"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

"A IMAGEM SIMBÓLICA DA MARINA É MAIOR DO QUE ELA COMO CANDIDATA".

Para o fundador da agência Data Popular, a candidata do PSB é favorecida pela campanha curta, mas se não oferecer propostas concretas o eleitor não fecha com ela

 

 
Renato Meirelles tornou-se uma referência para empresas e candidatos pelo vasto conhecimento que adquiriu com a sua agência Data Popular. Especializada em pesquisas com a população da baixa renda, ou seja, a maioria dos brasileiros, ele estava no lugar certo na hora certa, quando fundou sua empresa em 2001. A classe emergente, também chamada de classe C, viria a revolucionar o mercado de consumo no país, e agora, ganha mais voz nas eleições. “Sem dúvida é a classe C quem vai definir esta eleição”, diz ele, em referência ao grupo que representa 54% do eleitorado. “Ela está em busca de uma alternativa de mudança. Se essa alternativa vai ser a própria presidente Dilma, se vai ser o Aécio ou a Marina, os próximos dias vão dizer”, observa Meirelles.

A estreante candidata do PSB tem grande potencial para seduzir este grupo, reconhece Meirelles. “A imagem simbólica da Marina é maior do que ela como candidata”, diz ele. E a ambientalista é o elemento novo que casa com o desejo de mudança. Mas, isso não quer dizer que a eleição está ganha pela ‘terceira via’. O eleitor quer saber mesmo quais são as soluções que tanto ela, como os seus adversários, vão apresentar para melhorar os serviços públicos dos quais ele depende: de saúde, à educação, passando por transporte público. “Elas não querem saber se é A, B ou C. As pessoas querem alguém que dê o suporte e as ferramentas necessárias para que, por mérito próprio, ele melhore de vida”, afirma.

Pergunta. Com quem está o eleitor da base da pirâmide?
Resposta. A Dilma tem o eleitorado da classe D e E, não teria da classe A e B e decidiu priorizar a classe C. O Aécio é o contrário: ele tem o voto da classe A e B, não teria o da D e E e prioriza a classe C. A Marina não tem esse voto da classe C. Ela tem o voto da classe média revoltada, mais jovem e escolarizada, que estava votando nulo até então, tem o voto mais básico, evangélico, dos menos escolarizados, e não tem o voto da classe C. E talvez não precise. O que aconteceu agora: ela cresceu sem tirar o voto de ninguém, pegando do nulo e indeciso. Ela cresceu porque não estava havendo perspectiva política. Qual o componente novo? Era uma campanha sem emoção. Não havia candidatos que mobilizassem, pelos quais ninguém é apaixonado. E ela tem um componente de paixão. E o da militância virtual mais agressiva, dos marineiros que pensam: opa, agora voltamos a ter esperança. A questão é: como é uma eleição curta, de 45 dias, o tempo que o Aécio e a Dilma têm para desconstruir a imagem da Marina, é curto.

P. Mas o tempo curto de campanha não joga contra a Marina também?
R. O pouco tempo joga mais a favor dela que do Aécio ou da Dilma. A imagem simbólica, o mito da Marina é maior do que a Marina como candidata. Esse mito tem um misto de algo mais messiânico, e tem uma vontade efetivamente de terceira via. Ela não tem muito o que falarem mal. Então ela é o diferente. E é por isso que cresce. Isso é diferente de se você tem uma eleição que fale: "Ok, mas ela vai resolver o problema da educação? E a qualidade dos serviços públicos? Efetivamente vai melhorar? Qual é a proposta que ela tem para que a economia brasileira volte a crescer?". Essas perguntas vão ser feitas e ela vai ter que responder. Se ela conseguir, bem. E esse é o dilema, do que vai ser esse processo eleitoral. Vamos ver se o mito prevalece.

P. A classe C define esta eleição?
R. Tenho certeza que sim. É a eleição da classe C. Primeiro porque ela é é 54% do eleitorado, ou seja, ela por si só é maioria absoluta do eleitorado. Segundo porque temos consolidados os votos na classe D e E e na A e B.Temos uma maioria da classe C que é Dilma, obviamente. Se não a Dilma não ia ter a votação que tem. Mas não significa que ela esteja satisfeita com os rumos do país. Ela está em busca de uma alternativa de mudança. Se essa alternativa vai ser a própria presidente Dilma, se vai ser o Aécio ou a Marina, os próximos dias vão dizer. Sem medo de errar posso dizer que essa classe C quer melhora na qualidade dos serviços públicos. E está olhando pra frente e não para o passado, então é um voto muito em disputa ainda. Não dá pra dizer que alguém já ganhou a classe C.

P. As pessoas falam que, pese aos escândalos, o PT foi o único que olhou pelos pobres. E a Marina pode captar isso?
R. Tenho certeza que sim. A Marina tem uma história de vida muito próxima, como a do presidente Lula. Ela tem um discurso de mudança, mas foi da base do presidente Lula. Ela tem uma possibilidade efetiva de falar com o eleitorado mais pobre ou de ser crível o discurso de que ela não vai acabar com as conquistas sociais dadas. O desafio da candidatura da Marina é como ela vai mostrar consistência das suas soluções para o país e ao mesmo tempo manter uma imagem mais mítica. Que foi analfabeta até tarde da vida, que nasceu em uma região pobre, que superou todas as adversidades. Se não mostrar soluções, essa imagem também se esvai. Aliás, o crescimento da Marina sem tirar dos outros candidatos deixa claro que a eleição brasileira é uma eleição de candidatos e não de partidos políticos.

P. Você apontou que Eduardo Campos poderia se unir a Marina Silva antes que o acordo entre ambos saísse. Por que você apostou nisso?
R. Era uma análise meio óbvia que a gente tinha de que ela não conseguiria montar partido, fazer o partido político, registrar. Partindo dessa premissa, que possibilidades existiriam? Ela conseguiria ficar ausente do debate eleitoral? Não. Porque ela tem um grupo que a apoia e que, portanto, precisa de legenda ou entrar em alguma legenda. O Eduardo Campos acenava sempre, desde o primeiro momento, dizendo “é legítimo que ela dispute”, ele fazia essa imagem de juntar. Mas o Eduardo era tudo, menos besta. Obviamente que ele não iria abrir mão da legenda que era dele. Então a solução seria dar o papel de vice.

P. A Marina pode tomar os votos do pastor Everaldo?
R. Eu tenho certeza disso. Ele não tem nenhuma chance de crescer para 10% [como apostavam alguns analistas políticos]. Ela vai crescer também no eleitorado mais básico, evangélico, que ainda não tinha efetivamente entrado na campanha. Só se enxergava isso na candidatura do Everaldo. Agora eles vão entrar na campanha como uma alternativa definitiva de poder ter um evangélico na presidência da República.

P. Quais são os desafios da Marina?
R. Ela tem o desafio de uma agenda, ela tem o eleitorado de classe A e B, mais escolarizado, mais jovem, que tem uma cabeça mais liberal, com uma agenda conservadora do ponto de vista dos costumes. E isso é uma contradição efetiva. Jovens que defendem direito ao aborto e que estão de saco cheio da política, vão ter claramente uma candidata que é contrária à legalização do aborto. Existe uma contradição efetiva entre uma renovação da política e uma agenda mais conservadora do ponto de vista da moral e dos costumes.

P. Mas essa contradição só acontece com a candidatura da Marina ou com as demais também?
R. Esse eleitorado de bandeira mais forte é o mais próximo da Marina. Isso de alguma forma acontece com as bandeiras do PT versus um eleitorado de menor escolaridade, mais velho e de menor renda. Tanto que toda tentativa do PT é não entrar na agenda de costumes. Muitos atribuem a ter segundo turno na eleição passada pela Dilma não ter uma posição clara em relação ao aborto no momento e por ter tido toda uma onda de internet de que ela era favorável ao aborto. Essa agenda vai voltar para a campanha, e essa é uma primeira contradição que precisa ser resolvida.

