"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

DÓLAR ALTO? INFLAÇÃO? RELEMBRE OS PRODUTOS CLÁSSICOS DO PARAGUAI!

Nas décadas de 1980 e 90, o dólar estava nas alturas, viagens internacionais eram algo luxuosíssimo, importações eram dificultadas por impostos e barreiras e, além de tudo, havia muita inflação e crises econômicas sucessivas.

Isso lembra alguma coisa, não? Pois é: já que Dilma Rousseff instituiu um clima RETRÔ em nossa economia, e também considerando que precisamos de alguma forma desanuviar, soltamos esta lista com 10 produtos clássicos da época em que os importados eram quase sempre provenientes do nosso vizinho e amigo Paraguai (“Paráguas”, para os íntimos).

Vamos lá!

Acepipes Diferentes
Quando alguém aparecia com essas “iguarias” da culinárias “saudável”, havia apenas uma certeza: alguém da família tinha ido para o Paraguai – ou, no máximo, tinha passado no muambeiro do bairro (todo bairro tinha um).

Era infalível a presença do CHICLETE DE BOLINHA, do CHICLETE DE METRO e da BATATINHA “PRÍNGÔUS”:





E o susto quando abríamos a batata pela primeira vez e ela “estourava” por causa do ar comprimido?

Bônus: dava muita raiva quando algum idiota fazia isso (e sempre tinha algum idiota que fazia isso):




Tenis e Boné
A galera menos abastada ganhava o glorioso FORWARD, que durava exatamente 3 partidas de futebol (há relatos de um forward que, sem ficar completamente destruído, teria aguentado 5 jogos – mas isso circula apenas como lenda):



Quem tinha mais grana, por sua vez, trazia os cobiçadíssimos REEBOOKS e NIKES, não raramente com nomes diferentes como REDOK, NAKE e afins. Na imagem, um original, mesmo:



E, por fim, no final dos 80s veio a moda do BASQUETE AMERICANO, impulsionada por nomes como Magic Johnson e Michael Jordan. Ostentar um boné como este da imagem era coisa finíssima nas mais variadas turminhas (e a coisa chegou ao ponto de que era comum ver até FLÂMULAS de times da NBA, NFL e até HOQUEI nas casas da rapaziada, sem que ninguém de fato torcesse ou acompanhasse qq coisa daquilo):



Brinquedos
Hoje, estamos todos acostumados com a infinidade de bonequinhos, bonequinhas e demais brinquedos de todo tipo oferecidos na rua, por camelôs, ou ainda a preços razoáveis até nas lojas de shopping. Mas houve um tempo em que eles eram bem caros e, mais ainda, inacessíveis.

Aí o jeito era recorrer aos amigos da SACOLA, que vinham de PUERTO STROESNNER com coisas do tipo:





Muitas vezes as “barbies” e “gijoes” não eram propriamente originais e vinham com, vamos dizer, alguns defeitinhos aqui e ali

Games

Depois do Atari, certamente uma grande febre, veio o Master System, contra o qual também surgia o Phanton System. No chute, podemos afirmar que o Master ganhou breve dianteira, mas a concorrência acabou levando a melhor. Motivo: as fitas do NINTENDO eram compatíveis e, contra elas, não havia como competir.

Mas eram caras, difíceis. Aí a solução era mandar trazer lá de vocês sabem onde:




Material Escolar
Até coisas chatas – como fazer dever de casa ou até mesmo ir à escola – ficavam menos modorrentas assim que a molecada ganhava os materiais provenientes da fronteira. Vale destacar dois deles: a caneta de DEZ CORES (cuja tinha ainda por cima tinha cheirinho de chiclete químico), a “uni-ball” com a qual a rapaziada fazia tatuagem fake (que durava exatamente 5 minutos) etc.:




Relógios
Assim como o tênis Forward, os relógios do Paraguai não eram exatamente famosos pela resistência. Qualquer descuido poderia ser o fim dessas peças. Selecionamos dois verdadeiros ÍCONES da relojoaria sul-americana: o de joguinho de carro de corrida e o G-SHOCK (este, por sua vez, diziam que aguentava tudo e mais um pouco):




Whisky
O governo acaba de aumentar a tributação sobre o uísque vendido no Brasil, fazendo lembrar os “ótimos” tempos de décadas atrás. Quem quisesse tomar um uiscão mais-ou-menos, pagaria uma fortuna nas importadoras daqui ou… pois é, trazia da nação irmã.

Não era raro que o líquido no interior da garrafa fosse um tanto diferente daquilo que constava de sua descrição (em alguns casos, era perfeitamente possível colocar no tanque de uma Kombi e ela andaria numa boa por dois quarteirões). No destaque, dois grandes nomes dessa era:




Perfume

Por mais que a propaganda dissesse que, com Avanço, elas avançariam, a rapaziada ainda assim tinha lá seus critérios para escolher o OLOR a ser exalado nas festinhas. Desse modo, e considerando a total inacessibilidade aos produtos importados por aqui, acabavam por adquirir fragrâncias como estas:





Estatisticamente, era mais provável acertar na LOTO (a megasena da época) que comprar alguns desses realmente originais lá no paráguas.

