"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 10 de março de 2014

RELATIVISMO MORAL

Eles voltaram. Não os russos, que estão de volta à Crimeia, anexada à força. Eu me refiro aos praticantes de um cacoete retórico característico dos anos da Guerra Fria, conhecido em inglês como whataboutism. Funciona assim: Um americano condena a prisão indiscriminada de opositores do regime de Vladimir Putin. Um russo responde, "what about" as prisões americanas lotadas de negros e latinos?

Durante a Guerra Fria, um exemplo típico de whataboutism seria defensores do Kremlin contrapondo a Lei Marcial na Polônia ao apoio de Ronald Reagan aos Contras na Nicarágua. Um dissidente perseguido ou torturado não pode ser motivo de revolta enquanto não acabar o racismo no Sul dos Estados Unidos. O leitor percebe como é fácil ser um praticante desta esgrima verbal em outras latitudes onde o clima é mais quente e a hipocrisia não menos comum.

Na semana passada, duas âncoras da Rússia Today, ou RT, uma rede de língua inglesa montada pelo Kremlin para celebrar no exterior a grandeza da Rússia e a decadência do Ocidente, foram elogiadas por sua suposta coragem de denunciar a invasão da Ucrânia. Abby Martin, jovem californiana bonita e biruta, convencida de que o 11 de Setembro foi um ataque lançado pelo próprio governo americano, interrompeu uma de suas diatribes ao vivo na RT para dizer que agressão militar não se justifica nunca e que tem independência editorial para dar sua opinião. Aplausos entusiasmados da turma do whataboutism, até que o New York Times lembrou o passado lunático da comentarista, documentado num vídeo no YouTube.

No dia seguinte, foi a vez de Liz Wahl pedir demissão no ar. Igualmente jovem e profunda como um pires, Wahl disse que seus avós eram imigrantes afugentados de Budapeste por tanques russos e que tem orgulho de ser americana. Não vejo coragem em pedir demissão da Russia Today. Vejo coragem em, para começo de conversa, não se associar à máquina de propaganda de Vladimir Putin.

A Russia Today não perde um protesto pacifista em qualquer parte, uma oportunidade de documentar a opressão e a injustiça social em Nova York ou Londres. Na capital britânica, onde a esquerda caviar com seus anéis de brasão de família no dedo mindinho é mais visível, a RT dispõe de uma pletora de indignados talking heads cuja eloquência treinada em Oxford ao menos nos diverte.

Mas, a partir do momento em que milhares de soldados russos fincaram suas botas na Crimeia, armando e encorajando bandos paramilitares que aterrorizam minorias e espancam jornalistas, a Russia Today demonstrou todo seu ardor chapa branca promovendo a invasão para "libertar o povo ucraniano" da fabricada ameaça nazi-fascista. Na Rússia, o Canal Um mentia descaradamente, a ponto inventar que centenas de milhares de ucranianos estavam cruzando a fronteira em busca de asilo, usando como prova imagens na fronteira da Polônia.

Horas depois da invasão, entrevistei um renomado historiador britânico para este jornal. Timothy Snyder, da Universidade de Yale, fez críticas a Obama e a Putin mas não deixou dúvidas, como se espera de um intelectual honesto, sobre sua condenação à invasão. No dia seguinte, ao ler o debate provocado pelas palavras do historiador na seção de comentários, fui sacudida por uma realidade que conheço mal porque não acompanho daqui. A versão atualizada da polarização ideológica do Brasil, onde nunca vivemos sob o comunismo e não nos engajamos em grande escala numa guerra há 150 anos.

À medida que os fatos na Ucrânia foram se tornando mais dramáticos, notei na mídia social brasileira as mesmas trocas de acusações com jargão ideológico bolorento que pensei ter caído em desuso no século 21.

Para muitos, condenar a invasão da Ucrânia é sinônimo de aprovar a guerra no Iraque. Condenar o ditador Putin é aprovar a invasão de privacidade perpetrada pela agência de segurança nacional americana. Não existe crítica baseada na própria moralidade e sim adesão dogmática. Que raio de equivalência descerebrada é esta?

Na formação de adolescente sob a troglodita ditadura militar, minha simpatia por ideias que fariam da minha vida um inferno, se adotadas no Brasil, era uma forma de rebeldia idiota mas compreensível no mundo polarizado pela Guerra Fria.

Se não me engano, votei na chapa trotskista do diretório acadêmico da faculdade, possivelmente porque eles eram mais bonitos e mais ousados, não porque sonhasse em viver numa ditadura do proletariado. Mas, mesmo nos meus anos verdes, já percebia o ridículo quando um colega repetia frases de uma ordem distante sob o calor escaldante do bairro da Urca.

Noto cariocas bronzeados, nascidos depois do colapso da União Soviética, regurgitando frases cheias de clichês que nenhum moscovita com menos de 50 anos haveria de dizer. Este vocabulário na boca de gente de tenra idade foi adquirido na última década, mas é removido de contexto histórico. Então, o que há de comum nesta cultura que os criou e na educação que tiveram?

 
10 de março de 2014
Lúcia Guimarães, O Estado de S. Paulo

ORIGEM E DESTINO DO LEITOR

Se você está lendo este artigo em um jornal impresso, você faz parte de uma minoria. Ou melhor, de uma minoria da minoria. E não é só por causa da qualidade duvidável deste texto. A leitura de jornais em papel no Brasil limita-se a 25% da população. Descontados os leitores ocasionais, que dão uma lida só um dia ou outro, sobram apenas 10% que leem quatro vezes ou mais por semana.

Não, não é uma questão educacional. Nunca houve tantos alfabetizados, nem nunca tantos brasileiros completaram o ciclo escolar, inclusive o nível superior. Um dos desafios do jornal em papel é que mesmo entre os diplomados a sua leitura é rara: 56% nunca leem, e só 14% o fazem diariamente. É uma questão de tempo. Quem lê jornal passa uma hora lendo. E no resto do dia?

Cerca de 3 horas e 40 minutos, em média, são gastas na internet. A proporção é essa, um internauta dedica 3,5 vezes mais tempo à tela do que um leitor passa folheando seu jornal. E ele já não é mais a minoria. Metade dos brasileiros de 16 anos ou mais costuma usar a internet intensamente: 36% da população usa-a quatro vezes ou mais por semana; 26%, diariamente.

Por isso, é mais provável que você esteja lendo esta numeralha (fruto de uma pesquisa do Ibope encomendada pela Presidência da República e divulgada sexta-feira) num computador, tablet ou celular. As edições online das publicações que se originaram no papel têm, em geral, mais leitores hoje na rede do que nas suas versões impressas. Muito mais. Mas há uma diferença fundamental.

Enquanto o leitor de papel passa uma hora lendo um ou dois jornais, o internauta pulveriza seus 220 minutos diários entre dezenas de sites, checando suas redes sociais prediletas, e lendo e respondendo mensagens de e-mail. Num, a leitura é concentrada e contínua. No outro, dispersa e fragmentada.

Quando se trata de informação, essa diferença tem consequências. No papel, quando a edição é bem feita, há história e contexto. Uma foto remete a uma reportagem, que é explicada por um texto analítico. Uma informação puxa a outra, formando uma narrativa. O leitor tem um roteiro entre seções e assuntos. Na internet, o internauta ricocheteia num eterno entra e sai dos sites.