P. Há outras contradições?
R. No momento em que a pauta eleitoral efetivamente trabalha a ideia de que as pessoas acham que o Brasil não está no rumo certo, esta se torna uma eleição de mudança. As três candidaturas têm ‘mudança’ no nome. É, ‘Coragem para mudar’, ‘Muda Brasil’ e ‘Muda Mais’. Até o candidato da situação quer mudança. Por outro lado, se você for mais a fundo no problema, as pessoas querem mudança porque a economia parou de crescer, porque a inflação está efetivamente chegando mais próximo do teto, está comendo uma fatia maior da renda familiar, porque a perspectiva de futuro não é tão promissora como era antes. Se a campanha tiver tempo, para ir mais a fundo nesses debates, a questão seria: mudar para o quê? Qual é o princípio da mudança?

P. Inflação, emprego, segurança e qualidade dos serviços públicos. São são esses quatro pilares que realmente preocupam?
R. Sim, Mas efetivamente vai ter que ter proposta para isso. Por isso que eu digo que a eleição curta favorece a Marina. Porque ela não tem histórico de gestão dela, ela não foi governadora como foi o Eduardo. Qual é a chance dela? Fazer uma grande ‘Carta ao povo brasileiro’, como fez o ex-presidente Lula lá atrás [em 2002 para tranquilizar o mercado financeiro sobre a sua eleição]. Dizendo ‘fiquem tranquilos, nós iremos honrar os contratos, nós iremos garantir o desenvolvimento do país, minha equipe é essa’.

P. Você está em contato direto com a base da pirâmide, que é quem mais mais sente a inflação. Eles já fizeram a associação inflação-Dilma?
R. Já. E aliás, o crescimento do índice de aprovação do Datafolha sobre o Governo dela [na última pesquisa Datafolha] vem quando a inflação dos alimentos diminuiu. Era o que estava crescendo, que pega antes os mais pobres. As pessoas não estão nem aí para taxa Selic. Ela quer saber o seguinte: com 100 reais que eu gasto hoje no mercado, eu compro a mesma coisa que eu comprava seis meses atrás? Isso é o que pega na cabeça da classe C.

P. As pessoas acreditam que a economia com a Dilma parou mesmo?
R. Imagina o seguinte: o Brasil passou uma década com uma economia crescendo e com as pessoas conquistando coisas que não conquistavam antes. As pessoas estão assim: o Lula entrou, o país crescendo, a economia bombando, as pessoas achavam que a vida ia continuar melhorando na mesma velocidade que em 2010. Ela melhorou. mas numa velocidade muito menor. Só que a expectativa da pessoa ficou lá em cima.

P. Ela continuou melhorando com a Dilma?
R. Melhorou, efetivamente. Melhorou a renda média dos trabalhadores, o número de universitários cresceu. Objetivamente, melhorou. Só que imagina o seguinte: você está numa estrada a 120 por hora. Aí você vê aquela placa: Reduza a 70km/h. Aí você reduz. Qual é a sensação? Que você está parado. A sensação térmica é que o Brasil está parado.

P. Quais as questões fundamentais que os candidatos não podem sair?
R. Um controle rigoroso da inflação tem que ser política de Estado. Uma política de reajuste do salário mínimo. Salário mínimo é que distribui renda, é o que tira o dinheiro dos que têm mais dinheiro e dá a quem tem menos. A política de salário mínimo coloca muito mais dinheiro na economia que o Bolsa Família. Ou seja, é muito mais importante para distribuição de renda que o Bolsa Família. Para efetivamente conseguir controlar a inflação e conseguir dar aumento real do salário mínimo, o desafio é a produtividade. Ou eu aumento a produtividade, ou eu só vou ter como política de controle da inflação aumento de juros.

P. Dilma está na liderança. O voto para ela é por gratidão?
R. Tem uma questão de voto de gratidão ao legado do presidente Lula. Forte. Mas o jovem eleitor diz: ah, legal, você melhorou a vida do meu pai, mas o que você propõe pra mim? Por isso que sem medo de errar o jovem é o eleitor chave. Mais do que a classe C é o jovem.

P. E qual é o papel dele nesta eleição?
R. Este jovem tem uma perspectiva de futuro diferente da do jovem do passado. Essa eleição não é uma eleição de futuro, é uma eleição de legado. O papel desses jovens é muito maior do que em outras eleições. É um jovem mais escolarizado do que o pai, ele é um jovem que contribui mais pra renda familiar da classe C que o jovem da classe A, ele é um jovem muito mais conectado que os pais, ele tem o dobro de conexão comparado à geração dos pais dele. Está muito mais interessado em saber o que vai ser daqui pra frente do que foi até aqui. Por isso a discussão não é de legado. Só um terço do eleitorado tem condições de comparar o Governo Fernando Henrique com o Governo Lula.

P. E o que ele quer?
R. É preciso pensar políticas públicas para esse jovem, ele não quer mais dentadura, ele quer Plano Nacional de Banda Larga. Ele não quer cesta básica, ele quer Prouni. Para esse eleitor, que é digital, enquanto a classe política é analógica, completamente desconectada, é um grande desafio de políticas públicas e de manutenção da democracia no Brasil. Durante séculos as políticas públicas eram formadas de cima para baixo, do Estado e da academia para os menos favorecidos. Temos uma classe C emergente que quer ser senhora de sua vida. E não que venha alguém que diga para ele o que ele precisa. Os políticos estão acostumados a serem ouvidos, não a ouvir. A oposição, até então, estava se posicionando como a outra face da mesma moeda. O problema está na moeda. "Eu quero tirar o PT do poder". Elas não querem saber se é A, B ou C. As pessoas querem alguém que dê o suporte e as ferramentas necessárias para que, por mérito próprio, ele melhore de vida.

P. Você acaba de lançar o livro “Um país chamado favela”. Como foi essa experiência?
R. O Celso Athaíde fez o livro junto comigo, foi criador da CUFA, que na minha opinião é a maior ONG de baixa renda da América Latina. Aí conseguimos apresentar para o Lula e para o Fernando Henrique Cardoso em uma semana. Na semana que o Eduardo morreu, a gente ia fazer o lançamento no Rio, ele havia marcado de ir na quinta-feira, 14 [Ele morreu um dia antes] A Dilma já havia agendado visita para a sexta-feira na CUFA (Central Única das Favelas), e o Aécio, para o sábado. Desculpa, nenhum livro faz o que a gente fez. Reunir dois ex-presidentes, reunir dois candidatos, mais o presidenta. Remarcamos o lançamento no CUFA para setembro. Tanto a Dilma quanto o Aécio confirmaram que vão. Qual é a ideia? Colocar a favela, que é o quinto maior colégio eleitoral do país, no centro do debate político.

P. A cultura da periferia, seja música ou literatura, está cada vez mais presente nos encontros da classe alta. Estamos aproximando esses dois Brasis?
R. Isso aparece no rap, no funk, na estética, no jeito de vestir, na roupa, isso é fundamental, é forte e é presente. Por outro lado, há uma mudança. Há sete anos, o aspiracional da periferia era ser como a classe A. Hoje o aspiracional da periferia é o vizinho que deu certo. Essa mudança faz com que ela consiga ocupar o espaço no centro que ela não conseguia ocupar antes. O aspiracional é o primeiro cara que entrou na universidade no meu bairro, o cara que lançou a música e está conseguindo ganhar dinheiro, é o cara que é pai de família que sustenta e cria os dois três filhos com convênio médico. O aspiracional está muito mais próximo. E isso faz com que efetivamente ela comece a ocupar espaços que antes ela não ocupava. É como se a velocidade da democratização do consumo ocorresse a uma velocidade maior do que a velocidade dos espaços de consumo. Então as pessoas passaram a ter grana para comprar no shopping antes de crescer shopping centers em número suficiente para agregar as pessoas. A mesma coisa com aeroporto. O que aconteceu? Parte da elite tradicional se sentiu completamente incomodada com isso. Metade da classe A acha que deveria ser obrigatório ter divisão entre produtos baratos para rico e para pobre.