VHS e Fita Cassete
Antes da revolução digital, as coisas eram um pouco menos fáceis e bem mais “românticas”. Ver filme, por exemplo, era algo que dependia do que houvesse na TV (e só havia TV aberta) ou do que pegaríamos na locadora (sim, já existiu isso). Mas, de todo modo, era preciso ter o aparelho e ele era caro.

Menos no Paráguas. Lá, algo assim era acessível (e o Zé da Muamba também tinha para vender algumas PACOTEIRAS com várias fitas para poder gravar pegadinha do Silvio Santos, filme do Supercine, entre outros):





Eram comuns os relatos de videocassetes trocados por MINÉRIO (vulgar pedra) na hora de embalar. O cara abria aqui e ficava meio chateado.

O mesmo vale para os gravadores de FITINHA CASSETE:





E a raiva quando você tava gravando uma música e o locutor falava em cima? Oloco!

Mini TV

O artefato em comento é hoje visto em portarias, pontos de táxi e que tais. Mas, acreditem, já foi um produto de ALTÍSSIMO LUXO. Além da diferença entre classes sociais, havia uma outra fundamental: não pegava nada. Era simplesmente impossível ver qualquer coisa nessa tevezinha. Era só chuvisco. Aí ficavam só no rádio, mesmo:





Não há um único registro de mini TV dos 80/90 que tenha funcionado com mínima nitidez, mas ainda assim muita gente comprava.

Enfim, os “bons” tempos estão de volta! Inflação disparando, dólar nas alturas, crise econômica deflagrada, mais e mais pessoas em busca de alguma atividade diante do desemprego… Não tardará para que a atividade MUAMBEIRO DO PARAGUAI retome a força das décadas passadas.

O jeito é rir para não chorar.


8 de setembro de 2015
implicante

O PATÉTICO "DESFILE ABERTO" SEM POVO. O SILÊNCIO TÃO ALMEJADO POR DILMA, ENFIM CONSEGUIDO.



Já se sabe que a Presidente da República é a mais mal avaliada de todos os tempos, desde o início da série histórica desses levantamentos. 

Já é sabido, também, que qualquer aparição na TV gera panelaços pelo país inteiro, em todos os bairros e classes sociais. 

Por fim, também são de conhecimento geral as multidões que vão às ruas contra o governo e o número pífio dos que se apresentam publicamente em seu apoio.

Ainda assim, certamente ninguém esperava um fiasco tão retumbante no desfile de 7 de setembro deste ano. 
Ninguém suporia imagens tão evidentes da ruína política desta gestão.

Dilma Rousseff manteve-se longe das pessoas, que precisaram ficar atrás de um muro de aço, já chamado “MURO DA VERGONHA”. 

Por perto, apenas sua equipe e alguns poucos convidados escolhidos a dedo. 

As imagens a seguir, ambas de Alan Marques (Folhapress), dão o tom ridículo, do quanto este governo se tornou uma caricatura patética de representação popular:





Pois é. Um “desfile aberto” pra lá de surreal, já que não há qualquer pessoa além dos seguranças e soldados com seus veículos. 
Reparem, a rua está totalmente vazia, protegida do alcance de qualquer ciadão comum, não há ninguém além das autoridades e sua “guarda”.

Uma “líder popular” sem povo. Um país sem liderança.


8 de setembro de 2015
implicante

DILMA DEVERIA CONTRATAR A ANALISTA DO SANTANDER





A expressão “faltar com a verdade” é um eufemismo para dizer que alguém mentiu. Em entrevista à Folha e a outros dois jornais na segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou que só percebeu os sinais da grave crise que se avizinhava entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, ou seja, após a eleição.
Para usar outro eufemismo, os fatos contradizem a presidente. A equipe do então ministro Guido Mantega (Fazenda) definira em meados de 2014, conforme a Folha revelou em janeiro, todo o conjunto de mudanças nas regras trabalhistas que seriam anunciadas logo após a vitória de Dilma.

Essas alterações, que limitam a obtenção do seguro-desemprego e do abono salarial, estão entre as principais iniciativas da economia de receitas para cobrir o rombo das contas públicas.

MUITO ANTES DA ELEIÇÃO

Um integrante do time de Mantega confirmou à coluna que, muito antes da eleição, já se sabia da urgência em cortar despesas. 
Mas, por uma decisão política, essas medidas amargas e impopulares só poderiam ser anunciadas após a corrida presidencial. Evidentemente, impactariam (como impactaram) na opinião pública – menos votos.

Em agosto, o governo reduziu em R$ 8,8 bilhões a previsão do gasto com o abono salarial para este ano. A revisão consta do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2015, enviado naquele mês pelo Planalto ao Congresso. 
A previsão foi feita com base nas novas regras trabalhistas que já estavam definidas pela Fazenda. Se a revisão foi enviada para o Congresso em agosto, os cálculos tinham sido feitos muito antes. Meses antes do novembro e dezembro admitido por Dilma.


