"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O CONLUIO ENTRE DILMA E GRAÇA



Perceberam que o discurso de Dilma Rousseff, na tentativa de desqualificar as denúncias de Venina da Fonseca, é exatamente  o mesmo de Graça Foster? Que tudo é tão ensaiadinho como se as duas tivessem passado a noite juntas, estudando e combinando cada palavra. Vejam o que Dilma Rousseff disse:

“Como é que você tipifica uma alegação sem provas? Tem alguma prova apresentada sobre qualquer conduta da presidente da Petrobras, Graça Foster? Eu conheço a Graça. Eu sei da seriedade da Graça. Sei da lisura da Graça. Acho que é importante saber qual é a prova que apresentou. Eu dizer que te falei, que eu quero? Eu tenho que provar que eu falei. Não há dúvida daquilo que a Graça já respondeu, que houve informação sobre aquela questão relativa – como é que chama? – a comunicação e houve alteração a partir dali. De outro lado, a Graça assumiu a direção da Petrobras e mudou toda diretoria”

“Nós precisamos da Polícia Federal, do Ministério Público, precisamos do Judiciário e de uma lei chamada delação premiada para descobrir o que ocorreu. Senão, você não descobre. Então, é de um simplismo absurdo supor que alguém tivesse noção do que estava acontecendo porque estava lá na diretoria, porque era encoberto. É próprio desses processos serem encobertos.”

As palavras de Dilma e Graça Foster, como colocamos no post anterior, apenas justificam a fortalecem a posição de Venina. Esta funcionária não poderia, sozinha, enfrentar os seus superiores corruptos, sob pena de sofrer duras retaliações. Não poderia fazer acusações diretas. Ela estava buscando apoio e não encontrou. Encontrou uma cúmplice de alguém ainda mais poderosa do que os diretores corruptos que a cercavam. É o que a Oposição, com toda a razão, está manifestando.

“As informações são extremamente graves. Quando a corrupção deixa de ser o fato feito por ausência de caráter de um indivíduo ou de um grupo político já é grave. Quando é algo institucionalizado dentro de uma empresa e as providências não são tomadas, mesmo com tantos alertas feitos, é realmente algo inédito na nossa história contemporânea. Eu acho que a presidente da Petrobras perdeu todas as condições de ficar à frente da empresa. Cabe à presidente da República substituí-la, e vai fazer isso no tempo”, comentou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do partido.

“Após as declarações e os elogios da presidente Dilma Rousseff em apoio à presidente Graça Foster, a Graça Foster já não tem que responder por mais nada. A presidente puxou para si toda a responsabilidade do escândalo da Petrobras. O próprio procurador-geral da República já solicitou a mudança da diretoria da Petrobras, e ela insiste e avaliza todas as ações feitas pela Graça Foster?”, questiona o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).
 
23 de dezembro de 2014
in coroneLeaks 

SEGUNDO MANDATO VIROU CASO DE POLÍCIA

.
Fabio Motta/Estadão

Não foi apenas uma eleição roubada no abandono da ética, na falta do decoro, no uso da máquina pública, na calúnia e na desqualificação dos adversários. Não são apenas as ações na Justiça contra um segundo mandato cada vez mais cercado pela ilegitimidade. Cercada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas da União, pela Justiça Federal e por alguns membros do Supremo Tribunal Federal, com a Operação Lava Jato listando ministeriáveis entre os corruptos, Dilma não consegue montar uma equipe de trabalho na ante véspera da sua posse. Ontem, chegou a presidente chegou ao cúmulo, dizendo que vai consultar o MPF antes de nomear ministros. A declaração é uma prova de que, sozinha, Dilma não tem força para barrar a nomeação dos corruptos do PT e da base aliada. Quer que a "polícia" lhe dê argumentos para não nomear. Conseguiu, com isso, acordar até mesmo Joaquim Barbosa, o ex-presidente do STF. A matéria abaixo é do Estadão.

Aposentado desde julho, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa criticou nesta segunda-feira, 22, a presidente da República, Dilma Rousseff, horas após ela afirmar que consultaria o Ministério Público Federal (MPF) antes de nomear os ministros de seu segundo governo.  Em quatro mensagens publicadas em sua página no Twitter, Barbosa usou a ironia para afirmar que a medida serve para saber se os cotados para o primeiro escalão do governo foram citados em depoimentos da Operação Lava Jato. 


"Ministério Público é órgão de contenção do poder político. Existe para controlar-lhe os desvios, investigá-lo. Não para assessorá-lo", reagiu Barbosa no Twitter. Antes de ser nomeado ministro do Supremo em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Barbosa era integrante de carreira do Ministério Público Federal.
 
Em outra das mensagens, Joaquim Barbosa criticou indiretamente os cotados para assumir a cadeira vazia no STF desde sua aposentadoria. "Onde estão os áulicos tidos como candidatos a uma vaga no STF, que poderiam esclarecer: Ministério Público não é órgão de assessoria!!!". Nos bastidores de Brasília, circula a informação de que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, chefe do MPF, trabalha para ser nomeado.
Barbosa disse ainda que Dilma é mal assessorada. "Há sinais claros de que a chefe do Estado brasileiro não dispõe de pessoas minimamente lúcidas para aconselhá-la em situações de crise". Segundo ele, a atitude da presidente reeleita é sintoma de "degradação institucional". Também na rede social, ele explicou o motivo: "Nossa presidente vai consultar órgão de persecução criminal antes de nomear um membro de seu governo!!!"

Ao longo deste ano, Barbosa foi sondado por integrantes da oposição a Dilma para se filiar a um partido e disputar um dos cargos em jogo. Candidatos oposicionistas ao Planalto, como Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) chegaram a flertar com ele para obter apoio. Mas Barbosa não declarou apoio. Em eleições anteriores, ele admitiu ter votado em Lula e em Dilma. A assessoria da Presidência da República afirmou que não comentaria as críticas de Barbosa.

23 de dezembro de 2014
in coroneLeaks

GRAÇA FOSTER QUERIA O QUÊ? QUE VENINA DESENHASSE?




É um absurdo a entrevista de Graça Foster, presidente da Petrobras, concedida ontem ao Jornal Nacional, na tentativa de desqualificar as graves denúncias de Venina da Fonseca, feitas ao jornal Valor Econômico e reiteradas ao vivo no Fantástico, no último domingo.

A presidente da Petrobras disse que a sua subordinada nunca falou em corrupção, conluio, lavagem de dinheiro. E como poderia? Ela estava fazendo um alerta! Ninguém, a não a ser o MPF, pode indiciar alguém desta de forma.
Venina não era a Polícia Federal para acusar frontalmente um esquema poderoso como o montado dentro da Petrobras. Graça Foster não ouviu sua colega e depois subordinada porque não quis e porque está envolvida.

Ao que tudo indica, seu papel maior é blindar a atual presidente da República. Graça Foster queria o quê?
Que Venina desenhasse para que ela entendesse que a funcionária estava buscando apoio para impedir o conluio, a corrupção, a lavagem de dinheiro?
Obviamente, pela entrevista matreira, malandra, esperta concedida por Graça Foster, Venina Fonseca bateu na porta errada.
Até quando este Urutu da Dilma vai continuar mentindo para o país, como o fez na CPI, neste troca-troca de proteção mútua com a Presidente da República, que mandou e desmandou na Petrobras nos últimos 12 anos?

23 de dezembro de 2014
in coroneLeaks

BRASIL - OPERAÇÃO LAVA JATO


 O drama da Petrobras de Dilma Rouseff e Graça Foster



“Se a culpa é minha, boto em quem eu quiser.” O governo usa a máxima de Homer Simpson para lidar com a crise na Petrobras.
A Petrobras perdeu R$ 600 bilhões em valor de mercado nos últimos seis anos.
 
