"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O BICHO TÁ SOLTO!

OPOSIÇÃO CRITICA JANOT POR NÃO DENUNCIAR DINHEIRO SUJO NA CAMPANHA DE DILMA

ELE TENTA LIVRAR A PRESIDENTE QUE O INDICOU AO CARGO NA PGR




Líderes dos partidos de oposição na Câmara dos Deputados divulgaram nota criticando a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinando o arquivamento do pedido de investigação das contas da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), apesar de o próprio Ministério Público Federal haver constatado, por meio de provas e de depoimentos sob delação premiada, que dinheiro roubado da Petrobras foi utilizado na campanha petista. Dilma indicou Janot para continuar no cargo. Ele somente anunciou sua decisão depois de ter sido aprovado pelo Senado, na última semana.

A nota das oposições é assinada pelos deputados Rubens Bueno (PPS-PR), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Arthur Maia (PSD-SP) e Mendonça Filho (DEM-PE), lideres dos seus respectivos partidos na Câmara. Eles lembram os fortes indícios de irregularidades nas contas e acusam o despacho do chefe da PGR de pretender "dar lições" ao Tribunal Superior Eleieoral (TSE) e às oposições.

Na nota, os parlamentares advertem que a "pacificação social", mencionada pelo procurador em seu despacho, "só virá quando não pairarem dúvidas sobre os métodos utilizados pelos candidatos para vencer eleições, sobretudo quando um dos concorrentes, no caso a presidente Dilma, ter anunciado, um ano antes do início do processo eleitoral, que eles poderiam “fazer o diabo quando é hora de eleição”.

Eis a nota, na íntegra:

“Causou grande estranheza nas Oposições os termos da decisão assinada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinando o arquivamento do pedido de investigação referente às contas da campanha da presidente da República, Dilma Rousseff.

Não obstante os fortes indícios de irregularidades apontados, o despacho do procurador parece querer dar lições ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e às Oposições.

No processo eleitoral, eleitores, partidos, Justiça Eleitoral e Procuradoria têm papéis distintos e complementares e é fundamental que todos cumpram o que lhes cabe, com equilíbrio e isenção. "Inconveniente" seria se não o fizessem.

Acreditamos, da mesma forma, que a "pacificação social", aludida pelo procurador, só virá quando não pairarem dúvidas sobre os métodos utilizados pelos candidatos para vencer eleições, sobretudo quando um dos concorrentes, no caso a presidente Dilma, ter anunciado, um ano antes do início do processo eleitoral, que eles poderiam “fazer o diabo quando é hora de eleição”.

O voto, como disse corretamente o ministro Joao Otávio de Noronha, do TSE, garante a presunção da legitimidade, que só será confirmada quando da decisão final da Justiça Eleitoral.

O TSE já formou maioria para investigar as graves denúncias de ilícitos, alguns deles apontados não pelas Oposições, mas por colaboradores no bojo da Operação Lava Jato, que vem tendo como justo "protagonista" exatamente o Ministério Público Federal, o que justificaria ainda mais o avanço das investigações.

Continuaremos aguardando e confiando na imparcialidade da Procuradoria-Geral da República para que ela continue cumprindo, como vem fazendo, o papel de guardiã dos interesses da sociedade.”


31 de agosto de 2015
diário do poder
in movcc

EXCLUSIVO: "JANOT ATUA COMO ADVOGADO DE DILMA" - DIZ GILMAR MENDES




O ANTAGONISTA

O ministro Gilmar Mendes falou ao Antagonista agora à noite. Ele está indignado com o arquivamento do caso da gráfica fantasma e acha que Rodrigo Janot se desviou da função de chefe do Ministério Público. "Janot deve cuidar da Procuradoria Geral da República e não atuar como advogado da presidente Dilma".

Para o ministro, o caso continua a merecer investigação. "A VTPB recebeu R$ 23 milhões, mas não tem funcionários nem equipamento. Pode haver outros crimes, inclusive fiscais e previdenciários. Houve fraude dentro da campanha".

Gilmar Mendes diz que Janot extrapolou na função de procurador -


Leia mais aqui

31 DE AGOSTO DE 2015
MOVCC

MAS QUE DROGA, MINISTRO!