Um dos motivos que acentua essa mudança radical de comportamento é que o papel da primeira página está sendo substituído progressivamente pelas redes sociais. Em vez de passar pela capa de um portal, é grande a chance de você ter chegado a este texto através de uma rede social - e voltar para lá depois de lê-lo.

Segundo a pesquisa do Ibope, o Facebook é o site mais frequentado pelos internautas brasileiros para "se informar": 31% citaram espontaneamente o nome dessa rede social como uma de suas duas principais fontes de informação online. Recebeu quase cinco vezes mais citações que o segundo colocado. Não é só aqui.

Nos EUA, o tráfego de internautas enviado pelo Facebook para páginas online de veículos de imprensa cresceu 170% em 2013.

Twitter, Facebook, Pinterest e Linkedin são a nova vitrine das notícias da internet, mas há um problema: desconfiança. Só 1 em 4 internautas brasileiros confia sempre ou na maioria das vezes nas notícias que vê nas redes sociais. É o mesmo grau de falta de credibilidade que afeta os blogs.

Por comparação, a taxa de confiabilidade das notícias publicadas pelos jornais impressos é mais do que o dobro: 53% dos seus leitores confiam sempre ou quase sempre no que leem ali. Credibilidade é, portanto, o capital remanescente dos jornais.

Como se explica, então, a liderança da rede social no mercado de informação se há tanta desconfiança quanto ao que está ali? O internauta se adapta selecionando amigos no Facebook e quem vai seguir no Twitter. O risco é as pessoas se limitarem a guetos de quem tem as mesmas opiniões que elas e afastarem os diferentes. Diminuir a pluralidade é um passo na direção do preconceito.

 
10 de março de 2014
José Roberto de Toledo, O Estado de S. Paulo

ANÁLISE CONSPIRATÓRIA

Ao engendrar o tema de hoje, tentei debochar do carnaval e as mesmices apresentadas como novidade. A única inovação é a dilatação das musas disso e daquilo que estão cada dia mais parecidas entre si e todas se assemelhando a homens parrudos. A proporção áurea de 90-60-90 restou apenas nas estátuas gregas.

Porém, como se fosse fixação, a situação da Venezuela e da Ucrânia insistiu em tomar espaço na mente e resolvi dar vazão ao assunto.

As análises internacionais são confortáveis para o comentarista porque conotam, ao olhar desavisado, muita inteligência e, se estiverem erradas, não há ­­consequência relevante para a rotina dos leitores. Além disso, o frenesi dos acontecimentos lança no esquecimento todos os equívocos.

Ao ler a miríade de opiniões sobre as duas crises políticas, e suas repercussões econômicas, há denominador majoritário: são fomentadas pelos Estados Unidos, que desejam controlar suprimentos de petróleo na Venezuela e gasodutos na Ucrânia. Tais textos dão a sensação de déjà vu, como se estivesse lendo jornal de centro acadêmico nos anos 80, com citações de Marx e Lênin, que tenta explicar tudo a partir de uma única causa: as relações de produção. Talvez por iconoclastia e ceticismo, que me impedem de aceitar a supremacia messiânica de qualquer humano, penso que as explicações calcadas no grande satã do marxismo e quejandos são ideológicas e, portanto, sem compromisso com a realidade. São como as teses religiosas, sólidas por fé, não por ciência.

Abrupta queda de Maduro não interessa aos Estados Unidos. A débâcle econômica da Venezuela se alastraria aos países caribenhos viciados em petróleo chavista, levando milhões de hispanófonos a migrar para o Norte, à cata de emprego em Miami, Los Angeles, Nova York. Fácil imaginar os problemas na política doméstica dos EUA. Houve algo semelhante a quando a União Soviética morreu e deixou Cuba, sua parasita, comatosa.

Estima-se que em seis anos a extração de gás e petróleo do xisto tornará os Estados Unidos autossuficientes em energia. Situação oposta à da China, cada vez mais dependente de fontes externas de energia, água e alimentos. Razões para colonizar fornecedores sobram para os chineses e escasseiam para os norte-americanos. As análises combinatórias, e não conspiratórias, do cenário internacional devem ter em consideração a magnitude chinesa e seus pés de barro. Se há inferno, ele está sob nova direção!

Endógenas, as duas crises geram externalidades porque são Estados importantes no tamanho físico, demográfico e, no caso da Ucrânia, a localização como zona de amortecimento entre a Europa e a Rússia.

O orgulho nacional russo, lustrado na Olimpíada de Sochi, não se recuperou da implosão do império soviético. Acresça-se a iminência da perda do único porto de água quente na Crimeia e fica pronta a nitroglicerina resultante da perda do controle sobre a Ucrânia. Ferido, o urso é perigoso e sua vítima pode ser a Europa, que transpira frio mirando os caninos da besta.

A rigor, os norte-americanos deixaram de ser protagonistas e passaram à condição de figurantes desses eventos, encenados por outros gigantes.

 
10 de março de 2014
FRIED­MANN ­WEND­PAP, Gazeta do Povo

DE DOSE EM DOSE

O tribunal mais alto do país resolve que um crime foi cometido e, passado algum tempo, decide que esse mesmo crime não é mais crime - coisa incompreensível, no entendimento comum, quando se leva em conta que o tal tribunal existe justamente para dar sentenças que não podem mais ser mudadas.
Mas no Brasil não é assim que funciona, e por via dessa mágica, três estrelas do mensalão, recém-condenadas pelo Supremo tribunal Federal por crime de quadrilha, não cometeram crime de quadrilha.

Nesse meio-tempo, o governo Dilma Rousseff substituiu dois ministros que acabavam de se aposentar por dois nomes exatamente a seu gosto, ficou com maioria de 6 a 5 no plenário e o que valia passou a não valer mais. Desanimado? Talvez não seja o caso; não compensa comprar por 100 um aborrecimento que não vale nem 10.
No fundo, esse último show encenado no picadeiro do STF não quer dizer lá grande coisa. Problema, mesmo, é a lata de formicida Tatu que o governo parece interessado em nos servir, em doses bem calculadas, no futuro aí à frente.

Dirceu & cia. foram absolvidos do crime de quadrilha? Sim, foram - mas e daí? Continuam condenados por corrupção ativa: não é um certificado de boa conduta.
Sim, o PT festeja - mas festeja o quê? Não mudou nada no que realmente tem importância: três dos maiores heróis da Era Lula estão liquidados para a vida política brasileira, pelo menos no grau de grandeza que julgavam merecer.

Seu futuro morreu. Que diferença faz, então, saber se vão cumprir X ou Y meses a mais de sua pena, ou onde estão dormindo? Se fosse mantida a condenação, não iriam ficar muito mais tempo no xadrez, levando em conta que todos os criminosos brasileiros, por mais selvagens que sejam, têm direito a cumprir só um sexto da pena - mesmo gente como o casal de São Paulo que matou a própria filha de 5 anos, jogada do alto do seu prédio.
De mais a mais, daqui a pouco todos eles começarão a ficar velhos, o que é castigo suficiente para qualquer ser humano. A velhice, como é bem sabido, não inspira muita pena, nem simpatia - e, uma vez que se entra nela, não é possível voltar.