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
AMIGAS - Graça Foster com Dilma Rousseff. A presidente encontra dificuldades para demitir uma auxiliar de confiança
Postado por Toinho de Passira
Reportagem de Murilo Ramos com Flávia Tavares e Filipe Coutinho
Fonte: Época

O que vale mais: uma sandália de borracha ou uma ação da Petrobras? Um CD no camelô ou uma ação da Petrobras? Um McLanche Feliz (um cheeseburger, um refrigerante pequeno, uma batata frita pequena e um brinquedo), com sobremesa – ou duas ações da Petrobras?

A resposta parece inacreditável. Infelizmente, não é piada. As ações da empresa, que já foi a maior do Brasil, passaram a valer menos de R$ 10 na semana passada. E não param de cair, cair, cair... O patamar é o menor em dez anos.

A Petrobras perdeu R$ 600 bilhões em valor de mercado nos últimos seis anos. Se cédulas de R$ 100 fossem colocadas lado a lado, seria possível dar 23 voltas ao mundo com a dinheirama da Petrobras que evaporou.

O valor corresponde ao PIB da Finlândia, próspero país escandinavo, ou metade do PIB da Bélgica.

Ganha uma sandália de borracha, um CD de camelô ou até um McLanche Feliz quem adivinhar quanto tempo ainda dura no cargo a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.

Foi preciso que a situação da Petrobras se deteriorasse ao tragicômico para que a presidente Dilma Rousseff finalmente se convencesse de que a melhor solução para a crise é demitir Graça e a atual diretoria – informação confirmada por quatro pessoas com conhecimento do assunto. Isso depois de Graça pedir três vezes demissão e imolar-se em público ao pedir para ser investigada. A saída de Graça é questão de dias, ou semanas.

A parolagem do governo para se eximir da administração desastrosa da estatal é antiga. Para Dilma, a culpa é dos outros – no caso, da baixa acentuada no preço do petróleo no mercado mundial. Como já disse Homer Simpson: “Se a culpa é minha, eu a boto em quem eu quiser”. O princípio Homer vale para a Petrobras, para a economia (a culpa é da crise lá fora) e para as perenes dificuldades políticas do governo (a culpa é do Congresso).

No caso da Petrobras, fica ainda mais difícil recorrer ao princípio Homer. Dilma é, desde o primeiro mandato do governo Lula, a principal responsável pela Petrobras – na prática e no papel. Foi presidente do Conselho e dava ordens expressas, no segundo mandato de Lula, ao então presidente da empresa, José Sergio Gabrielli. Quando se elegeu presidente da República, escolheu os diretores e a estratégia de curto e longo prazo da empresa. Em termos econômicos e operacionais, a Petrobras deve seu Natal miserável a Dilma. Ao que ela fez antes – e ao que ela deixa de fazer agora.

O princípio Homer não explica a crise na Petrobras. Basta comparar a queda das ações da Petrobras nos últimos seis meses, desde que o preço do petróleo começou a cair, à desvalorização das ações de outras grandes petroleiras. As ações da Petrobras caíram 45%. As da Exxon, 11%; as da Chevron, 17%; e as da British Petroleum, 27%. A queda no preço do petróleo atinge todas as petroleiras – mas atinge muito mais a Petrobras. Ao contrário das maiores petroleiras do mundo, conhecidas como “supermajors”, ela não se preparou para o cenário de queda do petróleo. Também, ao contrário delas, demora a agir para se adaptar à nova realidade do mercado de petróleo.

A PETROBRAS É A EMPRESA MAIS ENDIVIDADA DO PLANETA, COM PAPAGAIOS NO VALOR DE US$ 135 BILHÕES
O despreparo da Petrobras para enfrentar esse momento ruim deve-se, como em qualquer outra empresa, ao despreparo dos executivos escolhidos para comandar a Petrobras. A equipe que a dirige não foi escolhida por reunir os melhores dentre os excelentes quadros da empresa. Foi escolhida por afinidades pessoais e ideológicas com Dilma – e, até outro dia, por atender às demandas dos partidos da base aliada. Quando o aparelhamento político se uniu à ideologia nacionalista do PT, em 2004, o destino da Petrobras estava traçado.

Na prática, transformar a exploração do pré-sal em obsessão empresarial (a ideologia nacionalista) e traçar cenários pouco realistas foram os principais erros cometidos nos últimos anos. Os planos de investimentos da Petrobras tomaram por base o barril do petróleo no patamar de US$ 100. O valor, hoje, está na casa dos US$ 60. A principal razão para a desvalorização do petróleo é o desequilíbrio entre a oferta e a demanda. Estados Unidos e Líbia passaram a produzir muito mais petróleo. Ao mesmo tempo, a desaceleração da economia mundial levou a maioria dos países ricos e emergentes (sobretudo a China) a consumir menos. Há outros fatores mais complexos em jogo. Tudo no mercado de petróleo é complexo e exige um grau de planejamento incomum em nenhuma outra área.

Para persistir em seus ambiciosos planos de investimento, a Petrobras passou a vender ativos no exterior com grande potencial de crescimento. Para financiar a exploração do pré-sal, como revelou ÉPOCA no ano passado, ela desfez-se, em condições desvantajosas, de plataformas e refinarias na Argentina e em países africanos. Para completar, a Petrobras foi usada indiscriminadamente como instrumento de política econômica do governo. Em tempos de alta no preço do petróleo, congelava os preços nas bombas para segurar a inflação. Na baixa, não repassa a queda aos consumidores finais. Hoje, os consumidores brasileiros pagam pelo litro de gasolina um preço 40% acima do praticado em outros países. “Em um momento, a Petrobras subsidia o consumidor. No seguinte, o consumidor subsidia a Petrobras”, afirma o consultor de energia Adriano Pires.
 
Foto: Fotos: Felipe Dana/AP e Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
DENÚNCIAS - A empresa holandesa SBM disse que ganhou US$ 25 milhões para apressar a inauguração de uma obra da Petrobras
O problema atual da Petrobras é, sobretudo, de confiança. Ela ostenta o nada honroso título de empresa mais endividada do planeta. Sua dívida alcança US$ 135 bilhões. Desse total, 80% em moedas estrangeiras, que têm se valorizado ante o real nos últimos meses.

Já seria difícil para a Petrobras conseguir contrair novos empréstimos para levar adiante seu plano de investimentos. Nas condições atuais, é impossível: ela adiou indefinidamente a publicação do balanço do terceiro trimestre de 2014. É por meio desse documento que os bancos analisam as condições da empresa e decidem se devem ou não emprestar a ela,

Na quarta-feira passada, num tom de lamento, Graça disse que ela e todos os diretores da Petrobras precisavam ser investigados. Está claro que Graça não tem mais condições de conduzir a empresa pelos próximos anos. Por que a demora em substituí-la? Um dos motivos é que a saída de Graça representaria o afastamento de uma das poucas pessoas em quem a presidente Dilma confia.

Elas se conhecem desde os anos 1990, quando Dilma era secretária de Energia do Rio Grande do Sul, e Graça, já na Petrobras, era uma das gerentes responsáveis pela construção do gasoduto que liga a Bolívia ao Brasil. Com a chegada de Dilma ao governo federal, Graça passou a ocupar postos importantes. Entre eles, a Secretaria de Gás e Petróleo do Ministério de Minas e Energia e a presidência da BR Distribuidora. Para os padrões de Dilma, Graça sempre correspondeu a suas expectativas.

Venina Fonseca (acima), subordinada de Paulo Roberto Costa, afirmou que alertara Graça Foster sobre a corrupção na Petrobras
A Operação Lava Jato abalou o prestígio de Graça e obrigou a presidente Dilma a procurar substitutos. “A escolha tem de ter o mesmo impacto que teve a indicação do Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda”, diz um ministro do governo. Até agora, o nome mais cotado é Murilo Ferreira, que preside a Vale desde 2011.

O governo também deverá indicar um novo diretor financeiro para ajudar o futuro presidente. A tendência é que os outros diretores sejam funcionários de carreira.

