"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

DILMA E O ESCÂNDALO DA REFINARIA DE PASADENA

A REALIDADE DE PASADENA

STF ESTÁ COOPTADO PELO GOVERNO DO PT, AFIRMA ONYX LORENZONI

O ATIVISMO JUDICIÁRIO DA CORTE BOLIVARIANA BRASILEIRA

A CUT RECEBEU 152 MILHÕES PRA NUNCA DEFENDER 14 MILHÕES DE TRABALHADORES QUE O PT JOGOU NA RUA

ROUBALHEIRA ABSURDA NOS FUNDOS DE PENSÃO

AS ESTRATÉGIAS INTERNACIONAIS DA ESQUERDA: EUA




06 de setembro de 2016
postado por m.americo

A SOMA DE TODOS OS ERROS

A SOMA DE TODOS OS ERROS - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=IJXyPSViqO4
22 horas atrás - Vídeo enviado por Crítica Nacional
Versão narrada de um artigo no Crítica Nacional tratando dos inúmeros erros que acompanharam o ..

06 de setembro de 2016
crítica nacional

ALGUÉM TEM MORAL PARA JULGAR DILMA?




Grita-se que há muitos senadores com "ficha corrida", sem moral para julgar Dilma Rousseff. E a ficha corrida dos que a defenderam?

Gleisi Hoffmann notabilizou-se no processo de impeachment como a mais aguerrida defensora da permanência da presidente Dilma Rousseff, julgada e condenada democraticamente por crimes fiscais. Sua frase mais famosa foi acompanhada de uma pergunta retórica: “Aqui não tem ninguém com condições para julgar ninguém. Qual a moral do Senado para julgar uma presidente da República?”

Gleisi ela própria respondeu no dia seguinte, como lembrou o Estadão:

“Não me arrependo (de afirmar que a Casa não tem moral). O Senado não tem moral para julgar a presidente Dilma. Uma parte grande dos senadores está respondendo a processo, inclusive eu”, disse Gleisi. “Me incluo nisso”, afirmou. E complementou: “Estou apontado o dedo para uma pessoa, tem três apontados para mim”.

Tal declaração não foi lida em blogs progressistas, que alardearam a frase anterior de Gleisi apontando dedos. Com efeito, ninguém no Senado teve um cônjuge preso recentemente por corrupção – não qualquer corrupção, mas roubo de dinheiro de aposentados – como o próprio marido de Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Paulo Bernardo. Gleisi não foi presa, mas foi denunciada pela Procuradoria Geral da República após investigação policial concluir que os dois receberam R$ 1 milhão de propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobrás (sempre o mesmo script) para custear sua campanha ao Senado em 2010.

Gleisi Hoffmann, que sempre criticou a advogada Janaína Paschoal por “não ser senadora” e falar no Senado, chegou ao Senado, portanto, sob forte suspeita sobre seu discurso de ser “democraticamente eleita”. Parece mais o caso de ser empreiteitoralmente eleita.

Ah, espere. Não é apenas Gleisi Hoffmann que tem cônjuges com problemas na Justiça. O marido de Vanessa Grazziotin, outra das mais palavrosas defensoras de Dilma Rousseff, também tem pendências com a Justiça. O ex-deputado estadual amazonense Eron Bezerra teve seus direitos políticos suspensos por oito anos e terá que pagar R$ 1,135 milhão aos cofres públicos.

No campo moral da família, João Viana é irmão e seguidor de Tião Viana, ex-senador petista pelo Acre. Tião Viana, no lançamento de um programa do governo, já humilhou um morador que fez críticas ao também ex-governador do Acre que usou o programa como palanque eleitoral:

“Uma pessoa que só vem aqui para falar mal, recebe dez reais para falar mal, merece que a gente diga que esse tipo de gente não serve para nada, não vai vencer na vida. Vem para cá para trazer a mentira, para provocar as pessoas. Vá trabalhar, rapaz, e ter responsabilidade no seu dia-a-dia. Eu nunca vou no palanque da oposição para falar mal de ninguém, agora a oposição tinha que botar emenda para tapar as ruas de Manoel Urbano. Estão lá em Brasília passeando, tomando whisky e não vêm trabalhar.” (grifos nossos)

Não há relatos de investigações sobre o que o ex-governador quis dizer ao afirmar que sua audiência “recebe dez reais”.