É manifestamente um problema não haver, entre os 11 ministros, um único conservador. Como é possível faltar contraponto aos ditos "progressistas"?

A descriminalização da posse de pequenas quantidades de drogas me parece mais um assunto de aritmética elementar: a soma das pequenas frações em que se divide um todo é exatamente igual ao todo. Além de ser entendida como liberação e estimular o consumo, a descriminalização vai ampliar o exército dos pequenos traficantes que trabalharão comercializando porções menores.
Interessado no tema, assisti, pela TV, à sessão do STF que iria deliberar sobre a inconstitucionalidade do art. 28 da Lei de Drogas. Após o voto de Gilmar Mendes, favorável à descriminalização, um pedido de vistas sustou o julgamento. Enquanto ouvia o ministro, na condição de relator, falar em "interferência no direito de construção da personalidade dos usuários" e em "uma conduta que, se tanto, implica apenas autolesão", caiu-me a ficha: naquele plenário, não há um único magistrado - umzinho sequer! - que se possa identificar como conservador, ou seja, que reflita os valores compartilhados pela maioria da sociedade.
Não estou defendendo, aqui, cadeia para portadores de pequenas quantidades, mas a manutenção do tipo penal, com aplicação das sanções alternativas já previstas. Tampouco estou afirmando que os ministros devem pensar como eu em questões referentes a costumes e valores. Se nem os parlamentos devem estar constritos a uma regra de representação proporcional compulsória das opiniões manifestas na sociedade, menos ainda estará o STF.
Não obstante, é manifestamente um problema não haver, entre os 11 ministros, um único conservador. Como é possível faltar contraponto aos ditos "progressistas"? Não raro, a apresentação do contraponto fica por exclusiva conta de quem defende o ponto. É o que acontece quando, ao emitir seu voto, o julgador analisa o contraditório, afirmando que se pode antepor tais e tais argumentos ao que ele está sustentando, mas que esses argumentos não se aplicam em virtude de tais e quais razões. Assistindo isso, sinto falta de quem diga: "Pode deixar, excelência, que minha posição defendo eu". Mas não há quem o diga, nem quem defenda tal posição. Ao menos não em igualdade hierárquica, nem com direito a voto.

Haverá quem se escandalize com este texto. Existem pessoas que veem com muita naturalidade magistrados garantistas soltando bandidos, ministros do STF inegavelmente partidários, socialistas, marxistas, ateus, agnósticos, "progressistas", politicamente corretos ou sejam lá o que forem. Mas conservadores? Conservadores não, que absurdo! Com posições econômicas liberais? Também não, imagina! E assim, os 11 vão tornando a política e o pluralismo um luxo ocioso, levando o país para onde apontam seus narizes.

31 de agosto de 2015
Percival Puggina

O PIXULULA

Charge O Tempo 31/08



31 DE AGUSTO DE 2015

DILMA NO TEATRO DO ABSURDO

RIO - Quando Dilma assumiu pela segunda vez, alguns analistas afirmaram que enfrentaria uma tempestade perfeita, tal a configuração de fatores negativos que a cercavam. Esses analistas não contavam ainda com a desaceleração chinesa nem com a tempestade das tempestades: o El Niño, que deve ser intenso este ano. Hoje, é possível dizer que Dilma enfrenta uma tempestade mais que perfeita. Além dos fatores habituais, economia e política, ela terá de se preparar para grandes queimadas no Norte e inundações no Sul do Brasil.

Como deputado, trabalhei no tema El Niño em 1998. Não se consegue impedir as consequências do aquecimento do Pacífico Sul. Com alguma preparação adequada é possível atenuá-las. Usando a velha tática petista, quando o El Niño chegar, o governo vai sair gritando: “toma que o filho é teu”.
Ela decidiu agora que seu próprio secretario pessoal será o articulador político. Isso me lembra uma peça de Harold Pinter: dois andarilhos entram numa cozinha de restaurante e, de repente, começam a surgir pedidos de pratos suculentos. Na magra mochila de viagem, tentam achar algo que possa pelo menos atenuar a pressão dos pedidos.