P. É a tal demofobia?
R. Isso tem o preconceito. Isso está diminuindo a força porque 44% da classe A e B já é a primeira geração de pessoas com dinheiro da família. Ou seja, o pai e a mãe não eram da classe A e B, mas ele é. Então são pessoas que têm cabeça de classe A e um jeito de pensar e consumir de classe C. E isso começa a quebrar essas barreiras da classe A e B. Não venho falar aqui que juntamos os dois brasis. Estamos no caminho? Estamos. Nem que seja a fórceps, porque 44% da classe A e B têm dinheiro e trouxeram sua história e cultura.

25 de agosto de 2014
Beatriz Borges / Carla Jiménez

OS NOVOS EUROPEUS

Já faz mais de duas décadas. Eu trabalhava na Folha de São Paulo quando me caiu nas mãos uma notícia: o cantor sueco Fulano de Tal... Junto, vinha a foto de um negro. Sueco negro? Jamais havia visto. Em verdade, era sueco. Isto é, era de origem jamaicana, mas tinha passaporte sueco. A notícia não precisava este detalhe. Desde então tornou-se comum encontrarmos cidadãos ingleses, franceses, alemães, belgas, holandeses ou escandinavos chamados Mahamud, Mohamed, Ahmed, Abdul.

Segundo o Sunday Times, o Reino Unido julga ter identificado o membro do Estado Islâmico (EI) – outro eufemismo adotado pela imprensa, já que uma horda de terroristas com Estado nada tem a ver - que decapitou o jornalista americano James Foley. Atribuindo a informação a "altos funcionários do governo britânico", o periódico diz não saber quem é o homem, mas aponta como principal suspeito o rapper britânico Abdel-Majed Abdel Bary, 23, conhecido como Jihadi John.

Temos então um cidadão britânico batizado como Abdel-Majed Abdel Bary. Que tenha passaporte britânico, não tenho dúvidas. Daí a ser britânico vai uma longa distância. Diz ainda o jornal:

“Em junho, causou comoção um vídeo em que os estudantes britânicos Nasser Muthana e Reyaad Khan, ambos de 20 anos, e Abdul Rakib Amin, de 25, defendiam a jihad (guerra sagrada) e pediam que mais jovens do ocidente deixassem seus países para se juntar ao grupo”. Pelo jeito, o politicamente correto está dominando a imprensa européia, que identifica árabes ou filhos de árabes com passaporte britânico como britânicos de cepa.

Segundo a agência EFE, para The Middle East Media Research Institute (MEMRI), centro que investiga em Washington a evolução do jihadismo, o recrutamento de europeus que se somam à jihad na Síria aumentou. Membros do EI que saíram da Europa para lutar na Síria estão usando a internet e as redes sociais para enviar vídeos e mensagens a seus respectivos países e aumentar a capacidade de recrutamento de extremistas. Dois jihadistas do EI protagonizam um vídeo no qual, falando em espanhol, pedem que a Andaluzia faça parte de seu califado, que aspira a instaurar a lei islâmica da Espanha à Indonésia.

“A Espanha é a terra de nossos avôs e vamos libertá-la com o poder de Alá”, ameaça o homem, com barba e um kufiya (o lenço quadriculado) sobre sua cabeça. "Esta não é a primeira vez que vemos combatentes estrangeiros falando em espanhol. Na semana passada, um vídeo foi postado na internet por um indivíduo do Chile com o pseudônimo de Abu Safiyya. O recrutamento de europeus, incluindo espanhóis, que se somam a Jihad na Síria aumentou", disse Rachel Rosenberg, porta-voz do instituto.

Para o secretário de Estado de Segurança do Ministério do Interior espanhol, Francisco Martínez Vázquez, a participação de combatentes europeus em guerras como a da Síria é 'o maior desafio' na luta antiterrorista global.

Para Bernardes Pires de Lima, do jornal português Diário de Notícias, a guerra na Síria é, em apenas dois anos, palco do maior contingente estrangeiro de jihadistas. Está para esta década como o Afeganistão esteve para os anos 1980, a Bósnia para os anos 1990 e o Iraque para o princípio deste século. Estudos recentes dão conta de mais de 6 mil estrangeiros a combater Assad, uns juntando-se à Al-Qaeda e seus afiliados, outros integrando as operações de resistência sunita.

“Líbios, tunisinos e sauditas estão no topo deste pelotão, mas há cada vez mais indicadores a alertar para a crescente presença de europeus na Síria. São perto de 10% desse contingente estrangeiro e vêm sobretudo de Reino Unido, Holanda, Bélgica, Dinamarca, França e Alemanha. Há dias, Manuel Valls, ministro francês do Interior, confirmou ao site Al Arabyia que 120 franceses estavam neste momento a combater na Síria e que receava o seu regresso à Europa. Já o Guardian, citando fontes do ministério do Interior alemão, confirmava a ida de 60 alemães para o Egito depois de receberem treino na Somália. Ou seja, os europeus radicalizados e motivados a integrar a jihad preferem o Médio Oriente a outras regiões, como o Mali, por exemplo”.

O diário espanhol ABC de hoje, traz reportagens sobre os principais viveiros de jihadistas na Europa. Ceuta e Melilla são os pontos de partida da jihad espanhola para a Síria e o Iraque. Madri é o epicentro de recrutamento. Só neste ano, foram presos 25 jihadistas, em operações que se estenderam até Huelva. Na Holanda, o recrutamento ocorre particularmente em Schilderswijk, bairro de Haia, onde os imigrantes estão inclusive aplicando a sharia, em flagrante desrespeito às leis do país.

Na Bélgica, o celeiro está em Scharebeek, bairro de Bruxelas, onde grupos integristas assumiram o controle de zonas inteiras, nas quais a polícia tem dificuldade para intervir. Na França, que abriga a maior comunidade muçulmana da Europa, Lille foi desde o inicio o cenário onde os militantes do islamismo puseram à prova a fortaleza democrática ao impor a segregação por sexo nas piscinas. Nos arredores de Paris e Marselha, os árabes isolam-se em bairros inteiros.

Europeus, estes senhores? Vamos deixar de eufemismos. Não é improvável que um europeu maluco e desajustado vá lutar em guerras insanas e alheias. Mas a maioria destes “europeus” são obviamente imigrantes de terceira ou quarta geração, que por um lado não se integraram à civilização européia e, por outro, alimentam sonhos messiânicos de um novo califado, onde gozariam de poder e riqueza.

São os filhos e netos de árabes que foram matar a fome no velho continente. Matada a fome, quiseram acesso ao bem-estar europeu, sem habilitação para tanto, ou por permanecerem isolados em seus guetos islâmicos. Desligados de sua cultura natal e sem conseguir ser europeus, alimentam-se de ressentimento. Lutar e matar, seja quem for, é um bom défoulement, como dizem os franceses.

Quando vivi em Paris, tive um amigo argeliano, o escritor Slimane Zeghidour, que inclusive escreveu um livro sobre A poesia árabe e o Brasil. A poesia árabe, dizia-me, é uma onda que procura margem. Sugeri um título que me pareceu excelente: Vague cherche rivage. Mas o livro não foi publicado em francês. Apenas em português. Perfeitamente integrado à cultura francesa, Slimane fez carreira na grande imprensa como cartunista e repórter. Eram os tempos de Valéry Giscard d’Estaing, que ofereceu dez mil francos e a passagem de volta a todo imigrante que voltasse a seu país.