Mas a frase de Gleisi pegou. Tico Santa Cruz, por exemplo, compartilhou a seguinte imagem em sua página:


Adicionar legenda



A frase chama a atenção de quem se impressiona facilmente com palavras e corre a tirar conclusões apressadas. Será mesmo o caso, após alguma análise mais perfunctória?

O senador petista Lindbergh Farias, famoso como líder dos caras-pintadas que depuseram (na linguagem corrente, deram um golpe de Estado) em Fernando Collor, em 1992, acaba de ter seus bens suspensos na Justiça. A decisão se deu por contratação irregular de empresas de coleta de lixo em 2009, com o custo total de mais de R$ 40 milhões. R$ 40 milhões. O mensalão, lembre-se, era uma mesada de cerca de 40 mil reais, um centésimo do valor, no caso mais alto comprovado.

Não foi Lindbergh que gritou “Canalhas! Canalhas! Canalhas!” do alto da tribuna sobre os outros senadores?

A própria manobra que livrou Dilma de sofrer as conseqüências foi feita por senadores tentando salvar seus próprios futuros políticos, caso caiam como Dilma. Quando a esquerda grita que um Renan Calheiros não tem moral para julgar Dilma, podemos concordar facilmente. Mas por que não comenta que estes imorais estão, justamente, preservando Dilma? Foram 16 senadores que votaram pelo impeachment que, pensando em seus pescoços, salvaram seus direitos políticos. Três se abstiveram (nenhuma abstenção aconteceu na primeira votação). Afinal, quem tem moral?

Para o impeachment passar, foi necessária maioria qualificada (dois terços) de votos. Ou seja: cada voto de pessoa “imoral” significa muito para a defesa de Dilma, sendo que todos somados significam menos de um terço dos senadores brasileiros. Ainda que encontrássemos duas vezes mais falcatruas em senadores pró-impeachment e contra a manutenção de direitos políticos, uma matemática básica, acessível até a estudantes de Humanas, mostra que praticamente metade dos votos para salvar Dilma é que seriam os campeões de noites na delegacia, caso se tratasse de crimes comuns.

Mesmo quando não há crimes claros envolvidos. Como esquecer de Kátia Abreu, que já fora cotada para vice de Serra em 2010, e hoje, dilmista ortodoxa, é uma das vozes que tentou conseguir o um terço necessário para Dilma continuar impune? Vencedora do prêmio Motosserra de Ouro, acusada por certos blogueiros japoneses de praticar o trabalho “análogo à escravidão” em suas fazendas, de repente se torna a campeã da “moral”, já que votou por Dilma.

Paulo Paim também votou a favor, e teve de fazer uma circunvolução para evitar Sergio Moro e não depor para salvar seu companheiro preso, o ex-senador Gim Argello, que queria usá-lo como testemunha em depoimento. Aliás, Gim Argello e Delcídio do Amaral, caso não tivessem sido presos e votassem pró-Dilma (ambos eram da base aliada, e Delcídio era o principal articulador do PT no Senado), como ficaria o argumento de “moral”?

E João Capiberibe? Teve seu mandato de senador pelo Amapá iniciado em 2002 cassado em 2004 por compra de votos ao custo de R$ 26 por cabeça. A esquerda é um mundo circular, onde tudo é reprise. Ficou inelegível por 8 anos. Tentou voltar ao pleito em 2010, mas caiu na Lei Ficha Limpa. Acabou só conseguindo voltar ao Senado agora, em 2014.

Alguém falou em “moral” ou “ficha corrida” aí no DCE ou na internet?

Vamos analisar Otto Alencar? Passando a palavra a Felipe Moura Brasil:

Agora é a vez do senador Otto Alencar (PSD-BA), ex vice-governador do atual ministro da Defesa, Jaques Wagner.

(Precisa dizer mais? Ok.)

Seu filho, Otto Alencar Filho, foi nomeado em janeiro presidente da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), que opera recursos do BNDES no estado.

(Precisa dizer mais? Ok.)