O verdadeiro perigo armado contra o Brasil se chama Supremo tribunal Federal, e o perverso sistema pelo qual os seus membros são nomeados. Para simplificar: o STF deixou de ser uma corte de justiça. Hoje é um amontoado de onze cidadãos dividido em grupinhos, cabalas e intrigas, com um partido pró-governo e outro que se junta ou separa ao sabor das circunstâncias.

Há gangues inimigas - onde, justamente, deveria haver esforço comum para a prestação de justiça. Suas Excelências têm, é certo, a soma daqueles pequenos talentos que servem de combustível para subir na vida, mas é só o que têm. O senso moral desapareceu na atuação dos juízes.
Como pode funcionar um tribunal supremo onde o fator que determina as decisões não é a lei, mas o ódio individual entre ministros e a obediência a doutrinas políticas? A situação já estaria suficientemente ruim se ficasse assim como está. Mas pode ficar pior ainda, dependendo do sucesso que tiverem no futuro próximo as forças que têm o sonho de rebaixar o STF à condição de repartição pública, ocupada por despachantes encarregados de executar ordens do governo.

Durante toda a vigência do Ato Institucional Nº5, a ditadura militar garantiu o controle sobre o STF através das "aposentadorias compulsórias" dos ministros que não obedeciam a suas ordens. Para que o trabalho de fechar o Supremo, se ele podia ser controlado pela força armada?

- Hoje é possível obter o mesmo resultado, sem a necessidade de usar a tropa - basta, com um pouco de paciência, ir colocando nas próximas vagas ministros como Ricardo Lewandowski ou Luís Roberto BarrosoTeori Zavascki ou José Dias Toffoli. Mas os novos juizes não teriam de comprovar alto saber jurídico?
Que piada. Toffoli, advogado do PT, foi nomeado ministro do STF depois de levar bomba em dois concursos para juiz de direito - provavelmente, um caso único no sistema Judiciário mundial.

Os demais, com ligeiras diferenças que não alteram o produto, são nulidades. Quando se aceita, como hoje, a ideia de que não é preciso ter princípios nem valores morais na atividade de governar, tudo começa a valer - e o resultado desse vale-tudo são aberrações como a "democracia da Venezuela", que tanto encanta Lula, Dilma e o PT.

Destruir o Supremo é destruir a pátria. País sem Supremo é país sem lei, e país sem lei não é mais nada - apenas um ajuntamento de gente submetida à vontade do mais forte.

10 de março de 2014
J. R. Guzzo, Veja

MORAL DE AMADORES

Quando não existe comércio, não há esperança. Afirmação estranha, eu sei, para um país atrasado como o nosso, que ainda não descobriu que quem faz "justiça social" verdadeira é o comércio.

Um amigo esquisito que eu tenho me disse certa feita que, no século 19 no Brasil, era comum se usar a expressão "comércio de ideias". A expressão me soou familiar de alguma forma.

Acho que ela é melhor do que "mundo cultural" ou "ciências humanas", porque ela descreve de forma mais precisa o que acontece quando as pessoas de fato debatem ideias.

Um dos traços do atraso ancestral do Brasil está no fato de que a elite acha que as ideias não valem dinheiro. Hoje em dia, mesmo em pânico com a crescente violência de certas ideias totalitárias no país e com o crescimento do perigoso ressentimento social, a elite continua pensando como gente atrasada: quer que o produto (as ideias) caia do céu, como se amadores pudessem construir aviões ou erguer bancos. Triste país esse que ainda vive num mundo antes da escrita. Estamos às portas de uma guerra cultural e política.

O comércio é o coração de toda civilização que se preza. Os delírios políticos dos últimos 250 anos têm sua pedra de toque na condenação sistemática do comércio. Enquanto pensarmos assim, não sairemos do buraco em que nos encontramos. Você identifica um mau filósofo quando ele se dedica a condenar o comércio. Toda ética que exclui o comércio é moral de amadores.

O pior é que na prática todos nós sabemos disso, inclusive quem trabalha no comércio de ideias verdadeiro, aquele que faz circular ideias nos livros, nas revistas, nos jornais, na mídia, mesmo nessa masmorra sem luz, paraíso dos linchamentos e das bobagens, chamada redes sociais.

No dia a dia, comercializamos terapias, aulas de ioga, esperanças transcendentais, sonhos futuros, curas, amores. Mas, ainda assim, insistimos na ideia primitiva de que um mundo sem comércio seria um mundo melhor. Quando vendemos algo, nem por isso partimos do pressuposto de que o que vendemos é "sujo" porque vendemos. Mas, como sempre acontece, condenamos no outro o mesmo interesse que temos em nós: ganharmos algo ao longo da vida.

Sei que os primitivos dirão que a ganância estraga tudo. Mas o comércio institucionaliza a ganância, fazendo com que ela seja mais do que si mesma, fazendo com que ela produza todo um mundo material no qual nosso espírito sobrevive.

Só gente semiletrada acredita que o espírito humano precisa de menos comércio do que o corpo. Na verdade, o espírito costuma ser mais caro do que o corpo, basta comparar o preço do amor com o do sexo. Sexo é sempre barato, mesmo que você pague R$ 5.000 por ele -por isso, aliás, é que seu efeito é tão efêmero se comparado ao do amor.

Na Pré-História, por exemplo, dados arqueológicos mostram como, entre 30 mil e 20 mil anos atrás, na região que vai da Israel moderna até as fronteiras ocidentais da Índia, se desenvolveu uma robusta (para a época) rede de comércio entre vários povoados, que assegurou uma redução da violência generalizada que caracterizava a Pré-História.

Quando você vai ao cinema, quando vai jantar com amigos, quando vai à praia, quando vai a uma exposição de arte, quando vai à Europa ou ao Vietnã, quando toma remédios, quando dá um presente, você está fazendo comércio.

Quando acaba o comércio, perde-se a fé no mundo. A forma mais rude dessa ideia se manifesta no uso impensado da expressão "queda do crédito", que nada mais é do que a redução do "quantum" de fé que se deposita nas relações de trabalho e de troca que sustentam uma sociedade. Homens civilizados se relacionam fazendo comércio.

Nada aqui significa um mundo perfeito, mas um mundo possível. Mesmo os semiletrados sabem, apesar de não dizerem, que é o comércio que sustenta a civilização, principalmente a liberdade das ideias. Do que viveria o espírito se não existissem grandes livrarias, físicas ou virtuais, que fazem chegar até nós Shakespeare e Machado de Assis?

Espero que um dia o Brasil saia desse pesadelo pré-histórico do ódio ao comércio. 

