Se Cristo nasceu, não foi para decorar calendários.
Nasceu para inquietar consciências,
desorganizar certezas, e lembrar que amar dá trabalho.
Natal não é conforto - é compromisso.
Que a manjedoura não seja símbolo, mas espelho.
E que a fé, se existir, seja prática.
Enquanto o Natal vira produto, talvez seja urgente resgatá-lo do consumo.
Menos vitrines.
Menos frases prontas.
Menos felicidade obrigatória.
Mais consciência.
Mais presença.
Mais humanidae. sem propaganda.
Natal não é negar o caos, é reconhecer que ele existe e ainda assim recusar a indiferença.
Celebrar hoje, pode ser um ato de resistência.
Natal chega devagar, como quem não quer incomodar.
Não bate à porta com fogos, entra pela fresta, no silêncio depois da ceia, no olhar que demora.
É quando a noite pesa e mesmo assim, a gente acende uma vela - não para iluminar o mundo, mas para não se perder nele.
Que este Natal seja pequeno, quase invisível, mas verdadeiro o bastante para durar além da data.
Neste Natal, talvez não seja o dia de fingir harmonia, nem de embrulhar ausências com fitas douradas.
Talvez seja o dia de admitir o cansaço, a dúvida, a fé que oscila, o amor que falha - e ainda escolher ficar.
Natal pode ser isso: uma pausa honesta no ruído, um silêncio onde a gente se escuta de novo
Se houver perdas, que sejam lembradas.
Se houve erros, que sejam compreendidos.
Se houve distância, que ela ensine algo.
Que a luz não venha dos enfeites, mas do gesto mínimo: escutar sem pressa, perdoar sem discurso, seguir sem cinismo.
Se Cristo nasceu, que seja dentro - não como promessa fácil, mas como coragem diária.
Feliz Natal. Sem excessos. Sem máscaras. Com verdade.
26 de dezembro de 2025
Prof. Mario Moura