Quando era chefe da secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra), Otto (o pai) assinouempréstimo com o BNDES para a construção da Ponte do Pontal, em Ilhéus, no sul baiano.

Sabe a quem ele entregou a obra? À UTC Engenharia, dele mesmo, Ricardo Pessoa, preso na sétima etapa da Operação Lava Jato.

Resultado: as obras, cujos canteiros o governador eleito Rui Costa e o próprio Wagner usaram como bandeira eleitoral em 2014, estão paradas desde as eleições, como quase tudo no Brasil.

Tornando curta uma história longa, Felipe Moura Brasil pergunta: Otto Alencar retirou assinatura porque banco garantiu empréstimo de R$ 50 milhões a obra de sua gestão na Bahia? Ou porque seu filho é presidente da Desenbahia (sic), que opera recursos do BNDES no estado?

Randolfe Rodrigues parece a esquerda década de 90, que pode falar em ética, que saiu do PT e quer uma “esquerda pura”? Pois Carlos Alexandre de Souza Rocha, um dos entregadores de dinheiro de Alberto Youssef, disse que o doleiro mencionou pagamento de R$ 200 mil a Randolfe Rodrigues.

E que tal Roberto Requião, aquele que defendeu Adolf Hitler como exemplo econômico para defender Dilma Rousseff do impeachment? Precisa de muito mais?

Para a sorte de Gleisi Hoffmann e de quem acredita em sua litania, o Senado não julga “a moral” de Dilma Rousseff ao julgar seu impeachment. Crimes implicam imoralidade, mas são os crimes que são julgados.

Agora, se fosse mesmo para discutir a moral, talvez sobrassem uns 10 votos no Senado. Malgrado para o PT, a votação então não seria ganha por dois terços, mas se aproximaria cada vez mais da unanimidade.



06 de setembro de 2016
Flávio Morgenstern
in senso incomum

AO VOLTAR DA CHINA, TEMER TERÁ DE GOVERNAR E NÃO SER GOVERNADO

BRASÍLIA - Ao voltar da China, Michel Temer começará, de fato, seu governo. Sem as incertezas da interinidade, terá de mudar de estilo. Governar e não ser governado é o que muitos esperam dele.

Sua fala na reunião ministerial, logo depois que tomou posse definitivamente do comando do país, indicou sua maior disposição de governar do que ser governado pelas circunstâncias e pelos apoiadores.

Mandou recados duros aos aliados que flertam com a infidelidade, como os que deram um doce à petista Dilma Rousseff no julgamento do impeachment ao poupar seus direitos de ocupar funções públicas. Foi além. Disse aos insatisfeitos que desembarquem logo na saída.

Temer, se não quiser repetir o final de mandato melancólico de Sarney, não poderá ficar apenas no discurso. Terá de enfrentar temas espinhosos: limitar gastos e fazer as reformas da Previdência e trabalhista.

Iniciativa de propor, ele já indicou que tem. O difícil será convencer seus aliados no Congresso, que ainda parecem sonhar com a fantasia do período dilmista, quando se gastava sem conexão com a realidade.

O fato é que a arte de governar demanda firmeza, algo que andou um pouco em falta na interinidade, mas Temer sinalizou, antes de zarpar para China, que está disposto a vestir este figurino a partir de agora.

Enfim, o destino e a repulsa de boa parte da classe política à petista Dilma Rousseff entregaram a Temer a missão de governar o Brasil. Não é tarefa fácil, num país tomado por corporações, minorias que sugam a maior parte dos recursos dos contribuintes em detrimento da maioria.

Mas governar é isto. Colocar o essencial como inegociável e mostrar a todos sua coragem de defender o interesse da maioria, sem desprezar toda e qualquer minoria.

Uma boa dica, nesta largada, é evitar o risco de tropeçar nas palavras. Mais de 40 foram às ruas neste domingo. E eles fazem parte do Brasil que Temer terá de governar.



06 de setembro de 2016
Valdo Cruz, Folha de SP

UMA SELFIE DA CRÍTICA

Uma coisa me chama a atenção nos tais jovens críticos: sua intolerância

Nosso mundo contemporâneo é cheio de fetiches sobre seu próprio avanço em relação ao passado. Hoje vou dar dois exemplos de fetiches típicos. O primeiro a ver com a ideia de crítica e de pessoas críticas. O segundo a ver com a ideia de revolução, mais precisamente a revolução sexual.

