"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

CAMPANHA DE AÉCIO NÃO MUDA ESTRATÉGIA ANTES DO CANDIDATO SER CONHECIDO


 
A campanha de Aécio Neves (PSDB) tenta manter fora dos estúdios de gravação do programa eleitoral a inquietação provocada por Marina Silva (PSB) entre os tucanos. O publicitário de Aécio, Paulo Vasconcelos, diz que não faz sentido agora mudar a linha do programa, tampouco em partir para um ataque mais direto a Marina na TV. O horário gratuito mal começou e o que Aécio precisa, na avaliação do marqueteiro, é bater outro adversário: o fato de uma fatia grande de eleitores ainda não o conhecerem bem. Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e José Serra devem entrar em campo como cabos eleitorais do senador.

"Até então, tínhamos dois candidatos desconhecidos e uma muito conhecida. Agora, são duas muito conhecidas e um desconhecido. E ninguém vota em quem não conhece", disse Vasconcelos ao Valor PRO, o serviço de informações em tempo real do Valor. "Não é Marina o obstáculo prioritário do Aécio", disse Vasconcelos. "O desafio dele é se tornar conhecido."

O Datafolha da semana passada mostrou que Marina se transformou em ameaça direta a Aécio, que até a morte do candidato do PSB, Eduardo Campos, aparecia como o único com chances reais de ir ao segundo turno contra a presidente e candidata Dilma Rousseff (PT). Antes mesmo do horário gratuito, embalada pela exposição na imprensa desde a tragédia de Campos, Marina entrou na disputa empatada com o tucano.

Para Vasconcelos, "não há nenhuma previsão de alteração". "Nós temos uma audiência que não está alta e precisamos de tempo para que as pessoas tomem conhecimento de quem são os players dessa eleição. Não há nenhuma mudança de rota."

Os primeiros programas assinados por ele exibiram a trajetória da Aécio. A ênfase é sua gestão em Minas, apresentada como revolucionária, moderna, reconhecida internacionalmente. É o que Aécio tenta mostrar de mais concreto aos eleitores a quem pede voto. Seus aliados de campanha passaram a criticar Marina dizendo que esses são exatamente os pontos fracos dela. Mas Vasconcelos diz que não está no script, por ora, enfatizar no programa as diferenças entre seu candidato e Marina.

"Não há nenhuma sugestão ou orientação [de mudança na linha] porque a campanha começou há 48 horas e todos nós temos consciência de que se não apresentarmos alternativa de poder com resultados exitosos não vai adiantar nada falar outra coisa", disse Vasconcelos.

A aposta é que os quatro minutos e pouco de Aécio no horário gratuito mais a cobertura na imprensa terão efeito sobre o eleitor. Ele lembra que Aécio estava entre os 11% e 12% das intenções de voto no primeiro semestre e saltou, com ajuda dos programas de TV que antecederam o horário eleitoral, para a faixa dos 20%.

Para transpor o desconhecimento dos eleitores em relação a Aécio, Vasconcelos deve ter nos próximos programas mensagens da nata dos cabos eleitorais do PSDB: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os dois ex-candidatos a presidente, José Serra e Geraldo Alckmin. Todos com recall de campanhas e, no caso de FHC, de oito anos de governo.

"A ideia é associar projetos exitosos do PSDB a seus governadores e ao Aécio, por consequência. É óbvio que há muita coisa de PSDB em São Paulo relacionada a Alckmin e a Serra e em algum momento deve acontecer a presença deles e de FHC na propaganda do Aécio", diz o publicitário. Fernando Henrique deixou o Palácio do Planalto com enorme rejeição dos eleitores e ficou quase totalmente escondido nas três campanhas seguintes, nas quais o PT venceu o PSDB. Voltou a ter presença ativa somente na pré-campanha de Aécio no ano passado.

(Valor Econômico)

 

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