A soma do endividamento com a pilhagem transformou a Petrobras num mico mundial. Para piorar, as revelações de roubalheira sucedem-se com a mesma rapidez da queda na Bolsa. Na última semana, o jornal Valor Econômico revelou que Venina Fonseca, uma subordinada de Paulo Roberto Costa, alertara Graça para as evidências de corrupção na diretoria ocupada por ele. Foi despachada para Cingapura.

O jornal O Globo mostrou que a empresa holandesa SBM, ré confessa na corrupção na Petrobras, ganhou US$ 25 milhões a mais para que Lula e Dilma inaugurassem apressadamente, durante a campanha de 2010, a plataforma P-57, construída pela SBM.

As más notícias criminais não pararão. Em 2015, a força-tarefa da Polícia Federal e do Ministério Público que investiga os múltiplos ramos da corrupção na Petrobras incluirão mais empreiteiras, dirigentes da Petrobras e políticos no escândalo – os deputados, senadores, ministros e governadores que, segundo os depoimentos de Paulo Roberto e do doleiro Alberto Youssef, participaram do petrolão.

Listas extraoficiais já começam a circular, como a divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira passada. No começo de fevereiro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedirá ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito contra eles. Antes, Janot e sua equipe analisam as provas que pesam contra os políticos. A mera citação nos depoimentos de Paulo Roberto ou de Youssef não significa que eles tenham participado do esquema.

“Paulo Roberto estava tão desesperado que citou até quem passou para tomar um cafezinho com ele”, diz um dos procuradores do caso, brincando – mas nem tanto. É preciso cautela antes de julgar quem foi meramente citado pelos delatores. Isolada, a palavra deles vale tanto quanto uma ação da Petrobras.
23 de dezembro de 2014
Reportagem de Murilo Ramos com Flávia Tavares e Filipe Coutinho
Fonte: Época
in the passira news

BOM NEGÓCIO: LULA COMPROU APARTAMENTO TRIPLEX POR R$ 47 MIL

 

Imagem de um dos apartamentos no prédio de Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já pode passar o “réveillon” na Praia das Astúrias, no Guarujá, área nobre do litoral Sul de São Paulo. De sua ampla sacada, poderá ver a queima de fogos, que acontece na orla bem defronte do seu prédio, feito pela OAS, empresa investigada pela Operação Lava-Jato.

É que na semana passada terminaram as obras de reforma do apartamento triplex no Edifício Solaris, que ele e dona Marisa Letícia, sua mulher, compraram por meio da Bancoop — a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo —, ainda na planta, em 2006. Acusada de irregularidades e em crise financeira, a Bancoop deixou três mil famílias sem receber os sonhados apartamentos.

Por isso, o então presidente da cooperativa, João Vaccari Neto, tesoureiro do PT e investigado na Lava-Jato pela suspeita de operar parte do esquema de corrupção na Petrobras, precisou contratar a OAS para terminar pelo menos cinco prédios da Bancoop. Um deles foi o prédio onde Lula tem o triplex.

O Edifício Solaris, onde a família Lula da Silva tem apartamento, ficou pronto em dezembro do ano passado. A reforma do apartamento 164 é tocada por seu filho Lulinha, segundo funcionários do edifício, e foi vistoriada por dona Marisa o tempo todo. Ela mesmo providenciou a decoração do local, visitado por Lula apenas três vezes.

ELEVADOR PRIVATIVO

A família Lula construiu um elevador privativo para levá-los do 16º ao 18º, que no projeto original tinha apenas escadas internas. Lulinha usou também parte do quarto de empregada e um canto da sala para fazer um escritório. Mandou também colocar porcelanato em tudo. A cobertura com piscina também recebeu uma boa área gourmet.

Na declaração de bens do ex-presidente em 2006, quando disputou a reeleição, ele confirmava ter pago naquele ano R$ 47.695,38 à Bancoop pelo apartamento do Guarujá. As obras no prédio de Lula só terminaram porque a empreiteira OAS foi contratada por João Vaccari Neto, ex-presidente da Bancoop até 2010, para concluir o projeto. Para a OAS terminar o prédio de Lula, cada morador teve que pagar um adicional de R$ 120 mil. O apartamento de Lula, de 297 m2, no 16º andar, beira-mar, é avaliado pela Imobiliária Factual, que ainda vende apartamentos no local, por algo entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,8 milhão.

A assessoria de Lula afirma que o imóvel está declarado. “O ex-presidente informou que o imóvel, adquirido ainda na planta, e pago em prestações ao longo de anos, consta na sua declaração pública de bens como candidato em 2006”.

TRÊS MIL LESADOS

Enquanto Lula já pode desfrutar do triplex, mais de três mil famílias associadas à Bancoop não conseguiram o tão sonhado apartamento comprado no início dos anos 2000. A cooperativa dos bancários levantou 57 empreendimentos, mas 14 estão inacabados. Cinco mil famílias já receberam seus apartamentos.

— O João Vaccari Neto, que está sendo processado por estelionato, é o responsável por esse pesadelo dos associados da cooperativa dos bancários. O mínimo que pode lhe acontecer é a cadeia — diz Marcos Sérgio Migliaccio, presidente da Associação das Vítimas da Bancoop, que esta semana entregou ao Ministério Público Federal (MPF) um documento relacionando o caso Bancoop com a Lava-Jato.

A “cooperativa habitacional dos companheiros do PT”, como a Bancoop é chamada por adversários, foi fundada em 1996 tendo o ministro das Relações Institucionais do governo Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini, como diretor técnico, e João Vaccari Neto como diretor do conselho fiscal.
Nos anos 2000, passou a ter oito mil associados, dos quais três mil ainda não receberam seus apartamentos. Isso levou João Vaccari Neto a ser denunciado por estelionato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

CORRUPÇÃO NÃO CRESCEU COM DILMA, FICOU MAIS EVIDENTE

 


A pesquisa do Datafolha publicada na edição de domingo, da Folha de São Paulo, sustenta que 68% da opinião pública responsabilizam a presidente Dilma Rousseff pela corrupção no país. É preciso separar bem os dados revelados. Não que a pesquisa em si esteja errada, mas sim porque os pesquisados confundiram, na essência, percepção com responsabilidade.
Os fatos vieram à tona neste ano com intensidade muito forte o que não quer dizer que eles não existissem antes do seu mandato.

Tanto é assim que os principais acusados, e que inclusive possuem milhões de dólares em contas na Suíça estiveram nos cargos no período de 2003 a 2012, na primeira metade do período do atual governo.
Os escândalos da Petrobrás chegaram à percepção de acordo com a pesquisa de nada menos que 85% da opinião pública, o que demonstra o grau de exposição a que atingiram, através dos jornais, emissoras de televisão e revistas.
Se um dos acusados se dispôs a devolver 97 milhões de dólares e outro acusado prontificou-se a repatriar 26 milhões de dólares, evidentemente tais importâncias exigiram tempo maior para serem acumuladas. Isso de um lado.

De outro o Datafolha acentua que para 43% a presidente tem muita responsabilidade enquanto que para 25% tem pouca. Daí o total de 68 pontos que no fundo representa mais uma confirmação do que uma responsabilização.
O resultado não abalou o índice de aprovação do governo que permaneceu na escala de 42%. Enquanto 24% consideram regular e os 24% restantes ruim.
Enquanto isso na mesma pesquisa aparece que o índice de 50% engloba os que acreditam que ela fará um bom governo no segundo mandato.

RESPONSABILIDADE

No caso da corrupção é natural a confusão entre percepção e responsabilidade. O governo Lula é considerado responsável pela faixa de 12%, enquanto o governo Fernando Henrique Cardoso 13%.
O índice de 85% por seu turno representa que a população brasileira não só tomou conhecimento dos fatos ocorridos na Petrobrás como também por seu volume significa uma exigência que as investigações não cessem.
Ou seja que os inquéritos não terminem na área apenas da percepção mas se projetem no terreno das consequências concretas. Perceber é uma coisa, punir é outra.