 
10 de março de 2014
Luiz Felipe Pondé, Folha de SP 

VIDA NORMAL PARA EX-QUADRILHA

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, foi visitar José Dirceu na prisão. Era uma visita clandestina, que acabou descoberta. Agnelo confirmou o encontro com o chefe da ex-quadrilha do mensalão (o STF determinou que o bando seja tratado doravante como coautoria, o que fica mesmo mais elegante). Agnelo explicou que participava de uma inauguração ali perto, e aproveitou para fazer uma inspeção na Papuda. Aí, esbarrou com Dirceu.
Foi, portanto, um encontro casual, como outro qualquer. Se Agnelo estivesse vagando pela Marquês de Sapu-caí, poderia ter esbarrado na Sabrina Sato. Como o role-zinho era no presídio da Papuda, esbarrou com José Dirceu. Cada macaco no seu galho. A única coisa estranha nessa história é a reação do Brasil a ela.

A oposição reclamou, disse que a visita não programada afronta o sistema penitenciário e as sanções por ele firmadas. A oposição é uma mãe. O que incomodou os adversários do PT foi o "privilégio" de Dirceu, ao receber Agnelo na cadeia. Com uma oposição dessas, dá para entender por que o PT vai para 16 anos no poder.

O governador do Distrito Federal visita clandestinamente na cadeia um criminoso, que por acaso é do seu partido, que por acaso foi condenado por corrupção não num desvio pessoal, mas no exercício da política partidária, exatamente aquilo que o liga a seu visitante. Um governador filiado ao PT foi visitar um ex-ministro também filiado ao PT, preso por roubar o contribuinte. Sobre o que eles conversaram? Agnelo foi dar um pito em José Dirceu, dizendo-lhe que nunca mais repita isso? E que, enquanto ele não se regenerar e cumprir toda a pena, não é mais seu amigo?

Seria interessante saber. Porque, se não foi isso, se não houve reprimenda, nem conflito, o que houve? Solidariedade? Não, não é possível: um governador não pode ir à cadeia apoiar um político condenado por corrupção. Seria um escândalo. Se também não foi isso, o que aconteceu no tal encontro casual? Falaram sobre Neymar e Bruna? Cauã e Grazi? Sobre o último esquete do Porta dos Fundos?

Depois, esse Brasil abobado e carnavalesco não sabe por que os companheiros representantes do povo pintam e bordam. Agnelo, o dublê de governador e cortesão de mensaleiro, deveria ser interrogado - pelo Congresso Nacional, pelo Ministério Público ou pelo raio que o parta. Deve explicações pormenorizadas sobre o seu encontro obscuro, em pleno exercício do mandato, com o parceiro condenado. Se nada explicar, autorizará a suposição de que Dirceu continua seu chefe político e que a ex-quadrilha é bem maior do que aquela julgada pelo STF.

Um indivíduo citado pelo bando de Carlinhos Cachoeira como o "01 de Brasília", que permaneceu no cargo de governador imune aos graves indícios, graças à implosão da CPI do Cachoeira e à alergia dos brasileiros a investigações longas, deveria ser no mínimo receoso. Mas essa turma já não tem receio de nada, porque depois de toda a pilhagem volta a se encher de votos, na mais perfeita lavagem de reputação proporcionada pela maravilhosa democracia brasileira. Fora um camicase, como Roberto Jefferson, ou um franco-atirador, como Joaquim Barbosa, o terreno está sempre limpo - lavou, está novo.

O Supremo diz que os mensaleiros não formaram uma quadrilha, o governador visita o chefe na cadeia, e o Brasil chupa o dedo. Tudo certo. Se os companheiros formassem uma quadrilha, não bastaria operar dentro do mesmo partido, com o mesmo despachante, com os mesmos prepostos estatais (um deles está na Itália, esperando uma visita casual do companheiro Agnelo). Não bastaria montarem juntos um mesmo esquema de sucção de dinheiro público para o caixa partidário, com o mesmo tesoureiro coordenando tudo, as mesmas salas e as mesmas secretárias. Só configuraria formação de quadrilha se todos eles usassem aquela mesma máscara dos Irmãos Metralha - e isso, o ministro Luiz Roberto Barroso deixou claro, com todo o seu lirismo, não aconteceu.

Enquanto Agnelo esclarecia que esbarrou por acaso com Dirceu no xadrez, a ex-ministra Gleisi Hoffmann esclarecia que quem salvou o Plano Real foi o PT. Viva a verdade bolivariana, que o Brasil consagrou.

10 de março de 2014
Guilherme Fiuza, Revista Época

GAFES


RIO DE JANEIRO - Gafes pululam no noticiário. O papa Francisco cometeu uma em sua última fala na janela do Palácio Episcopal, no Vaticano. Querendo dizer "caso", pronunciou "cazzo", que não soa bem numa homília. Sua Santidade logo se corrigiu, mas as redes "sociais" espalharam o lapso. Ora, o Papa pode ser infalível, mas só em questões de Estado, como em suas conversas particulares com são Pedro. Ao falar para as massas, ele tem direito a deslizes.

Muito menos santo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também tropeçou há pouco na própria língua, ao referir-se em discurso a uma multiplicação de pênis ("penes") quando queria dizer de pães ("panes"). Devido à situação de seu país, os venezuelanos se assustaram com a primeira hipótese --já se consideram bastante sacrificados.

Em São Paulo, há dias, três catadores de meleca roubaram o smartphone de um publicitário. Horas depois, tiraram "selfies" à vontade com o aparelho, sem saber que a vítima usava um serviço on-line que guardava as fotos tiradas de seu celular e que ele podia acessar de seu computador. Ao entrar nesse porta-arquivos, o homem encontrou as fotos dos ladrões posando idiotamente para a câmera. Baseado nelas, a polícia pode chegar a eles.

Uma gafe significativa foi a da faxineira que, há duas semanas, destruiu uma obra de arte no valor de 10 mil exposta numa galeria de Bari, no sul da Itália. A obra constava de pedaços de jornal e de papelão e de restos de biscoitos espalhados pelo chão. Sem entender a proposta da "instalação", a moça varreu tudo para o lixo. Faxineira e artista preferiram ficar anônimos.

E, finalmente, há um mês, em Bagdá, no Iraque, um instrutor de homens-bomba detonou sem querer um explosivo e matou 22 de seus alunos. Pena. Mas, como eram terroristas-suicidas, apenas foram para o céu mais cedo.

10 de março de 2014
Ruy Castro, Folha de S. Paulo

O HUMOR DO GILMAR

 
10 de março de 2014


SUIÇA REVELA DOCUMENTO DA CONTA SECRETA DO PROPINODUTO TUCANO


Governo do Estado destina 100 milhões de reais em convênios às ...
A Suíça enviou aos investigadores brasileiros cópia do cartão de abertura da conta secreta em Genebra do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Robson Riedel Marinho, ex-chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB).
Nessa conta, numerada 17321-1, do Credit Lyonnais Suísse – Credit Agricole, o conselheiro recebeu US$ 1,1 milhão.

O dinheiro que abasteceu a conta de Marinho, segundo suspeita o Ministério Público Federal, teve origem no Caso Alstom – esquema de pagamento de propinas na área de energia do Estado, entre outubro de 1998 e dezembro de 2002, nos governos Covas e Geraldo Alckmin.

Os investigadores classificam como “revelador” o documento bancário, uma das mais importantes provas já surgidas contra o ex-braço direito de Covas. Desde 2010, quando a Justiça de São Paulo acolheu ação cautelar de sequestro de seus valores. Marinho nega possuir ativos no exterior.

