"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 28 de setembro de 2013

UM VÍDEO POUCO DIVERTIDO

A DITADURA ESTA AI PRA QUEM QUISER VER INFELIZMENTE. CQC ESTA SENDO OBRIGADO A TRANSMITIR SÓ MATÉRIAS A FAVOR DO PT. CHEGAMOS AO FIM DA LIBERDADE DE IMPRENSA

 

INDÚSTRIA DA MISÉRIA É LUCRATIVA E JAMAIS SERÁ ERRADICADA

Os cerca de 200 moradores de rua que haviam montado acampamento na Praça da Sé acordaram nesta quinta-feira,26, com a presença da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e equipes de limpeza da Prefeitura de São Paulo. A ordem era desmontar as barracas e liberar a área. É o que diz o Estadão, edição de ontem.

A equipe enviada ao local chegou de caminhão, que foi usado para retirar sacos plásticos, madeira, móveis e outros objetos. Alguns moradores saíam irritados, xingando o prefeito Fernando Haddad (PT) e dizendo não ter para onde ir. O jeito, disseram outros, era esperar a equipe da Prefeitura sair e voltar depois. Promessa que vários cumpriram no fim da tarde de quinta-feira.

A ocupação na Sé une usuários de drogas, meninos de rua e famílias desabrigadas. Muitos usam barracas de camping, distribuídas por igrejas e entidades assistenciais. Outros montam barracos de lona e madeira. Algumas partes da praça ficam completamente obstruídas e cheias de lixo.

A cracolândia, antes restrita às imediações da Santa Ifigênia, após as providências do governo para erradicá-la, espalhou-se pelo centro da cidade toda. Tomaram conta inclusive da Praça da Sé, cartão postal de São Paulo.

Em 2011, quando as autoridades tomaram as primeiras providências para erradicar a cracolândia – que já existia há mais de vinte anos sem restrição alguma – paguei para ver. A indústria da miséria gera lucros e jamais será erradicada.

ONDE SE VIU ACABAR COM A INDÚSTRIA DA MISÉRIA? *

A Prefeitura de São Paulo quer retirar das ruas, à força se for preciso, usuários de drogas que recusem tratamento. A administração já busca uma alternativa jurídica para isso. É o que lemos na Folha de São Paulo de hoje. Segundo o prefeito Gilberto Kassab, a idéia é dar mais liberdade para as equipes de saúde e de assistência social da prefeitura poderem atuar com usuários de drogas. O alvo principal seria a cracolândia.

Pago para ver. A cracolândia existe há mais de duas décadas e só agora um administrador pensou em tratar do assunto. Antes tarde do que nunca, direis. Mas não vejo como reprimir o consumo da droga em Santa Ifigênia e liberar a marcha da maconha na avenida Paulista. A propósito, os marchadores da maconha parecem pretender estabelecer uma hierarquia entre maconheiros e fumadores de crack. Os maconheiros seriam seres moralmente superiores à turma do crack e não gostam de ser confundidos com estes.

A primeira marcha da maconha foi proibida pela polícia, enquanto a turma do crack acendia tranquilamente seus cachimbos na cracolândia. Ora, há apenas três ou quatro quilômetros entre a Paulista e a Santa Ifigênia. Bem que os Unidos na Cannabis podiam organizar sua marcha na cracolândia. Seria divertido ver a polícia permitindo o consumo de drogas em um lugar e, ao mesmo tempo e a três quilômetros dali, proibindo uma manifestação em sua defesa.

Em nome da liberdade de expressão, o Supremo Tribunal Federal decidiu recentemente liberar as tais de marchas da maconha. Desde que não se fizesse apologia da droga. Como se não fosse apologia da droga permitir manifestações em favor de sua descriminalização. As moscas tontas do STF estão se comportando como os teólogos bizantinos, que discutiam se deus era três em um ou um em três.

Cláudio Lembo, secretário de Negócios Jurídicos e ex-governador – o palhaço aquele que cunhou a expressão “elite branca” - disse estar conversando com o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e a Defensoria Pública sobre o assunto. Lembo pretende criar um "consenso jurídico" para embasar as ações da prefeitura. A indecisão é tal no que diz respeito à política ante as drogas que a Defensoria negou que esteja participando das discussões. O TJ não confirmou estar participando da discussão e o Ministério Público não respondeu.

Segundo Lembo, o principal argumento de quem é contrário à medida é que o direito à locomoção, ou "direito de ir e vir", não permite a retirada compulsória de pessoas das ruas. Ora, o que está em jogo não é o direito de ir e vir. Que vão e que venham, nada contra. Os defensores da cracolândia, ao que tudo indica, estão reivindicando um novo item a ser acrescido aos direitos humanos, o direito de deitar. Porque essa turma não vai nem vem. Estão jogados nas calçadas.

Ano passado ainda, a polícia andou retirando os zumbis do crack das ruas e os levou para uma delegacia. Para que, não sei, porque hoje ninguém mais é preso por consumo de drogas. Houve uma grita geral de assistentes sociais e agentes da saúde. Que a polícia estava minando a confiança que os drogados neles depositavam. Que droga não é questão de polícia, mas de saúde pública. Ou seja, que os zumbis permaneçam onde estão.

Contei em crônica recente. Há alguns anos dei um chute em um mendigo que se atravessara na entrada de meu prédio. Ele reagiu prontamente: e o direito de ir e vir onde fica? O vagabundo, pelo jeito, entendia de direito constitucional. Claro que ali havia o dedo de alguma assistente social. Contei também a história dos mendigos que haviam sumido do largo Santa Cecília. Dia seguinte, uma assistente social bradava num jornaleco da paróquia: onde estão nossos mendigos? Quem os expulsou daqui? Queremos nossos mendigos de volta.

Ou seja, não há um efetivo interesse em retirar mendigos e drogados das ruas. Mendigos e drogados são altamente rentáveis. Há toda uma indústria da miséria que se locupleta com a miséria. Igrejas e ONGs recebem subsídios de sonho do Primeiro Mundo, particularmente da França, Holanda e Alemanha, para tratar da mendicidade. Sem mendigos, pas d’argent.

Mutatis mutandis, foi o que aconteceu com bin Laden. Os Estados Unidos enviavam milhões de dólares ao Paquistão para capturar bin Laden. Ou seja, o Paquistão precisava proteger o terrorista. Sem bin Laden, adeus dólares. Não por acaso, as autoridades paquistanesas estão prendendo os elementos anti-sociais que denunciaram o esconderijo da galinha de ovos de ouro.

A pretensão de Kassab é tão ridícula quanto o próprio Kassab, um político arrivista mais interessado em sua sobrevivência política do que na administração de São Paulo. Ao definir-se a favor da Marcha da Maconha, o ministro Celso de Mello considerou que a Constituição "assegura a todos o direito de livremente externar suas posições, ainda que em franca oposição à vontade de grupos majoritários”. Mello também classificou como insuprimível o direito dos cidadãos de protestarem, de se reunirem e de emitirem opinião em público, desde que pacificamente.

A decisão do STF de permitir a passeata em prol da maconha, a rigor libera passeatas em defesa de qualquer droga, seja crack, óxi ou cocaína. Não vejo como retirar drogados da rua quando, alguns quilômetros adiante, a polícia protege uma passeata em defesa da maconha.

Com o aval da Suprema Corte


28 de setembro de 2013
janer cristaldo

QUEM SÓ PROTESTA EM JUNHO, LIBERA OS GATUNOS PARA AGIR SEM MEDO NO RESTO DO ANO

A farra dos partidos informa: quem só protesta em junho libera a tribo dos gatunos para agir sem medo no resto do ano
 

Como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo?, intrigava-se o presidente francês Charles de Gaulle. Como pode funcionar um governo que tem 39 ministérios?, assombram-se os brasileiros desde que Lula e Dilma resolveram multiplicar as ampliar as nulidades amontoadas no primeiro escalão. E como pode existir um país com 32 partidos políticos?, espantou-se nesta terça-feira, ao saber que o Tribunal Superior Eleitoral acabara de expedir a certidão de nascimento do PROS e do Solidariedade, mesmo quem achava que não se espantaria com mais nada.
 
