"Até então, tínhamos dois candidatos desconhecidos e uma muito conhecida. Agora, são duas muito conhecidas e um desconhecido. E ninguém vota em quem não conhece", disse Vasconcelos ao Valor PRO, o serviço de informações em tempo real do Valor. "Não é Marina o obstáculo prioritário do Aécio", disse Vasconcelos. "O desafio dele é se tornar conhecido."
O Datafolha da semana passada mostrou que Marina se transformou em ameaça direta a Aécio, que até a morte do candidato do PSB, Eduardo Campos, aparecia como o único com chances reais de ir ao segundo turno contra a presidente e candidata Dilma Rousseff (PT). Antes mesmo do horário gratuito, embalada pela exposição na imprensa desde a tragédia de Campos, Marina entrou na disputa empatada com o tucano.
Para Vasconcelos, "não há nenhuma previsão de alteração". "Nós temos uma audiência que não está alta e precisamos de tempo para que as pessoas tomem conhecimento de quem são os players dessa eleição. Não há nenhuma mudança de rota."
Os primeiros programas assinados por ele exibiram a trajetória da Aécio. A ênfase é sua gestão em Minas, apresentada como revolucionária, moderna, reconhecida internacionalmente. É o que Aécio tenta mostrar de mais concreto aos eleitores a quem pede voto. Seus aliados de campanha passaram a criticar Marina dizendo que esses são exatamente os pontos fracos dela. Mas Vasconcelos diz que não está no script, por ora, enfatizar no programa as diferenças entre seu candidato e Marina.
"Não há nenhuma sugestão ou orientação [de mudança na linha] porque a campanha começou há 48 horas e todos nós temos consciência de que se não apresentarmos alternativa de poder com resultados exitosos não vai adiantar nada falar outra coisa", disse Vasconcelos.
A aposta é que os quatro minutos e pouco de Aécio no horário gratuito mais a cobertura na imprensa terão efeito sobre o eleitor. Ele lembra que Aécio estava entre os 11% e 12% das intenções de voto no primeiro semestre e saltou, com ajuda dos programas de TV que antecederam o horário eleitoral, para a faixa dos 20%.
Para transpor o desconhecimento dos eleitores em relação a Aécio, Vasconcelos deve ter nos próximos programas mensagens da nata dos cabos eleitorais do PSDB: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os dois ex-candidatos a presidente, José Serra e Geraldo Alckmin. Todos com recall de campanhas e, no caso de FHC, de oito anos de governo.
"A ideia é associar projetos exitosos do PSDB a seus governadores e ao Aécio, por consequência. É óbvio que há muita coisa de PSDB em São Paulo relacionada a Alckmin e a Serra e em algum momento deve acontecer a presença deles e de FHC na propaganda do Aécio", diz o publicitário. Fernando Henrique deixou o Palácio do Planalto com enorme rejeição dos eleitores e ficou quase totalmente escondido nas três campanhas seguintes, nas quais o PT venceu o PSDB. Voltou a ter presença ativa somente na pré-campanha de Aécio no ano passado.
(Valor Econômico)
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