Em fevereiro, a Justiça Federal abriu ação penal contra 11 denunciados no caso Alstom, entre lobistas, executivos e ex-dirigentes da Eletropaulo e da Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE), antigas estatais do setor. A eles teriam sido oferecidos R$ 23,3 milhões em ‘comissões’ para viabilizar contrato de interesse da multinacional francesa no valor de R$ 181 milhões.

FORO PRIVILEGIADO

Marinho não está entre os acusados neste processo porque desfruta de foro privilegiado. Ele é alvo de investigação criminal do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A suspeita sobre Marinho tem base em julgamento que favoreceu a Alstom do Brasil. Ele foi o relator.

Em sessão de 27 de novembro de 2001, o conselheiro votou pela regularidade do ato declaratório de inexigibilidade de licitação para extensão da garantia de equipamentos, pelo prazo de 12 meses, prevista no décimo aditivo do contrato Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo).

Marinho abriu a conta secreta por correspondência, sem sair de São Paulo, informam os investigadores. O cartão foi preenchido de punho próprio pelo conselheiro no dia 13 de março de 1998. No campo destinado às assinaturas aparecem, por extenso, os nomes dele e da mulher, Maria Lucia de Oliveira Marinho, como titulares.

OFFSHORE

Posteriormente, segundo os registros da instituição financeira suíça, assumiu a titularidade da conta a offshore Higgins Finance Ltd, constituída nas Ilhas Virgens Britânicas e incorporada por uma pessoa jurídica que concedeu a Marinho o direito de uso a partir de janeiro de 1998 – nessa ocasião, ele já havia assumido o cargo no TCE, por indicação de seu padrinho político, Covas.

Outros documentos enviados pela Procuradoria da Suíça revelam as fontes que abasteceram a conta do conselheiro. Oito transferências, somando US$ 953,69 mil, entre 1998 e 2005, foram realizadas pelo empresário Sabino Indelicato, denunciado no caso Alstom por corrupção e lavagem de dinheiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGE um corrupto desses acaba no Tribunal de Contas, hein??? É o homem certo no lugar certo. (C.N.)

10 de março de 2014
Deu na Agência Estado

EXCELENTE ENTREVISTA COM O ENGENHEIRO AMILCAR BRUNAZO FILHO, ESPECIALISTA EM URNAS ELETRÔNICAS

DILMA DERRUBA PETROBRAS DA 10a. PARA A 121a. POSIÇÃO ENTRE MAIORES DO MUNDO

 

TÁ NA HORA DE ACABAR COM ESSA HISTÓRIA DE QUE O PETRÓLEO É NOSSO!
 
Nos últimos 12 meses, a Petrobras perdeu 34% do seu valor em Bolsa, queda que só não é maior que a da banco espanhol Bankia (51%), um símbolo da crise espanhola, salvo da falência pelo governo local em 2012. 
 
A companhia brasileira, que cinco anos atrás figurava entre as dez maiores do mundo, hoje está na 121ª posição, avaliada em US$ 74 bilhões, um terço da rival PetroChina.
O crescente endividamento, a imposição do governo de segurar os preços dos combustíveis no mercado interno e o risco de seus títulos perderem a nota de "grau de investimento" são motivos que levam os investidores a acreditar que a estatal valha quase US$ 100 bilhões menos que a americana Amazon, que lucrou US$ 274 milhões no ano passado --enquanto a Petrobras lucrou US$ 11 bilhões.
 
(Informações da Folha de São Paulo)
 
10 de março de 2014
in coroneLeaks

MAIS DENÚNCIAS CONTRA GESTÃO PADILHA NA SAÚDE.

Superfaturamento de remédios para indígenas chega a 8.691%!

 
 
Remédios comprados pelo Ministério da Saúde para a saúde indígena custaram até 8.691% mais que outras compras feitas pela pasta. A constatação foi feita pela CGU (Controladoria-Geral da União) sobre a prestação de contas anual da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) de 2012, em relatório revelado anteontem pela Folha que aponta problemas no controle interno do órgão. A Sesai é o órgão do Ministério da Saúde criado no fim de 2010 para cuidar especificamente da saúde indígena.
 
Os problemas na saúde indígena estão sob investigação do Ministério Público Federal, que recebe frequentes denúncias dos índios sobre a baixa qualidade do serviço. Em uma análise por amostragem em Pernambuco, Rondônia e Tocantins, a CGU constatou que os DSEIs (Distritos Sanitários Especiais Indígenas) compraram medicamentos usando cartões corporativos do governo federal.
 
A auditoria comparou os preços de aquisição dos medicamentos no DSEI de Pernambuco, e constatou que estavam até 8.691% maiores do que dos mesmos remédios comprados por licitação feita pelo Ministério da Saúde. O caso mais grave foi a compra de 60 comprimidos de besilato de anlodipino, droga para hipertensão, ao custo de R$ 98 via cartão corporativo ante R$ 1,10 via licitação.
Esses casos teriam provocado um pagamento de R$ 1.765,39 a mais só em Pernambuco, aponta o relatório. Os cartões corporativos teriam sido usados acima do limite de R$ 800 por compra, para itens como peças de veículos e remédios. Em geral, a CGU aponta falhas na gestão e fragilidades no controle interno da Sesai.
 
(Folha de São Paulo)
 
10 de março de 2014
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LULA TAMBÉM MENTE EM ITALIANO

Em entrevista ao jornal italiano "La Repubblica" publicada ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 68, defendeu o legado econômico dos 11 anos de governo petista ao comentar a grave crise na zona do euro.
 
Indagado sobre a fragilidade da economia brasileira, ele respondeu com outra pergunta:
 
"Do ponto de vista macroeconômico, qual outro país, além da China, criou as condições de crescimento do Brasil? Nossos críticos dizem que o melhor é reduzir a oferta de emprego para reduzir a inflação, mas para nós a defesa do emprego é mais importante que a inflação".
Mentira. Não existe um só crítico no Brasil que tenha algum dia dito que o emprego deveria ser reduzido para baixar a inflação.
A não ser que ele esteja se referindo aos 100.000 companheiros petistas que incham a máquina pública.
Estes sim, se postos no olho da rua, estariam contribuindo para a redução dos gastos do governo e para a queda da inflação.
 
10 de março de 2014
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A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM...

A volta de Rose Noronha ao noticiário político-policial ameaça quebrar o voto de silêncio do protetor da quadrilha desmontada há um ano pela Polícia Federal


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(Foto: Fernando Cavalcanti)

O PT mal teve tempo de festejar a decisão do STF que, ao absolver José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares do crime de formação de quadrilha, estabeleceu que os criminosos hospedados na Papuda são apenas corruptos: informações confinadas no reduzido espaço que não foi confiscado pelo noticiário do Carnaval avisaram que a ressurreição do caso protagonizado em parceria por Lula e Rosemary Noronha poderá prolongar a insônia dos companheiros por mais alguns meses.