Pelo critério da quantidade, é improvável que algum lugar do mundo tenha mais partidos que o Brasil. Pelo critério da qualidade, qualquer grotão do planeta supera o colosso sul-americano: aqui não existe um único partido de verdade. O PT pareceu que era antes de sucumbir ao excesso de cinismo. Transformou-se numa seita que tem em Lula seu único deus, faz qualquer negócio para ganhar a eleição e topa a mais sórdida aliança para manter-se no poder. O PSDB teria sido se soubesse o que é coragem e ao menos desconfiasse que o papel da oposição é fazer oposição.
 
O resto nem tentou providenciar carteira de identidade. A leitura dos programas, planos de ação e declarações de princípios aguça a suspeita de que o palavrório foi produzido pelo mesmo redator. Todos moram em algum ponto impreciso entre o centro e a esquerda. Se o eleitorado lhes conferir um voto de confiança, vão dar um jeito na saúde e na educação, acabar com a injustiça social e tranformar o Brasil numa Noruega com praia. A prática fulmina a teoria.
 
Os políticos brasileiros reduziram os partidos a fontes de lucros bilionários, balcões de compra e venda de voto, usinas de negociatas, gazuas feitas sob medida para arrombadores de cofres públicos. Segundo Ciro Gomes, o PMDB é um ajuntamento de assaltantes. Apenas abriga mais ladrões que os outros, igualmente infestados de estupradores da lei. Financiadores involuntários de todas as gastanças, vítimas indefesas de todas as gatunagens, os pagadores de impostos bancam as despesas cotidianas dos partidos e abastecem a despensa incessantemente esvaziada pelos chefões das siglas desprovidas de ideias e de vergonha.
 
Na Alemanha , por exemplo, existem seis partidos, que cuidam da própria subsistência e estão sujeitos à cláusula de barreira: os que não alcançam um número mínimo de votos caem fora do Congresso. Foi o que aconteceu ao FDP nas eleições da semana passada. Para os alemães, aliás, 13 sindicatos de trabalhadores bastam. No País do Carnaval, os sindicatos passam de 13 mil e nenhum partido precisa ter voto para entrar na festa das verbas que mereciam destino menos abjeto.
 
Até siglas sem vereadores são sustentadas pelos brasileiros implacavelmente extorquidos pela Receita Federal. Dos seus bolsos saíram os R$ 286 milhões distribuídos pelo Fundo Partidário em 2012. Deles também sairão os dotes de R$ 30 milhões reservados ao PROS e ao Solidariedade. Os lesados que se queixem ao bispo, ou ao Papa Francisco.
 
Assim será até que o rebanho primitivo aprenda a votar com lucidez. Assim será até que o Brasil civilizado comprenda que quem só protesta em junho autoriza a imensa tribo dos gatunos a delinquir sem medo no resto do ano.

28 de setembro de 2013
Augusto Nunes - Veja

"A RETÓRICA DA POBREZA E A POBREZA DO INVESTIMENTO"

O governo tirou da pobreza extrema em apenas dois anos 22 milhões de brasileiros, disse a presidente Dilma Rousseff, em Nova York, em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas. Se isso for verdade, essa terá sido a informação mais importante da fala presidencial - muito mais importante que a maior parte do palavrório pronunciado naquele dia por vários governantes.
 
Falta esclarecer um detalhe: se as transferências governamentais forem interrompidas, quantas daquelas pessoas serão capazes de se manter fora da miséria? Quantas se tornaram, nos últimos dois anos, mais produtivas e menos dependentes de auxílio oficial? Nenhuma pessoa razoável se opõe a programas de socorro aos mais necessitados. Mas por quanto tempo será possível manter programas tão amplos, e com efeitos ainda pouco claros sobre a capacidade produtiva, se a economia continuar avançando tão lentamente quanto nos últimos dois anos e nove meses?
 
 
Por enquanto, as previsões mais otimistas apontam para este ano um crescimento econômico de 2,4%. Essa expansão será puxada, segundo as novas projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI), por investimentos 8% maiores que os do ano passado. Essa é a parte mais interessante do cenário. Se as estimativas forem confirmadas, o aumento do produto interno bruto (PIB) terá sido alimentado, em 2013, menos pelo consumo do que pela aplicação de recursos em máquinas, equipamentos, instalações diversas e obras de infraestrutura. A expansão econômica ainda será modesta, mas o potencial de crescimento será reforçado e resultados melhores poderão surgir em breve.
 
Mais uma vez, no entanto, o quadro fica bem menos bonito quando se examinam os detalhes. A maior parte do crescimento da produção de bens de capital - máquinas e equipamentos - foi concentrada no setor de material de transporte, especialmente de caminhões. Boa parte da expansão dependeu também da indústria de equipamentos agrícolas, pormenor facilmente explicável pelo bom desempenho da agropecuária, o setor mais dinâmico da economia nacional. Além disso, a retomada da produção de bens de capital para fins industriais pode estar perdendo impulso. Em junho, havia sido 21,4% maior que a de um ano antes. Em julho, a diferença diminuiu para 13,3%, detalhe notado no Informe Conjuntural da CNI. Essa diferença para mais pode ainda parecer considerável, mas a base de comparação é muito baixa.
 
No conjunto, a aplicação de recursos em bens de capital, instalações e obras de infraestrutura continuará muito abaixo da necessária para um crescimento menos medíocre, se as projeções da CNI estiverem corretas. Em 2011, a soma dos investimentos em capital fixo dos setores público e privado equivaleu a 19,3% do PIB. Em 2012, a proporção caiu para 18,1%. Neste ano, chegará a cerca de 19,1%, se o PIB crescer 2,4% e o investimento, 8%. A meta governamental, já modesta, é alcançar 24% do PIB, taxa obtida nos anos 70 e nunca repetida nas décadas seguintes. Esse objetivo parece ainda muito distante.
 
Não há acordo, entre os economistas, quanto ao potencial de crescimento econômico do País. O cálculo é complicado, mas o conceito é importante, porque indica o ritmo de expansão sustentável sem novos desequilíbrios. As avaliações mais sombrias indicam um limite na vizinhança de 2% ao ano. As estimativas mais otimistas ficam próximas de 4%. Nem na melhor hipótese, no entanto, a economia brasileira poderá crescer tanto quanto as mais dinâmicas da região - na faixa de 4% a 6% ao ano - sem acumular pressões inflacionárias e desarranjos nas contas externas. Poderá haver um arranque temporário, mas faltará fôlego para uma corrida prolongada.
 
Mesmo com o crescimento pífio dos últimos anos, o Brasil já acumulou problemas consideráveis. A inflação continua elevada para os padrões internacionais e deve continuar em alta nos próximos meses, depois de um breve arrefecimento no meio do ano. O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reafirmou em Nova York, num encontro com investidores, o compromisso de continuar buscando a meta de 4,5%, mas ninguém pode dizer com alguma segurança quando a convergência ocorrerá. Um dos principais obstáculos, a farra das contas públicas, deve atrapalhar o combate à inflação ainda por um bom tempo. Quem espera austeridade em tempo de eleição?
 
Do lado externo, o cenário continua ruim. O BC reduziu de US$ 7 bilhões para US$ 2 bilhões o superávit comercial estimado para o ano. A CNI cortou sua projeção mais drasticamente - de US$ 9,2 bilhões no Informe Conjuntural de junho para US$ 1,76 bilhão no documento recém-divulgado. O BC manteve, no entanto, a previsão de um déficit em transações correntes de US$ 75 bilhões, equivalente a 3,35% do PIB. O investimento direto estrangeiro deverá chegar a 2,64% do PIB. Parte do buraco nas contas externas será coberta, portanto, por outras formas, em geral menos saudáveis, de financiamento.
 
Não há desastre à vista, até porque o País dispõe de mais de US$ 370 bilhões de reservas, mas a situação poderá ficar mais complicada se a confiança no País cair acentuadamente. O risco é tangível. O Cristo Redentor representado como um foguete em decolagem numa capa da revista The Economist de 2009 foi substituído, na última edição, por uma figura no rumo do desastre, depois de um voo descontrolado.
 
O desafio imediato, na agenda do governo, é atrair capitais privados para os grandes projetos federais de investimento. Para isso a presidente e as principais figuras da equipe econômica foram a Nova York. O resultado será visto nas próximas licitações. Mas a presidente faria bem se pusesse no alto da agenda medidas para uma recuperação mais ampla da credibilidade - a começar por uma política fiscal mais séria e sem contabilidade criativa, já desmascarada em todo o mundo.