Dilma está tirando da sua mochila um secretário pessoal para ser a interface com as raposas do Congresso. Certamente vão devorá-lo, com o mesmo apetite dos índios que comeram o bispo Dom Pero Sardinha no litoral brasileiro. Dilma e o PT estão fazendo um aprendizado doloroso com as palavras. Em certos momentos criam uma nova língua; em outros, limitam-se a cortar as frases a machadadas. Dizem, por exemplo: “nunca um governo investigou tanto a corrupção”. Mas hesitam horrorizados diante da conclusão lógica: descobrimos que somos nós os culpados.

Pela primeira vez, Dilma mencionou o assalto à Petrobras, lamentando o envolvimento de algumas pessoas do PT. O tesoureiro do partido está preso. Tantos anos de assalto. Dilma custou a reconhecê-lo. Meses depois, está desapontada porque havia gente do PT. Não sei o que é pior: fingir que não viu ou levar tanto tempo para descobrir.

Dilma disse que não pode garantir que 2016 será maravilhoso. Claro que não pode. Primeiro porque os fatos econômicos apontam para um ano difícil. Segundo, porque em 2016 ninguém sabe onde ela estará. “Demorei a me dar conta da gravidade da crise”, disse ela. Era um governo de idiotas ou de mistificadores? Como não se dar conta de uma realidade ululante?

Valeria entrevistar agora aquela assessora do Santander que descreveu a crise. Perseguida pela campanha de Dilma e pelo próprio governo, acabou sendo demitida pelo banco. Como será que ela reagiu à desculpa esfarrapada? Naquele momento, Dilma não apenas demorava a se dar conta da crise. Considerava descrevê-la como um ato de terrorismo eleitoral.

Dilma recusou-se a reduzir ministérios. Agora, aparece um ministro dizendo que vão cortar dez, mas não menciona quais nem quando. O discurso do governo é apenas cascata. A própria Dilma é uma cascata, inventada por Lula. Dirigiu o setor de energia no Brasil, com fama de gerentona. Deu quase tudo errado, do preço da conta de luz à ruína da Petrobras.

Essa história de coração valente é um mito destinado a proteger a roubalheira de agora com o manto de uma luta pretérita. É uma versão atenuada dos braços erguidos de Dirceu ao ser preso pela primeira vez. Há varias razões para se respeitar o passado. Uma delas é realçar a necessidade da luta contra o governo militar, reconhecendo, no entanto, na luta armada um equivoco histórico. E no seu objetivo estratégico, a ditadura do proletariado, uma aberração que os tempos modernos desnudaram com absoluta nitidez.

Como um personagem do teatro do absurdo, Dilma vai continuar buscando na mochila vazia respostas patéticas para as demandas complexas que o momento coloca.
Muita gente acha que não há motivo para impeachment. Mas o Ministro Gilmar Mendes, pelo menos ele, teve o cuidado de examinar as irregularidades de campanha e propor um cruzamento com os dados da Lava-Jato.

O Brasil é dirigido por um governo que transformou a política numa delinquência institucional. 
O país acaba de descobrir o maior escândalo de corrupção da História. Gilmar Mendes apenas colocou o ovo de pé: houve um grande escândalo de corrupção que beneficiou o PT. Dilma fez uma campanha milionária. Depoimentos do Petrolão indicam que o dinheiro foi para a campanha. Empresas fantasmas já apareceram. Por que não investigar o elo entre a campanha de Dilma e as revelações da Lava-Jato?

Não se trata de ser contra ou a favor. Trata-se apenas de não sentar nos fatos, Como velho jornalista, sei que os fatos são como baioneta: sentando neles, espetam.

31 de agosto de 2015
Fernando Gabeira

UM PETESCOPATA A SOLTA

Defensor de Dilma e Lula ameaça manifestantes antigovernistas com uma faca e diz que pretende enfiá-la na barriga dos adversários e “subir até o sovaco”


Não será difícil à Polícia identificar quem é esse sujeito. Ele tem explicações a dar. Diz publicar habitualmente vídeos na rede. Obviamente, ele tem o direito de pensar o que quiser — inclusive afirmar que o Brasil não está em crise. Mas não tem o direito de ameaçar ninguém.