No dia 6 de novembro, o ainda ministro Mantega antecipou o que sua própria equipe já havia preparado. “Nós temos agora que fazer uma redução importante das despesas que estão crescendo, como o seguro-desemprego, abono salarial e auxílio-doença”, disse o ministro durante evento da FGV (Fundação Getulio Vargas) em São Paulo.

INTERFERÊNCIA DE DILMA

Era notória na Esplanada dos Ministérios a interferência de Dilma na Fazenda. Mantega não fazia nada sem que Dilma soubesse. Difícil acreditar que a equipe econômica houvesse preparado pacote para remediar a crise e que a presidente não tivesse a menor ideia da gravidade do quadro econômico.

Do mercado financeiro vieram diversos alertas de que a situação era muito ruim e que as contas do governo estavam em frangalhos. 

Um episódio marcou a eleição. No final de julho, o Santander enviou para seus clientes vips um informe sobre o impacto da corrida presidencial nos indicadores financeiros.

No relatório, o banco espanhol avaliava que se Dilma subisse nas pesquisas e vencesse a eleição, a Bolsa cairia e os juros subiriam. O Santander ressaltava também que a economia brasileira já estava muito mal, com baixo crescimento, inflação alta e déficit nas trocas comerciais com o mundo.

INADMISSÍVEL E LAMENTÁVEL

Na ocasião, a presidente Dilma classificou a análise do banco de “inadmissível” e “lamentável”.

O ex-presidente Lula disse que a autora do informe do Santander não entendia “porra nenhuma de Brasil” e que deveria ser demitida.

Cedendo à pressão, o Santander demitiu a gerente de investimentos que escreveu a análise, além de dois de seus colegas e a superintendente da área, que aprovaram o texto.

Desde a vitória de Dilma, o quadro não poderia ser pior. A inflação beira os 10% ao ano, a economia entrou em recessão, o desemprego bate recordes, o dólar está em sua maior cotação em 12 anos, o Banco Central não para de subir os juros…

Não se sabe se a gerente de investimentos do Santander ainda está desempregada. Estando ou não, Dilma faria um bem muito grande para si mesma se a contratasse. 
Dificilmente correria o risco de vir a público novamente no futuro admitir que errou ao não compreender o óbvio sobre economia

8 de setembro de 2015
Leonardo Souza




MOMENTO POLÍTICO ATUA LEMBRA "ANGÚSTIA" , DE GRACILIANO RAMOS



Graciliano, na visão de Portinari"
A política é uma ciência para profissionais, portanto, os amadores se surpreendem a todo momento com as artimanhas dos políticos. Temer é um profissional e com a vantagem de conhecer o Congresso como ninguém. O vice-presidente bebeu na fonte limpa de Ulysses Guimarães, este sim um verdadeiro político com P maiúsculo.
O político profissional não conhece a palavra fidelidade. A lealdade ocorre até o momento em que o céu se torna nublado, sujeito a chuvas e trovoadas.
Realmente, a economia resume tudo na sociedade, quando “ela” vai bem os governos navegam em mar de almirante. Quando a economia vai mal, o desemprego desponta no horizonte das famílias, desesperando os eleitores e o arco da sociedade. Consequentemente, a popularidade do governo e dos governantes cresce igual ao rabo do cavalo.
Este é o cenário atual do Brasil, ou seja, um travamento da atividade econômica. As concessionárias de automóveis não estão vendendo quase nada, porém, os preços dos automóveis continuam nas alturas, na contramão do capitalismo e da lei da oferta e da procura. Os supermercados permanecem vazios e observamos todos os dias as caixas de supermercados sem filas. Podemos agora escolher a caixa de preferência, tal a falta de compradores, mesmo nos primeiros dias do mês.
O humor do carioca está por um fio, por qualquer coisa querem briga, no ônibus, no BRT, no trânsito e também nos supermercados. O mar não está para peixe.
UM PARTIDO INFIEL
Voltando ao tema principal, o PMDB não é um partido fiel. A legenda presidida por Ulysses Guimarães, o Sr.Diretas, na verdade só obedecia a um Senhor, o eleitor. Depois vem a briga por um naco do poder, lógico, para assim sustentar a máquina partidária. Na oposição, fica-se a pão e água, perdendo a capilaridade para crescer nas próximas eleições. Este é o drama para 2016 e 2018. Continuar apoiando o PT, lançar candidatura própria ou se inscrever como segundo do PSDB.
O que fazer com diante dessa encruzilhada política? Para começar, a leitura do livro “Angústia”, de Graciliano Ramos. Depois a ficha cai.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Uma bela sacada do comentarista Roberto Nascimento, que andava sumido. Segundo a professora Elizabeth Ramos, neta do grande escritor e professora de Literatura da Universidade Federal da Bahia, o romance Angústia “constrói, através de uma galeria de personagens e da decadência do espaço e do ambiente, uma análise das infinitas roupagens de que se reveste a miséria humana“. Tem tudo a ver com a política dos dias de hoje(C.N.)
8 de setembro de 2015
ROBERTO NASCIMENTO