28 de setembro de 2013
Rolf Kuntz, O Estado de São Paulo

BRASIL ESTÁ VULNERÁVEL À DESACELERAÇÃO CHINESA E AO FIM DO ESTÍMULO NOS EUA


Para professor de Harvard, país não fez as reformas e vai enfrentar um longo período de baixo crescimento

Kenneth Rogoff, professor da Universidade de Harvard, está preocupado com a situação dos países emergentes, principalmente o Brasil.
 
"As reformas pararam ou andaram para trás. Isso fez o Brasil mais vulnerável ao fim da expansão monetária nos EUA e à desaceleração na China", disse à Folha.
 
Ele não acredita em "quebra" dos mercados emergentes, mas prevê um longo período de crescimento baixo, o que vai dificultar a solução dos problemas sociais.
Rogoff, que já foi economista-chefe do FMI, concorda com a
decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) de não interromper agora a política de despejar US$ 85 bilhões mensais no mercado.
 
O economista está um pouco mais otimista com a Europa, que teria encontrado uma maneira de reduzir a dívida dos países da periferia do euro "por baixo da mesa". A seguir, trechos da entrevista.
 
Folha - O Fed surpreendeu e manteve a política de injetar recursos para aquecer a economia americana. Na sua opinião, está correto?
Kenneth Rogoff - Fiquei feliz em vê-los aguardar um pouco. A inflação está baixa e o próprio Fed reduziu suas expectativas para o crescimento. É muito difícil ver motivo para apertar a política monetária.

 
Quando o Fed vai começar a reduzir os estímulos?
As compras de títulos serão reduzidas neste ano, mas não acredito que o Fed vai elevar as taxas de juros no curto prazo.

 
Os mercados estão exagerando o impacto da inevitável redução dos estímulos monetários nos EUA?
Sim. As taxas de juros americanas subiram porque o crescimento global estabilizou, especialmente na Europa. A Europa não cresce forte, mas as pessoas estão menos receosas de que a economia europeia se desintegre. O mercado põe a culpa de tudo na expansão monetária.

 
As moedas dos países emergentes vinham se desvalorizando, mas inverteram o sinal depois do Fed. Qual é a tendência do câmbio?
Ainda não é possível ver uma tendência clara. Mas a desvalorização não era só por causa do fim da expansão monetária nos EUA. É também porque o crescimento da China desacelerou e porque alguns mercados, particularmente o Brasil e a Índia, não fizeram as reformas necessárias durante o período de rápido crescimento.
Gostaria de chamar atenção para um ponto: a China não quebrou e nem houve um forte aumento de juros nos EUA. Mesmo assim, o Brasil e a Índia se machucaram, com queda no preço das ações e desvalorização do câmbio. Certamente isso é muito preocupante.

 
Os mercados emergentes estão frágeis?
É um problema crônico de fluxo de capitais. Quando o capital chega, o mercado exagera o quanto a economia está indo bem e, quando sai, exagera o quanto vai mal.
Isso não é regra para todos os emergentes. Os que mais sofrem são aqueles que têm déficit em conta corrente, ou seja, precisam pegar dinheiro emprestado para se financiar, e aqueles que pararam suas reformas.
É desses países que os investidores vão tirar seu dinheiro mais rápido.

 
É o caso do Brasil?
Sim. As reformas pararam ou estão andando para trás. Isso tornou o Brasil mais vulnerável ao fim da expansão monetária nos EUA e à desaceleração da China.
No curto prazo, não acredito em quebra no Brasil ou na Índia. Esses países têm câmbio flexível e grandes reservas internacionais.
Estou mais preocupado com um longo período de crescimento baixo, o que não é nada saudável. Com baixo crescimento, o Brasil não vai conseguir continuar resolvendo seus problemas.

 
O fraco crescimento do Brasil e da Índia pode prejudicar a recuperação global?
Se forem só os dois, não. É claro que um problema no Brasil pode impactar a América Latina. Mas não é a mesma coisa que a Europa, que é um terço da economia mundial, quebrar. Brasil e Índia são proporcionalmente menores. Mas é difícil prever a psicologia do mercado.

 
A economia americana está se recuperando em um ritmo adequado?
Gostaríamos que os EUA crescessem mais rápido. A política monetária fez um bom trabalho, mas a política fiscal foi menos estável.
O governo deveria ter investido mais em infraestrutura e ter um plano para reduzir o déficit no longo prazo. Mas não fez nada disso.
A política fiscal tem sido ineficiente e, ainda assim, os EUA mostram uma resiliência impressionante. Se fossem feitas as reformas fiscais, avançaríamos 4% ou até 5%.
Mas 5% de crescimento é muito alto em uma economia madura como a dos EUA.
Não seria uma tendência, mas algo pontual. Com uma taxa de desemprego tão alta, é possível alcançar crescimentos acima da média por alguns trimestres ou até no ano. Nossa recuperação tem sido muito lenta.

 
Como o senhor vê a situação da Europa?
A boa notícia é que os europeus parecem ter entrado em um acordo para reduzir as dívidas dos países da periferia do euro. É um passo vital, porque essas dívidas nunca serão pagas.
É algo difícil politicamente na Alemanha ou na Holanda, mas eles parecem ter encontrado uma maneira de fazer isso silenciosamente e por baixo da mesa.
O que preocupa é que precisam se mover radicalmente para a construção de instituições europeias com poder econômico e legitimidade política. O euro vai ficar instável até isso ser feito. E infelizmente o movimento nessa direção é muito lento.

 
O que significa reduzir a dívida por baixo da mesa?
Eles vão encontrar maneiras de aumentar os prazos e reduzir os juros das dívidas de Irlanda, Portugal e Grécia, aliando um pouco a pressão. É o mesmo que reduzir o valor da dívida. Ainda não estão fazendo isso, mas há um consenso nessa direção.

 
O senhor e Carmen Reinhart (professora de Harvard) foram muito criticados por um erro num artigo acadêmico que dizia que dívidas elevadas reduzem o crescimento dos países. Essa conclusão é válida?
Foi um erro pequeno, corrigido na sequência. Depois foram publicados dezenas de artigos dizendo a mesma coisa. E há décadas de trabalho antes de nós.
Fizeram um uso completamente político [do erro]. Nosso trabalho provou ser extremamente robusto. Alta dívida prejudica o crescimento. Qualquer um que vive num país altamente endividado entende isso.

 
Cinco anos após o Lehman Brothers, qual é a maior lição desse período para a história?
Governo, reguladores e políticos têm que ser cuidadosos quando existe muito crédito e um boom de ativos baseados em pesadas dívidas.
Não podem dizer a si mesmos que dessa vez será diferente. Precisam reagir.
Essa é a história de um grande fracasso regulatório e político, mais do que de um fracasso do sistema bancário.
Políticos e reguladores deveriam ter intervindo muito antes, mas estavam conseguindo muitas doações [de campanha] e estavam convencidos de que faziam um bom trabalho.
Infelizmente esse é um aspecto da natureza humana que não muda.


28 de setembro de 2013
RAQUEL LANDIM - FOLHA DE SÃO PAULO

GANGUE DE LULA REFORÇA PROS: 2 GOVERNADORES, 2 SENADORES E 20 DEPUTADOS

Com ajuda do governo, PROS espera filiar dois governadores, dois senadores e 20 deputados

  • Direção do partido desembarca em Fortaleza neste sábado para filiar Cid Gomes, mas assessoria do governador não confirma
  • Em Minas, o ministro de Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), participa de evento de filiação ao PROS de deputados estaduais e líderes locais
  • Ciro Gomes disse que Eduardo Campos fez “canalhice” ao tirar o apoio a Dilma às vésperas do prazo-limite para filiação partidária

Os irmãos Cid e Ciro GomesO Globo / Gustavo Miranda/05-10-2010

Às vésperas do fim do prazo de filiação partidária para quem vai disputar as eleições de 2014, o recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (PROS) acredita que, nos próximos dias, irá fazer uma bancada de pelo menos dois governadores, 20 deputados federais e dois senadores. O passe mais disputado é o do governador do Ceará, Cid Gomes, que confirmou sua saída do PSB. O deputado federal Givaldo Carimbão, responsável por buscar adesões ao PROS, disse que Cid e o irmão Ciro vão assinar a sua ficha de filiação ao PROS neste sábado, às 10h, em Fortaleza. Mas a assessoria de Cid Gomes nega a informação, e diz que ele ainda terá uma reunião com correligionários na terça-feira, antes de formalizar a filiação na semana que vem.
 