Os petistas estão perdendo a medida. Já afirmei aqui que suas lideranças nacionais estão fazendo pronunciamentos absolutamente irresponsáveis sobre as manifestações de protesto contra o governo Dilma, que se inserem na mais pura e rotineira normalidade democrática. Até o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi obrigado a reconhecê-lo.

Ora, à medida que os petistas classificam de “golpe” o que faz parte da cultura democrática — ou o PT não se construiu também nas ruas, de protesto em protesto? —, estimulam comportamentos e ameaças como o deste cidadão. Assistam ao vídeo




Ele pode ser apenas um bravateiro, um faroleiro, um tolo? Pode, sim. Mas também pode ser mais do que isso. Imaginem se fosse o contrário: imaginem se um manifestante anti-Dilma e anti-PT se referisse nesses termos a seus adversários, àqueles que vão às ruas defender o governo e o partido. Não só a imprensa faria um escarcéu como o Ministério da Justiça logo se manifestaria.

A ameaça está feita. É claro que os defensores do governo Dilma deram um passo perigoso quando compareceram a uma manifestação de protesto, com um arma branca, para atacar o boneco Pixuleko. Isso aconteceu na sexta.

No domingo, mais uma vez, um grupo resolveu interromper a manifestação, provocando um confronto físico com os defensores do impeachment. É evidente que esse é um mau caminho.

Não será difícil à Polícia identificar quem é esse sujeito. Ele tem explicações a dar. Diz publicar habitualmente vídeos na rede. Obviamente, ele tem o direito de pensar o que quiser — inclusive afirmar que o Brasil não está em crise. Mas não tem o direito de ameaçar ninguém.

Notem que ele recorre aos termos propostos pelo presidente da CUT, Vagner Freitas, em solenidade no Palácio do Planalto, quando este líder sindical pregou a luta armada, e a presidente Dilma silenciou a respeito, o que a tornou cúmplice da incitação à violência.



31 de agosto de 2015
Reinaldo Azevedo, Veja online

APÓS MOROENVIAR DOCS AO STF, GOVERNO RECUA NA NOMEAÇÃO DE PAULO BERNARDO PARA ITAIPU

Paulo Bernardo - Gleisi Hoffmann
As coisas seguem péssimas para o Casal 20” do PT paranaense. Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, ambos ex-ministros de Dilma, sofreram revés político (e jurídico) há alguns dias quando o juiz Sérgio Moro determinou a remessa de documentos ao Supremo. O material teria indícios que recaem sobre os dois petistas.
Depois disso, o governo recua na nomeação de PB para a direção-geral da Itaipu Binacional. Aliás, cumpre lembrar que Vaccari, ex-tesoureiro do PT e atualmente preso também na Lava Jato, era da direção da mesma Itaipu – e só foi afastado porque ele próprio pediu, não por iniciativa da Dilma.
Sim, a coisa às vezes é ainda mais lamentável do que se imagina.
31 de agosto de 2015

    implicante

    PARA TENTAR COBRIR ROMBO, GOVERNO AUMENTARÁ IMPOSTO DE BEBIDAS E SMARTPHONES

    Foto: Evaristo Sá/AFP
    Foto: Evaristo Sá/AFP

    A medida foi anunciada há pouco, junto ao Orçamento que chegou ao congresso já “arrombado”. Para tentar cobrir o buraco, o custo recairá sobre quem paga impostos sobre bebidas (vinhos e destilados) e celulares smartphones. Vêm aí aumento de impostos.
    O governo é incompetente, há escândalos bilionários de corrupção, mas obviamente nós que pagaremos a fatura, como sempre. Resta saber se somente esse aumento tributário bastará. Porque o rombo é grande.