Abafada pela cantoria dos blocos e pelas baterias das escolas de samba, a segunda etapa do cortejo de maracutaias e vigarices aberto em novembro de 2012 pela Operação Porto Seguro, coordenada pela Polícia Federal, começou neste  28 de fevereiro, depois que o juiz Fernando Américo de Figueiredo Porto, da 5ª Vara Federal Criminal em São Paulo, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal contra 18 participantes da quadrilha especializada em tráfico de influência e no comércio de pareceres emitidos por agências reguladoras. Entre os destaques do escândalo figura a amiga íntima que Lula instalou em 2004 na chefia do escritório da Presidência da República em São Paulo.

O APRENDIZ DE LULA

Discípulo de Lula, Eduardo Paes aproveita greve dos garis para treinar o arremesso de lixo que aprendeu com o mestre


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“Aprendi muitas coisas com o Lula”, vive recitando Eduardo Paes. Aprendeu, por exemplo, a lidar com lixo, informam as imagens que mostram em ação o mestre e o discípulo. Como atestam as duas fotos, o então presidente revelou numa cerimônia em Tucuruí a fórmula que adotou para livrar-se do papel que reveste um bombom de cupuaçu: capricha na cara de paisagem e joga o papel no chão.

O vídeo demonstra que Paes se inspirou na aula prática de Lula para desfazer-se do resto da fruta que acabara de devorar durante uma visita eleitoral.
Coerentemente, a dupla de contraventores pilhados em flagrante reagiu com a desfaçatez de gente que joga lixo no chão ou na rua. O professor nunca teve compromisso com a verdade.
O aluno também vai aprendendo a mentir com a placidez beatífica de quem está lendo um trecho da Bíblia.

Confrontado com o papelão em Tururuí, o palanqueiro que não sabe o que é trabalho braçal desde 1974 fantasiou-se novamente de mártir. “Isso é armação de gente preconceituosa, que não se conforma com o sucesso de um operário nordestino”.
Confrontado com o papelão durante o comício em Sepetiba, o administrador da cidade assolada pela greve dos garis jurou que não se lembrava do arremesso de lixo. “Mas faço questão de ser multado”, absolveu-se.

Já com o sorriso dos pecadores redimidos, esboçou uma primeira explicação: talvez tivesse repassado o problema que tinha na mão a um funcionário municipal encarregado de depositá-lo no lugar adequado.
Horas depois, costurou uma segunda hipótese: talvez tivesse tentado um arremesso de três pontos numa cesta apropriada que, infelizmente, não aparece na tela. Interrompeu a conversa de 171 ao ler no Globo que a lixeira mais próxima estava a 200 metros de distância.

O prefeito deveria examinar com carinho a ideia de mudar de professor. Pelo menos três ex-alunos que completaram o curso com o Grande Mestre (e pareciam a caminho do doutorado) imaginavam que sabiam tudo em matéria de lixo. No momento, a trinca descansa na cadeia.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=D4aZaS-zqPA
 

O SHOWMAN DO HUMOR NEGRO...

Depois de afirmar que a crise venezuelana é uma “invenção midiática”, qual emprego Marco Aurélio Garcia merece?


marcoaureliogarcia
 

"ME DÁ UM DINEHRIO AÍ"

 

No Carnaval, os grandes vencedores, no quesito “Cadê o Meu?”, foram mais uma vez os bancos, num grandioso desfile patrocinado pelo Governo Federal.
O dinheiro dos nove milhões de aposentados já estava em poder dos bancos na sexta-feira, 28 de fevereiro.
O Governo transformou a segunda-feira de Carnaval, dia útil, em mais um feriado, exclusivo para o sistema financeiro. E o pagamento dos aposentados, que deveria começar a sair na segunda, foi liberado apenas a partir do dia 6.
Nem vamos fazer as contas: só imagine quanto os bancos puderam faturar no overnight, aplicando o dinheiro que não era deles mas estava em seu poder. Por menor que seja a taxa, multiplicada por nove milhões é dinheiro.

Por que a segunda-feira de Carnaval deixou de ser dia útil? O INSS explicou que o calendário de 2014 foi fechado em 2013. E daí? Daí, nada. Em 2013, como em 2000, como em 1956, a segunda-feira de Carnaval cai na segunda-feira. E, a menos que mude de nome, continuará caindo na segunda todos os anos. Enfim, só há uma explicação: se os bancos podiam ganhar mais algum, por que tirar dos banqueiros, que como se sabe quase não têm lucro, a chance de faturar de novo?

A segunda de Carnaval virou feriado e assim o primeiro dia útil do mês, para recebimento, passou para a quinta, 6. Já as contas que venceram no dia 5 continuaram vencendo no dia 5; os aposentados que paguem juros nos empréstimos consignados, nos cartões, nos financiamentos. Mais uma vez, ganham os bancos. Na guerra do Governo contra a pobreza, a pobreza está perdendo de goleada.

Bandeira branca

 Mas, para que não se diga que os bancos faturam apenas graças ao auxílio do Governo, segue uma demonstração de que eles também sabem, sozinhos, descobrir o caminho do bolso dos incautos.
De acordo com levantamento do Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, as anuidades de cartões de crédito subiram em um ano, em média, o triplo da inflação. O banco que mais elevou preços atingiu inacreditáveis 85%; houve quem elevasse a anuidade em 50%. Dos seis maiores bancos do país, só dois ─ ambos estatais, pertencentes ao Governo Federal ─ não elevaram as anuidades: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Perdendo tempo

 O debate sobre a legalidade da reunião de campanha entre Dilma, Lula, João Santana, Franklin Martins e outros políticos no Palácio da Alvorada é inútil. Em princípio, o Palácio da Alvorada, sendo a residência da presidente, não está sujeito à proibição do uso de edifícios públicos para campanha eleitoral. Pode-se discutir se o horário não era de expediente. Mas é outra bobagem: se a Justiça eleitoral considerar a reunião ilegal, vai multar o PT e/ou os políticos que estavam no palácio. Para um partido que já mostrou sua capacidade de arrecadação, que tem entre seus integrantes especialistas renomados na captação de recursos, a multa não fará a menor diferença.
A oposição continua lutando a guerra errada.

O longo braço… 

Preste atenção, neste ano, na Campanha da Fraternidade da Confederação Nacional de Bispos do Brasil: Fraternidade e o Tráfico Humano. Os traficantes de gente tiram as pessoas de seu país e as escravizam sem referências, sem amigos, sem documentos, em situação ilegal, em outras regiões do mundo.

Só no Brasil, segundo a CNBB, há mais de 240 rotas de tráfico humano, que envolvem desde a prostituição forçada até, no caso de crianças e adolescentes, a remoção de órgãos para venda em casos de transplante ─ “e não se pode admitir que seres humanos sejam tratados como mercadoria”, nas palavras do papa Francisco.

… do papa

 E por que essa campanha é mais forte que as demais? Por dois motivos: primeiro, porque o presidente da CNBB, cardeal d. Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, SP, é especialista no tema, e vem forçando sua discussão há mais de dez anos; segundo, porque é ligadíssimo ao papa e tem apoio do Vaticano para propor providências ao Governo. D. Raymundo está com o prestígio em alta, a tal ponto que até o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, normalmente autossuficiente e avesso ao diálogo, decidiu colaborar com a campanha.