— Vamos assinar a ficha do governador neste sábado, às 10hs. O Cid vem para o nosso time — afirmou nesta sexta-feira Carimbão, que está viajando pelo país em busca dos “insatisfeitos”.
O secretário-geral do PROS, Raul Canal, também desembarca neste sábado em Fortaleza para fazer a filiação do clã Gomes Ferreira, que deixou o PSB por não apoiar a proposta do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de lançar candidatura própria à Presidência. Com os irmãos, também devem seguir para o PROS o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, e mais cinco deputados estaduais e prefeitos cearenses.
 
O rápido crescimento do PROS tem um empurrãozinho de setores do governo Dilma. Isso graças a dois fatores: a declaração do deputado Paulo Pereira da Silva, do também recém-fundado Solidariedade, que disse que sua legenda irá apoiar o presidenciável Aécio Neves (PSDB), e à força de ministros e parlamentares ligados à presidente. Acreditam que isso irá inflar a legenda para neutralizar a força do Solidariedade e de Aécio.
 
Mas o troca-troca não está restrito ao Ceará. Em Minas Gerais, ciceroneado pelo deputado federal Ademir Camilo, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, participa do evento de filiação de vários deputados estaduais e líderes locais – como o próprio Camilo, que será o presidente do diretório regional do PROS.
 
Embora Pimentel continue no PT, pelo qual deve concorrer ao governo de Minas Gerais no ano que vem, o ministro ajudou o novo partido a se estruturar já de olho no tempo de TV que poderá ter em caso de aliança com a nova agremiação. Camilo deverá ser o candidato do PROS ao Senado por seu estado. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann também estaria interessada no apoio do PROS a sua candidatura ao governo de Santa Catarina.
 
Raul Canal, secretário-geral do PROS, avaliou que a decisão do Solidariedade de apoiar Aécio pode facilitar a vida de seu partido:
 
- Como o Paulinho já se posicionou a favor do Aécio, muita gente tem nos procurado.
 
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também está de olho nos preciosos minutos do PROS nas eleições do ano que vem. Pré-candidato ao governo do Rio, Lindbergh negou que tenha auxiliado o PROS. Mas admitiu que busca seu apoio.
 
- Os partidos terão um tempo de TV que não é de se desperdiçar. Estou conversando com o Eurípedes - afirmou ele.
 
Em Fortaleza, Cid e Ciro não escondem a irritação com o Eduardo Campos. Para o ex-ministro Ciro Gomes, Campos fez “canalhice” ao abandonar o apoio ao governo Dilma Rousseff às vésperas do prazo-limite para a filiação dos que querem concorrer às eleições de 2014.
 
Na quinta-feira, após mais de três horas de reunião, o governador do Ceará, Cid Gomes decidiu sair mesmo do PSB, como ameaçava desde o início do ano. A debandada inclui ainda 38 prefeitos, quatro deputados federais, nove estaduais e a grande maioria de vereadores, além do ministro do Portos, Leônidas Cristino.
 
Durante a reunião da noite de quinta-feira, a portas fechadas, Ciro, segundo interlocutores, teria dito que, diante de um prazo tão apertado para a troca de partido, a ser encerrado em oito dias, o ingresso em uma nova legenda é “tão apressada como uma fuga”:
 
— Estamos levando um tiro. Aqui nós estamos correndo, só temos quatro dias para tomar a decisão.
 
Terminada a reunião, Ciro foi mais enfático e fez críticas pesadas ao presidente do PSB, Eduardo Campos, que decidiu disputar as eleições do ano que vem, de olho no cargo de Dilma Rousseff:
 
— Essa (do Campos) foi em cima da hora, calculada, com todos os requintes dele, digamos assim, de canalhice. Então, vamos ter que fazer toda essa programação.
 
Ainda na quinta-feira, os irmãos Gomes deixaram claro que escolherão um partido que dê apoio à reeleição de Dilma, condição, segundo Cid, ‘sine qua non’. Este é o caso do PROS. Ele garantiu ainda que só vai para “onde foi convidado” e que tem cinco opções de escolha:
 
— Vamos por ordem cronológica: primeiro foi o presidente do PP nacional, Ciro Nogueira, que manifestou nos acolher; também teve o Lupi (PDT), o Kassab, presidente nacional do PSD, e o PCdoB. E o PROS, com quem iniciamos a conversa já há um bom tempo — declarou o governador, que, embora tenha negado a hipótese de filiação ao PT, afirmou que Dilma está acompanhando a transição do PSB no Ceará .— Eu falei com ela hoje (ontem) à tarde por telefone, ela tem insistido que o Leônidas (Cristino, ministro dos Portos) fique no ministério.
 
Embora Ciro diga reconhecer uma posição de humildade perante o novo partido, no qual o grupo socialista dissidente deve entrar sem muito poder de barganha, como declarou o próprio ex-ministro, ele disse ontem que se responsabilizou por colher, junto à militância do PSB, propostas programáticas para serem apresentadas à nova legenda. Entre o grupo existem divisões quanto ao ingresso no PROS, especialmente entre os militantes do movimento LGBT e de mulheres. A escolha, reconhece Ciro, pode gerar incoerências ideológicas:
 
— Não cuidamos de olhar o programa do partido, mas é interessante que a gente peça.
 
O deputado federal Antonio Balhmann sinalizou ontem que as atenções dos deputados, em geral, estão voltadas para o PROS e que o Solidariedade está descartado.
 
Na avaliação do governador Cid Gomes, os esforços agora estão voltados para a legalidade da corrida eleitoral, para evitar questionamentos de infidelidade partidária pelo Ministério Público. Durante reunião, Cid falou sobre o pedido feito ontem a Eduardo Campos para a liberação dos filiados do partido no Ceará que ocupam cargos eletivos.
 
— O deputado Zezinho (presidente da Assembleia Legislativa do Ceará) fez contato com Campos no sentido de que ele desse uma anuência. Ele garantiu que daria o documento, pedindo, em contrapartida, que tivesse uma renúncia coletiva.

28 de setembro de 2013
Chico de Gois,  Odilon Rios e Janayde Gonçalves - O Globo

COMEÇOU A VAZAR... ESTÃO SENTINDO O AROMA PETISTA?

Na Epoca: "Lindbergh assinou 'contrato secreto' com Delúbio Soares"
 
O que Lindbergh queria?.  “Dinheiro, como todo mundo”, disse Delúbio Soares – antes de avalizar um contrato de caixa dois com uma agência de publicidade, em 2004
 
 
O ano de 2004 foi especial para Lindbergh Farias, atualmente senador e pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PT. Inexpressivo como deputado federal e empacado politicamente pela imagem juvenil de cara-pintada, imagem que o perseguia desde o impeachment de Fernando Collor de Mello, nos anos 1990, Lindbergh percebeu que era hora de dar uma sacudida na carreira. Com o apoio da cúpula do PT, decidiu sair candidato a prefeito de Nova Iguaçu, uma das principais cidades da Baixada Fluminense. Administrar Nova Iguaçu seria, como se confirmou depois, um trampolim para projetos políticos mais ousados.
 
Lindbergh sabia que precisava tornar seu nome conhecido na região e, nessa cruzada, contava com o respaldo dos próceres do partido, principalmente do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, que via nele grande potencial. O primeiro passo era evidente: contratar uma assessoria de marketing político para promover a metamorfose, aos olhos do eleitorado, de líder dente de leite em gestor qualificado.
 
Escolheu-se para o trabalho a agência paulista Supernova Mídia, do marqueteiro Carlos Colonnese, conhecido como Cacá. A parceria deu certo, e a passagem de Lindbergh para o segundo turno das eleições municipais entusiasmara a direção do PT. Mas também causara preocupação. Como a campanha de Lindbergh arrumaria os R$ 2,7 milhões que o marqueteiro Cacá exigia para continuar trabalhando?