    31 de agosto de 2015
    implicante

    COMO O PT USA A MÁQUINA PÚBLICA PARA EVITAR A QUEDA DE DILMA

    Dilma-Rousseff---Lula
    O clamor popular pelo impeachment ganha contornos reais em 23 de outubro de 2014. É nesta data que a Veja antecipa a capa que publicaria no fim de semana e revela que, segundo depoimento de Alberto Youssef, tanto Dilma quanto Lula estavam cientes dos absurdos que vinham ocorrendo na Petrobras. O Google Trends identifica bem esse levante que encontra seu auge 4 dias depois, ou a segunda-feira seguinte à reeleição da presidente.
    A resposta do governo veio em menos de 24 horas. No último programa eleitoral da campanha, Dilma promete acionar, contra a publicação, a “justiça livre” do Brasil pela notícia hoje já confirmada até mesmo na CPI da Petrobras. Mas essas foram apenas mais duas promessas não cumpridas pela presidente reeleita. Porque não processou a Veja. E, como poderá ser observado nos próximos parágrafos, a justiça brasileira está hoje longe de ser considerada livre.
    Screen Shot 2015-08-30 at 9.36.59 PM
    Para efeito de uma melhor compreensão, a sequência dos fatos será organizada em tópicos. Mas tais fatos serão narrados sempre respondendo à cronologia dos acontecimentos, que difere por vezes da cronologia das notícias referenciadas. Nestes tópicos, será possível observar como há toda uma máquina pública disposta a proteger o mandato de Dilma via TCU, STJ, STF, TSE, Senado ou até mesmo Ministério Público. Tudo sob a complacência da imprensa, que corriqueiramente se deixa usar como assessoria das personalidades políticas mais poderosas do país.

    Os encontros secretos de Janot e Cardozo

    Quantas reuniões não agendadas entre o procurador-geral da república e o ministro da justiça ocorreram? Só Janot e Cardozo poderão responder. Mas a imprensa deixa escapar duas delas. A primeira ocorre em 22 de novembro de 2014 em Buenos Aires. Em 14 de fevereiro já de 2015, o Painel da Folha informa que Cardozo teve ao menos 3 encontros com advogados de réus da Lava Jato. Mais do que isso, informa que Cardozo “é o principal interlocutor de Rodrigo Janot, o procurador-geral, que dirige o órgão responsável por acusações na Justiça“. Nesse mesmo dia, Joaquim Barbosa pede a demissão do ministro da justiça – em vão.
    O segundo e mais polêmico encontro entre Cardozo e o procurado-geral da república ocorre na noite de 25 de fevereiro. O país aguardava de Janot apresentação da denúncia ao STF sobre os políticos envolvidos na Lava Jato. Em 4 de março, o Jornal Nacional noticia com exclusividade que Eduardo Cunha e Renan Calheiros seriam investigados. No dia seguinte, a imprensa já sabe também que Dilma, assim como Aécio, se safaram. No terceiro dia, nada menos que 21 parlamentares surgem na “lista de Janot”. Mas a presidente escapa ilesa do PGR mesmo com 11 citações no material levantado pelo time de Sérgio Moro em Curitiba.

    Os “bois de piranha” de Dilma

    Em 7 de março, Fernando Rodrigues narra a versão dos fatos segundo Renan Calheiros, até aquele dia um fiel aliado do PT. Nela, Dilma se frustra quando Janot confessa não ter encontrado nada substancial contra Aécio e resolve vazar para o Jornal Nacional o que se tem contra o presidente do senado e Eduardo Cunha. Por esta visão, a estratégia do Planalto parece clara: encontrar um “boi de piranha” que sofra o necessário – e correto – apuro judicial enquanto, por fora, escapam ilesos os aliados mais próximos.
    Em 4 de maio, o novo alvo de Janot parece bem nítido na reportagem do Jornal Nacional: Eduardo Cunha. Em 16 de julho, sob pressão do PGR, Julio Camargo muda o depoimento que havia dado e deixa bem claro o envolvimento do presidente da Câmara com a roubalheira na Petrobras. Na mesma data, Alberto Youssef diz ter sofrido ameaças de um “pau mandado” de Cunha, que no dia seguinte passa a se declarar oposição a Dilma. Em 30 de julho, a já ex-advogada de Julio Camargo diz ao Jornal Nacional que abandonou a carreira no Brasil graças a ameaças vindas da CPI da Petrobras.