O primeiro fetiche proponho chamarmos de fetiche da crítica. Este é um dos mais comuns e mais bobos do mundo contemporâneo. Nunca vi gente mais longe de qualquer pensamento que valha a pena do que gente "crítica". Não conheço gente mais chata do que gente "crítica".

O fetiche da crítica aparece muito associado à educação, à arte e à cultura. Você pode ouvir gente falando dele em todo lugar em que muita gente se reúna para pensar a educação, a arte e a cultura.

Como fazer um aluno crítico? Como criar uma arte crítica? Como produzir uma cultura crítica? Minha primeira aposta é que, se você perguntar diretamente para um desses defensores de uma educação crítica, de uma arte crítica e de uma cultura crítica o que é ser crítico, ele vai responder mostrando uma selfie dele numa manifestação na Paulista.

Eu vou dizer para você uma coisa: não conheço aluno mais fechado ao diálogo do que alunos que se consideram críticos. Ser "crítico" nesse caso, basicamente, significa falar mal do capitalismo, do patriarcalismo e dos EUA. Uma banalidade que se ensina em qualquer aula barata de filosofia e sociologia.

Mas uma coisa me chama a atenção nos tais jovens críticos: sua intolerância. Torquemada ficaria com complexo de inferioridade. Não conte com nenhuma autocrítica em gente crítica. Normalmente lê pouco, é afogado em certeza banais do tipo "o mundo seria melhor se fosse como eu descrevi em minha tese", e tem pouco afeto pelo estudo profundo de qualquer coisa.

Aí vai uma característica chocante em gente crítica: não gosta de estudar de fato. Quando fala, fala a partir de uma posição inquestionável. Acho que o motivo dessa atitude é justamente aquele tipo de ignorância marcante em quem conhece pouco de qualquer coisa. Por isso, acho mais importante procurarmos levar um aluno a entender o que um texto quer dizer simplesmente e não levá-lo a ser "crítico". Antes de tudo, podemos perguntar: crítico do que, se, normalmente, mesmo os professores não são críticos de nada a não ser daquilo de que não gostam?

Portanto temo pela educação, pela arte e pela cultura quando se busca formar críticos. O fetiche os leva ao gozo porque, usando essa palavra "crítica", você pode dizer qualquer banalidade que ela soa ungida pelo véu da inteligência.

De minha parte, acho que devemos evitar a palavra "crítica" da mesma forma que devemos evitar palavras como "cabala" ou "energia". Em si, as duas são coisas sérias, mas, no mundo do fetiche da informação como o nosso, as duas não significam muito mais do que palavras vazias de sentido.

Outro fetiche é o da revolução. Toda pessoa crítica faz uma revolução por fim de semana. Mas, entre todas, a mais ridícula é a revolução sexual, aquela que matou o desejo e o afeto entre homens e mulheres. Quando, no futuro, estudarem nossa época, perceberão que, entre as baixas causadas pela gente crítica, estarão o afeto e o desejo. Nunca ambos foram tão falados e tão combatidos a pauladas. Afogados na banalidade das quantidades.

Vejo mesmo uma manifestação de gente crítica e revolucionária na Paulista no futuro. Essa manifestação que tenho na cabeça acontecerá em poucos anos. Se focarmos melhor nossas câmeras, veremos alguns cartazes, claro, todos revolucionários. Perguntará o leitor ingênuo: "A favor do que ou contra o quê?" Gente crítica e revolucionária sempre é a favor de algo ou contra algo.

Alguns desses cartazes dirão frases assim: "Pelo incesto como forma de crítica sexual!", "Por que não posso amar a minha mãe sexualmente?", "Freud morreu: viva o incesto como forma plena do desejo antiedípico!". Teses pelo mundo afora discutirão a nova forma de amor livre: o direito ao incesto.

E, no meio dos cartazes, um outro: "Pelo direito de casar com o meu dobermann!".