ALCKMIN: INQUÉRITOS LEVAM GOVERNO AO CENTRO DA LAVA JATO

ENVOLVIMENTO DE TESOUREIRO COLOCA A CAMPANHA DE DILMA EM XEQUE


ENVOLVIMENTO DE TESOUREIRO COLOCA A CAMPANHA DE DILMA EM XEQUE.
FOTO: LULA MARQUES


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta segunda-feira, 7, entender que a abertura das investigações contra os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Comunicação Social, Edinho Silva, por suposto recebimento de doação ilegal de empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras coloca a campanha da presidente Dilma Rousseff no centro das atenções da Operação Lava Jato. 
O tucano, contudo, saiu em defesa do senador paulista Aloysio Nunes (PSDB-SP), que também está sendo investigado, e disse não se sentir constrangido com as investigações de seu correligionário.

"Entendo que sim (as investigações colocam a campanha de Dilma no centro das atenções da Lava Jato)", afirmou ao ser questionado pela imprensa durante entrevista após o Desfile Cívico e Militar de 7 de Setembro no Sambódromo do Anhembi, na capital paulista. Alckmin, no entanto, defendeu seu correligionário Aloysio Nunes. 

"Investigação é para todos. Todos são iguais perante a lei. Agora ele (Aloysio) já se defendeu. E também não tem nenhum sentido um dos principais líderes da oposição ter qualquer ascendência sobre a Petrobras ou o governo", afirmou.

Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki autorizou o pedido de abertura de inquérito para investigar Nunes, Mercadante e Edinho no âmbito da Operação Lava Jato. 
Em delação premiada, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, teria citado os três políticos. 
Pessoa disse ter feito repasses milionários para as campanhas de Mercadante ao governo paulista em 2010, e para a campanha à reeleição de Dilma, da qual Edinho Silva foi tesoureiro. O dinheiro também teria sido repassado para a campanha de Aloysio Nunes.


8 de setembro de 2015
diário do poder

BARBOSA ELOGIA VETO DE FINANCIAMENTO ELEITORAL POR EMPRESAS

"ALVÍSSARAS", EXCLAMOU O EX-MINISTRO DO STF EM CONTA NO TWITTER


O ex-ministro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa comemorou nas redes sociais a rejeição do Senado ao financiamento de campanhas eleitorais por empresas. "Por que num país com tanta miséria, onde os salários são tão baixos, empresas encontram meios de doar bilhões a políticos e a partidos?", postou Barbosa no dia 3, quando, por 36 votos contra 31, o Plenário do Senado passou emenda ao projeto de lei da Câmara vetando doações de pessoas jurídicas a candidatos e a partidos.

"Uma boa notícia: o Senado rechaçou projeto sobre financiamento de partidos e de campanhas políticas por empresas privadas. Alvíssaras!", escreveu o ex-ministro que, na presidência da Corte máxima, em 2012, conduziu o histórico julgamento do Mensalão.

"Doação a partidos é escolha que deve ficar circunscrita à esfera individual: é expressão das preferências político-ideológicas do cidadão", tuitou Joaquim Barbosa. (AE)


8 de setembro de 2015
diário do poder






LAVA JATO INVESTIGA ELO ENTRE ALMIRANTE E OPERADOR

CARTÃO DE FREIBURGHAUS FOI ACHADO NA CASA DA FILHA DE OTHON LUIZ

QUEBRA DE SIGILO REVELOU TELEFONEMAS ENTRE OS DOIS (FOTO: ABR)

O Ministério Público Federal investiga o elo entre o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o operador de propinas do esquema Lava Jato Bernardo Freiburhaus, supostamente ligado à empreiteira Odebrecht. Segundo a Procuradoria, há indícios de que ‘os serviços’ de Freiburghaus foram usados pelo almirante.

Othon Luiz foi denunciado formalmente pela força-tarefa da Operação Lava Jato por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, embaraço à investigação, evasão de divisas e organização criminosa. Ele está preso desde o dia 28 de julho. O almirante e a filha Ana Cristina Toniolo, também denunciada, controlavam a empresa Aratec Engenharia, suspeita de ter recebido ao menos R$ 4,5 milhões em propinas de empreiteiras com obras na Usina de Angra 3, via empresas intermediárias.

Na busca e apreensão efetuada na residência de Ana Cristina foram localizados cartões de visita do operador de propinas. Em uma agenda foram identificados outros telefones de Freiburghaus. Segundo investigadores da Lava Jato, o operador fugiu para a Suíça.

Na denúncia entregue ao juiz federal Sérgio Moro, os procuradores da República que investigam desvios na Petrobrás assinalam. “Além disso, em razão da quebra telefônica de Bernardo Freiburghaus deferida por esse juízo, constatou-se que Othon Luiz fez ligações ao operador em 26 de setembro de 2013 e 10 de dezembro de 13.”

