"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 24 de outubro de 2015

JANOT QUER PROCESSAR PIZZOLATO POR DOIS NOVOS CRIMES

ALÉM DOS REEMBOLSOS

OS CRIMES SÃO LAVAGEM DE DINHEIRO E USO DE DOCUMENTOS FALSOS


JANOT VAI PEDIR AUTORIZAÇÃO PARA O GOVERNO ITALIANO PARA ABRIR OS PROCESSOS FOTO: FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM 

O Procurador-geral da República Rodrigo Janot vai pedir autorização para o governo italiano para processar por dois novos crimes cometidos pelo ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato.

Sem dar detalhes dos crimes, Janot só informou que Pizzolato deve ser processado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro por lavagem de dinheiro e em Santa Catarina por uso de documento falso.

Também será cobrada do ex-diretor a quantia de R$ 170 mil referentes aos gastos com a sua extradição, na conta estão às viagens de autoridades brasileiras, os vídeos para demonstrar as Justiça Italiana a situação das penitenciárias do Brasil e a tradução de documentos.

Pizzolato também ter que pagar cerca de 100 mil euros, pelos honorários dos advogados. O MPF vai pedir a repatriação de cerca de 113 mil euros, que para Janot são frutos de crime e foram apreendidos com o condenado na Itália.



24 de outubro de 2014
diário do poder

VOLTA DE EMÍLIO SELA SAÍDA DE MARCELO ODEBRECHT

EMÍLIO RETORNA À EMPRESA E MARCELO NÃO É DEMITIDO POR SER FILHO

EMÍLIO RETORNA À EMPRESA E MARCELO NÃO É DEMITIDO POR SER FILHO. FOTO: PAULO GIANDALIA/ESTADÃO CONTEÚDO


Não fosse Marcelo Odebrecht membro da família, certamente já teria sido demitido da gigante de construções. Sua ausência, decorrente da prisão, é lamentada apenas pelos problemas que continua causando à corporação. Diretores e funcionários demonstram alívio com a saída de Marcelo, conhecido pelo estilo seco, invasivo e agressivo, e felicidade com o retorno ao comando do pai, Emílio Odebrecht, muito estimado.

Além de Emílio, outros dois ex-dirigentes que faziam parte do conselho de administração, retornaram a funções executivas na Odebrecht.

A avaliação interna é que Marcelo Odebrecht não se contentava em dirigir uma das maiores empresas do mundo: ele queria poder político.

Marcelo é criticado na Odebrecht pela obsessão em ser espécie de “ministro sem pasta” de todos os governos, ser influente, reconhecido.



24 de outubro de 2015
diário do poder

PALOCCI É O PERSONAGEM MISTERIOSO DO CASO ITAUSA

OPERAÇÃO SECRETA

ELE 'ARMOU' COMPRA DA PARTICIPAÇÃO DA CAMARGO CORRÊA NA ITAÚSA

ELE 'ARMOU' COMPRA DA PARTICIPAÇÃO DA CAMARGO CORRÊA NA ITAÚSA POR R$ 3 BILHÕES. FOTO: EBC


Todo mercado sabia que houve rolo para que o fundo Petros, dos funcionários da Petrobras, comprasse por R$ 3 bilhões algo que ninguém queria: a participação na Camargo Corrêa na Itaúsa, holding do banco Itaú. Agora se sabe o nome da fera que “armou” a operação, segundo acredita a CPI dos Fundos de Pensão: Antônio Palocci, ex-ministro de Lula e Dilma. O negócio foi desastroso para o Petros.

A manipulação dos recursos, no negócio do Itaúsa, causou grandes prejuízos aos segurados do Petros, no período de 2003 a 2015.

Atuando fortemente, inclusive no Instituto Lula, Palocci é conhecido no mercado como parceiro de negócios e soluções do ex-presidente Lula.

A compra da participação da Camargo na Itaúsa foi fechada à revelia do Comitê de Investimentos da Petros, com prejuízo para os fundos.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) descobriu o papel de Palocci no caso Itaúsa, e o convocou para depor na CPI dos Fundos de Pensão.


24 de outubro de 2015
diário do poder

O HUMOR DO ALPINO...

