar da observância do devido processo legal, parece vigorar a opção dos Procuradores da Lava Jato pelo linchamento midiático e político, prática inaceitável à luz da Constituição Federal e dos Tratados Internacionais que o Brasil ratificou e se obrigou a cumprir.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG: A nota é do tipo jus sperniandi, nada significa. E causa estranheza a ausência do advogado principal José Roberto Batochio. Será que já abandonou a causa, como ocorreu com o criminalista Nilo Batista? Ou será que Batochio só cuida de processo e deixa os inquéritos para Roberto , que é compadre de Lula, e o sócio Cristiano Zanin, que vem a ser seu genro? (C.N.)


17 de setembro de 2016
Deu em O Tempo
(Agência Estado)

FALTA DILMA NA APOTEOSE DA LAVA JATO


Resultado de imagem para dilma nao sabia de nada imagens
Charge do Paixão, reprodução da Gazeta do Povo














Perplexos e assustados, deputados, senadores e juristas se indagavam ontem à noite em Brasília em diversas rodas de conversas: o que mais poderá acontecer depois da mais contundente e arrasadora denúncia jamais oferecida pelo Ministério Público Federal contra um político?
Referiam-se menos à denuncia por corrupção contra Lula, e mais, muito mais, aos termos empregados pelos procuradores da República no ato de apresentá-la. Estavam chocados. E propensos a acreditar que a Lava Jato atingiu seu cume.
Foi um espetáculo digno de ser encenado na Praça da Apoteose do Sambódromo, no Rio de Janeiro. Depois dele, por mais que a Lava Jato ainda possa durar, a tendência é de que ela se esgote. E que os procuradores de dispersem aos gritos de “já ganhou, já ganhou”.
INVESTIGADA – Talvez não seja assim. Falta alguém em Curitiba. E esse alguém pode ser a ex-presidente Dilma Rousseff. Ela já foi citada por delatores. E por mais que se diga honesta, honestíssima, e por mais que ninguém tenha ousado até aqui duvidar de sua honestidade, ela está sendo investigada.
Não só pelos procuradores acampados em Curitiba, mas também por aqueles que obedecem às ordens de Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República. Ela e Lula, por exemplo, foram denunciados por Janot por tentativa de obstrução da Justiça.
Segundo Janot, esse é o crime no qual eles incorreram quando Dilma, às pressas, nomeou Lula ministro-chefe da Casa Civil da presidência da República para livrá-lo de uma eventual prisão decretada por Moro. Na denúncia, Janot aponta Lula como o líder de uma organização criminosa.
DINHEIRO SUJO – De Dilma, na delação premiada que negociou, o marqueteiro João Santana disse que ela sabia, sim, que dinheiro desviado do saque à Petrobras pagara despesas de sua campanha à reeleição. Marcelo Odebrecht está disposto a confessar que pagou despesas de Dilma com dinheiro sujo.
O ex-senador Delcídio Amaral, então líder do governo no Senado, contou que advertira Dilma sobre o uso de dinheiro ilegal em sua campanha. E que a pedido dela, peitou um ministro do Superior Tribunal de Justiça para votar a favor da libertação de Odebrecht.
A compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, causou grave prejuízo à Petrobras, bem como a compra de plataformas para extrair petróleo do fundo do mar. Dilma era presidente do Conselho de Administração da Petrobras quando parte desses negócios foi feita.
ERA DESINFORMADA? – Ela de fato ignorava que esses e outros negócios serviram para irrigar os bolsos de diretores da empresa e de políticos, e os cofres de partidos? Ela era tão desinformada assim, logo ela dada a minúcias e a meter-se com tudo, que simplesmente não sabia o que se passava ao seu redor?
Foi Lula que nomeou os diretores da Petrobras personagens do petrolão. Dilma não sabia a quem eles serviam, e para o quê? O cortejo da Lava-Jato ainda está distante da Praça da Apoteose.  (artigo enviado pelo comentarista Mário Assis Causanilhas)

17 de setembro de 2016
Ricardo Noblat
O Globo