A força-tarefa da Lava Jato afirma que Bernardo Freiburghaus, segundo delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, ‘corroboradas por diversas provas’, foi operador financeiro usado pela Odebrecht para depósito de propinas para o então dirigente da estatal no exterior. “Para tanto Bernardo Freiburghaus abria contas em nome de offshores tendo como beneficiários os gestores públicos, e, logo após, providenciava os depósitos de vantagens indevidas diretamente nestas contas a mando dos administradores da Odebrecht, a qual é também integrante do Consórcio Angramon”, aponta a denúncia.

Freiburghaus nega ser operador de propinas. Seu nome chegou a ser incluído na difusão vermelha, da Interpol, mas foi retirado. Segundo a Procuradoria, ele não foi acusado na denúncia, porque as investigações ainda estão em curso.

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, o esquema de corrupção instalado na Petrobrás expandiu-se, adotando o mesmo modelo criminoso nas licitações da Eletronuclear. Para os investigadores, houve formação de cartel, principalmente nos procedimentos de concorrência dos serviços de montagem da Usina Angra 3, e as empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, contratadas pela Eletronuclear, serviram-se de empresas de fachada para repassar propinas para o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva.

Além da Odebrecht, fazem parte do Consórcio Angramon, a UTC, a Camargo Corrêa, a Techint, a Andrade Gutierrez, a EBE (Grupo MPE) e a Queiroz Galvão. São réus nesta ação: Othon Luiz Pinheiro da Silva, Ana Cristina da Silva Toniolo, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Rogério Nora, o atual presidente da empreiteira, Otávio Marques de Azevedo, os executivos ligados à companhia, Clóvis Renato, Olavinho Ferreira Mendes, Flávio Barra e Gustavo Botelho, os empresários Carlos Gallo, Josué Nobre, Geraldo Arruda e Victor Colavitti, e os sócios José Antunes Sobrinho e Cristiano Kok, da empreiteira Engevix.

Na denúncia, o Ministério Público Federal requereu o confisco de R$ 4,438 milhões e, cumulativamente, o mesmo montante para reparação dos danos causados pelas infrações cometidas, além da condenação dos acusados.

Otávio Marques de Azevedo e Flavio David Barra estão presos no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Othon Luiz Pinheiro da Silva está preso no quartel do Comando da 5ª Região Militar, em Curitiba, e o empresário Gerson de Mello Almada cumpre prisão domiciliar, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O almirante nega envolvimento com o esquema de corrupção em Angra3. Sua filha, Ana Cristina, afirma ter realizado serviços de tradução que justificam a remuneração recebida.

A Odebrecht nega envolvimento com o esquema de propinas que se instalou na estatal petrolífera entre 2004 e 2014. A empreiteira afirma que nunca pagou propinas. (AE)


8 de setembro de 2015
diário do poder

TAMANHO DA JUSTIÇA

AMB LANÇA PLACAR DA JUSTIÇA COM NÚMERO DE PROCESSOS EM TEMPO REAL
OBJETIVO É CONSCIENTIZAR CIDADÃOS DE QUE É MELHOR MEDIAR DESAVENÇAS


OBJETIVO É CONSCIENTIZAR CIDADÃOS DE QUE É MELHOR MEDIAR DESAVENÇAS. FOTO: EBC


Na manhã desta quarta-feira (09), em Brasília (DF) será instalado, a partir das 9h, em frente ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), o Placar da Justiça.

O contador digital estará em Brasília para conscientizar e esclarecer cidadãos sobre o número de processos que chegam ao Judiciário e quantos desses poderiam ser evitados se importantes setores de serviços regulados cumprissem a legislação e respeitassem os direitos dos consumidores.

De acordo com a metodologia desenvolvida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a estimativa é de que um novo processo chegue às varas e fóruns do País a cada cinco segundos.
Além disso, no local também será divulgado:

1) Os maiores litigantes do Distrito Federal – os setores que mais congestionam a Justiça

2) Número de processos que congestionam a Justiça

3) Número de processos que poderiam ser evitados

4) Valor economizado caso não houvesse congestionamento da Justiça


AGENDA


O quê: Placar da Justiça
Quando: quarta-feira (09), de 9h às 17h
Quem: João Ricardo Costa, presidente da AMB
Sérgio Junkes, vice-presidente
Onde: Em frente ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT)



8 de setembro de 2015
diário do poder

ENTRE DILMA E TEMER, O SILÊNCIO



A presidente Dilma Rousseff conversa com seu vice, Michel Temer, durante desfile na Esplanada dos Ministérios, em Brasília Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
O clima entre Dilma e Temer no palanque era constrangedor