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24 DE OUTUBRO DE 2015

PARA FHC, OS LADRÕES SÃO ETERNOS COMO OS DIAMANTES DE 007


Sem dúvida vai ser um grande sucesso o lançamento de Memória do Poder, livro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no qual focaliza os bastidores políticos, as articulações, as pressões exercida sobre ele até para que nomeasse ladrões o que é vergonhoso – acrescenta – mas é assim. Portanto, deixa claro, como destaca a reportagem entrevista de Renato Onofre, Sílvia Amorim, Tiago Dantas e Bruno Rosa, O Globo de quarta-feira, que os ladrões na política são tão eternos como os diamantes para James Bond, o fantástico 007.
O título, a meu ver, ajusta-se bem ao tema. Tanto assim que, logo ao início de seu primeiro governo, em 95, foi avisado pelo empresário Benjamin Steinbruch, então membro do Conselho da Petrobrás, de que a empresa (pelo que se passava nela) constituía um verdadeiro escândalo. O efeito multiplicador, como se constata hoje, foi exponenciado pelo menos por 100, talvez 1000, no espaço de mais ou menos 12 anos. Steinbruch terá sido profético? O fato é que a corrupção se alastrou em ritmo alucinante de Fórmula 1. Quanto mais os ladrões roubam, mais querem roubar. Um prazer econômico e sensual. Se vale Freud vale Marx, digo eu.
INFINDÁVEIS REUNIÕES
“Estive naquelas infindáveis reuniões – narra FHC -, exaustivas discussões sobre nomeações, alguns indicados são ladrões e disso nós temos algumas provas”. Esta afirmação se destaca no contexto e se encontra (na narrativa) bem próxima dos nomes que expõe sobre os autores dos pedidos mais insistentes e constantes. Não quero dizer com isso que os “pedidores” de sempre sejam os padrinhos de ladrões de várias características e matizes. Mas me chama atenção a proximidade entre atores e personagens ocultos nas sombras das tramas e do passado recente.
PRÓXIMOS AO PODER
Fernando Henrique faz um destaque histórico: é preciso cuidado com os que estão próximos ao poder.
De fato são mais perigosos, os mais prestativos, os que mais elogiam também o mais capazes de montar negócios escusos e ilícitos em nome dos presidentes, dos governadores, dos prefeitos, dos dirigentes das empresas estatais. Tornam-se seres perigosíssimos. Às vezes praticam extorsões ou tentam chantagem em nome dos que detêm o poder e, muitas vezes, estes sequer ficam sabendo.
Dessa forma, tais personagens destroem reputações, mancham nomes alheios. Em alguns casos inventam pagamentos de subornos que não existiram e embolsam o dinheiro. No caso do gigantesco assalto à Petrobrás, por exemplo, quantas vezes devem ter sido feitas as famosas “doações” nas quais os valores não coincidiram com o desembolso original  e a entrega final das importâncias extorquidas e recebidas?
Inclusive porque, em tais “doações” não há recibo, e são realizadas em espécie, contrariando a legislação eleitoral que as condicionam a serem feitas em cheques cruzados ou através de depósitos bancários de origem e destino identificados.
LADRÕES ETERNOS
Os ladrões são eternos, roubam tudo. Compulsivamente buscam roubar cada vez mais e com maior frequência. Fernando Henrique Cardoso deixa nítido todo esse processo que, no Brasil, transformou-se numa endemia. A honestidade, especialmente na política, está passando de qualidade a representar um demérito.
Enfim, Memória do Poder vai ser lançado pela Companhia das Letras, também sob o nome Diários da Presidência, e logo estará nas livrarias. Vamos lê-lo para sentir a intensidade dos relatos. Já que a intensidade dos fatos é de conhecimento geral. E quase total.

24 de outubro de 2015
Pedro do Coutto

ALGUÉM PRECISA DIZER AOS POLÍTICOS: "É A ECONOMIA, ESTÚPIDOS!"