06 de setembro de 2016
Luiz Felipe Pondé, Folha de SP

HORA DE EXERCER A AUTORIDADE

Em benefício dos brasileiros sufocados pelo desastre econômico que o populismo lulopetista provocou, ressalve-se que Michel Temer merece o crédito de ter-se cercado de uma competente equipe econômica

De regresso da China, onde deve ter tido a oportunidade de refletir sobre a enorme responsabilidade que lhe pesa sobre os ombros desde que passou a governar livre dos inconvenientes da interinidade, o presidente Michel Temer não poderá mais fugir da escolha que o atormenta: colocar sua autoridade a serviço da recuperação política, econômica e moral do País, tarefa com a qual mais de uma vez se declarou comprometido, ou continuar cedendo aos interesses e conveniências eleitorais de muitos dos que o cercam, principalmente seus correligionários do PMDB.

As perspectivas são preocupantes. O noticiário de ontem já destacava a pressão que se prepara entre seus aliados para convencê-lo a adiar o envio da proposta de reforma da Previdência ao Congresso para depois do segundo turno das eleições municipais. O motivo: esse tema pode prejudicar o desempenho nas urnas dos candidatos do PMDB e aliados. Além de adiar o início da discussão de um dos pontos fundamentais do programa de saneamento das finanças públicas, o que se deseja sugerir a Temer é uma artimanha de natureza eleiçoeira comparável, nos objetivos, ao estelionato eleitoral que Dilma Rousseff cometeu para se reeleger.

Em benefício dos brasileiros sufocados pelo desastre econômico que o populismo lulopetista provocou, ressalve-se que Michel Temer merece o crédito de ter-se cercado de uma competente equipe econômica, cuja atuação começa a produzir sinais, ainda muito tímidos, de recuperação da confiança dos agentes econômicos, fator essencial para a retomada dos investimentos. A reversão da crise, no entanto, depende de medidas rigorosas que contenham eficazmente a desenfreada gastança populista que a provocou. São medidas impopulares e que por isso já estão sendo cinicamente exploradas pela irresponsável oposição lulopetista, que acusa o “governo sem voto” de Temer de estar a serviço dos interesses da elite conservadora.

Se efetivamente acreditam, como afirmam, na necessidade de medidas duras de saneamento das contas públicas e de incentivo à retomada do crescimento econômico, os políticos aliados de Temer, a começar por seus ministros, têm a obrigação de apresentar os argumentos do governo à população, de convencer os brasileiros de que tempos difíceis exigem medidas duras. No caso da Previdência, por exemplo, trata-se de explicar o óbvio: com a progressiva mudança do perfil etário da população, que resulta em crescente aumento de aposentados e pensionistas em relação aos trabalhadores ativos que sustentam financeiramente o sistema, este acumula um déficit que resultará, a médio prazo, na inexistência de dinheiro suficiente para pagar aposentarias e pensões.

É preciso, portanto, que os políticos que hoje estão no governo se preocupem mais com o futuro do País do que com os argumentos que a oposição possa usar na eleição municipal. A oposição está fazendo o seu papel, que naturalmente terá algum reflexo no debate eleitoral, mas seus argumentos só prevalecerão se os governistas não tiverem coragem e competência para contraditá-los. Afinal, acreditam ou não no que dizem que estão fazendo? A desculpa usada por gente ligada a Temer para empurrar com a barriga o envio ao Congresso do projeto de reforma da Previdência e de outras medidas polêmicas revela bem a qualidade de homens públicos que não têm o menor escrúpulo de priorizar seus interesses pessoais e partidários em prejuízo da verdadeira prioridade que o momento impõe: o combate sem trégua à crise. A opinião desses aliados, no entanto, não pode prevalecer num governo que se apresenta como comprometido com a reconstrução das bases para o crescimento e para o bem-estar dos brasileiros.

Michel Temer é um político experiente e hábil e certamente sabe onde pisa. Exerce agora um mandato presidencial legítimo e projeta uma imagem muito distinta do modelo populista com o qual o lulopetismo e seus adeptos seduziram muitos brasileiros. Precisará de coragem para livrar-se dos interesses políticos menores, surpreender os brasileiros que hoje não o admiram e consagrar-se como o presidente da República que devolveu a esperança a seu povo.



06 de setembro de 2016
Editorial Estadão