Quem assistiu o desfile militar de ontem na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, terá reparado que nas duas horas em que se mantiveram lado a lado no palanque oficial, a presidente Dilma e o vice-presidente Michel Temer não trocaram uma palavra. Só os cumprimentos protocolares quando Madame chegou e saiu. Sequer um comentário sobre o garbo da tropa ou a excelência dos blindados construídos no Brasil. Não que fosse a ocasião para diálogos prolongados, ainda mais de pé, mas ficou claro que nada tinham a dizer, um à outra e vice-versa.
O silêncio deste Sete de Setembro faz lembrar a parada de 1984, quando  João Figueiredo e  Aureliano Chaves, além de não se falarem, ficaram ostensivamente de costas, um para o outro. O presidente havia renunciado à condição de coordenador da própria sucessão, deixando que Paulo Maluf ganhasse a convenção do PDS.  O vice ensaiava os primeiros passos para criar a Frente Liberal, dissidência do partido do governo, prestes a apoiar Tancredo Neves. Ambos julgavam-se traídos.
Não  se dirá estar acontecendo agora o mais do mesmo, mas é por aí. Dilma não engoliu os comentários de Temer a respeito de o país necessitar de alguém capaz de uni-lo. Muito menos aceitou a afirmação de que não chegará ao fim de seu mandato com a popularidade de sete por cento. Pouco valeram as remendadas interpretações do vice-presidente sobre não ter dito o que disse. Nem sua negativa de estar conspirando contra a presidente. Em política inexiste o quadro-negro, onde basta passar o apagador para fazer sumir o que o professor escreveu a giz.
Ainda mais porque muita gente anda conspirando. O PSDB, por exemplo, continua empenhado no impeachment de Dilma, mas desistiu de apoiar a hipótese de o Tribunal Superior Eleitoral anular a eleição de 2014 pelo alegado uso de dinheiro podre da campanha vitoriosa. Nesse caso, não apenas a presidente perderia o lugar. O vice também. Agora, se ela fosse defenestrada pelo Congresso, por conta de práticas irregulares em seu governo, Temer assumiria. Desde que, fica evidente, prometesse não se candidatar à reeleição em 2018, deixando o caminho livre para os tucanos. Uma equação simples de formular, mas difícil de resolver.
SEM RECIBO
Em suma, como de público Dilma não passou recibo nas provocações de Temer, registre-se só o silêncio que marcou a aparição dos dois, no desfile militar de ontem. Para continuar no mesmo tema, vale atentar para o fato de  os comandantes das três forças armadas ficarem  afastados do pelotão que durante o tempo todo presidiu a solenidade.  Dilma, ladeada por Temer, pelo governador de Brasília e pelo ministro da Defesa, não recebeu as tradicionais explicações de cada oficial-general a respeito da performance de Exército, Marinha e Aeronáutica…

8 de setembro de 2015
Carlos Chagas

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 02/09

8 de setembro de 2015

JANOT E TOFFOLI DEMONSTRAM QUE DILMA VAI SER MESMO CASSADA


Se até Toffoli desistiu de Dilma, não há mais salvação

















Se ainda estivesse em cena, Shakespeare diria que há algo de novo no reino de Brasília. O clima atual da cidade parece fazer com certas pessoas mudem radicalmente seu comportamento.
Primeiro, foi o procurador-geral Rodrigo Janot, que inventou duas teses jurídicas monstruosas. Uma delas foi a blindagem completa da presidente Dilma Rousseff, que não poderia sequer ser investigada por crimes cometidos no mandato anterior.
A estranha tese, fruto de uma interpretação tendenciosa de um artigo constitucional aprovado antes da existência da reeleição, chegou a ganhar entusiasmados adeptos, até que o ministro Teori Zavascki colocasse as coisas em ordem, dizendo que qualquer cidadão, até mesmo no exercício da presidência da República, pode e deve ser investigado por suspeita de irregularidade.
Há duas semanas, também para blindar Dilma, Janot inventou a coisa julgada em processo administrativo, e a nova tese também ganhou incondicionais apoiadores, até que ficasse patente o ridículo da teoria, criada para tenra arquivar a investigação de irregularidades na campanha eleitoral de Dilma.
DE REPENTE
Como diria Vinicius de Moraes, não mais que de repente o procurador Janot assumiu nova postura, destruindo totalmente a blindagem do governo, ao enviar ao Supremo pedido de abertura de inquérito para que o Ministério Público Federal investigue irregularidades na campanha de Lula para reeleição, em 2006, e nas duas campanhas de Dilma, em 2010 e 2014.
Ainda não satisfeito, o procurador-geral pediu também abertura de inquérito para investigar o chefe da campanha de Dilma em 2014, atual ministro Edinho Silva, da Comunicaçãos, além do ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercandante, por sua campanha ao governo de São Paulo em 2010, e do senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, também pela campanha de 2010 que o levou ao Congresso.
UM NOVO TOFFOLI
Além da mudança de postura de Janot,  também causou forte impacto o aparecimento de uma nova versão do ministro Dias Toffoli, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que vai decidir em breve quem ficará no poder. As opções do TSE são Dilma Rousseff, Michel Temer, Aécio Neves ou um novo presidente a ser eleito diretamente, se Dilma e Temer caírem juntos antes de completar dois anos de mandato, ou escolhido indiretamente pelo Congresso, se Dilma e Temer forem cassados já no terceiro ou quarto ano do mandato.
Na última sessão do TSE, a grande surpresa foi ver Toffoli defender ardorosamente a investigação das campanhas de Dilma, ao assinalar que a decisão de realizar esta apuração não é uma determinação isolada do ministro Gilmar Mendes. “Isto consta do acórdão do TSE e é uma determinação da Corte”, disse Toffoli, encerrando as discussões.
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA
É claro que essas novidades na política necessitam de tradução simultânea. Janot e Toffoli mudaram drasticamente de opinião, porque sabem que o governo Dilma já acabou e vai levar de roldão Lula e o PT. Portanto, não adianta mais tentar defender a honra de quem já está publicamente desonrado.
Ao mudar de postura, Janot tenta reconstruir sua biografia, que estava indo para a lata do lixo da História, enquanto Toffoli começa agora a escrever a biografia que ele nunca teve..
PS – Já ia esquecendo. Hoje tem sessão do Tribunal Superior Eleitoral.