Descolando

 Desta vez, vai ─ dizem: o processo da Varig contra o Governo, que se arrasta na Justiça há 21 anos, foi colocado em pauta pelo ministro Joaquim Barbosa, para exame na quarta-feira. Na época do Plano Cruzado, o preço das passagens aéreas foi congelado, embora os custos, especialmente no Exterior, continuassem livres. A Varig estimou seus prejuízos em R$ 3 bilhões, atualizados para a moeda de hoje; e alega que essas perdas a levaram à quebra.

Agora, o pouco que restou da Varig não é o principal interessado na questão: quem se interessa são os aposentados, que recebiam complementação salarial pelo fundo de pensão dos aeroviários, Aeros, para o qual contribuíram durante toda a carreira. Pararam de receber há anos. O processo entrou em julgamento em maio de 2013. A ministra Carmen Lúcia, relatora, votou em favor da Varig. Mas Barbosa pediu vistas do processo, que ficou parado até agora. Se a Varig vencer e receber rapidamente a quantia, o pagamento aos beneficiários do Aeros será logo retomado.

10 de março de 2014
coluna de Carlos Brickmann

A LUTA DO BLOCO DOS CARAS DE PAU CONTRA OS CHANTAGISTAS


Comentário do jornalista José Nêumanne Pinto no Jornal da Gazeta

http://www.youtube.com/watch?v=jcfMiaNfl2c&feature=player_embedded

10 de março de 2014
José Nêumanne Pinto

SANATÓRIO (OU SANITÁRIO) DA "POLÍTICA BRASILEIRA"

Vida mansa  

“Para nós a defesa do emprego é mais importante que a inflação”.

Lula, em entrevista ao jornal italiano La Repubblica, com a tranquilidade de quem não pega no pesado desde 1974 nem precisa preocupar-se com a inflação porque está cada vez mais rico com o que arrecada como camelô de empreiteira.

Vergonha relativa


“Vão discutir o preço do aluguel do PMDB? Eu fico envergonhado com isso”.

Roberto Requião, senador pelo PMDB do Paraná, sobre a reunião deste domingo de Dilma Rousseff com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o vice-presidente da República, Michel Temer, sem esclarecer por que continua no partido qualificado por Ciro Gomes de “ajuntamento de assaltantes”.

Ditadura democrática


“O que fariam os EUA? O que aconteceria nos EUA se algum grupo dissesse que vai incendiar o país para que Obama saia, para que renuncie, para mudar o governo constitucional dos EUA? Seguramente o estado reagiria, utilizaria toda a força da lei para restabelecer a ordem”.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, em entrevista à CNN, confundindo a Venezuela com os Estados Unidos, Hugo Chávez com um passarinho e ele próprio com Barack Obama para garantir que não há diferenças entre ditadura e democracia.

Agora vai


“Lula segura de lá e eu de cá para se encontrar um ponto de equilíbrio. Resolver 100% nunca resolve, mas vamos tentar”.

Valdir Raupp, presidente do PMDB, feliz com a substituição da presidenta Lula pelo presidente Lula no papel de condutor da renovação do contrato de aluguel assinado por representantes do governo federal, do partido do mensalão e do ajuntamento de assaltantes.
 

Calouro a bordo


“Fiz uma maratona de quatro dias a serviço do ministério em prol da prevenção da Aids, percorrendo os quatro maiores carnavais do país. Fiz questão de ter minha esposa ao meu lado para evitar qualquer situação de exposição indevida”.

Arthur Chioro, ministro da Saúde, explicando que foi para servir à nação que usufruiu dos serviços da FabTur para passear em São Paulo, Recife, Salvador e Rio de Janeiro durante o Carnaval.

Presidenta Lula


“Temos que reeleger a Dilma para que o Lula volte em 2018″.

Rui Falcão, presidente do PT, fingindo ignorar que Lula assumiu o terceiro mandato em janeiro de 2011 com o codinome “Dilma Rousseff”.

Apenas corruptos


“Agora não vão poder dizer que o PT é um partido de quadrilheiros”.

Rui Falcão, autorizando o Brasil inteiro a dizer que o PT é apenas um partido de corruptos.

Ilegal X imoral


“Os pedidos são avaliados quanto à legalidade e por peritos. Tratamentos exclusivamente estéticos não autorizados”.

Renan Calheiros, presidente do Senado, disfarçado de nota da assessoria de imprensa, ao comentar os gastos médios anuais de R$ 6,2 milhões com tratamentos médicos dos companheiros de Congresso — que incluem reembolsos de até R$ 70 mil para implantes dentários —, informando que, na Casa do Espanto, o que é imoral nem sempre é ilegal.

Abrindo o negócio

“A mulher abre o negócio, tem seus filhos, cria os filhos e se sustenta, tudo isso abrindo o negócio”.

Dilma Rousseff, internada pelo comentarista Caio Portella ao ensinar, no Dia Internacional da Mulher, que toda brasileira que abre o negócio e mantém o negócio aberto arranja dinheiro de sobra para criar os filhos e sustentar o resto da família.

Conta outra, prefeito

“O vídeo em questão, efetivamente, não mostra Paes jogando ao chão um pedaço de fruta. Mas ele acredita que, conforme o próprio vídeo indica, tenha lançado o resto de fruta na direção de uma lixeira mais afastada, ou para que um de seus assessores fizesse o descarte em local adequado. Na dúvida, já que o prefeito não se lembra do ocorrido, determinou que a Comlurb emita uma multa a ele próprio, e pede desculpas por um eventual equívoco”.

Eduardo Paes disfarçado de nota oficial da prefeitura do Rio, sobre o vídeo em que aparece jogando lixo na rua, decidido a provar que, se fosse multado a cada mentira que conta, estaria na miséria há muito tempo.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=D4aZaS-zqPA
 

AS VERDADES TÊM DE SER DITAS.

PERCIVAL PUGGINA DETONA EM MAIS UM EXCELENTE HANGOUT DE LOBÃO. AQUI A GRAVAÇÃO COMPLETA.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=6WqVroKgGoA

Este vídeo contém a gravação completa de mais uma excelente hangout do Lobão, desta feita entrevistando o conhecido jornalista, político, arquiteto, professor e escritor gaúcho Percival Puggina. Para quem acompanha a política brasileira e usa as redes sociais conhece muito bem esse bravo brasileiro.
Além de possuir seu próprio blog, Percival Puggina é articulista do jornal Zero Hora de Porto Alegre e também do site Mídia Sem Máscara e ainda encontra tempo para atuar nas redes sociais sempre tomando posição e debatendo os principais assuntos, sobretudo a política.

Lobão acertou mais uma vez ao convidar para este hangout o professor Puggina. Trata-se de intelectual de primeira linha, muito bem informado e sem medo de dizer a verdade que emerge dos fatos. Sem medo de polemizar.

Assim, esse hangout é mais uma oportunidade para os brasileiros ampliarem os seus conhecimentos sobre a política num sentido amplo. Quem vê os hangouts do Lobão não verá mais o cenário político brasileiro edulcorado pelo marketing do Palácio do Planalto. 

Ao mesmo tempo o internauta poderá estabelecer uma comparação com os debates e entrevistas levados ao ar pelas grandes redes de televisão. Refiro-me à qualidade dos entrevistados e dos assuntos. Sem favor, nestes quesitos Lobão dá de  relho, sem qualquer afetação, sem pretender ser o rei da cocada preta.