PT MUDOU DE RUMO EM 30 ANOS E O SONHO JÁ ACABOU



O PT que reelegeu a presidente Dilma Rousseff em outubro deste ano é outro, com formação e até bandeiras distintas daquele Partido dos Trabalhadores surgido na década de 80 com a pretensão de transformar a política brasileira.
As mudanças, adotadas principalmente após o partido se tornar governo, geraram reflexos. Depois de a sigla colher os frutos de se manter no poder central por mais de 12 anos, o atual momento não é tão positivo para os petistas, mesmo após o êxito nas urnas. As consequências negativas dos “erros” estão sendo sentidas agora, quando a sigla enfrenta novas denúncias e manifestações antipetistas pelo país.

Se a população tem feito críticas à administração petista – movimento que cresceu depois das denúncias do mensalão e da corrupção na Petrobras –, fundadores da legenda, que acabaram se desfiliando após as falhas cometidas, não evitam mais os ataques. E mesmo quem continua na sigla já admite a necessidade de mudar.

Desde a criação da legenda, em 1980, alguns idealizadores do PT se desfiliaram e decidiram se afastar da política partidária, enquanto outros fundaram legendas nas quais viriam a ser candidatos. Apesar de alguns nomes, como o do ex-presidente Lula, continuarem no comando partidário, fundadores tidos como mais “radicais” e defensores de políticas mais à esquerda e próximas do “socialismo” optaram por deixar o PT.

NÃO É SOCIALISTA

Esse fato, segundo analistas, é o principal responsável pela mudança de rumo. “O quadro do partido não é possível de se reverter. Se não se propõe a superar o capitalismo, como pretendia inicialmente, é porque não é socialista. Isso o torna igual a outras siglas”, avalia o cientista político da Unesp Antonio Carlos Mazzeo.

Um dos exemplos de políticos que optaram por se desfiliar é o candidato derrotado à Presidência Eduardo Jorge (PV). “Saí basicamente porque acho que o PT ainda tem um déficit de aceitação da democracia. Continua com um pensamento hegemonista de controle da sociedade, herdado da ditadura”, diz.

Crítica semelhante é feita pelo senador Cristovam Buarque (PDT). Ele diz que sua saída ocorreu após o partido “perder o vigor transformador”. “Dizia que o PT ia levar dez anos para retomar esse vigor. Agora já acho que vai levar muito mais tempo. O PT corre o risco de se tornar um partido inexpressivo. Enquanto continuar como governo, não há chance de recuperar sua utopia”, acredita.

INAUGURAÇÃO DA SEDE DA UNASUL CONSOLIDA A INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA




(Do Blog) – Os Presidentes do Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Bolívia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, inauguram, em Quito, no Equador, a sede da Secretaria Geral das União das Nações da América do Sul.

Com uma das maiores projeções do mundo, e um desenho que lembra, curiosamente, o do “14 Bis” de Santos Dumont, o edifício teve sua construção totalmente financiada pelo governo equatoriano, a um preço de aproximadamente 45 milhões de dólares.
 
A nova sede da Secretaria Geral da Unasul é um marco palpável, imponente, do avanço inexorável da unidade e da soberania do nosso continente, apesar da permanente oposição e sabotagem de certas nações e de outras regiões do mundo, que prefeririam  que continuássemos divididos, como ficamos durante tanto tempo, absolutamente inermes e à mercê de seus ditames e interesses.

QUEM VIVER VERÁ...

         


Sou contra a reeleição para cargos do Executivo e a favor do mandato de seis anos. Depois desse período, em minha opinião, o ex-presidente não poderia ser mais nada, como é nos Estados Unidos. Quando muito, se quisesse fazer alguma coisa, poderia ser conferencista de assuntos incompreensíveis ou lobista para assuntos ocultos e condenáveis, como o ex-Luiz.

Mas, como tudo neste mundo, a reeleição tem lá suas vantagens – intrínsecas, por sinal. Vejamos como é isso na prática: quando o vaidoso e culto sociólogo FHC mudou a regra do jogo, que era de um tempo só, criando o segundo tempo, muita gente aceitou a continuísta ideia por conveniência. Afinal, depois de Sarney e Collor, se não fosse ele, seria o inefável Luiz, e dos males, o menor…

A face oculta da reeleição em países subdesenvolvidos é a corrupção. Corrupção, desde que o mundo é mundo, é subproduto da vaidade e da ambição. FHC montou no cavalo arreado por Itamar Franco, que, além de tudo, teve de lutar muito para que ele deixasse a boa vida de viageiro, como ministro das Relações Exteriores, para assumir o Ministério da Fazenda e implantar o Plano Real, antes que a inflação se transformasse mesmo em dragão e incendiasse o país com seus bafos de labaredas.

SÓ PAGANDO PROPINA

O segundo mandato de FHC foi o tempo das miniprivatizações de algumas empresas estatais. O Estado em si é idiota, não sabe fazer nada, sua função é organizar o povo em sociedade e, quando extrapola dessa competência, dá no que deu aqui. Aconteceu o que todo mundo previu, como disse, aliás, o advogado de um dos ladrões da Petrobras: neste país não se coloca um paralelepípedo no chão sem pagar propina. Nesse cavalo arreado, a seita chamada PT montou e não só chicoteou como esporeou o cavalo.

Mas o tempo começa a mostrar ao povo trabalhador do Brasil que trabalhadores somos todos nós, que vivemos às nossas custas, e não só aqueles mais humildes que exercem serviços braçais e que hoje, ganhando R$300 por mês, constituem a nova classe média brasileira.

Como mentem esses petralhas da cúpula! Todo mês anunciam um número menor de desemprego no país. Mudam os números, mas não mudam os métodos da medição. Para quem não sabe, principalmente para os gringos, o Brasil vive o pleno emprego… Mentira: é que todo aquele que recebe qualquer tipo de “bolsa” é considerado empregado…

LULA SUMIU…

Mas o tempo político parece que vai mudar. Cadê o ex-Luiz? Sumiu… E sumiu porque Dona Dilma está afirmando, na intimidade, que não quer mais saber de palpiteiros perto dela e que vai governar com a base aliada. E faz ouvido de mercador para assuntos pendentes e desimportantes como mensalão, petrolão, Rosemary, Lulinha, marolinha, como disse o profeta etc.

Para quem não soube de nada, e não quer saber, nada melhor que ganhar uma reeleição que liberta. Dona Dilma não só ganhou a eleição, ganhou também uma carta de alforria. Se tiver personalidade e quiser usar… Em tempo de murici, cada um que cuide de si, e Deus nos acuda.

(transcrito de O Tempo)

23 de dezembro de 2014
Sylo Costa

O NASCIMENTO DE JESUS

“Eu honrarei o Natal em meu coração e tentarei guardá-lo ali o ano inteiro.” Charles Dickens


As coisas andam de tal modo que a palavra Natal, afastando-se do sentido original, passou a significar, principalmente, um dia festivo, uma pausa especial do calendário.
Por isso adotei, no título deste artigo, a palavra Nascimento. Ela retira o Natal da autonomia que a pós-modernidade lhe concedeu.
Não duvido de que, em breve, as crianças começarão a crer que o Natal e o que em torno dele se narra seja apenas uma história clássica, concebida por autores de contos de fada, e a merecer, ao lado da “A Branca de Neve” ou de “João e o Pé de Feijão”, um filme dos estúdios Disney.

A crítica ao que está acontecendo com o Natal não deve começar pelo consumismo natalino, que raramente é de consumo pessoal. Aliás, quem é contra o consumo precisa reconhecer que é, também, contra o emprego, contra o salário e contra a sobrevivência do trabalhador e do empreendedor.
O crescimento da demanda é o primeiro sintoma de que uma economia sai da estagnação. Por outro lado, as comemorações natalinas são acompanhadas de gestos mais largos de generosidade, com aumento de doações aos materialmente carentes.