8 de setembro de 2015
Carlos Newton

MERCADANTE ASSUME, DE FATO, O CARGO DE PRIMEIRO-MINISTRO



Mercadante deu entrevista defendendo seu próprio governo















Em entrevista a Valdo Cruz, Natuza Nery e Marina Dias, Folha de São Paulo, edição de domingo, o chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante assumiu de fato o cargo de primeiro-ministro do governo Dilma Rousseff. Ao reconhecer erros na condução da economia e defender as posições de Joaquim Levy e Michel Temer, agiu claramente como um chefe de governo num regime parlamentarista. Chegou a afirmar que o Executivo precisa de tempo para resolver a crise e reconheceu que a gestão de Dilma Rousseff foi além do que podia na política anticíclica. O que é política anticíclica?
Na opinião de Aloizio Mercadante, é aquela que foi adotada no primeiro mandato da atual presidente da república para conter os efeitos negativos de uma retração econômica mundial cujos reflexos se fizeram sentir no Brasil. Nesse ponto, o chefe da Casa Civil critica diretamente a desoneração de impostos no esforço, segundo ele, de manter os investimentos e também os gastos públicos.
Como se vê, Mercadante praticou uma autocrítica na medida em que destacou o que ele considera equívocos da administração da qual fez parte de 2011 a janeiro de 2015 e continua integrando agora no Palácio do Planalto. “Isso – acrescentou – impactou muito as finanças públicas. Fomos além do que podíamos”, recorrendo ao plural, o que dá ensejo a supor que ele se inclui, pela linguagem exposta no esquema do exercício do poder.
PÓLO DESENVOLVIMENTISTA
O ministro admitiu  que existe um debate entre os ministro Joaquim Levy e Nelson Barbosa. Para suavizar a frase,acrescentou outra em sequência: no governo de FHC, talvez o polo desenvolvimentista tenha ficado muito minoritário. A sabedoria é equilibrar. Portanto, referiu-se diretamente a uma posição que atribuiu a Dilma Rousseff no sentido de estabilizar o debate entre os titulares da Fazenda e do Planejamento.
Diante da pergunta de Valdo Cruz, Natuza Nery e Marina Dias sobre o fato do mercado econômico temer a queda de Joaquim Levy, Mercadante afirmou: a presidente deixou claro que Levy faz parte do time e tem dado imensa contribuição. Cuida das finanças com o mesmo rigor com que cuida de suas filhas. A comparação, a meu ver, encontra-se fora do contexto, já que uma coisa é a vida familiar outra a administração pública.
Na administração pública, há que harmonizar fortes divergências impulsionadas pela força natural dos interesses que se voltam constantemente para direções diversas. Por isso é que governar é uma tarefa extremamente difícil e requer uma unidade de ação em torno de objetivos comuns e claros, sobretudo voltados para os interesses do país.
IMPOSTOS PROVISÓRIOS
Mercadante defendeu ainda, na linha assumida por Joaquim Levy a necessidade de aumentar impostos provisoriamente. Mas todos nós sabemos que imposto provisório tende a se tornar permanente, basta lembrar que a CPMF, instituída em 96 somente foi abolida em 2006, durou assim uma década.
O chefe da Casa Civil, assumindo simultaneamente, além da posição econômica também uma posição política, defendeu a afirmação de Michel Temer de que o governo não suporta três anos com uma popularidade tão baixa como na qual se encontra. Foi uma frase fora de seu contexto, disse Mercadante.
Relativamente à iniciativa de Fernando Henrique Cardoso sugerir a renúncia de Dilma Rousseff, o chefe da Casa Civil assumiu um roteiro escapista, afirmando que o ex-presidente não foi bem compreendido. E surpreendentemente disse que tanto Michel Temer quanto FHC são pessoas importantes na crise para manter a governabilidade através da interlocução que por sua vez leva a um clima de estabilidade de que o país precisa. E completou: “FHC afirmou não ser hora de dialogar. Mas isso passa rápido. Pela história dele (FHC) acho que voltaremos a dialogar”.
O ministro-chefe da Casa Civil, ao assumir sua nova posição fixou, para citar a atual novela da globo, a regra do jogo. A regra do jogo segundo sua interpretação.