    O acordão com Renan Calheiros

    Agosto traz o colunismo político brasileiro afirmando que, com o clima fervendo junto à presidência da câmara, o governo tentaria reverter a crise pelo Senado. Em 6 de agosto, Dilma e Renan Calheiros conversam reservadamente.  Dois dias depois, a presidente se reúne com Janot. Depois destes encontros, toda uma sequência de notícias surge favorecendo o governo.
    Em 10 de agosto, o presidente do senado rechaça a ideia de impeachment. Era 13 de agosto quando Janot arquiva pedido de Gilmar Mendes para investigar a gráfica VTPB, suspeita de emitir notas fiscais frias para a campanha de Dilma em 2014. No dia seguinte, apadrinhandos de Renan no TCU manobram para aliviar a culpa da presidente pelas pedaladas fiscais. Vinte e quatro horas depois, Rousseff ignora a tradição, indica o segundo nome da lista tríplice recebida – essa história será melhor explicada na segunda metade deste artigo – e favorece um apadrinhado de Calheiros no STJ. Mas o principal ocorreria três dias depois, em 20 de agosto…

    A “prova dos 9” do acordão

    Por tudo o que ocorrera na semana anterior, o noticiário político passou a especular que Janot havia feito um acordo com Dilma e Renan de forma a não apresentar denúncia contra o presidente do Senado – desde que este voltasse a trabalhar em sintonia com os interesses do Planalto, o que já parecia bem nítido nas principais manchetes do país. Caso Cunha fosse denunciado pelo PGR, mas nada fosse apresentado contra Calheiros, as suspeitas sobre o “acordão” chegariam a níveis de “quase certeza”.
    No domingo, 16 de agosto, o Brasil vive a segunda maior manifestação política de sua história. No dia seguinte, FHC tenta unificar o PSDB em torno da queda de Dilma. Naquela mesma tarde, Renan Calheiros teve um rápido encontro com Janot. Algo bem diferente do que ocorreria logo mais à noite, quando o PGR conversaria por 90 minutos com Cardozo.
    Na quinta, 20 de agosto, toda a militância petista vai à rua aos gritos de “fora, Cunha“. No ponto alto das manifestações, surge na imprensa a notícia de que Janot havia partido com tudo para cima de Collor e Cunha. Para o presidente da Câmara, por exemplo, foram pedidos multa de 80 milhões de dólares e 184 anos de cadeia.
    Mas nada veio a ser apresentado pela Produradoria-Geral da República contra Renan Calheiros, presidente do Senado.

    Recondução

    Dos 27 nomes com voto para aprovar Janot por mais 2 anos no cargo de procurador-geral da república, apenas um disse-lhe não ao término da sabatina. Provalmente Fernando Collor de Mello, o único a exigir algum esforço do sabatinado ao apresentar um punhado de denúncias e documentos que supostamente provavam que o candidato mentira naquele 26 de agosto. Se havia algum sentido nas acusações, a imprensa não se empenhou em apurar, mas apenas noticiar que o PGR não só negara tudo, como concluira a tréplica com frases de efeito.
    Naquela mesma noite, Janot seria reconduzido ao cargo pelo Senado com 59 votos a favor, 12 contra e 1 abstenção. Coincidência ou não, há 13 senadores – em tese – sendo investigados pelo PGR.

    Mensalão x Petrolão

    É um PGR quem, em 2006, denuncia 40 nomes por envolvimento com o Mensalão, mas nada apresenta contra o então presidente, Lula.
    É um PGR quem, em 2011, não só entrega a Joaquim Barbosa um material sem provas contra José Dirceu, mas dá tempo à defesa ao tardiamente fazer 12 pedidos de diligências, atrasando assim o trabalho do relator do caso.
    É um ex-PGR, hoje na condição de advogado de Eduardo Cunha, quem está no time que acusa Janot, o atual PGR, de agir a serviço da Presidência da República.
    Em 2014, durante a campanha pela reeleição, Dilma chega a dizer em horário nobre da Globo que FHC tinha um “engavetador-geral da república“. Em outras palavras, era uma presidente da república acusando o MPF de ter passado ao menos 8 anos agindo em conluio com o Planalto.
    O Ministério Público Federal nunca rebateu as acusações de Dilma.

    * * *
    31 de agosto de 2015Marlos Ápyus . 