O problema sobre o qual me detenho, à luz da fé cristã, supostamente ainda majoritária no Ocidente, é o desaparecimento do mistério da Encarnação e, com ele, o desapreço à intervenção de Deus na história humana. Ora, se o cristão vê o Menino do presépio apenas como um bebê que nasceu em circunstâncias incomuns, ele deixa de lado algo essencial à própria existência.

A interrogação de Pietro Petrolini – “Somos apenas um pacote que a parteira entrega ao coveiro?” – não é respondida pelo burrico do presépio, mas pelo Menino que se tornará a figura central da História, aquela da qual mais se fala, sobre a qual mais se escreveram livros e pela qual tantos, passados dois mil anos, ainda dão a própria vida.

É claro que, o profundo respeito de Deus à nossa liberdade, nos deixa em perfeitas condições para dar-Lhe de ombros, considerar que o acaso seja o senhor da História ou confiar nossas inteiras existências ao pensar deste ou daquele filósofo.
Cada vez que reflito sobre tal possibilidade eu firmo a convicção de que esse é um muito mau negócio. Ficar sem Deus, podendo ficar com Ele, é isso mesmo – mau negócio.

A você que me lê e a todos os seus, desejo um Natal muito feliz. E que o ano de 2015 seja bem melhor do que as condições atuais parecem sugerir. Acho que isso já estaria mais do que bom, não é mesmo?

23 de dezembro de 2014
Percival Puggina é arquiteto, empresário, escritor

VÍDEOS REVISTA VEJA

CORDIALIDADES DE CROCODILOS

Dilma e Lula guerreiam nos bastidores, mas fingem parceria e cordialidade diante das câmeras

dilma_rousseff_492Chumbo trocado – A cúpula do Partido dos Trabalhadores ainda não digeriu a decisão de Dilma Rousseff de manter Maria das Graças Foster na presidência da Petrobras e de substituir todos os integrantes do Conselho de Administração da estatal. Isso porque na esteira desse cenário o ex-presidente Luiz Inácio da Silva se complica.

Na segunda-feira (22), durante café da manhã com jornalistas que cobrem o cotidiano do Palácio do Planalto, Dilma frisou que sua influência na empresa começou teve início com a nomeação de Foster para a presidência da estatal, o que ocorreu em 2012. Isso significa que a presidente da República transferiu ao seu antecessor, o agora lobista Luiz Inácio da Silva, a responsabilidade pela ciranda de corrupção que funcionava em algumas diretorias da petroleira, na época em que o petista José Sérgio Gabrielli presidia a companhia.

É importante destacar que Dilma e Lula travam uma intensa queda de braços nos subterrâneos do poder, enquanto diante de câmeras e microfones fingem manter uma relação de fidelidade e cordialidade, com direito a consultas e palpites de parte a parte. Como se sabe, Lula será candidato à presidência em 2018 e desde já começa a trabalhar nos bastidores para minar o próximo governo de Dilma, como forma de pavimentar o terreno para seu retorno ao comando do País. Até porque, um governo minimamente melhor do que o atual, o que é difícil, poderá reforçar o cacife político da presidente reeleita.

Se por um lado Lula é um animal político, por outro Dilma é truculenta e não leva desaforo para casa. Sendo assim, a briga deverá ter novos capítulos, sempre nas coxias do poder, pois Dilma quer fazer o sucessor, ao passo que o ex-metalúrgico quer voltar ao cargo. Quem conhece minimamente a política nacional sabe que os principais ministros do próximo governo não terão qualquer vínculo com Lula. Uma das amostras desse distanciamento entre criador e criatura se materializa no excesso de poder do ministro Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, que vem dando palpites seguidos na estruturação da política econômica do próximo governo. Como se sabe, Mercadante e Lula não rezam pela mesma cartilha, o que facilitou a decisão da presidente da República de usar o chefe da Casa Civil como ponta de lança contra o antecessor.

Fora isso, a mudança repentina no relatório da CPMI da Petrobras, de autoria do deputado federal Marco Maia (PT-RS), é obra de Lula, que sugeriu ao relator o indiciamento de muitos dos implicados no escândalo do Petrolão, situação que contrariou os palacianos, em especial a “companheira” Dilma.
Para dar o troco, a presidente anunciou que Maria das Graças Foster continuará no comando da Petrobras, contrariando o desejo da cúpula petista, que defendia a indicação de um profissional dá área a ser pinçado no mercado. Assim, Dilma manda mais um duro recado a Lula, que está mais encalacrado no escândalo de corrupção da petroleira do que muitos imaginam. Tanto é assim, que pessoas próximas ao ex-presidente revelaram ao UCHO.INFO que o petista tem apresentado oscilação comportamental, inclusive com direito a goles daquela água que passarinho não chega perto.

23 de dezembro de 2014
ucho.info

CHUMBO GROSSO

Lista de políticos envolvidos no Petrolão é muito maior do que a divulgada nesta sexta-feira

algemas_06A lista com nomes de 28 políticos acusados de envolvimento no Petrolão é modesta se comparada aos dados em poder das autoridades que participam das investigações da Operação Lava-Jato. Como noticiou o UCHO.INFO reiteradas vezes, chega a sessenta o número de políticos flagrados na operação da Polícia Federal que desmontou o esquema de corrupção que funcionava na Petrobras.

A lista divulgada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, nesta sexta-feira (19), refere-se apenas aos nomes informados por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, no vácuo do acordo de delação premiada. Considerando que as informações prestadas por Costa já foram referendadas pelo Supremo Tribunal Federal, portanto devidamente checadas, a lista deve ser considerada como procedente.

O número de políticos envolvidos crescerá exponencialmente quando vier a público o conteúdo dos depoimentos do doleiro Alberto Youssef, que também selou acordo de delação premiada como o Ministério Público Federal. A razão para o aumento do número de envolvidos explica-se pelo fato de que à Petrobras iam apenas os caciques partidários, responsáveis por cobrar o dinheiro imundo das propinas, recursos que saíam do superfaturamento de contratos firmados entre as empreiteiras e a estatal.

No contraponto, aos escritórios do doleiro da Lava-Jato, em São Paulo, compareceram inúmeros políticos de segundo escalão do PT, do PMDB e do PP, já citados na lista decorrente da delação de Paulo Roberto Costa. Nas portarias dos prédios onde funcionavam os bunkers de Youssef há dados cadastrais e imagens de muitos parlamentares filiados às três legendas. Todos apostaram na impunidade, mas acabaram tropeçando na segurança dos edifícios.
 
No momento em que a lista de políticos envolvidos vier à tona, por certo o Brasil saberá a real extensão do maior escândalo de corrupção da história nacional, que com folga movimentou muito além dos R$ 10 bilhões anunciados até agora.
 
Além de ter denunciado, juntamente com o empresário Hermes Magnus, o esquema de corrupção que desaguou na Operação da Lava-Jato, o editor do UCHO.INFO acompanhou de perto a vida transgressora de alguns políticos que se beneficiaram do dinheiro roubado da Petrobras, mas que até agora não tiveram os respectivos nomes citados pela imprensa. O UCHO.INFO já forneceu informações sobre esses alarifes de segundo plano, com direito a detalhes da vida de cada um.
 
Diferentemente do que pensam esses políticos, que creem ter escapado da Lava-Jato, o estrago vindouro é muito maior do que se pode imaginar. Para comprovar a ousadia desses marginais com mandato, um dos envolvidos de segunda classe fez discurso moralista na última reunião da CPMI da Petrobras, por ocasião da aprovação do relatório final.

23 de dezembro de 2014
ucho.info

ENDEREÇO ERRADO

Mantega é expulso de bar paulistano sob xingamentos de brasileiros cansados da crise e da roubalheira

guido_mantega_38Demitido por antecipação e ainda no exercício do cargo, o que configura situação ridícula e vexatória, o petista Guido Mantega começa a colher os frutos ácidos da lambança que protagonizou como ministro da Fazenda nos quatro anos, período em que tentou emplacar, sem sucesso, pelo menos duas dúzias de medidas de estímulo à economia.