- Podem me dar a França inteira – dizia-me Slimane -. Não volto. Eu não posso levá-la no bolso. Os árabes que abandonaram o fanatismo islâmico e não confundem Estado com religião vivem tranquilos na Europa e jamais se deixariam recrutar para guerras alheias. Tornaram-se quase europeus. Digo quase, porque estrangeiro algum se torna europeu. Pode ser aceito, mas será sempre estrangeiro.

Seja como for, a imprensa poderia tomar vergonha e deixar de chamar árabes de europeus. É um grosso sofisma que só serve para enganar os leitores. Não custa muito espaço escrever cidadão europeu de origem árabe ou imigrante árabe com passaporte europeu.


25 de agosto de 2014
janer cristaldo

O CALIFATO PETISTA



As eleições para presidente não serão “normais” — apenas uma disputa entre dois partidos para ver quem fica com o poder. Não. Trata-se de uma batalha entre democratas e não democratas. Está na hora de abrirmos os olhos, porque está em curso o desejo de Dilma e seu partido de tomar o governo para mudar o Estado. Não tenho mais saco para tentar análises políticas sobre a “não política”. Não aguento mais tentar ser “sensato” sobre a insensatez. Por isso, só me resta fazer a lista do que considero as doenças infantis do petismo, cuja permanência no poder pode arrasar a sociedade brasileira de forma irreversível.
 
O petismo tem a compulsão à repetição do que houve em 1963; querem refazer o tempo do Jango, quando não conseguiram levá-lo para uma revolução imaginária, infactível. Os petistas querem a democracia do Comitê Central, o centralismo democrático, o eufemismo que Lênin inventou para controlar Estado e sociedade. Eles não confiam na “sociedade”; só pensam no Estado, na interferência em tudo, no comportamento dos bancos, nos analistas de mercado e principalmente no velho sonho de limitar a liberdade de opinião. Assinam embaixo da frase de Stálin: “As ideias são muito mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que nossos inimigos tenham armas, por que deveríamos permitir que tenham ideias?”. Nossa maior doença — o Estado canceroso — será ignorada e terá uma recaída talvez fatal. Não fazem autocrítica e não querem ser criticados. A teimosia de Dilma é total — vai continuar errando com galhardia brizolista. Sua ideologia é falha, mal assimilada nessa correria sindicalista e pelega. Até agora governaram um país capitalista com regras e métodos anticapitalistas — dá no desastre econômico a que assistimos. Eles odeiam a competência. Acham que administrar é coisa de burguês — vejam o estrago atual. Acham que planejam a História, que “fazem” a História. Por isso, adotaram a mui útil “mentira revolucionária”. Assim, podem ocultar tudo da sociedade para o “bem dela”. Aliaram-se ao que há de pior entre os reacionários brasileiros e vivem a volúpia de imitá-los, com um adorável frisson perverso ao cometerem malfeitos para “fins justos”. Aliás nem sabem o que são seus “fins”; têm uma vaga ideia de “projeto” que não passa de um sarapatel de “gramscianismo” vulgar com getulismo tardio e um desenvolvimentismo dos anos 1960. Foi assim que criaram a “roubalheira de esquerda”, que chamam de “desapropriação” de dinheiro da burguesia. Isso justificou o mensalão, feito para eleger Dirceu presidente em 2010. Fracassaram. Aliás, o PT abriga muitos fracassados porque, ao se dizerem “revolucionários” sentem-se superiores a nós, os alienados, os neoliberais, os direitistas, os vendidos ao imperialismo.
 
Não entendem o mundo atual e continuam com os pressupostos de uma política dos anos 1930 na URSS. Leiam os livros do período e constatem se um Gilberto Carvalho não pensa igualzinho ao Molotov. Para eles, a oposição é a união da “burguesia” contra o “povo” . No entanto, quem se aliou à pior burguesia patrimonialista foram eles; ou Sarney, Renan, Jucá, Maluf e Severino do macarrão são bolcheviques? Petistas só pensam no passado como vítimas ou no futuro como salvadores e heróis. O presente é ignorado, pois eles não têm reflexão crítica para entendê-lo. Adoram estar num partido que pensa por eles. Dá um alívio não ter de pensar — só obedecer. A mediocridade sonha com o futuro onipotente. A morte súbita de Eduardo Campos pirou os “hegelianozinhos de pacotilha” que descobriram que a História é intempestiva e não obedece ao Rui Falcão. Agora, rumam em massa para Pernambuco para elogiar quem chamavam de “traidor e menino mimado”.
 
Querem criar os tais “conselhos” sociais, para adiar os problemas, fingindo uma “humildade democrática” para “ouvir” a população, de modo a ocultar seu autoritarismo renitente. Vivem a ideia de um futuro socialista como o substituto do sonho de “imortalidade” dos cristãos. Comunista não morre; vira um conceito. O homem é um ser social, e o “ser social” nunca morre. Para eles (e para o Kim da Coreia do Norte), o indivíduo é uma ilusão que criou essa dor melodramática. Quem morre é pequeno-burguês. Muitos intelectuais e artistas que sabem dessas doenças infantis preferem cavalgar o erro a mudar de ideia. Consola a consciência ter uma estrelinha vermelha pendurada na alma.
 
Os petistas têm uma visão de mundo deturpada por conceitos compartimentados e acusatórios: luta de classes, vitimização, culpados e inocentes, traidores e traídos. Acham que a complexidade é um complô contra eles, acham a circularidade inevitável da vida uma armação do neoliberalismo internacional. Confundem simplicidade com simplismo. Nunca fazem parte do erro do mundo; sentem-se superiores a nós, tocados pelo dedo de Deus.
 
Agora, no mundo modificado pelo fim do socialismo real, pelos impasses do Oriente Médio, pela crise financeira do capitalismo, pela revolução digital, sentem falta de uma ideologia que os justifique e absolva. E como não existe nenhuma disponível (social-democracia, nem pensar...), apelam para o tosco bolivarianismo que nos contamina aos poucos. É inacreditável como batem cabeça para ditadores e criminosos, de Ahmadinejad a Maduro, de Putin a Fidel, tudo em volta do fascismo populista de Chávez.
 
Dilma se acha Brizola, Lula imita Getúlio: nacionalismo, manipulação da liberdade, ódio a estrangeiros, desconfiança dos desejos da sociedade. Nada pior do que o brizolismo-getulista neste momento do país. Estávamos prontos para decolar no mundo contemporâneo, mas seguraram o avião e voltamos para trás.
 
Por isso, repito a frase oportuna de Baudrillard:
 
“O comunismo, hoje desintegrado, tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo inteiro; não através da ideologia, nem do seu modelo de funcionamento, mas através do seu modelo de desfuncionamento e da desestruturação da vida social”.
 
Este é o perigo.

25 de agosto de 2014
Arnaldo Jabor

EXILADOS - ENTREVISTA DILMA NA TV GLOBO. É PARA RIR...



ASSISTAM
 
 
 
25 de agosto de 2014
 

A SOBREVIVENTE


Da morte trágica do candidato à presidência da República, Eduardo Campos, emergiu a sobrevivente, Marina Silva, que tendo se abrigado no PSB por não ter conseguido registrar o seu partido Rede Sustentabilidade seria a vice na chapa.
 
Como escreveu Elias Canetti em sua magistral obra, Massa e Poder: “O momento de sobreviver é o momento do poder”. “O espanto diante da visão da morte se dissolve em satisfação, pois não se é o morto”. “O morto está estendido e o sobrevivente está de pé”. “É como se um combate tivesse antecedido aquele momento, e nós mesmo tivéssemos derrubado o morto”. Canetti se referia às batalhas onde se mata e morre literalmente, mas não é uma campanha eleitoral uma espécie de batalha?
 
