"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 24 de outubro de 2015

PARA FHC, OS LADRÕES SÃO ETERNOS COMO OS DIAMANTES DE 007


Sem dúvida vai ser um grande sucesso o lançamento de Memória do Poder, livro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no qual focaliza os bastidores políticos, as articulações, as pressões exercida sobre ele até para que nomeasse ladrões o que é vergonhoso – acrescenta – mas é assim. Portanto, deixa claro, como destaca a reportagem entrevista de Renato Onofre, Sílvia Amorim, Tiago Dantas e Bruno Rosa, O Globo de quarta-feira, que os ladrões na política são tão eternos como os diamantes para James Bond, o fantástico 007.
O título, a meu ver, ajusta-se bem ao tema. Tanto assim que, logo ao início de seu primeiro governo, em 95, foi avisado pelo empresário Benjamin Steinbruch, então membro do Conselho da Petrobrás, de que a empresa (pelo que se passava nela) constituía um verdadeiro escândalo. O efeito multiplicador, como se constata hoje, foi exponenciado pelo menos por 100, talvez 1000, no espaço de mais ou menos 12 anos. Steinbruch terá sido profético? O fato é que a corrupção se alastrou em ritmo alucinante de Fórmula 1. Quanto mais os ladrões roubam, mais querem roubar. Um prazer econômico e sensual. Se vale Freud vale Marx, digo eu.
INFINDÁVEIS REUNIÕES
“Estive naquelas infindáveis reuniões – narra FHC -, exaustivas discussões sobre nomeações, alguns indicados são ladrões e disso nós temos algumas provas”. Esta afirmação se destaca no contexto e se encontra (na narrativa) bem próxima dos nomes que expõe sobre os autores dos pedidos mais insistentes e constantes. Não quero dizer com isso que os “pedidores” de sempre sejam os padrinhos de ladrões de várias características e matizes. Mas me chama atenção a proximidade entre atores e personagens ocultos nas sombras das tramas e do passado recente.
PRÓXIMOS AO PODER
Fernando Henrique faz um destaque histórico: é preciso cuidado com os que estão próximos ao poder.
De fato são mais perigosos, os mais prestativos, os que mais elogiam também o mais capazes de montar negócios escusos e ilícitos em nome dos presidentes, dos governadores, dos prefeitos, dos dirigentes das empresas estatais. Tornam-se seres perigosíssimos. Às vezes praticam extorsões ou tentam chantagem em nome dos que detêm o poder e, muitas vezes, estes sequer ficam sabendo.
Dessa forma, tais personagens destroem reputações, mancham nomes alheios. Em alguns casos inventam pagamentos de subornos que não existiram e embolsam o dinheiro. No caso do gigantesco assalto à Petrobrás, por exemplo, quantas vezes devem ter sido feitas as famosas “doações” nas quais os valores não coincidiram com o desembolso original  e a entrega final das importâncias extorquidas e recebidas?
Inclusive porque, em tais “doações” não há recibo, e são realizadas em espécie, contrariando a legislação eleitoral que as condicionam a serem feitas em cheques cruzados ou através de depósitos bancários de origem e destino identificados.
LADRÕES ETERNOS
Os ladrões são eternos, roubam tudo. Compulsivamente buscam roubar cada vez mais e com maior frequência. Fernando Henrique Cardoso deixa nítido todo esse processo que, no Brasil, transformou-se numa endemia. A honestidade, especialmente na política, está passando de qualidade a representar um demérito.
Enfim, Memória do Poder vai ser lançado pela Companhia das Letras, também sob o nome Diários da Presidência, e logo estará nas livrarias. Vamos lê-lo para sentir a intensidade dos relatos. Já que a intensidade dos fatos é de conhecimento geral. E quase total.

24 de outubro de 2015
Pedro do Coutto

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