No último sábado (20), como se fosse uma celebridade, Mantega resolveu molhar as cordas vocais em um dos badalados bares da cidade de São Paulo, o Astor, localizado no bairro boêmio de Vila Madalena.
Carregando no rosto aquele conhecido sorriso de mordomo de sacristia, o ainda ministro adentrou ao bar e se deparou com inesperado e ruidoso aplauso dos frequentadores do local.

Certo de que a calorosa recepção era verdadeira, Mantega, que estava acompanhado de uma mulher, apertou o passo e esperava pelos cumprimentos, o que não aconteceu. Repentinamente, o petista tornou-se alvo de ofensas, como “explica aquele dinheiro que vocês fizeram sumir”, clara referência ao Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história brasileira. Guido Mantega tentou se justificar, mas o clima esquentou e a situação ficou pior. O ministro foi chamado de “chefe de quadrilha”.

O concorrido bar da Pauliceia Desvairada estava lotado e, coincidentemente, contava com algumas tiveram Guido Mantega como professor, mas a pressão foi muito maior do que imaginava o petista. O clima ficou insustentável e Mantega, sem saber o que fazer, deixou o local debaixo de mais ofensas e xingamentos, como “vai embora seu ladrão, filho da p…”.

Responsável, juntamente com a presidente Dilma Rousseff, por ter levado a economia brasileira à beira do despenhadeiro da crise, Mantega experimentou o que pode ocorrer com muitos dos integrantes do governo mais corrupto da história nacional: a hostilidade de uma população cansada de tanta roubalheira.
Ao longo dos últimos quatro anos, Guido Mantega, que há muito já era alvo de piadas no mercado financeiro, caiu em descrédito ainda maior por conta das estabanadas previsões sobre o crescimento do Produto Interno Bruto, o agora minúsculo PIB.

A recepção nada simpática que obrigou Mantega a deixar o bar Astor mostra, de forma inequívoca, que os brasileiros começaram a sentir no bolso os efeitos da desenfreada corrupção que tomou conta do País com a explícita anuência de um partido que se assemelha a uma organização criminosa, como acertadamente têm afirmado os partidos de oposição.
A exemplo do que tem noticiado o UCHO.INFO, a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que desbaratou o carrossel de corrupção que funcionava na Petrobras, está em seus primeiros capítulos e a reação da sociedade deve piorar com o avanço das investigações.

Para quem estava acostumado a reunir-se com banqueiros ao redor de mesas fartas de caros e elegantes restaurantes paulistanos, Mantega percebeu na Vila Madalena que seu período de estrelato terminou muito antes do que imaginava.
Se o que aconteceu no Astor tomar conta do País, o governo de Dilma Rousseff não dura muito tempo.

23 de dezembro de 2014
ucho.info

PELA CULATRA

“É inconstitucional Dilma dividir responsabilidade de seu governo corrupto com o MP”, diz Caiado

dilma_rousseff_480

Líder da Minoria no Congresso Nacional, o senador eleito Ronaldo Caiado (Democratas-GO) alerta que é inconstitucional a presidente Dilma Rousseff usar a consultoria do Ministério Público Federal para selecionar seus ministros de Estado.
O artigo 129 da Constituição Federal veda expressamente que órgãos públicos utilizem os serviços do MP. Na segunda-feira (22), durante café da manhã com jornalistas, a presidente afirmou que consultaria o Ministério Público antes de nomear seu novo ministério. Dilma deu a entender que perguntaria ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se algum dos ministeriáveis consta da lista de envolvidos no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história nacional.
 
Conforme o artigo 129 da Carta Magna, “é vedado ao MP: exercer outras funções que lhe foram conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas”.
 
“Ou seja, além de atrair o Ministério Público para o abismo – dividir a responsabilidade por um governo com DNA corrupto – Dilma convida o MP para desenvolver uma atividade explicitamente vedada pela Constituição: exercer atividade consultiva”, avalia o senador eleito e uma das vozes mais ativas da oposição no Congresso.
“Dilma sofre de bipolaridade. Ao mesmo tempo em que diz que está tudo bem na Petrobras, afirma que vai consultar a mesma Procuradoria-Geral da União, que denunciou irregularidades na empresa na hora de montar seu ministério”, acrescentou Caiado.

Estapafúrdia, a decisão de Dilma Rousseff teve como objetivo passar à opinião pública a sensação de que no próximo governo não haverá corrupção, mas pela costura política com os partidos da chamada base aliada ficou claro que a partir de 2015 o Brasil terá mais do mesmo. Ou seja, a corrupção correndo solta na Esplanada dos Ministérios, mas de forma mais camuflada.
 
A decisão de recorrer ao Ministério Público Federal mostra não apenas que o governo é incapaz de escolher os próprios ministros, como a presidente não tem qualquer condição de comandar um país como o Brasil, cujos problemas têm a dimensão do território verde-louro. No momento em que Dilma não sabe para que lado correr, o máximo que a sociedade pode esperar a partir de 1º de janeiro é mais um quadriênio de desmandos e outros quetais.
 
Por outro lado, para completar a bizarrice do anúncio presidencial, o procurador Rodrigo Janot não pode quebrar o sigilo da Operação Lava-Jato apenas porque Dilma não sabe como se nomeia ministros e assessores, assunto que o serviço de inteligência resolveria com certa facilidade, desde que a presidente soubesse que esse é o procedimento adequado. Considerando que Janot já afirmou que somente em fevereiro cuidará das denúncias feitas pelos delatores da Operação Lava-Jato contra políticos, Dilma terá de nomear “no escuro” os ministros do próximo governo.

23 de dezembro de 2014
ucho.info 

LULOPETIMO

O “mercado” pode celebrar; o Brasil, não. OU A incrível história de Joaquim e Barbosa



"São pessoas que têm elevada credibilidade junto à sociedade, junto ao mercado. Essa equipe tem o simbolismo necessário para essa tarefa que nós vamos enfrentar daqui por diante.” O senador petista Humberto Costa oferece uma primeira pista sobre o sentido das nomeações da equipe econômica. Joaquim, o Levy, assumirá a Fazenda, pois “tem o simbolismo necessário” para restaurar a “credibilidade” perdida pela política econômica. 
 
A segunda pista surge na sequência do raciocínio:
“Nós vamos fazer essa inflexão, mas isso é uma coisa temporária.” Barbosa, o Nelson, assumirá o Planejamento para aguardar a passagem da etapa “temporária”, depois da qual seria transferido para a Fazenda.
 
“Um passo atrás para dar dois passos à frente.” 
Não sei se a frase célebre de Lenin sobre a Nova Política Econômica, implantada na URSS em 1921, emergiu nos conclaves fechados que precederam as escolhas de Joaquim e Barbosa, mas a ideia está aí. O “banqueiro” tem a missão de fazer o trabalho sujo: limpar a casa, restabelecendo o equilíbrio fiscal e contendo as pressões inflacionárias. Depois, na etapa prévia às eleições de 2018, o “desenvolvimentista” retomaria o fio da expansão do gasto, do crédito, do consumo e da dívida, engatilhando a já anunciada candidatura de Lula. 
 
Lenin almejava chegar ao comunismo, pela via longa da “etapa” do mercado. O lulopetismo almeja apenas eternizar-se no poder, mesmo às custas das perspectivas de longo prazo da economia brasileira.
 
Dilma Rousseff engoliu o “banqueiro”, imposto por Lula, expondo-se à justa acusação de estelionato político. “É do jogo”: jornalistas rendidos ao cinismo sacam sua tirada preferida para garantir que nada há de incomum no uso descarado da mentira como ferramenta eleitoral. Mas, de fato, a mentira não “é do jogo”. Nas democracias, como regra, líderes eleitos cumprem a essência do que prometem. O estelionato sinaliza uma crise de fundo, não uma oscilação circunstancial. A deterioração da linguagem é um sintoma da crise. O Planalto enviou ao Congresso uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias que cria um superávit deficitário. 
 