>> A máquina de contar dinheiro

ENDOSSO Delúbio Soares e o contrato de Lindbergh Farias com a Supernova Mídia. Mesmo relutante, Lindbergh assinou – e Delúbio topou ser fiador (Foto: Elio Rizzo/Futura Press)
ENDOSSO Delúbio Soares e o contrato de Lindbergh Farias com a Supernova Mídia. Mesmo relutante, Lindbergh assinou – e Delúbio topou ser fiador (Foto: Reprodução)

Lindbergh, de acordo com líderes do PT que coordenaram as campanhas do partido em 2004, fez o que todos no partido faziam: foi pedir dinheiro a Delúbio Soares, então tesoureiro petista. Encontrou-se com Delúbio no restaurante de um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro, de acordo com esses relatos. Os dois conversaram a sós por alguns minutos. Quando Lindbergh foi embora, os interlocutores de Delúbio perguntaram o que ele queria. “Dinheiro, como todo mundo”, disse Delúbio, segundo o relato de um dos presentes. Delúbio consultou Dirceu, que aprovou o repasse do dinheiro – ou, no mínimo, o compromisso do partido de pagar a conta assim que se obtivessem fundos para tanto. Naquele momento, a vitória de Lindbergh era uma das prioridades do grupo de Dirceu. A direção do PT sabia que Lindbergh viria a ser, como agora se demonstra, um candidato forte ao governo do Rio de Janeiro.


Em 2004, o PT tinha muitas campanhas – e muitas dívidas – país afora.Mesmo com o dinheiro do operador Marcos Valério, hoje condenado no caso do mensalão, Delúbio não conseguia fazer frente às demandas dos candidatos. Como alternativa, segundo pessoas próximas a ele, Delúbio se comprometeu com Lindbergh a avalizar a dívida com o marqueteiro Cacá. Delúbio exigia, porém, que Lindbergh também assinasse um contrato e as respectivas notas promissórias com Cacá. Era uma maneira de garantir que, caso eleito, Lindbergh arcaria com a quitação da dívida, por meio de contratos da prefeitura de Nova Iguaçu com Cacá, como determinam as regras silenciosas da política nacional. Lindbergh hesitou, segundo os relatos. Disse que seu coordenador de campanha assinaria. Como Delúbio estivesse inflexível, Lindbergh finalmente capitulou. Topou assinar os papéis.
 
Em 2004, a vitória de Lindbergh
em Nova Iguaçu era uma
das prioridades do grupo
de José Dirceu no PT
 
E assim foi feito. ÉPOCA teve acesso aos documentos, que estavam com dirigentes graúdos do PT. Os papéis revelam que, no dia 14 de outubro de 2004, a duas semanas do segundo turno, Lindbergh e Cacá assinaram um contrato secreto de R$ 2,7 milhões, avalizado por Delúbio. Cinco dias depois, Delúbio endossou três notas promissórias oferecidas como garantia de pagamento. Uma no valor de R$ 500 mil, outra de R$ 1 milhão e a última de R$ 1,2 milhão. As promissórias também foram assinadas por Lindbergh. Em 26 de outubro daquele ano, a cinco dias do segundo turno, o contrato foi registrado no Cartório do 10o Ofício de Notas de Nova Iguaçu. Todas as firmas foram reconhecidas.


O esforço do PT foi recompensado com a vitória de Lindbergh. Na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, Lindbergh reconheceu apenas R$ 500 mil em despesas com a empresa do marqueteiro Cacá. O contrato público, do caixa oficial, tem, além do valor de R$ 500 mil, uma importante diferença em relação ao contrato secreto. Nele, não aparece Delúbio Soares. O conjunto de papéis secretos constitui evidência forte de que Lindbergh cometeu crimes eleitorais, ao fornecer informações falsas à Justiça Eleitoral – e, claro, ao recorrer ao célebre caixa dois de Delúbio.


A PROMISSÓRIA que subiu Lindbergh Farias (à esq.) e o endosso de Delúbio (acima). “As despesas  de campanha de 2004 foram assumidas pela direção nacional  do PT”, disse Lindbergh em nota (Foto: Sergio Lima/Folhapress)

Apesar do compromisso assinado por Delúbio e Lindbergh, o marqueteiro Cacá tomou um calote parcial, de acordo com os relatos. Em 2005, no primeiro ano do mandato de Lindbergh à frente da prefeitura de Nova Iguaçu, o município firmou um contrato de R$ 600 mil com a empresa de Cacá. Seria o primeiro de muitos, mas, segundo a narrativa, disputas impediram os demais repasses. Só esse primeiro contrato foi suficiente para causar um belo estrago jurídico a Lind­bergh. Em 2008, o então pro­curador-geral de Justiça do Rio de Janeiro denunciou Lindbergh, Cacá e outras seis pessoas por fraude em licitação. Foi aberto um inquérito, que, agora, está sob a relatoria do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.
 
É um dos processos que fazem de Lindbergh, segundo levantamento do site Congresso em Foco, o campeão de processos entre os parlamentares. São 13. Neles, Lindbergh, que ajudou a derrubar o ex-presidente Fernando Collor, é acusado de corrupção passiva, corrupção eleitoral, desvio de recursos públicos, formação de quadrilha e crimes contra a Lei de Licitações.


Depois de romper com Lindbergh, Cacá, usando o contrato secreto e as promissórias, cobrou dos dirigentes do PT o pagamento do restante da dívida. Foi ignorado. Com os anos, reaproximou-se de Lindbergh e, no ano passado, trabalhou para o PT nas campanhas municipais do Rio, com o objetivo específico de tornar o nome de Lindbergh mais conhecido. Procurado por ÉPOCA para comentar o caixa dois de Lindbergh, Cacá primeiro disse que cobrara apenas R$ 500 mil do PT naquela campanha, e que o PT lhe devia R$ 250 mil até hoje (sem correções).
 
Negou a existência das promissórias. Depois, confrontado com os papéis, reconheceu a veracidade deles. Afirmou que o contrato secreto foi assinado “no calor das comemorações” do primeiro turno – e que os serviços de marketing acabaram não sendo executados. “Não houve entrega, não houve serviço, não houve pagamento. O que houve foi o distrato do contrato”, disse. ÉPOCA, então, pediu uma cópia do tal distrato. Não apareceu. Quanto ao contrato com a prefeitura de Nova Iguaçu, Cacá disse que não houve fraudes.


Delúbio não respondeu aos questionamentos de ÉPOCA. O atual tesoureiro do PT, João Vaccari, limitou-se a afirmar que todas as informações relativas à prestação de contas do partido constam do site do Tribunal Superior Eleitoral. Lindbergh não respondeu às perguntas de ÉPOCA sobre os valores pagos ao marqueteiro Cacá, nem sobre as promissórias assinadas por ele e Delúbio Soares, nem sobre o contrato secreto. Em nota, afirmou que “as despesas de campanhas de 2004 foram assumidas pela direção nacional do PT, e as contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral”.


“O senador Lindbergh Farias manifesta sua indignação com o fato de ÉPOCA abrir mais uma vez espaço para atacá-lo com uma denúncia antiga e sem fundamento”, disse ainda Lindbergh na nota. Ele se refere a duas reportagens recentes de ÉPOCA. Uma noticiou detalhes de um processo sobre suspeitas de compra de uma decisão judicial permitindo sua candidatura à reeleição em 2008. A outra revelou documentos de um processo em que ele é acusado de desviar dinheiro de contratos da prefeitura de Nova Iguaçu. Com tantos processos, talvez Lind­bergh precise novamente de um contrato com o marqueteiro Cacá.

28 de setembro de 2013
MURILO RAMOS E DIEGO ESCOSTEGUY - Epoca

ATÉ AGORA, MÉDICOS CUBANOS TRABALHAM APENAS COMO CABOS ELEITORAIS DA GANGUE DE LULA

Até agora, médicos cubanos só trabalham como cabos eleitorais do PT. Reportagem de VEJA desta semana mostra que, sem autorização para iniciar os atendimentos, tudo que os médicos fizeram até agora foi aparecer ao lado de políticos do partido para exaltar o programa Mais Médicos
 
No palanque: Padilha, ministro e candidato a governador, recepciona os médicos cubanos: tudo filmadinho
No palanque: Padilha, ministro e candidato a governador, recepciona os médicos cubanos: tudo filmadinho (Rondon Vellozo/ASCOM. Min. Saúde)
 
Tupanatinga, no agreste de Pernambuco, tem 25 000 habitantes e menos de 1 000 carros. Para chegarem lá, as médicas cubanas Norka Imberd e Norma Elías sacolejaram na estrada por quatro horas e meia desde o Recife. Estão instaladas há quase uma semana em um dos dois únicos hotéis da cidade, mas ainda não tiraram o estetoscópio da bagagem.
 