A situação do país está cada vez pior, mas os políticos e as autoridades dos três Poderes se comportam como se estivessem na Ilha da Fantasia ou na Terra do Nunca Jamais. Não há empenho em buscar alternativas para vencer a crise, é como se tudo fosse se resolver naturalmente, talvez por osmose, como se dizia antigamente. A omissão e a inércia são impressionantes, como se houvesse possibilidade de retomar o desenvolvimento do país mediante a teoria do laisser-faire, a versão mais pura e simplificada do capitalismo, em que o mercado deve funcionar livremente, sem interferência, apenas com regulamentos suficientes para proteger os direitos de propriedade. Bem, sonhar ainda não é proibido.
Mas é justamente isso que está acontecendo. A única e exclusiva preocupação do governo atual é se manter no poder, a qualquer preço. Não tem nenhum programa administrativo, não planeja minimamente a gestão, nada, nada. Dedica-se apenas a tramar incessantemente para evitar o impeachment ou a cassação pela Justiça Federal. Para tanto, vale qualquer acordo, não há a menor preocupação com a ética.
O presidente do Senado segue na mesma levada. Conseguiu eleger o filho para governar Alagoas, transformou o estado num feudo, agora somente se empenha em atender ao governo federal, na esperança de que o inquérito sobre seu envolvimento do esquema da Petrobras caminhe devagar, devagarinho, no ritmo do genial Martinho da Vila.
Na Câmara, seu presidente tentou agir com independência e enfrentar o governo, mas se deu mal. A resposta foi um inquérito que caminha em velocidade supersônica, coisa jamais vista na política. Nas contas dele, pela 15ª sexta-feira seguida a Procuradoria-Geral da República municia a imprensa com denúncias contra ele, a mulher e a filha
. Sua imagem está destruída, mesmo assim ele sonha em manter não somente o mandato, mas também o cargo de presidente da Câmara.
E no Supremo, está tudo dominado, como se diz atualmente. O presidente do tribunal é da inteira confiança dos governantes, já demonstrou ser especialista em reativar recursos infringentes extintos e em aceitar a existência de quadrilhas que funcionam sem chefes, a boa vontade é total.
A ECONOMIA DERRETE…
Enquanto os políticos e as autoridades criam este mundo à parte, uma espécie de “Meu Brasil Brasileiro” particular, a economia nacional mergulha numa fase crítica. Todos os Estados entraram em recessão, exceto o Pará, que este ano conseguirá uma façanha – a estagnação. Os indicadores são sinistros, os empresários meteram o pé no freio, até as multinacionais decidiram reduzir seus quadros, agravando o desemprego. A arrecadação despenca, consequentemente não há recursos para investimentos, o governo não admite nem discutir cortes nas despesas de custeio, a dívida pública aumenta incessantemente, caminha-se para um impasse e para a bancarrota.
Em 1992, na campanha presidencial dos EUA, o consultor James Carville, então assessor da campanha de Bill Clinton, criou a frase “É a economia, estúpido!”. O candidato favorito era o presidente republicano Gorge Bus pai, que acabara de triunfar na Guerra do Golfo. Mas o consultor Carville percebeu que os eleitores estavam mais preocupados com a crise econômica do que com a investida contra o Iraque de Saddam Russein. E Clinton venceu.
UMA SUGESTÃO
Não estamos em ano eleitoral, mas alguém precisa imediatamente ocupar a Praça dos Três Poderes, em Brasília, e instalar placas gigantescas que possam ser vista de todos os lados, com a frase “É a economia, estúpidos!”.
Talvez assim os políticos e as autoridades despertassem desse sonho imbecil e resolvessem agir para solucionar a crise nacional. Mas isso parece irreal, porque eles não querem acordar para encarar a realidade.

24 de outubro de 2015
Carlos Newton

TCU ENFIM VAI INVESTIGAR RELAÇÃO ENTRE DÍVIDA PÚBLICA E BNDES


O Tribunal de Contas da União (TCU) acolheu sugestão do líder do Democratas, senador Ronaldo Caiado (GO), e vai realizar uma auditoria para apurar causas e consequências do aumento da dívida interna federal no período de 2011 a 2014. O documento também traz questionamentos sobre operações do BNDES com títulos públicos.
De acordo com o parecer do ministro do TCU Raimundo Carreiro, a ação é necessária porque “em vista da condução da política fiscal expansionista, a dívida pública ganhou uma trajetória de crescimento preocupante que pode afetar a sustentabilidade das contas para os próximos anos”.
O montante destacado é o equivalente a um aumento de 14% na dívida interna de 2014 em comparação a 2013, fazendo com que a dívida ultrapasse R$ 2,6 trilhões, ou 48,35% do PIB. “Os valores são absurdos em termos de crescimento da dívida, principalmente entre 2014 e 2013, um ano eleitoral. Isso caracteriza o total descontrole do governo e da utilização da máquina pública para uma campanha eleitoral. No final, isso recai sobre todos os cidadãos brasileiros, que serão responsáveis por quitar esta dívida.”, avalia o senador Caiado.
FAVORECIMENTOS
Em sua solicitação, Caiado também faz menção ao impacto das operações com títulos públicos emitidos diretamente ao BNDES, de 2008 a 2014, nos custos da dívida pública mobiliária federal. “O BNDES tem sido usado para beneficiar algumas empresas selecionadas por critérios políticos. Esse custo tem sido repassado ao Tesouro, que, por sua vez, acaba passando a conta para a população”, disse o senador.
De acordo com o relatório do TCU, o assunto é abordado em dois processos de auditoria operacional e fiscalizações já estavam em andamento. Tão logo os processos sejam apreciados, cópias das deliberações serão enviadas ao senador Caiado e ao presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