Marina, a sobrevivente, se sente ungida pela “providência divina”, segundo suas palavras. Na eleição de 2010 obteve 20 milhões de votos e ficou em terceiro lugar.
Neste ano viu frustrada sua intenção de voltar à campanha presidencial por ter falhado a oficialização da Rede Sustentabilidade. Agora, por um desses acasos que ela atribui a forças sobrenaturais ei-la no centro do palco da política.
 
Alçada à cabeça de chapa Marina se transformou rapidamente de hóspede em hospedeira do PSB e sua primeira providência foi a de substituir os comandos da campanha por gente sua, enquanto alijava o pessoal de Eduardo Campos. Portanto, o PSB pode dar adeus às ilusões. A Rede que ainda não existe adonou-se da escalada ao Planalto e se Marina chegar lá tudo indica que não sobrará nada para os socialistas de Campos. As aspirações pesebista foram sepultadas junto com o líder morto.
 
Dizem em tom de brincadeira que Marina é verde por fora e vermelha por dentro. Toda brincadeira tem um fundo de verdade e não se duvide que no peito de Marina bata ainda um coração petista. A sobrevivente ungida é como o avatar de um PT já longínquo que se dizia puro, ético, a verdadeira esquerda que vinha para mudar o que estava errado.
 
Á frente do PT a estrela barbuda, que na quarta tentativa chegou lá depois de vestir terno Armani, aparar a barba e fazer publicar uma Carta na qual se comprometia a manter os fundamentos da nossa economia capitalista de Terceiro Mundo.
 
No poder os éticos e puros mostraram a que vieram e foram na nossa endêmica corrupção os mais corruptos. Incompetentes, reeditaram a inflação, a inadimplência e nos fizeram o país dos pibinhos, dos descalabros na Educação e na Saúde, da Petrobras arrebentada, da diplomacia vergonhosa que defende e custeia os mais nefastos ditadores mundiais. Para piorar o País é o lanterninha dos Brics.
 
O Brasil como paraíso é uma fraude gerada pela propaganda enganosa. O que de fato se tem é a herança maldita dos quase 12 anos de governo Lula, pois a bem da verdade, nos últimos desastrosos quatro anos foi o criador que mandou e a criatura somente obedeceu.
 
Note-se que a sobrevivente já iniciou sua metamorfose ao incorporar como vice o gaúcho Beto Albuquerque, ex-petista que agora é citado como defensor do agronegócio. Marina, como se sabe, sempre foi contra o agronegócio. Será que mudou? Afinal, ela apoia os sem-terra.
 
A candidata da Rede também já aceita a ideia da autonomia do Banco Central. É o que afirma a herdeira do Banco Itaú, Maria Alice Setubal, amiga e coordenadora do programa de governo da sobrevivente. Sem dúvida, um truque da candidata com o intuito de agradar o mercado, que se antes temia Lula agora a teme. Só falta a Rede lançar uma Carta para apaziguar certos ânimos.
 
Marina está fortalecida. Leva vantagem sobre Rousseff porque além de ser mulher representa com seu aspecto frágil um perfil bem mais feminino. E ganha de Lula porque teve como ele origem humilde, mas, como já foi dito é mulher e negra. Daqui a pouco vão dizer  de modo politicamente correto que é mulher, negra e índia. Então, aí de quem criticá-la. Tal coisa será considerada não como preconceito, mas como crime de racismo, portanto, inafiançável.
 
A sobrevivente, que se esclareça, não é terceira via e sim o Lula de saias abanando uma bandeira vermelha. Com relação ao PT ela pode dizer: “eu sou você amanhã”. Mas, quais são seus planos de governo? Já se sabe que seu programa incluirá os tais conselhos populares idealizados pelo PT e outros canais de democracia direta. Uma quinada e tanto à esquerda que talvez o PT faça caso Rousseff ganhe.
 
Quanto ao PSDB nunca foi oposição ao PT por temer a popularidade do demagogo Lula. Se agora os tucanos continuarem abúlicos por conta do medo da “santa da floresta” e seguirem sacudindo seus punhos de renda contra a borduna do PT e o arco e flecha da Rede, podem jogar a toalha. Então, ecoará da Papuda a profecia de José Dirceu: “Viemos para permanecer 20 anos”. “Muito mais”, dirá Lula, “meu modelo é Fidel Castro”.
 
25 de agosto de 2014
Maria Lúcia Victor Barbosa é socióloga

DESCOBRIRAM QUE O BURACO É MAIS EMBAIXO!

O MAPA DO BURACO COMUNISTA! OU: COMO 'VEJA' CAIU NESSE BURACO?
https://www.youtube.com/watch?v=tYPiPNLPQo4&feature=player_embedded

Como os leitores podem notar retirei do blog a postagem relativa ao lançamento de um tal Manifesto Mapa do Buraco, supostamente de iniciativa de jovens estudantes.
E fui obrigado a fazê-lo, pois alertado por um leitor fui conferir o ato de lançamento do tal manifesto realizado no Rio de Janeiro, conforme pode ser conferido neste vídeo acima e que, curiosamente, é produzido pela Mídia Ninja, organização ligada a movimentos esquerdistas como o Fora do Eixo e que se tornou conhecida por especializar-se em filmar atos de vandalismo durante supostas manifestações populares ocorridas no Brasil no ano passado.
 
Nesse post em que enfoquei o tal Mapa do Buraco, republiquei um vídeo de entrevista com duas jovens líderes desse movimento estudantil realizada pela TVEJA, a televisão online do site da revista Veja. 
 
Todavia, verificando o vídeo de cobertura do lançamento do Mapa do Buraco em sua página no Facebook, constatei que entre os articuladores aparecem em destaque: o deputado estadual do PSOL do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo; o deputado federal Jean Wyllys, também do PSOL e Alessandro Molon, do PT.
Em dado momento um dos estudantes do Mapa do Buraco, defende o debate sobre as drogas dentro das salas de aula, sem no entanto referir-se ao tipo de debate pretendido.
 
Como se pode notar, o buraco desse manifesto é mais embaixo, se é que me entendem.
Freixo, Molon e Wyllys, como entusiastas desse manifesto indica claramente a manipulação comunista que, ao que parece, se utiliza de jovens de cabeça feita nos madrassais do PSOL e do PT.
Recomendo que o editor da revista Veja dê uma olhada nisso aí com mais atenção.
 
25 de agosto de 2014
in aluizio amorim

A IMAGEM DO CINISMO. OU SERIA DA DESFAÇATEZ? SERIA DE AMBOS?

Dilma ressuscita na TV a obra invisível que, em parceria com Lula, fingiu inaugurar duas vezes para tapear eleitores nordestinos

https://www.youtube.com/watch?v=9QL5vESBPkc&feature=player_embedded

Em 2009, Lula voltou a jurar de morte o fenômeno que atormenta o Nordeste desde o século 19: a seca acabaria para sempre. Não em 2010, como prometera em 2008, mas dali a três anos, assim que fosse concluída a transposição das águas do Rio São Francisco: “Vai sê inaugurada definitivamente em 2012, a não sê que aconteça um dilúvio ou qualquer coisa”, garantiu o palanque ambulante.

Em 2012, Dilma Rousseff confirmou que, como avisara o padrinho, o sertão iria mesmo virar mar. Mas só em 2014. Dilúvio não houve, nem se soube de qualquer coisa suficientemente poderosa para ordenar ao São Francisco que permanecesse onde sempre esteve. O que teria acontecido? A obra foi subestimada pelos responsáveis, explicou a responsável pela obra.

Meses atrás, convidada a justificar o prosseguimento dos trabalhos de parto iniciados há cinco anos sob a supervisão da Mãe do PAC, Dilma irritou-se com Dilma: “Num acredito que uma obra dessas em qualquer lugar do mundo leve dois anos pra sê feita”. Só no Brasil Maravilha que o padrinho criou e a afilhada aperfeiçoa. Tanto assim que, na semana passada, a candidata à reeleição confessou que o deslumbramento fluvial não se tornará visível tão cedo.