Como continuam sem autorização de trabalho no Brasil, aproveitaram o tempo livre para desfilar sorridentes ao lado do ainda mais sorridente prefeito Manoel Tomé (PT). “Queria saudar aqui duas pessoas importantíssimas que o município acaba de receber”, discursou ele.
 
“Elas vieram lá de ‘Cubas’ numa missão para melhorar a saúde de nossa cidade.” O fato de o prefeito não conseguir acertar o nome do país das doutoras não significa que ele ignore a força política do programa do governo federal que as trouxe a Tupanatinga -- o Mais Médicos. Prova disso é que já mandou até pintar um dos postos de saúde da cidade de vermelho e branco, as cores do seu partido.
 
O fato de o prefeito não conseguir acertar o nome do pais das doutoras não significa que ele ignore a força politica do programa do governo federal que as trouxe a Tupanatinga - oMais médicos. Prova disso é que já mandou até pintar um dos postos de saúde da cidade de vermelho e branco, as cores do seu partido.

28 de setembro de 2013
Alexandre Aragão e Kalleo Coura - Veja
Leia a matéria completa na edição da VEJA

"A PRIMAVERA BURRA". (PELA PRIMEIRA VEZ STF TEM JUÍZES PARTIDÁRIOS)

 


O Supremo Tribunal Federal melou a prisão dos mensaleiros, na mão grande. Como se sabe, pela primeira vez na história a corte máxima tem juízes partidários, como Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, obedientes aos seus senhores petistas. E os principais réus do mensalão, que por acaso mandam no Brasil, têm os melhores advogados de Brasília — pagos a peso de ouro com uma dinheirama que eles não precisam dizer de onde veio, mas pode-se supor. Foi com essa blitz política (disfarçada de jurídica), ou, em bom português anglo-saxão, com esse lobby, que o Brasil foi roubado de novo, à luz do dia.
 
E o que fizeram os brasileiros, que agora são revolucionários e esculhambam o trânsito a qualquer hora do dia para “mudar o Brasil”? Não fizeram nada. Os bravos manifestantes da Primavera Brasileira de 2013 assistiram ao novo assalto, como diria Anitta, ba-ban-do.
 
O golpe dos embargos infringentes foi vexaminoso. Uma manobra tosca, que embaralhou um julgamento cristalino e cindiu o direito e o bom senso — o que é uma cisão grave, mas não nesse Brasil onde civismo é jogar pedra em vidraça. Votos como o do ministro Marco Aurélio mostraram que o julgamento só poderia ser reaberto — decisão drástica — se não pairassem dúvidas sobre a legalidade dos embargos.
 
Pois bem: o julgamento foi reaberto em casos onde houve quatro votos contrários à sentença. E a própria decisão de reabertura teve cinco votos contrários! Não seria então o caso de entrar com embargos infringentes contra a aceitação dos embargos infringentes?
 
Não, não seria, porque nesse caminho de prostituição da técnica, a lógica já foi abandonada no acostamento há muito tempo, e o espírito da lei já foi pendurado na parede, ao lado de um retrato do filho do Brasil. A blitz dos advogados milionários do PT fez o STF virar as costas para a lógica e o espírito da lei. Normal. Quem está do outro lado é só o Brasil, esse pobre coitado, que não tem nada concreto para oferecer: nem cargos, nem prestígio, nem favores, nem negócios, nem mesmo a emoção de um café da manhã com José Dirceu, o astro da penumbra.
 
Foi comovente ver a bancada petista no Supremo, em ações grandiloquentes e tom épico, defendendo com garra um futuro tranquilo e confortável. O PT inaugurou o patriotismo privado.
 
Para o pobre coitado do outro lado, batizado com nome de madeira nativa (profetizando a cara de pau), o que aconteceu no Supremo Tribunal Federal é apenas o fim. Se as massas (e os gatos pingados) não sabem direito por que vão às ruas, se não é só por 20 centavos, se é por tudo — e tudo, como se sabe, é igual a nada —, a zombaria do STF contra o país inteiro, aliviando os maiores assaltantes da história da República, cujo grupo político por acaso governa o Brasil, é a causa das causas. É para inundar as ruas de gente, é para cercar os palácios da Justiça Federal em todo o território, é para, aí sim, parar tudo e avisar que isso aqui não é a casa da mãe Dilma e de seus companheiros parasitários.
 
Mas o que se viu por aí depois do golpe do STF? Bem, escolha a sua manifestação preferida: black blocs vaiando e ameaçando artistas de cinema na chegada ao Festival do Rio; revolucionários da Cinelândia recebendo a adesão do Batman e do Saci Pererê; ninjas, fora do eixo e fora de órbita, discutindo a relação com a polícia (decidindo o que veio primeiro, a pedra ou a pimenta); sindicalistas privatizando as ruas e decidindo quem pode ir e vir.
 
Enquanto isso, estoura novo escândalo na boquinha que Dilma Rousseff cultivou dentro do Ministério do Trabalho — o mensalão redivivo na farra das ONGs piratas. Mais R$ 400 milhões desviados para a turma que a presidente fingiu escorraçar em 2011, com o inesquecível Carlos Lupi, mas que na verdade protegeu, porque é dando que se recebe. Os réus que o STF acaba de refrescar fizeram escola, só não vê quem não quer. E ninguém parece querer. Não apareceu um único mascarado no horizonte para acuar os sócios do governo popular nesse novo escárnio. Eles preferem rosnar contra artistas de cinema.
 
Não pode haver mais dúvidas: os movimentos de protesto que levaram os brasileiros às ruas em 2013 passarão à história como a Primavera Burra.
 
PS: o ministro do Trabalho passa bem, os ministros infringentes idem, e os mensaleiros estão estourando champanhe com a nova disparada de Dilma no Ibope. Vêm aí mais quatro anos de sucção pacífica.

28 de setembro de 2013
Guilherme Fiuza, O Globo

ALTA NA TAXA DE ANALFABETISMO DESMASCARA DILMA "TRAMBIQUE"

Alta na taxa de analfabetismo coloca em xeque programas do governo.  Criado em 2003, o Brasil Alfabetizado já consumiu bilhões com a meta de erradicar o problema no país


O programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação (MEC) — criado em 2003 com a meta de erradicar o analfabetismo — consumiu investimentos bilionários e foi reformulado, mas continua longe de resolver o problema.

Dez anos depois de lançado, o programa já atendeu um número de alunos equivalente ao total de jovens e adultos iletrados de uma década atrás.

Afora os problemas de aprendizagem e evasão, o Brasil Alfabetizado tropeça na falta de dados sobre o que efetivamente foi feito.
Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE apontam que a taxa de analfabetismo ficou praticamente estável em 2012 — variou de 8,6% em 2011 para 8,7% no ano passado —, colocando em xeque as ações do governo.
 
Um balanço divulgado pelo MEC em janeiro de 2012 dizia que 13 milhões de pessoas já teriam sido atendidas. Depois disso, mais cerca de dois milhões teriam sido matriculadas, totalizando 15 milhões.
Esse número corresponde ao total de jovens e adultos analfabetos em 2004. Nesta sexta-feira, o MEC não informou o total de alunos atendidos desde a criação do programa.

 

Em nota, o ministério divulgou apenas o dado referente ao período de 2008 a 2012, quando 6,7 milhões de pessoas teriam frequentado o curso, ao custo de R$ 1,4 bilhão. Ao ser lançado, o programa repassava dinheiro a organizações não-governamentais, o que foi suspenso após a constatação de desvios de recursos. Hoje, o MEC só fecha parcerias com governos municipais e estaduais.
 
Outra dificuldade é a falta de uma avaliação nacional que mostre quem efetivamente aprendeu a ler e escrever no programa. A avaliação fica a cargo das prefeituras e dos governos estaduais, que informam quantos alunos frequentaram as aulas e quantos teriam sido alfabetizados.
 
A secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Macaé Maria Evaristo dos Santos, afirmou que a taxa de analfabetismo, conforme a Pnad, cresceu apenas na faixa da população de 40 a 59 anos, tendo caído entre os jovens de 15 a 39 e entre os idosos com mais de 60. Ela admitiu rever pontos do programa, embora tenha ressalvado que, primeiro, será preciso analisar a Pnad minuciosamente:
 
— Com certeza, temos que repensar. Mas a gente tem que aprofundar a análise. Quando a gente olha esses dados, é um pouco estranho que tenha redução em todas as faixas de idade, menos no corte de 40 a 59 anos. Precisamos entender isso — disse Macaé.
 
Falta motivação
 
Segundo ela, um dos caminhos poderá ser a focalização de ações, com esforços dirigidos à população de 40 a 59 anos. Os cursos do Brasil Alfabetizado duram de seis a oito meses. Para o MEC, o desafio é garantir que o público atendido continue estudando em turmas de educação de jovens e adultos, o antigo supletivo. Do contrário, correm o risco de esquecer o que aprenderam.
 
O presidente da ONG Instituto Alfa e Beto, João Batista de Oliveira, diz que o maior obstáculo é a falta de motivação dos adultos analfabetos. Segundo ele, essas pessoas desenvolveram estratégias para sobreviver sem saber ler:
 
— Não vai fazer diferença nenhuma para elas no mercado de trabalho — disse João Batista.
 
O coordenador da unidade de educação de jovens e adultos da ONG Ação Educativa, Roberto Catelli, disse que os números da Pnad reforçam a necessidade de o governo reavaliar o programa. Ele destacou que, além de não ter uma avaliação efetiva dos resultados, a política pública precisa de uma integração maior com as redes públicas de ensino:
 
— Só 3% dos alunos que saem do programa de alfabetização vão para a escola. Isso é tão ruim quanto não alfabetizar — disse o coordenador.

28 de setembro de 2013
Demétrio Weber e Cristiane Bonfanti - O Globo

APESAR DO MARKETING, 65% DOS BRASILEIROS NÃO QUER O PT EM 2014


Aécio Neves foi ovacionado pelos tucanos / Sérgio Lima/Folhapress
Em tom de campanha eleitoral, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) criticou o governo federal nesta sexta-feira, 27, durante entrevista coletiva em Curitiba (PR), na abertura do encontro regional do PSDB no Sul. Acompanhado do governador Beto Richa e de outros líderes partidários, Aécio disse que a presidente Dilma precisa governar ao invés fazer "marketing".
Questionado sobre os números da pesquisa Ibope que o apontam como terceiro colocado, atrás da presidente e de Marina Silva, ainda sem partido, Aécio alegou ser natural a presidente estar na frente por aparecer a todo o momento na imprensa.
"O dado que me parece relevante é de que 60 a 65% da população brasileira não quer votar na atual presidente da República, mesmo ela tendo uma exposição diária, na mídia, quase com uma lavagem cerebral, nós temos uma candidata a presidente "fulltime", marketing. O que eu percebo é um sentimento que divido com vários companheiros. O candidato que chegar no segundo turno será vitorioso, o ciclo do PT será encerrado".
 
(Estadão)
28 de setembro de 2013
in coroneLeaks

ESTE INQUÉRITO JÁ ESTÁ INSTALADO, O MINISTÉRIO PÚBLICO AINDA NÃO DENUNCIOU, O LULA NÃO TEM FORO PRIVILEGIADO


 

Mensalão: Polícia Federal abre inquérito contra Lula Ex-presidente agora é investigado como suspeito de intermediar repasse de 7 milhões de reais da Portugal Telecom ao PT; acusação partiu de Marcos Valério

A Polícia Federal confirmou, nesta sexta-feira, ter aberto inquérito para investigar a
atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma das operações financeiras do mensalão. Agora, Lula é oficialmente investigado por sua participação no esquema que movimentou milhões de reais para pagar despesas de campanha e comprar o apoio político de parlamentares durante o primeiro mandato do petista.

O presidente teria intermediado a obtenção de um repasse de 7 milhões de reais de uma fornecedora da Portugal Telecom para o PT, por meio de publicitários ligados ao partido. Os recursos teriam sido usados para quitar dívidas eleitorais dos petistas. De acordo com Marcos Valério, operador do mensalão, Lula intercedeu pessoalmente junto a Miguel Horta, presidente da companhia portuguesa, para pedir os recursos. As informações eram desconhecidas até o ano passado, quando Valério - já condenado - resolveu contar parte do que havia omitido até então.

A transação investigada pelo inquérito estaria ligada a uma viagem feita por Valério a Portugal em 2005. O episódio foi usado, no julgamento do mensalão, como uma prova da influência do publicitário em negociações financeiras envolvendo o PT.

O
pedido de abertura de inquérito havia sido feito pela Procuradoria da República no Distrito Federal. As novas acusações surgiram em depoimentos de Marcos Valério, o operador do mensalão, à Procuradoria-Geral da República. Como Lula e os outros acusados pelo publicitário não têm foro privilegiado, o caso foi encaminhado à representação do Ministério Público Federal em Brasília. Ao todo, a PGR enviou seis procedimentos preliminares aos procuradores do Distrito Federal. Um deles resultou no inquérito aberto pela PF. Outro, por se tratar de caixa dois, foi enviado à Procuradoria Eleitoral. Os outros quatro ainda estão em análise e podem ser transformados em outros inquéritos.

Segredos – Com a certeza de que iria para a cadeia, Marcos Valério começou a contar os segredos do mensalão em meados de setembro, como
revelou VEJA. Em troca de seu silêncio, Valério disse que recebeu garantias do PT de que sua punição seria amena. Já sabendo que isso não se confirmaria no Supremo – que o condenou a mais de 40 anos por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro – e, afirmando temer por sua vida, ele declarou a interlocutores que Lula "comandava tudo" e era "o chefe" do esquema.

Pouco depois, o operador financeiro do mensalão enviou, por meio de seus advogados, um fax ao STF declarando que estava disposto a contar tudo o que sabe. No início de novembro, nova reportagem de VEJA mostrou que o empresário depôs à PGR na tentativa de obter um acordo de delação premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um crime presta informações sobre ele, em troca de benefícios.
 
28 de setembro de 2013
graça no país das maravilhas

 

VENEZUELA, O PAÍS DAS FAVELAS, DA VIOLÊNCIA E DA ANARQUIA INSTITUCIONALIZADA PELA DITADURA COMUNISTA BOLIVARIANA

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Alguns amigos meus decidiram fazer turismo pelo Caribe e deram uma passada pela Venezuela. Como são aqui de Santa Catarina que é um dos melhores e mais equilibrados e organizados Estados brasileiros, ficaram horrorizados com o que viram na dita República Bolivariana. 

Me enviaram algumas fotos que mostram detalhes impressionantes da capital, Caracas, conforme vocês podem ver acima.

É que o ambiente em que vivem as pessoas materializa o que passa em seus cérebros. Valores éticos, morais e estéticos denotam o ambiente cultural e político em que vivem os seres humanos. Reflete também, como não poderia deixar de ser, a forma como é gerido o Estado.

Dá para notar, por exemplo, que as favelas começam no alto dos morros e se derramam sobre a cidade, envolvendo-a.

Deve-se notar que a exemplo do Brasil, as residência e edifícios possuem grades nas janelas. A diferença do que se vê por lá é que essas grades não se circunscrevem às partes térreas dos prédios, mas também são colocadas nos andares acima. Supõem-se que os assaltos e furtos provavelmente podem ser feitos por verdadeiros homens-aranha escalando as paredes. Há prédios que parecem verdadeiras prisões.

Em outra foto se nota um prédio inacabado porém habitado, o que parece ser resultado de uma ocupação de movimentos sem teto e similares que também existem na Venezuela, e foram criados pelo governo comunista bolivariano do finado caudilho Hugo Chávez.

Chávez esteve no poder durante 14 anos e o resultado de seu governo, que continua sob a ditadura de Nicolás Maduro, por ele nomeado antes de morrer, expressa-se pela faceta dramática da profusão de favelas. Em vez da pobreza diminuir, aumentou significativamente!, a mostrar que o comunismo, socialismo e similares, que no final das contas são coisas iguais, é um total desastre.

Sob o comunismo chavista-cubano, a Venezuela se transformou num dos países mais violentos do mundo. Os necrotérios recebem por dia centenas de cadáveres, vítimas de roubos, assaltos e vindita. Ou ainda como resultado das escaramuças entre os bandos do narcotráfico. Durante seu reinado, Chávez acolheu os terroristas colombianos das Farc.