    Referências utilizadas

    1. Câmara Notícias
      Ministério Público denuncia 40 envolvidos com mensalão
      11 de abril de 2006
    2. Estadão
      As operações aritméticas do ministro Joaquim Barbosa
      28 de fevereiro de 2014
    3. Jornal Nacional
      Dilma Rousseff é entrevistada no Jornal Nacional
      18 de agosto de 2014
    4. Veja
      Dilma e Lula sabiam de tudo, diz Alberto Youssef à PF
      23 de outubro de 2014
    5. O Globo
      Dilma diz que ‘Veja e seus cúmplices’ terão de responder na Justiça por reportagem
      24 de outubro de 2014
    6. Folha de S.Paulo
      Cardozo e Janot tiveram reunião secreta no exterior
      22 de novembro 2014
    7. Folha de S.Paulo
      Ministro da Justiça teve 3 encontros com advogados de réus da Lava Jato
      14 de fevereiro de 2015
    8. Terra
      Joaquim Barbosa pede demissão do Ministro da Justiça
      14 de fevereiro de 2015
    9. Folha de S.Paulo
      Janot se reúne com Cardozo às vésperas de denunciar políticos ao STF
      25 de fevereiro de 2015
    10. G1
      JN confirma Renan e Cunha em lista de citados da Operação Lava Jato
      04 de março de 2015
    11. Folha de S.Paulo
      Janot descarta investigação de menções a Dilma e Aécio
      05 de março de 2015
    12. Época
      Operação Lava Jato: Os nomes da lista de Janot enviada ao STF
      06 de março de 2015
    13. Folha de S.Paulo
      Dilma foi citada 11 vezes nos depoimentos de delatores da Lava Jato
      06 de março de 2015
    14. Fernando Rodrigues
      Dilma queria muitos na lista de Janot, desde que tivesse Aécio, diz Renan
      07 de março de 2015
    15. G1
      Janot diz que há ‘elementos muito fortes’ para investigar Eduardo Cunha
      04 de maio de 2015
    16. Folha de S.PauloA guinada do delator
      16 de julho de 2015
    17. G1
      Youssef diz sofrer intimidação de ‘pau mandado de Cunha’ em CPI
      16 de julho 2015
    18. Época
      Delator foi obrigado por Janot a mentir, acusa Eduardo Cunha
      16 de julho de 2015
    19. G1Advogada diz que encerrou carreira devido a ameaças de membros da CPI
      30 de julho de 2015
    20. Josias de SouzaRenan amaciou com governo depois de conversar reservadamente com Dilma
      06 de agosto de 2015
    21. Reuters BrasilDilma se reúne com Janot para avisar que indicará procurador para mais 2 anos no cargo
      08 de agosto de 2015
    22. O GloboPriorizar votação das contas de Dilma é colocar fogo no Brasil, diz Renan Calheiros
      10 de agosto de 2015
    23. G1
      Janot não vê irregularidade em serviço de gráfica para campanha de Dilma
      13 de agosto de 2015
    24. O GloboManobra no TCU pode rever decisão sobre ‘pedaladas’ e aliviar julgamento das contas de Dilma
      14 de agosto 2015
    25. Época16 de agosto: as manifestações pelo Brasil
      16 de agosto de 2015
    26. Folha de S.PauloCom apoio de Renan, Dilma indica Marcelo Navarro para o STJ
      17 de agosto de 2015
    27. EstadãoFHC sugere renúncia como ‘gesto de grandeza’ para Dilma
      17 de agosto de 2015
    28. EstadãoApós se encontrar com Janot, Renan diz que sabatina de PGR será na semana que vem
      17 de agosto de 2015
    29. Folha de S.Paulo
      Peemedebistas pressionam Temer a deixar articulação política do governo
      17 de agosto de 2015
    30. Estadão
      Movimentos sociais miram em peemedebista
      20 de agosto de 2015
    31. Estadão
      Janot denuncia Eduardo Cunha por corrupção e lavagem de dinheiro
      20 de agosto de 2015
    32. Valor
      Procuradoria pede 184 anos de prisão para Eduardo Cunha
      20 de agosto de 2015
    33. G1Collor faz acusações em sabatina contra a gestão de Janot na PGR
      26 de agosto de 2015
    34. Estadão
      Pau que dá em Chico, dá em Francisco, diz Janot a Collor
      26 de agosto de 2015
    35. G1Senado aprova recondução de Janot para mais dois anos à frente da PGR
      26 de agosto de 2015
    36. Estadão
      Youssef reafirma que Dilma e Lula sabiam de esquema na Petrobras