De volta ao São Francisco para gravar cenas planejadas pelo marqueteiro João Santana, a supergerente caprichou no dilmês de comício para explicar os motivos de mais um adiamento: Tente entender o palavrório reproduzido sem retoques nem correções:

“Acho que uma parte significou a chamada curva de aprendizado, você tem de aprender a fazer. A segunda parte, eu acho que a complexidade da obra é maior do que se supunha, principalmente quando você considera que não é pura e simples a abertura de canal. É também estações de bombeamento”.

Cenas da visita ao rio que teima em não sair do leito ilustraram a ressurreição da vigarice franciscana no horário eleitoral da TV. Além de exterminar a seca, o milagre das águas agora também vai “irrigar esperanças e secar muita lágrima dos nordestinos”. Basta votar em Dilma e ter paciência para esperar mais um ano e pouco. Ou mais um mandato. Ou mais um século. Haja cinismo.

25 de agosto de 2014
Augusto Nunes, Veja

FALANDO FRANCAMENTE 2

FALANDO FRANCAMENTE...

VIVA O POVO BRASILEIRO

 

Oba! No ar, o programa eleitoral gratuito. Os presidenciáveis se apresentam. São 11. Oito parecem meteoros. Surgem, prometem milagres, batem asas e voam. Os outros dispõem de mais tempo. Eduardo Campos ressuscita e reafirma promessas. Dilma e Aécio têm complexo de Deus. Ela fez e aconteceu. Ele acha pouco. Fará mais. Ela, mais ainda.
Televisao 2Na tela, coisas de campanha. Faixas, bandeiras, santinhos. E, claro, a grande vedete — o povo.
Povo? Que povo? Alguns o chamam de povinho. Outros, de zé-ninguém. Massa serve. Povão também.
Na França, foi denominado de terceiro estado — tudo que não era clero nem nobreza.
Aqui ganhou outras especificações. «Apenas um detalhe», rotulou-o Zélia Cardoso de Mello.
«É o dono da Praça Castro Alves», cantou Caetano. «É o porta-voz do Senhor», afirmam os pais de santo. E explicam: «A voz do povo é a voz de Deus».
 
Seja como for, é comovente. Os corações moles derramam oceanos de lágrimas. Os durões também. Ninguém resiste a tanto afeto. Sobram abraços, beijos e juras de gratidão. Os louquinhos pelo Planalto só dizem «esse país, nesse país». E dá-lhe povo.
Alguém (do povo) pergunta: «A que país eles se referem?». Outro (do povo) responde: «Este país não é. Deve ser uma Suécia melhorada».
 
25 de agosto de 2014
Dad Squarisi

UMA ENTREVISTA VEXATÓRIA... MAS CONVENHAMOS: RESPONDER O QUÊ?



Foram pouco mais de 15 minutos difíceis de enfrentar e de assistir. Em entrevista ao Jornal Nacional, ontem à noite, a presidente Dilma Rousseff (PT) teve que respirar fundo para não se descontrolar abertamente frente aos questionamentos incisivos dos apresentadores Willian Bonner e Patrícia Poeta. Dilma deve ter se surpreendido com a inquirição dura, especialmente de Bonner.

Deve ter achado que, apesar de terem apertado os entrevistados anteriores – Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, que teve performance excelente no confronto, um dia antes de morrer -, os dois pegariam mais leve com ela pelo fato de ser presidente.
E saiu-se mal. Muito mal.
Por um motivo simples: Dilma não respondeu aos questionamentos que lhe foram dirigidos por Bonner a respeito de os petistas condenados pelo mensalão, aos quais o apresentador se referiu literalmente como corruptos, terem sido defendidos pelo PT, o partido da presidente.

Como também evitou se pronunciar claramente frente à pergunta do apresentador sobre o quadro difícil vivido pela economia, com inflação alta e baixo crescimento. Bonner queria saber se atribuir os problemas econômicos nacionais à crise internacional não era fugir da responsabilidade de uma gestão petista que vai para o 12º ano.

A presidente preferiu sair pela tangente, tergiversar. Ficou evidente, claro como água limpa, que tentava enrolar os apresentadores e, principalmente, os telespectadores. Foi horrível ver que Dilma não enfrenta as questões do país que dirige de frente e pelos quais, sim, é em grande parte responsável.
Um exagero dizer que Dilma trocou as bolas, evidenciando sua prosaica dificuldade de expressão. Pelo contrário, agiu deliberadamente no sentido de tentar ocultar aquilo que se pode ver a olho nu e torna transparentes os fracassos de seu governo. Um vexame!

25 de agosto de 2014
Raul Monteiro / Política Livre

PIB DESABA DE 4% PARA 0,7% EM UM ANO. BRASIL A CAMINHO DA RECESSÃO...

Em um ano, previsão de crescimento do PIB desaba de 4% para 0,7%. E continua caindo. País ruma para uma recessão.
Em agosto de 2013, Guido Mantega, ministro da Fazenda, foi ao Congresso entregar o Orçamento 2014, construído em cima de um PIB crescendo 4% e de uma inflação a 5%. É um governo que mente muito, trabalha pouco e nao tem vergonha na cara.

A poucos dias de o IBGE divulgar o resultado das contas nacionais, com as informações sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, o mercado voltou a reduzir a projeção para o avanço da economia neste ano.
 
As cerca de 100 instituições consultadas pelo Banco Central (BC) para o boletim Focus cortaram, pela 13ª semana consecutiva, de 0,79% para 0,70% a estimativa para o crescimento do PIB em 2014. Para o ano que vem, as projeções foram mantidas em 1,20% de expansão.

O mercado também manteve a projeção de queda de 1,76% para a produção industrial neste calendário e a de alta de 1,70% para o setor em 2015. A estimativa para o superávit da balança comercial neste ano foi elevada de US$ 2 bilhões para US$ 2,5 bilhões, enquanto a previsão do saldo comercial para 2015 permaneceu em US$ 8 bilhões de superávit.

Quanto à taxa de câmbio, a projeção é de dólar a R$ 2,35 no fim de 2014 e a R$ 2,50 no encerramento de 2015, ambas sem alteração.
 
(Valor Econômico)

MARINA, FIM DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA, GOVERNO DO "OCCUPY BRASÍLIA"


 
 
 
Não pensem que o casamento dos socialistas do PSB com os sonháticos de Marina Silva é apenas por conveniência. Que é momentâneo. Não é. É por uma profunda concordância com a "democracia participativa" que eles estão unidos, cada um com as suas interpretações sobre a fórmula de governar "com o povo". O objetivo de ambos é "governar com as ruas", mobilizando movimentos sociais para pressionar o Congresso, acabando com a "democracia representativa". 

Não sou cientista político, mas também não sou burro. Esta linha ideológica de Marina Silva ficou muito clara quando ela liderou centenas de ONGs e mais um coletivo de artistas para peitar o Congresso Nacional e a Presidência da República com a campanha "Veta Dilma", durante as discussões do Código Florestal. O Parlamento era constantemente invadido por manifestantes, com Marina Silva na liderança, tentando impedir que as discussões e votações tivessem o curso normal. E como isso era feito? Utilizando dados mentirosos sobre desmatamento, utilizando pesquisas de opinião pública manipuladas, utilizando a palavra de uma "academia" aparelhada. E, principalmente, transformando jovens estudantes em massa de manobra, como se fossem uma seita ambientalista. 

As fotos acima ilustram um pouco do que foi a primeira tentativa de Marina Silva para confrontar a democracia e tentar levar no grito e na força o veto ao Código Florestal.