8 de setembro de 2015
Pedro do Coutto

O PATO E A GALINHA, NO MAR MEDITERRÂNEO


É preciso entender de quem é a culpa desta situação
Embora não o admita – principalmente os países que participaram diretamente dessa sangrenta imbecilidade – a Europa de hoje, nunca antes sitiada por tantos estrangeiros, desde pelo menos os tempos da queda de Roma e das invasões bárbaras, não está colhendo mais do que plantou, ao secundar a política norte-americana de intervenção, no Oriente Médio e no Norte da África.
Não tivesse ajudado a invadir, destruir, vilipendiar, países como o Iraque, a Líbia, e a Síria; não tivesse equipado, com armas e veículos, por meio de suas agências de espionagem, os terroristas que deram origem ao Estado Islâmico, para que estes combatessem Kadafi e Bashar Al Assad, não tivesse ajudado a criar o gigantesco engodo da Primavera Árabe, prometendo paz, liberdade e prosperidade a quem depois só se deu fome, destruição e guerra, estupros, doenças e morte nas areias do deserto, entre as pedras das montanhas, no profundo e escuro túmulo das águas do Mediterrâneo, a Europa não estaria, agora, às voltas com a maior crise humanitária deste século, só comparável, na história recente, aos grandes deslocamentos humanos que ocorreram no fim da Segunda Guerra Mundial.
Lépidos e fagueiros, os Estados Unidos, os maiores responsáveis pela situação, sequer cogitam receber – e nisso deveriam estar sendo cobrados pelos europeus – parte das centenas de milhares de refugiados que criaram, com sua desastrada e estúpida doutrina de “guerra ao terror”, de substituir, paradoxalmente, governos estáveis por terroristas, inaugurada pelo “pequeno” Bush, depois do controvertido atentado às Torres Gêmeas.
ELES CONTINUAM CHEGANDO…
Depois que os imigrantes forem distribuídos, e se incrustarem, em guetos, ou forem – ao menos parte deles – integrados, em longo e doloroso processo, que deverá durar décadas, aos países que os acolherem, a Europa nunca mais será a mesma.
Por enquanto, continuarão chegando à suas fronteiras, desembarcando em suas praias, invadindo seus trens, escalando suas montanhas, todas as semanas, milhares de pessoas, que, cavando buracos, e enfrentando jatos de água, cassetetes e gás lacrimogêneo, não tendo mais bagagem que o seu sangue e o seu futuro, reunidos nos corpos de seus filhos, irão cobrar seu quinhão de esperança e de destino, e a sua parte da primavera, de um continente privilegiado, que para chegar aonde chegou, fartou-se de explorar as mais variadas regiões do mundo.
É cedo para dizer quais serão as consequências do Grande Êxodo. Pessoalmente, vemos toda miscigenação como bem-vinda, uma injeção de sangue novo em um continente conservador, demograficamente moribundo, e envelhecido.
Mas é difícil acreditar que uma nova Europa homogênea, solidária, universal e próspera, emergirá no futuro de tudo isso, quando os novos imigrantes chegam em momento de grande ascensão da extrema-direita e do fascismo, e neonazistas cercam e incendeiam, latindo urros hitleristas, abrigos com mulheres e crianças.
E SE APOSTASSEM NA PAZ?
Se, no lugar de seguir os EUA, em sua política imperial em países agora devastados, como a Líbia e a Síria, ou sob disfarçadas ditaduras, como o Egito, a Europa tivesse aplicado o que gastou em armas no Norte da África e em lugares como o Afeganistão, investindo em fábricas nesses mesmos países ou em linhas de crédito que pudessem gerar empregos para os africanos antes que eles precisassem se lançar, desesperadamente, à travessia do Mediterrâneo, apostando na paz e não na guerra, o velho continente não estaria enfrentando os problemas que encara agora, o mar que o banha ao sul não estaria coalhado de cadáveres, e não existiria o Estado Islâmico.
Que isso sirva de lição a uma União Europeia que insiste, por meio da OTAN e nos foros multilaterais, em continuar sendo tropa auxiliar dos EUA na guerra e na diplomacia, para que os mesmos erros que se cometeram ao sul, não se repitam ao Leste, com o estímulo a um conflito com a Rússia pela Ucrânia, que pode provocar um novo êxodo maciço em uma segunda frente migratória, que irá multiplicar os problemas, o caos e os desafios que está enfrentando agora.
As desventuras das autoridades europeias, e o caos humanitário que se instala em suas cidades, em lugares como a Estação Keleti Pu, em Budapeste, e a entrada do Eurotúnel, na França, mostram que a História não tolera equívocos, principalmente quando estes se baseiam no preconceito e na arrogância, cobrando rapidamente a fatura daqueles que os cometeram.
Galinha que acompanha pato acaba morrendo afogada. É isso que Bruxelas e a UE precisam aprender com relação a Washington e aos EUA.

8 de setembro de 2015
Mauro Santayana
(Jornal do Brasil)