Guido Mantega é um ministro demitido em exercício. Joaquim e Barbosa foram ministros nomeados por boatos, antes de serem promovidos a futuros ministros em exercício na equipe de transição do governo Dilma para o governo Dilma. Novilíngua.
 
Os jornalistas “do jogo” adoram paralelos aparentes — e impertinentes. No primeiro mandato, quando nomeou a dupla Palocci/Meirelles, Lula não praticava estelionato, mas operava segundo a lógica da Carta aos Brasileiros. Dilma, pelo contrário, nomeia Joaquim logo depois de dizer que os “banqueiros” de Aécio e Marina conspirariam para tirar a comida da mesa dos pobres. O “banqueiro” de Dilma, cedido por um banqueiro de verdade, passou os últimos anos criticando a política econômica na qual a presidente-candidata prometeu persistir. 
O abaixo-assinado de protesto contra a nomeação, firmado por personagens carimbados da nossa deplorável esquerda, contém uma verdade:
 o governo desrespeita a democracia ao trocar seu discurso de campanha pelas propostas de política econômica da oposição. 
 
A outra, obviamente, não está no texto: 
tirando alguns ingênuos irrecuperáveis, seus autores apenas utilizam o nome do “banqueiro” como moeda de troca pelos nomes dos “companheiros” que sonham emplacar no Ministério.
 
Dirigindo-se à audiência militante do abaixo-assinado, Gilberto Carvalho disse que, “ao aceitar ser ministro desse projeto”, Joaquim, o Levy, “está aderindo a esse projeto e à filosofia econômica desse projeto”. Para além da bravata, a mensagem é que a autonomia de Joaquim está limitada à esfera do ajuste fiscal. O ministro nomeado para a Fazenda não tem a prerrogativa de avançar em reformas centradas na produtividade, na competitividade e no equilíbrio cambial. Contudo, sem elas, não se alcançará uma redução duradoura dos juros, pressuposto de um ciclo sustentado de crescimento. 
 
No fim, o “projeto” circunscreve-se a um efêmero ajuste recessivo, conduzido por um “banqueiro”, como introito a uma nova “etapa” de expansão populista, conduzida por um “companheiro”.
 
Joaquim aceitou a missão porque Lázaro Brandão, o chefão do Bradesco, pediu-lhe isso e porque quer desenhar um “X” no quadrado vazio de seu currículo. Mas ele deve saber que a “filosofia econômica” do governo chama-se Barbosa, o Nelson. O ministro nomeado para o Planejamento está entre os principais formuladores da “nova matriz econômica” que desembocou na crise atual. Ele só deixou o governo quando viu se abrirem as portas do inferno, depois que Dilma e Mantega resolveram seguir os doutos conselhos do secretário do Tesouro, Arno Augustin, engajando-se na maquiagem das contas públicas. 
 
O conflito entre Fazenda e Planejamento está escrito nas estrelas — e seu resultado também. Joaquim, o Breve, foi nomeado para fazer, exclusivamente, o trabalho sujo.
 
O lulopetismo não é um movimento de ruptura, como o chavismo. Essencialmente conservador, sua película ideológica circunscreve-se, na esfera da política econômica, à expansão dos investimentos das estatais, do gasto público, do crédito ao consumo e dos subsídios para o alto empresariado. A receita populista, mal denominada “keynesiana” por seus arautos, não é sustentável ao longo da fase de baixa do ciclo econômico — e, por isso, precisa ser corrigida periodicamente por ajustes recessivos. 
 
É aí que entra o “banqueiro”, convocado para salvar os “companheiros” das consequências de seus alegres folguedos.
 
A equipe econômica anunciada pela presidente é uma síntese, produzida na hora da crise, da alma dúplice do lulopetismo. De certa forma, Gilberto Carvalho tem razão. Tanto Joaquim quanto Barbosa fazem parte “desse projeto” de reiteração pendular de nossa mediocridade. O “mercado” pode celebrar; o Brasil, não.

DEMÉTRIO MAGNOLI
Fonte: O Globo, 04/11/2014.

EM TEMPO "ESTRANHO" E FUTURO INCERTO...

... "fazer mais com menos", no caso do órgão, "atingiu seu limite." Jorge Hage entrega carta de demissão da chefia da CGU. Ministro responsável pelo órgão que combate casos de corrupção no governo federal apresenta pedido a Dilma, após oito anos no cargo


O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou nesta segunda-feira, 8, que apresentou à presidente Dilma Rousseff sua carta de demissão do cargo. Hage está desde 2006 no comando do órgão, responsável pelo combate à corrupção no governo federal.

A afirmação foi feita durante evento de abertura do Dia Internacional contra a Corrupção. No evento, Hage também fez um balanço da atuação da CGU nos últimos anos e revelou que não pretende ficar no cargo no segundo mandato de Dilma. "Sem dúvida é uma despedida. Apresentei à presidente Dilma Rousseff a minha carta pedindo que ela me dispense do próximo mandato. Apresentei isso nos primeiros dias de novembro. A minha pretensão é não ter a minha nomeação renovada".

Hage foi indicado para o cargo durante o primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva e foi mantido na função por Dilma. Em agosto, Jorge Hage fez um apelo ao Planalto por reforço nas equipes responsáveis pelo combate à corrupção no governo. Em ofícios enviados aos ministros Aloizio Mercadante, Casa Civil, e Miriam Belchior, Planejamento, ele pediu, "em caráter de urgência", autorização da presidente Dilma Rousseff para a convocação de candidatos que passaram por concurso público em 2012. 

Afirmou ainda que "o esforço de fazer mais com menos", no caso do órgão, "atingiu seu limite."

23 de dezembro de 2014
 Erich Decat - O Estado de S. Paulo

NYT: JUROS NO BRASIL FARIAM AGIOTA AMERICANO SENTIR VERGONHA.

 Jornal destaca o lucro das lojas de penhores no país, citando taxas do cartão de crédito em mais de 240% ao ano



"Os juros praticados no Brasil fariam um agiota americano sentir vergonha." A afirmação foi feita pelo The New York Times (NYT), em reportagem publicada nesta semana. O jornal americano aborda os ganhos das lojas de penhores no Brasil, citando as taxas do cartão de crédito em mais de 240% ao ano e 100% cobrados por empréstimos bancários. Conforme o NYT, "o crescente sucesso das lojas de penhores é o mais recente sinal de que a orgia de endividamento dos consumidores do país pode estar chegando ao seu limite”.
Em um cenário de desaceleração econômica e de dificuldade para pagar contas, as lojas de penhores se apresentam como alternativas que crescem, na contramão de outras formas de crédito. A Caixa Econômica Federal, que detém o monopólio do serviço, planeja dobrar o número de agências que oferecem esse tipo de empréstimo até o final do ano que vem. 
Segundo a reportagem, de junho de 2004 a junho de 2014, o crédito ao consumidor aumentou 658%, alcançando 297 bilhões de dólares, enquanto os empréstimos oferecidos por penhoras pela Caixa mais do que dobrou nos últimos quatro anos, atingindo 670 milhões de dólares. 
O NYT explica que as lojas de penhores são usadas para quitar as dívidas do cartão de crédito, cobrir despesas imprevistas ou oferecer linhas de crédito mais baratas. A reportagem também remonta as origens do serviço, cujo monopólio por parte da Caixa veio do governo Getúlio Vargas. Para baixar os juros, o presidente aboliu as lojas de penhores particulares em 1934.

23 de dezembro de 2014
camuflados

ONDE MORA O PERIGO? OU JUSTIÇA NO BRASIL É COMO SERPENTE: PICA SÓ OS DESCALÇOS.