Não deixa de ser irônico o fato de que a Venezuela possui as maiores jazidas petrolíferas do mundo. A Opep, inclusive, foi criada por um empresário petroleiro da Venezuela. O país possui cerca de 29 milhões de habitantes. Dispõe de clima bom, praias maravilhosas, florestas exuberantes, grande beleza natural, enfim, possui tudo de bom que um país poderia almejar. Só com o turismo a Venezuela poderia ser um país de primeiro mundo. Agregue a isso o petróleo e se teria uma potência econômica com poucos rivais.

No entanto, esse país que deveria ser altamente desenvolvido, está economicamente e socialmente esfacelado e dividido por uma insana luta de classes alimentadas pelo comunismo chavista.

Todas as instâncias estatais estão sob severo aparelhamento e controle do chavismo. Uma das fotos mostra o prédio da estatal de energia Corpoelec, vendo-se pregado acima um outdoor com a figura do finado caudilho Hugo Chávez. Há um esforça para transformar Chávez numa espécie de Perón.

Atualmente a Venezuela amarga inflação das mais altas do mundo. Houve uma brutal desvalorização do bolívar. Há escassez de produtos de primeira necessidade, como alimentos e medicamentos e até mesmo de papel higiênico.

O chavismo promoveu a estatização de empresas do agronegócio, expropriou fazendas produtivas e fábricas de alimentos.

Assim, a Venezuela é o exemplo mais bem acabado de que o comunismo é uma desgraça. Lá como aqui no Brasil, o governo não fala em comunismo, mas em "socialismo do século XXI", eufemismo para esconder uma ditadura cruel e corrupta, a reprodução mais bem acabada da ditadura de Fidel Castro e seu irmão Raúl. A transformação dos países latino-americanos em repúblicas comunistas é orientada pelo Foro de São Paulo, a organização esquerdista internacional fundada por Lula e Fidel Castro em 1990. Recentemente, o Foro de S. Paulo esteve reunido na capital paulista. A grande mídia praticamente silenciou, já que comunismo e Foro de S. Paulo foram transformados, por evidente conveniência do PT, em tabus.

Na Venezuela, um dos passos decisivos para a transformação do país numa ditadura do tipo cubano aprofundou-se depois que o caudilho Hugo Chávez começou a importar médicos cubanos, da mesma forma que o governo do PT está fazendo agora aqui no Brasil.
O exemplo da Venezuela tem de ser olhado com atenção pelos brasileiros. Afinal, o chavismo é irmão siamês do PT de Lula, da Dilma e seus sequazes. 
Quem conhece muito bem a Venezuela é o marketeiro Renato Pereira, que comanda a campanha presidencial do candidato Aécio Neves. É que Pereira mergulhou fundo na realidade da Venezuela, pois foi ele quem fez a campanha do candidato oposicionista venezuelano Henrique Capriles.
Com razão, os meus amigos dizem que jamais pretendem voltar à Venezuela.
E o que acha disso tudo o marketeiro do candidato Aécio Neves?
 
28 de setembro de 2013
in aluizio amorim

COMO ENTENDER OS NÚMEROS DA PESQUISA IBOPE, QUE NÃO SURPREENDEM OS LEITORES - E ELEITORES - DESTE BLOG


O resultado da pesquisa Ibope (ver post na home) a muitos pode surpreender, não aos leitores deste blog ou a este que vos fala, não é? É claro que eu não gosto dos números, mas o nosso compromisso aqui e dizer tudo, na alegria e na tristeza… Uma pesquisa rápida vai indicar as vezes em que afirmei que Dilma seguia sendo franca favorita, mesmo depois do tsunami de junho. Como sabem, sempre achei que havia muito de artificialismo naquilo tudo — em larga medida, decorrente do fato de que importantes veículos de comunicação resolveram brincar um pouco de “Primavera Árabe” verdade-amarela. Como o Brasil ainda não é uma tirania, as coisas acabariam voltando a seu leito. Não havia como aquele movimento fortalecer um projeto de oposição — e isso era o principal. Por que era o principal? Porque a alternância de poder seria importante para que as instituições, um tanto sufocadas, respirassem um pouco. Em nenhum momento, no entanto, isso se anunciou.

Quem cresceu junto com a bolha das manifestações foi Marina Silva, que agora também reflui, junto com a volta do povo ao leito. “Mas não seria ela o projeto de oposição, então?” Não. Boa parte dos que expressam sua crença em Marina devotam, na verdade, repulsa à política. Ela própria faz um discurso com esse viés. Hoje, é uma agregadora de descontentes. Há de tudo: de conservadores (em economia, direitistas mesmo!) a esquerdistas hostis ao pragmatismo brucutu dos petistas; nesse caso, o viés ideológico assume a coloração verde. Marina é uma queridinha da imprensa, transita com desenvoltura entre os inteligentes, que lhe devotam respeito quase reverencial — tenho certeza de que há gente que acredita que ela faz uma espécie de download do divino enquanto dorme. No que há de vínculo entre Marina e as ruas, a inflexão desse eleitorado está à esquerda, em muitos aspectos, do próprio PT.

É o que eu achava que iria acontecer. Como disse com toda as letras nos debates da VEJA.com (e o fiz quando a popularidade de Dilma ameaçou ficar abaixo dos 30%), ela seguia sendo favorita, e aquele curto junho da anarquia não daria flores olorosas. Eis aí. Dilma abre, segundo o Ibope, uma liderança de 22 pontos sobre Marina (38% a 16%), que passa a ser ameaçada por tucanos: Aécio aparece com 11% (tinha 13% em julho), e Serra com 12%. “Ah, mas, ao menos, parece que um tucano já consegue passar para o segundo”. Pois é, mas todos em queda. Caso tudo dê errado para a ex-senadora e seu partido não se viabilize a tempo e caso Serra não se candidate por outro partido, o PT pode tentar realizar um segundo turno já no primeiro. Para Eduardo Campos (PSB), a situação também não é boa (foi de 5% para 4%). No segundo turno, Dilma venceria com folga.

É evidente que o resultado é ruim para o PSDB — na verdade, para as oposições. Aécio oscila negativamente num momento em que a propaganda política tucana, de que ele é estrela única, está no ar. Seria o caso de reavaliar o tipo de abordagem? Marqueteiros têm uma lógica muito particular, que desafia — e isso é bom — o senso comum. Mas não é raro que desafie também o bom senso, e isso não é. Li uma entrevista de Renato Pereira, que cuida da área no PSDB. Ele se mostra, acho, sensato, inteligente, ponderado.

“Tudo está muito no começo ainda”, dirá alguém. É verdade. Mas parece que já dá para saber o que funciona e o que não funciona. Tudo indica que esse negócio entre o bom-mocismo e o didatismo, por mais bem-feito que esteja (e está), pode não ser lá muito eficiente. “Mas, então, qual é a receita?” Não tenho. A minha questão com a oposição é de mais fôlego, como sabem. Não vejo por que o Brasil deva ser uma jabuticaba universal, constituindo-se na única democracia do mundo a não ter um partido conservador forte. Mas isso, é evidente, não é coisa que se resolva para a próxima campanha. Como o PSDB não é nem quer ser esse partido, as coisas ficam difíceis. Já escrevi muito a respeito. Partidos que são alternativas de poder são mais do que indivíduos talentosos, habilidosos ou competentes. São, antes de mais nada, um conjunto de valores. Por mais que se possa detestar o PT — e vocês sabem o que eu penso a respeito —, a sigla transita muito bem nessa área. Mesmo Marina Silva, sem cargo e sem máquina — e falando, a meu ver, coisas incompreensíveis —, se sustenta num patamar apreciável, dado que não tem ainda partido, porque “simboliza” algumas causas.

Ainda falaremos muito a respeito. Uma coisa me parece clara a essa altura — e torço para estar errado; tampouco quero me colocar na questão de modo professoral, porque não há razão para isso: se o PSDB decidir transitar naquela área dos valores genericamente “progressistas” em que transita o PT, as chances de sucesso serão pequenas, pouco importa quem seja o candidato: Aécio, Serra ou J. P. Fernandes.
 
28 de setembro de 2013
Reinaldo Azevedo