Hoje o jornal Valor Econômico publica uma entrevista com o presidente do PSB, Roberto Amaral, onde ele é muito claro a respeito do modelo de governo que será implantado, caso a comoção continue, caso impere o culto fundamentalista à candidata Marina Silva. Destacamos algumas frases:

Tem que haver composição e diálogo com o Congresso, mas em função de uma linha programática... Estou convencido de que isso é possível. Você viu o resultado das manifestações de rua. Fez com que o Congresso aprovasse leis que estava segurando havia quatro anos.

Só vejo uma forma: nós não pararmos a campanha em outubro. Mantermos a sociedade mobilizada, sendo ouvida, sendo chamada, reavivarmos as entidades de classe, discutirmos tudo claramente. A democracia participativa está na Constituição.

Marina Silva, em todas as suas aparições na Imprensa, por outro lado, messiânica, passou a dividir os políticos entre os bons e os maus. Diz que vai governar com os bons. E até mesmo citou José Serra, para diferenciá-lo do tucano Geraldo Alckmin, que ela não apoia. Teremos, com a hipótese de Marina Silva, não mais a luta de classes adotada pelo PT como base para governar, exacerbando o conflito entre pobres e ricos. Teremos o fundamentalismo religioso dividindo o país entre os bons e os maus, como se estivéssemos em pleno Juízo Final. Para isso, os bons serão os jovens, os ambientalistas e os movimentos sociais. Os maus serão, em primeiro lugar, os políticos, seguidos dos produtores rurais e por aí vai.

Este fundamentalismo messiânico já está presente nas declarações do presidente do PSB, Roberto Amaral. O jornal pergunta a ele: Se o PSB não for para o segundo turno, apoia quem? Fica na oposição? Ele responde, convicto: Estou convencido de que ganho no primeiro ou irei para o segundo turno. Antes disso, informa que não fará acordos espúrios com o PMDB, que ele cita textualmente. Que Marina governará "com as franjas do PT e do PSDB". Além, é lógico, de atravessar a Praça dos Três Poderes, juntar 20.000 jovens e cercar o Congresso Nacional. Não é o que ela sempre fez? Com ela, sem dúvida alguma, a democracia representativa estará com os dias contados. Sem maioria e sem acordos, só mesmo um Occupy Brasília. Impossível? Vejam o que ela declarou em outubro de 2013, em artigo na Folha de São Paulo:

Quando o movimento Occupy Wall Street mostrou-se resistente a ponto de espalhar-se como estratégia pelo mundo inteiro, o iceberg de uma grande mudança revelou sua pontinha. Os jovens ativistas autorais são as novas antenas da raça humana.
 
25 de agosto de 2014
in coroneLeaks

CONTRA A PAREDE

CPMI da Petrobras: deputado da oposição pedirá convocação e quebra de sigilos de empresários do ABC

ronan_mariapinto_01 Líder do PPS na Câmara dos Deputados, deputado Rubens Bueno (PR) anunciou que pedirá à CPMI da Petrobras a convocação dos empresários Ronan Maria Pinto, Oswaldo Rodrigues Filho e Enivaldo Quadrado, além da quebra do sigilo bancário do trio e das empresas Expresso Nova Santo André e Remar Agenciamento e Assessoria.

De acordo com reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, publicada no último sábado (23), a Polícia Federal apreendeu no escritório da contadora do doleiro Alberto Youssef, investigado pela CPMI, um contrato de empréstimo, no valor de R$ 6 milhões, celebrado entre a 2 S Participações Ltda., do empresário Marcos Valério, e a Expresso de Ronan.

“São fortes os indícios da ligação dos envolvidos no caso do Mensalão com o desvio de recursos da Petrobras que está sendo apurado pela CPMI”, disse Bueno, ao justificar os pedidos que serão protocolados na comissão nesta segunda-feira (25).

O doleiro Alberto Youssef está preso sob a acusação de comandar um bilionário esquema de corrupção envolvendo políticos, autoridades e contratos com a Petrobrás.

O parlamentar disse que o contrato encontrado pela PF em poder da contadora de Youssef, Meire Bonfim da Silva Poza, pode ser o elo entre o doleiro e Valério, operador do Mensalão do PT. “É um documento importante que poderá ajudar a CPMI comprovar a relação do PT com a corrupção, com o malfeito”, disse Bueno.

25 de agosto de 2014
ucho.info

ALERTA MÁXIMO

“Estado Islâmico” pode ser mais perigoso do que a Al Qaeda, advertem os EUA

(Reuters)
(Reuters)

A sofisticação e o poder militar do “Estado Islâmico do Iraque e do Levante” (EIIL), que agora se autodenomina “Estado Islâmico” (EI), representam uma ameaça enorme aos Estados Unidos, que pode superar a da Al Qaeda, afirmaram líderes militares norte-americanos na quinta-feira (21).

“Eles são uma ameaça iminente para todos os nossos interesses, no Iraque ou em qualquer outro lugar”, disse o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, sobre o EI. O grupo militante já tomou um terço do território iraquiano e divulgou, nesta semana, um vídeo que mostra a decapitação do jornalista e refém americano James Foley.

Quando perguntado se o EI representaria uma ameaça aos EUA comparável àquela do atentado de setembro de 2001, Hagel disse a jornalistas no Pentágono que o grupo é “mais do que qualquer outro grupo terrorista”.

“Eles combinam ideologia e sofisticação militar, técnica e estratégica. Eles são extremamente bem financiados. Isso está além de tudo o que tudo o que já vimos”, disse o secretário de Defesa.
O general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior dos EUA, afirmou que o grupo poderia ameaçar diretamente o Ocidente com o retorno de cidadãos europeus ou americanos a seus países de origem, depois de terem lutado na Síria ou no Iraque.

Os radicais do EI poderiam ser contidos e eventualmente derrotados por forças locais apoiadas pelos EUA, mas, para isso, a população sunita tanto do Iraque quanto da Síria teria que rejeitar o grupo, disseram Hagel e Dempsey.

O general disse ainda que o grupo é devoto a uma ideologia fanática e, a longo prazo, pretende conquistar o Líbano, Israel e o Kuwait. “Se eles concretizarem esses planos, isso alteraria fundamentalmente o Oriente Médio e criaria uma situação que certamente nos afetaria de diversas maneiras”.

Hagel disse que dezenas de ataques aéreos dos EUA ajudaram a conter os jihadistas na região da barragem de Mossul, no norte do Iraque. “Os ataques aéreos, as armas e a assistência americanos ajudaram as forças iraquianas e curdas a conter o avanço do EI na região de Erbil, onde diplomatas e tropas americanas estão trabalhando, e a recuperar a barragem de Mossul”.

Perguntado se os EUA atacariam os militantes na vizinha Síria, Hagel não descartou a possibilidade, mas também não indicou que ataques sejam iminentes. “Eles podem ser derrotados sem considerarmos a parte da organização que reside na Síria? A resposta é não”, completou o general Dempsey.

(Com agências internacionais)

25 de agosto de 2014
ucho.info

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

                        A Hora dos Petralhas Mortos-Vivos


 A Operação Lava Jato torna ainda mais assustador para a cúpula do PT o imortal fantasma de Celso Daniel – Prefeito petista hediondamente sequestrado, torturado e assassinado em janeiro de 2002, só Deus sabe por ordem de quem. Agentes federais descobriram uma prova que embasa a denúncia feita em 2012 pelo “operador do Mensalão”, Marcos Valério Fernandes de Souza, segundo a qual Lula da Silva, Gilberto Carvalho e José Dirceu foram chantageados por Ronan Maria Pinto. Trata-se do conhecido empresário de ônibus em Santo André, que nega as suspeitas de ligação com a morte brutal do petista que comandaria as finanças da primeira campanha presidencial vitoriosa de Lula.