24 de outubro de 2015
Isabela Bonfim
Estadão

UM ANO DEPOIS




Duas vezes, esta semana, a presidente Dilma declarou “o compromisso  inarredável com a continuidade do Bolsa Família”. Assim respondeu à sugestão do relator do Orçamento, deputado Ricardo Barros, de cortar 10 bilhões de reais do programa como forma de enfrentar a crise econômica. Dá para acreditar?
Melhor deixar a promessa em suspenso, porque da reeleição até hoje, Madame descumpriu um monte de promessas eleitorais, a maior delas de que não reduziria os direitos trabalhistas. Reduziu, assim como cortou investimentos numa série de programas sociais.
A perda de credibilidade é tão nefasta para o governo quanto a perda de popularidade, ou melhor, uma é consequência da outra. Um ano depois de conquistar o segundo mandato, a presidente é outra. O Brasil também.  Fossem realizadas novas eleições neste segundo domingo de outubro e em vez de votos ela colheria rejeições.
Para permanecer no poder, Dilma “faria o diabo”. Fez. O resultado aí está: um governo envolto nas trevas do impeachment, condenado aos panelaços e demais manifestações de indignação nacional. Perdeu o apoio da opinião pública, da classe média, dos trabalhadores, do empresariado e da torcida do Flamengo. Obriga-se a desaparecer das concentrações populares e até das telinhas. Como alternativa, percorre o planeta. Depois da Suécia e da Finlândia, programa viagens ao Vietnã, França, Portugal e alhures.
SEM APOIO
Já entregou o ministério e não reconquistou o apoio do Congresso, mesmo distribuindo benesses, favores e sinecuras a deputados e senadores. Não dispõe da metade do PT e alimenta o PMDB como os imperadores romanos alimentavam os leões. Com três anos e dois meses pela frente, a pergunta é se vai aguentar. Além do desemprego em massa, do aumento de impostos, taxas e tarifas, do congelamento e até da redução dos salários e direitos sociais,  da elevação do custo de vida, da inflação e do corte de recursos para obras públicas, assiste o dia seguinte tornar-se sempre pior do que a véspera.
A sucessão de escândalos envolvendo ministros, líderes, dirigentes partidários de sua hoje esfrangalhada base política, além de funcionários públicos e empreiteiras, não deixa duvidas de que o Tiririca estava errado: fica pior, sim.
Jura a presidente que não renuncia. Dificilmente o Congresso aprovará o seu afastamento. Na melhor das hipóteses, o remédio é continuar sofrendo, ela e nós. Na pior será ver a indignação geral transformar-se em rebelião social  e na ruptura institucional.
QUANDO CHEGAR O QUARTO VOLUME
Só no primeiro volume de suas memórias o ex-presidente Fernando Henrique já perdeu um milhão de amigos e admiradores. Imagine-se quando o quarto volume chegar às livrarias. Não vai sobrar ninguém.

24 de outubro de 2015
Carlos Chagas

A LIBERTAÇÃO ESTÁ NOS FATOS

                  

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Poucas vezes terá havido situação semelhante à deste nosso banquete de horrores no qual 90% dos comensais declaram-se com nojo da comida que lhes tem sido servida mas são obrigados a continuar a traga-la simplesmente porque não sabem pedir outro prato.
Na 2a feira, 19, O Globo publicou nova reportagem da série “Cofres Abertos” sobre a realidade do estado petista. O título era “Remuneração em ministério vai até R$ 152 mil”.
Eis alguns dados:
 
Lula acrescentou 18,3 mil funcionários à folha da União em oito anos. Em apenas quatro Dilma enfiou mais 16,3 mil. Agora são 618 mil, só na ativa. 103.313 têm “cargos de chefia”.
Os títulos são qualquer coisa de fascinante. Ha um que inclui 38 palavras. “Chefe de Divisão de Avaliação e Controle de Programas, da Coordenação dos Programas de Geração de Emprego e Renda...” e vai por aí enfileirando outras 30, com o escárnio de referir um acinte desses à “geração de emprego e renda”...
 
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O "teto" dos salários é o da presidente, de R$ 24,3 mil. Mas a grande tribo só de caciques constituída não pelos funcionários concursados ou de carreira mas pelos “de confiança”, com estrela vermelha no peito, ganha R$ 77 mil, somadas as “gratificações” que podem chegar a 37 diferentes. No fim do ano tem bônus "por desempenho”.
 