Processos contra autoridades são registrados como ocultos no STF. Ao menos oito investigações sequer aparecem no sistema do Supremo  



O Supremo Tribunal Federal (STF) mantém processos tão ocultos que sequer aparecem na internet as iniciais dos investigados ou a data em que eles tiveram início. E embora não haja previsão clara no Regimento Interno do Supremo para esse tipo de procedimento e a medida cause divergência entre os ministros da Corte, apenas este ano ao menos oito inquéritos contra autoridades foram registrados como ocultos. Por conta disso, as investigações correm sem que os advogados ou as partes envolvidas tenham acesso aos documentos. Apenas os servidores da Secretaria Judiciária e alguns funcionários designados pelos gabinetes dos ministros podem consultá-los.
 
Uma das investigações é contra o ministro da Agricultura, Neri Geller, suspeito de participar do esquema de fraudes na reforma agrária, descoberto pela Operação Terra Prometida, da Polícia Federal. Não aparecem as iniciais do ministro, a data de autuação ou o tema da investigação. Desse modo, a existência da investigação contra Geller só foi descoberta por conta de uma investigação que tramita na Justiça Federal e é pública. Assim, foi possível saber que o STF desmembrou a parte envolvendo o ministro e devolveu o restante do caso para a primeira instância.

O caso foi enviado ao STF no semestre passado pela primeira instância do Mato Grosso. De acordo com a Constituição, são processados e julgados no Supremo deputados federais, senadores, ministros de Estado e o presidente da República.
 
- Eu, de início, não concebo (inquérito oculto). A regra é a publicidade. O sistema não fecha. Porque é público contra a coinvestigados e sigiloso quanto à ministro de Estado? A publicidade é que gera eficiência. Eu penso que, para o investigado, é pior o sigilo, porque se fica, se pode imaginar coisa pior - disse o ministro Marco Aurélio Mello

Segundo ele, quando há dados invasivos no inquérito, eles podem ficar sob sigilo, mas a tramitação deveria ser acessível no sistema online do tribunal.

- Eu, por exemplo, não estou versando o caso concreto. Mas eu não concebo. Passa a haver um mistério. Eu lido com o Direito. E pegando pesado há tantos anos, não encontro uma base legal para essa pseudo proteção do envolvido. O tratamento tem que ser linear, igual para todos - disse.

Tema no Supremo desde 2010

Desde 2010, ministros do STF discutem sobre processos ocultos. Nessa época, Cesar Peluzo, então presidente da Corte, determinou que os inquéritos penais chegassem ao tribunal em segredo de justiça, apenas com a divulgação do nome abreviado do investigado. No entanto, caso o relator considerasse conveniente, ele poderia suspender o sigilo. A justificativa era o risco de atrapalhar o andamento das investigações.
 
Dois anos depois, em março de 2012, o STF começou a discutir, em sessão administrativa, a classificação instituída por Peluso. Em maio, entraria em vigor a Lei de Acesso à Informação, determinando como regra a publicidade das informações no setor público. Peluso, então, voltou a defender sua tese.

- Há determinadas informações que, em razão de sua natureza, podem fugir do comando geral de publicidade - ponderou Peluso, na ocasião.

No entanto, houve pedido de vista e o tema só voltou à discussão em março de 2013, quando o tribunal já era presidido por Joaquim Barbosa, que também já se aposentou. Por sete votos a quatro, o STF derrubou a tese do sigilo como regra.

Em 2013, Fux defendeu regra criada por Peluso

Foi então determinado que, quando um inquérito chegava à Corte, o nome do investigado deveria ser estampado, a não ser que o relator decretasse o segredo de justiça. Na época, os ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes votaram pela continuidade do sigilo como regra. A maioria dos ministros, no entanto, concordou em derrubar a norma: Joaquim Barbosa, Marco Aurélio Mello, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Teori Zavascki e Celso de Mello. Também foi contabilizado o voto que Carlos Ayres Britto havia dado na reunião do ano anterior, antes de se aposentar.
 
Na sessão de 2013, Fux foi o mais ferrenho defensor da regra criada por Peluso. Para ele, divulgar o nome de uma pessoa que responde a inquérito, ainda sem a certeza da culpa, pode prejudicar sua imagem de forma irreversível. Depois, se houver absolvição, não teria remédio para o estrago causado.

Joaquim Barbosa, porém, lembrou que, nos outros tribunais, a regra é a divulgação do nome dos investigados. Portanto, se o STF mantivesse as iniciais, estaria privilegiando pessoas com direito ao foro especial.

Ao ser informada sobre os oito inquéritos contra autoridades registrados como ocultos, a assessoria da presidência do tribunal informou que o Regimento Interno permite esse tipo de autuação. O artigo 230-C diz que, instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá reunir os elementos necessários à conclusão das investigações em 60 dias. O mesmo dispositivo dá ao relator o direito de determinar a tramitação "em autos apartados e sob sigilo" e medidas invasivas, como "requerimentos de prisão, busca e apreensão, quebra de sigilo telefônico, bancário, fiscal e telemático, interceptação telefônica". Não há referência a deixar todo o inquérito nessa condição de "autos apartados" e ocultos.
 
Atual presidente da Corte, Ricardo Lewandowski acredita que a regra dá ao relator o direito de determinar a ocultação de todo o processo na tramitação do tribunal. Marco Aurélio Mello, no entanto, afirma que, segundo a norma, apenas algumas peças da investigação podem ficar em sigilo.

O Código de Processo Civil (CPC) e o Código de Processo Penal (CPP) preveem a possibilidade de decretação de segredo de justiça e, nesses casos, o direito de consultar os autos é restrito às partes e aos advogados. Hoje tramitam no STF 444 inquéritos e 149 processos. Entre esses processos, 21% estão sob sigilo. Os processos ocultos sequer figuram no levantamento oficial da Corte.

Ricardo Lewandowski

Presidente da Corte, o ministro diz que o artigo 230-C dá ao relator o direito de determinar a ocultação do processo durante sua tramitação no Supremo Tribunal Federal. No entanto, em 2013, quando o tribunal era presidido por Joaquim Barbosa, hoje aposentado, foi derrubada a tese do sigilo como regra. Nessa época, Lewandowski votou pela continuidade do sigilo

Marco Aurélio Mello

Para o ministro, segundo o artigo 230-C, apenas algumas peças da investigação podem ficar em sigilo. "Eu, de início, não concebo (inquérito oculto). A regra é a publicidade", disse. De acordo com ele, "quando há dados invasivos no inquérito, eles podem ficar sob sigilo". No entanto, Marco Aurélio diz que a tramitação deveria ser acessível no sistema online do Supremo

Cezar Peluso

Em 2010, quando era o presidente do STF, o ministro, que hoje está aposentado, determinou que os inquéritos penais chegassem ao tribunal em segredo de justiça. Para ele, os inquéritos teriam apenas a divulgação do nome abreviado do investigado. À época, ele disse: "Há determinadas informações que, em razão de sua natureza, podem fugir do comando geral de publicidade". Em março de 2012, o STF começou a discutir, em sessão administrativa, a classificação instituída por Peluso.

Os tipos de processos no STF:

- Processo oculto

É uma tramitação fora do sistema, em que o cidadão sequer sabe que o inquérito ou a ação penal estão abertos. Não há informações sobre a identificação do investigado, as decisões tomadas pelo relator, a data de autuação ou o assunto de que se trata. Quando procurado no sistema pelo número, aparece a mensagem de que o processo não existe. Apenas alguns servidores do STF têm acesso a esses processos – os que trabalham na Secretaria Judiciária e funcionários indicados por gabinetes de ministros.

- Processo em segredo de justiça

O nome dos investigados não é publicado, apenas as iniciais. No entanto, fica disponível no sistema do STF a data em que o processo chegou ao tribunal, o assunto apurado, o nome do relator e o local onde está o processo. O acesso a peças e documentos processuais é restrito aos advogados da causa e ao Ministério Público.

- Processo público

Por meio do andamento processual do STF, disponível na internet, é possível verificar o nome dos investigados, a data em que o processo chegou ao tribunal, o assunto apurado, o nome do relator e o local onde o processo está. Também é possível acessar despachos e decisões do relator ou do tribunal.

23 de dezembro de 2014
Carolina Brígido/O Globo