O fantasma de Celso Daniel assombra a cúpula petista em toda véspera de eleição, pelo menos a cada dois anos. Mas, agora, a Lava Jato lança novas sujeiras sobre o escandaloso crime até hoje sem solução concreta e punição para o verdadeiro mandante. O Estadão noticiou que a Polícia Federal apreendeu no escritório da contadora do doleiro Alberto Youssef um contrato de empréstimo de R$ 6 milhões que liga as empresa 2S Participações, de Marcos Valério, com a Expresso Nova Santo André, de Ronan Pinto, e a Remar Agenciamento e Assessoria. Assinado em outubro de 2004, o acordo chama atenção por ter as inscrições “Enivaldo” e “Confidencial”.

A PF suspeita que “Enivaldo” seja uma referência direta a Enivaldo Quadrado, envolvido no escândalo do Mensalão, que trabalhava para o doleiro Youssef – apontado, junto com Paulo Roberto Costa, ex-diretor de “abastecimento” da Petrobras, como o suspeito de comandar um esquema de lavagem de mais de R$ 10 bilhões. O negócio fica mais suspeito porque o achado do contrato empresta ares de prova ao depoimento prestado por Marcos Valério a duas procuradoras do MPF, em setembro de 2012. Valério revelou que o PT lhe pediu R$ milhões emprestados para que Ronan parasse de chantagear Lula, Carvalho e Dirceu sobre o caso Celso Daniel.

Não fosse agora ser ressuscitado pela Lava Jato, tal depoimento voltaria a cair no esquecimento público ou ficaria restrito à papelada processual do pós-Mensalão. Além evocar o fantasma de Daniel, Valério botou Lula (que nega tal versão) no meio do Mensalão. O publicitário garantiu às procuradoras Claudia Sampaio e Raquel Branquinho que teve um encontro rápido com Lula, em 2003, no Palácio do Planalto, quando o então presidente havia endossado um acordo financeiro firmado entre José Dirceu (na época ministro da Casa Civil) e Delúbio Soares (naquele tempo tesoureiro do PT). Trata-se do famoso repasse de R$ 7 milhões da Portugal Telecom para o grupo, segundo Valério, com total aval de Lula.

No momento em que Paulo Roberto Costa negocia uma delação premiada, o processo da Operação Lava Jato se aproxima, perigosamente, da cúpula do Partido dos Trabalhadores e da caixa preta dos gestores petistas em fundos de pensão. O Ministério Público Federal já investiga negócios feitos pelo doleiro Alberto Youssef com João Vaccari Neto, secretário nacional de finanças do PT, umbilicalmente ligado ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É por isso que a nova defensora de Paulo Roberto Costa, a advogada criminalista Beatriz Catta Preta, adverte que, “pessoalmente, seu cliente está em um momento difícil”.

O caos está formado. Preso desde março pela Operação Lava Jato, o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, apontado como laranja de Youssef na empresa CSA Project, sediada em São Paulo, é quem relaciona Vaccari com o esquema que lavou mais de R$ 10 bilhões. Em depoimento no último dia 15, Carlos Costa revelou haver indício de que Vaccari estaria intermediando negócios de fundos de pensão (principalmente a Petros) com a CSA e uma outra empresa ligada ao doleiro Youssef, a GFD Investimentos, na qual Paulo Roberto Costa também figuraria como sócio. Carlos Costa apontou o ex-gerente de Novos Negócios do Petros, Humberto Pires Grault, sindicalista ligado ao PT, como um dos beneficiários de R$ 500 mil, que teriam sido pagos como “comissão” para que o fundo de pensão adquirisse, entre 2005 e 2006, uma cédula de crédito bancário de R$ 13 milhões.

O momento é dificílimo... Esta semana, na Polícia Federal em Curitiba, Paulo Roberto Costa terá um novo encontro com sua defensora para ratificar a decisão de partir para a “delação premiada” – que pode gerar reações imprevisíveis na cúpula petralha. A advogada Preta ainda não garante que Costa queira colocar o preto no branco: “Ele ainda não está decidido. Esta é uma escolha muito pessoal, muito subjetiva. Tem que partir da pessoa. A delação tem um ônus grande, apresenta prós e contras. O colaborador busca benefícios. Por outro lado, tem que apontar pessoas, fatos, é uma decisão que só o réu pode tomar”.

Não querendo se transformar em um novo “Celso Daniel”, na realidade, Paulo Roberto Costa e sua família acenam com a delação premiada para acuar os petistas. Afinal, não dá para conceber que ele tenha comandado sozinho ou apenas com o doleiro Youssef um esquema bilionário de lavagem de dinheiro, envolvendo vários contratos da Petrobras – empresa na qual ele controlava, estranhamente, 1832 contas correntes, embora não fosse o diretor financeiro, mas apenas o de “abastecimento”. Paulo Roberto era tão poderoso que, entre 2005 e 2012, foi o substituto eventual de José Sérgio Gabrielli, assumindo a presidência da Petrobras por 24 vezes, ou 95 dias na função.

A história é tão clara que nem precisa desenhar. Nada na Petrobras se resolve sem a interferência, o conhecimento ou o aval direto da Presidência da República, junto com a diretoria executiva e o conselho de administração da empresa. Portanto, a sujeira descoberta na lava Jato atingirá, em cheio, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora Dilma Vana Rousseff. O caso da “presidenta” é complicadíssimo. Se não sabia de nada, pode ser taxada de “ignoranta”. Se sabia e deixou correr frouxo, pode ser classificada, no mínimo, de “incompetenta”.
Como os bebês de colo sabem, desde o início do primeiro governo Lula, Dilma acumulou as funções de Ministra de Minas e Energia e Presidente do Conselho de Administração da Petrobras (cargo que ocupou durante quase oito anos). Assim, desde janeiro de 2003, Dilma tinha o poder de agir e acionar os instrumentos para determinar investigações sobre fatos que tivessem sido praticados em prejuízo da Petrobras. E, obviamente esse poder se tornou ainda maior quando ela passou a exercer a presidência da República.
Por isso, é espantoso constatar que só agora, passados mais de doze anos, Dilma cometa a imprudência de lançar suspeitas sobre a falta de investigações em dois fatos prejudiciais à Petrobras ocorridos no governo FHC (o afundamento da plataforma P-36 e a troca de ativos com a Repsol). Por que ela, como poderosa ministra de Lula, chefona do Conselho da Petrobras e, depois, Presidenta da República, não mandou apurar o que viu de errado? Certamente, contaminada pelo ambiente emocional gerado pelo risco de não se reeleger, a coitadinha da Dilma acabou jogando contra si mesma...
Porém, o mais espantoso é ver que a suposta “oposição” não questiona o caso Gemini – um crime de lesa-pátria que tem o potencial de aniquilar qualquer resquício de credibilidade que, porventura, ainda exista nas duas mais decantadas qualidades de Dilma: “gerente eficiente” e “administradora transparente”. O engenheiro João Vinhosa já cansou de denunciar este escândalo que pode ser um modelo repetido em várias caixas-pretas das “Sociedades de Propósitos Específicos” firmadas pela Petrobras com empresas parceiras.
No vídeo-texto intitulado “A oposição que Dilma pediu a Deus (III)”, o engenheiro João Vinhosa afirma que, para liquidar com Dilma, basta perguntar: Que providências ela tomou diante das diversas cartas que recebeu sobre a Gemini? As cópias protocoladas, enviadas a ela, podem ser vistas no

site www.maracutaiasnapetroroubobras.com
https://www.youtube.com/watch?v=sxDe0vSbEUE&feature=player_embedded
 Pelo visto, a Petrobras é uma “arma eleitoral” (usada pelo próprio governo) contra si mesmo. A Lava Jato cai matando. E, agora, que o fantasma de Celso Daniel volta a assombrar a petralhada, o futuro da República Sindicalista do Brazil fica seriamente comprometido. Agosto, o mês do desgosto, ainda deve gerar mais desgraças contra o regime nazicomunopetralha que faz uma hedionda parceria com a governança do crime organizado.
 
God na defesa
 
Correria

 
25 de agosto de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.