Verão também que todos os cenários vibrantes de programas televisivos, além dos rapapés e salamaleques dda maioria dos apresentadores, são espuma que se desmancha na areia. As exceções são mínimas. 

Do ponto de vista jornalístico, o  importante é enfocar o essencial, o âmago da questão, sem tergiversar, sem meias palavras. E no que concerne a isso tudo, os hangouts de Lobão dão um banho!

DESORDEM NO SETOR ELÉTRICO.

USINAS TRABALHAM EM CARGA MÁXIMA SEM MANUTENÇÃO. PODE SER O APAGÃO DO LULA, DA DILMA E SEUS SEQUAZES!

Dilma tem feito diariamente a oração da lamparina 
A luz vermelha do racionamento bolivariano de energia já foi acionada. O Brasil corre sérios riscos de racionamento. As empresas geradoras de energia estão trabalhando em sua carga máxima e o ONS, por ordem do governo do Lula e da Dilma, proibiu a manutenção dos equipamentos e também não quer falar com a imprensa. É, vamos dizer assim, uma espécie de controle social da mídia antecipado...
 
Transcrevo parte inicial de reportagem do site da revista Veja que permite aos leitores dar uma espiada na situação energética brasileira.
 
Como é ano eleitoral, o governo petista (me nego a dizer que é o governo brasileiro; é o governo do Lula e da Dilma e seus sequazes) está tentando empurrar a grave crise do setor elétrico com a barriga, porque é ano eleitoral. 
 
Trata-se, para o Foro de São Paulo, a organização transnacional que toca o diabólico projeto do socilismo do século XXI, de uma questão de vida ou morte.
Essa gente não sabe o que faz, mas tem de ser afastada do poder o quanto antes e de qualquer maneira! Leiam a reportagem e tirem suas próprias conclusões. Ou se contentem em voltar a usar lampiões e lamparinas. Leiam:
 
No início de janeiro, semanas antes do apagão que penalizou 13 estados brasileiros, a estatal Eletronorte fez um pedido corriqueiro ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): precisava interromper a operação de três turbinas na Usina de Tucuruí, no Pará, para manutenção.
A princípio, o órgão autorizou a interrupção. Mas, rapidamente, mudou de ideia. O órgão ainda exigiu, ainda, que a empresa aumentasse sua disponibilidade energética de 89% para 98%, ou seja, que operasse em sua capacidade máxima — nível que a estatal não conseguiu cumprir, ficando em apenas 93% em fevereiro. Temendo por suas turbinas, a Eletronorte enviou um ofício reiterando o pedido.
 
O ONS respondeu com uma negativa, sem dar qualquer explicação — assim como se recusou a conversar com o site de VEJA. Essa se tornou a regra tácita para todo o sistema de geração de energia: haja o que houver, nenhuma térmica ou hidrelétrica pode entrar em manutenção enquanto os reservatórios do Sudeste, que exibem seus piores níveis históricos, não voltarem à normalidade. Embora a Eletronorte afirme que a falta de manutenção não causará dano aos seus equipamentos, técnicos rebatem dizendo que, no mínimo, a vida útil das turbinas será reduzida.
 
Ao manter o sistema funcionando em sua capacidade máxima, o Planalto quer afastar qualquer risco de racionamento num ano eleitoral. Mas o veto aos procedimentos de reparo que o bom senso prescreve é apenas o capítulo mais recente de uma série de decisões de cunho intervencionista que o governo vem adotando há cerca de um ano e meio, sem atentar para a lógica de funcionamento quer técnico, quer financeiro, do setor elétrico.
 
A primeira delas, tomada em setembro de 2012 por meio da Medida Provisória 579, mudou as regras do setor com o intuito de baixar o preço da eletricidade para o consumidor e acabou inclusive provocando saída de três das maiores companhias elétricas (Copel, Cesp e Cemig) do mercado regulado. A partir daí, houve uma reação em cadeia e as distorções se acumularam.
 
Na semana passada, por exemplo, os observadores se surpreenderam quando o preço do megawatt/hora da região Norte no mercado livre dobrou de 200 para 400 reais, enquanto as estimativas apontavam para uma queda de 200 para 150 reais. Nesta semana, o preço vigente será de 670 reais – um novo salto.
 
 
10 de março de 2014
in aluizio amorim

LULA DEU UMA ESPIADA NA PAPUDA!


 

 
10 de março de 2014

MILITARES REAGEM À PUNIÇÃO DE DILMA E CLIMA PIORA


A decisão da presidente Dilma Rousseff de punir militares da reserva que criticaram ministras do governo por serem favoráveis à revogação da Lei da Anistia piorou o clima na caserna e aumentou o número de adesões ao manifesto Alerta à Nação - eles que venham, por aqui não passarão. Dilma tomou a decisão de puni-los depois que os militares a criticaram publicamente por não censurar as ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Secretaria de Políticas para as Mulheres).
 
Inicialmente, o manifesto tinha 98 assinaturas. Na manhã da quinta-feira, após terem tomando conhecimento da decisão de puni-los, o número subiu para 235 e no início da tarde de hoje chegou a 386 adesões, entre eles 42 oficiais-generais, sendo dois deles ex-ministros do Superior Tribunal Militar.
 
A presidente já havia se irritado com o manifesto dos Clubes Militares, lançado às vésperas do carnaval, e depois retirado do site, e ficou mais irritada ainda com esse novo documento, no qual eles reiteram as críticas e ainda dizem não reconhecer a autoridade do ministro da Defesa, Celso Amorim, de intervir no Clube Militar.
 
A presença de ex-ministros do STM adiciona um ingrediente político à lista, não só pelo posto que ocuparam, mas também porque, como ex-integrantes da Corte Militar, eles têm pleno conhecimento de como seus pares julgam neste caso.
 
O Ministério da Defesa e os comandos militares ainda estão discutindo com que base legal os militares podem ser punidos. Várias reuniões foram convocadas nos últimos dias para discutir o assunto. Mas há divergências de como aplicar as punições.
 
Pontos de vista
 
A Defesa entende que houve "ofensa à autoridade da cadeia de comando", incluindo aí a presidente Dilma e o ministro. Para Amorim, os militares não estão emitindo opiniões na nota, mas sim atacando e criticando seus superiores hierárquicos, em um claro desrespeito ao Estatuto do Militar.
 
Só que, nos comandos, há diferentes pontos de vista sobre a Lei 7.524, de 17 de julho de 1986, assinada pelo ex-presidente José Sarney, que diz que os militares da reserva podem se manifestar politicamente e não estão sujeitos a reprimendas.
 
No artigo 1.º da lei está escrito que "respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político, e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público".
 
Essa zona cinzenta entre as leis, de acordo com militares, poderá levar os comandantes a serem processados por danos morais e abuso de autoridade, quando aplicarem a punição de repreensão, determinada por Dilma. Nos comandos, há a preocupação, ainda, com o fato de que a lista de adeptos do manifesto só cresce, o que faria com que esse tema virasse uma bola da neve.
 
10 de março de 2014
TÂNIA MONTEIRO - Agência Estado