A Petrobras distribuiu mais de R$ 1 bi aos funcionários em pleno “petrolão”, depois de negar dividendos a acionistas. A Eletronorte distribuiu R$ 2,2 bilhões em “participação nos lucros” proporcionados pelo aumento médio de 29% nas contas de luz dos pobres do Brasil entre os seus 3.400 funcionários. Houve um que embolsou R$ 152 mil.
A folha de salários da União, sem as estatais que são 142, passará este ano de R$ 100 bilhões, 58% mais, fora inflação, do que o PT recebeu lá atrás.
 
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Essa boa gente emite 520 novos “regulamentos” (média) todo santo dia. Existem 49.500 e tantas “áreas administrativas” divididas em 53.000 e não sei quantos “núcleos responsáveis por políticas públicas”!
Qualquer decisão sobre água tem de passar pela aprovação de 134 órgãos diferentes. Uma sobre saúde pública pode envolver 1.385 “instâncias de decisão”. Na educação podem ser 1.036. Na segurança pública 2.375!
E para trabalhar no inferno que isso cria? Quanto vale a venda de indulgências?
 
Essa conversa da CPMF como única alternativa para a salvação da pátria face à “incompressibilidade” dos gastos públicos a favor dos pobres não duraria 10 segundos se fatos como esses fossem sistematicamente justapostos às declarações que 100 vezes por dia, os jornais, do papel à telinha, põem no ar para afirmar o contrário. Se fossem editados e perseguidos pelas televisões com as mesmas minúcia, competência técnica e paixão com que seus departamentos de jornalismo fazem de temas desimportantes ou meramente deletérios verdadeiras guerras-santas, então, a Bastilha já teria caído.
 
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Passados 10 meses de paralisia da nação diante da ferocidade do sítio aos dinheiros públicos e ao que ainda resta no bolso do brasileiro de 2a classe, com a tragédia pairando no ar depois do governo mutilar até à paraplegia todos os investimentos em saúde, educação, segurança pública e infraestrutura, a série do Globo é, no entanto, o único esforço concentrado do jornalismo brasileiro na linha de apontar com fatos e números que dispensam as opiniões de “especialistas” imediatamente contestáveis pelas opiniões de outros “especialistas” para expor a criminosa mentira de que este país está sendo vítima.
 
Nem por isso deixou de sofrer restrições mesmo “dentro de casa” pois apesar da contundência dos fatos, da oportunidade da denúncia e da exclusividade do que estava sendo apresentado, a 1a página do jornal daquele dia não trazia qualquer “chamada” para o seu próprio “furo” e nem as televisões da casa o repercutiram.
O tipo de informação sem a disseminação da qual o Brasil jamais desatolará da condição medieval em que tem sido mantido, tornou-se conhecida, portanto, apenas da ínfima parcela da ínfima minoria dos brasileiros alfabetizados que lê jornal que tenha folheado O Globo inteiro daquele dia até seus olhos esbarrarem nela por acaso e que se deixaram levar pela curiosidade página abaixo.
 
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É por aí que se agarra insidiosamente ao chão essa cultivada perplexidade do brasileiro que, em plena “era da informação”, traga sem nem sequer argumentar aquilo que já não admitia que lhe impingissem 200 anos atrás mesmo que a custa de se fazer enforcar e esquartejar em praça pública.
 
Do palco à platéia, Brasília vive imersa no seu "infinito particular". Enquanto o país real, com as veias abertas, segue amarrado ao poste à espera de que a Pátria Estupradora decida quem vai ou não participar da próxima rodada de abusos, os criminosos mandam prender a polícia e a platéia discute apaixonadamente quem deu em quem, entre os atores da farsa, a mais esperta rasteira do dia.
 
Deter o estupro não entra nas cogitações de ninguém. A pauta da imprensa – e com ela a do Brasil – foi terceirizada para as “fontes” que disputam o comando de um sistema de opressão cuja lógica opõe-se diametralmente à do trabalho. Os fatos, substância da crítica que pode demolir os "factóides", esses todos querem ocultados.
 
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Perdemos as referências do passado, terceirizamos a “busca da felicidade” no presente, somos avessos à fórmula asiática de sucesso quanto ao futuro. Condenamo-nos a reinventar a roda em matéria de construção de instituições democráticas porque a que foi inventada pela melhor geração da humanidade no seu mais “iluminado” momento e vem libertando povo após povo que dela se serve, está banida das nossas escolas e da pauta terceirizada pela imprensa a quem nos quer para sempre amarrados a um rei e seus barões.
Como o resto do mundo resolve os mesmos problemas que temos absolutamente não interessa aos “olheiros” dos nossos jornais e TVs no exterior que, de lá, só nos mostram o que há de pior...
A imprensa nacional está devendo muito mais à democracia brasileira do que tem cobrado aos outros nas suas cada vez mais segregadas páginas de opinião.
 
24 de outubro de 2015
 
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