"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 18 de agosto de 2013

A MESMICE, O BALCÃO DE TROCAS E O IMPONDERÁVEL

 

Um sentimento de mesmice invade a alma nacional. A luta política, que se trava na arena do processo sucessório muito antecipado, é a teatralização de uma velha guerra que exibe perfis já conhecidos, bordões gastos e quase nenhum elemento de diferenciação.

Para se ter uma ideia, o slogan central das principais pré-candidaturas está centrado na “fazeção”: fazer mais e melhor. Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o governador Eduardo Campos trabalham nessa direção discursiva.

O repertório de denúncias começa a ser reaberto, a lembrar, com mais de ano de antecedência, as conhecidas querelas entre o principal partido da situação, o PT, e o principal partido da oposição, o PSDB. Mensalão contra Trensalão.

Ao contrário do que seria de esperar, a sociedade parece esgotada. Não se anima com esta bateria de denúncias recíprocas. Há uma razão para tanto: a repetição cansativa de escândalos embrutece a sensibilidade, como se uma pesada camada de chumbo passasse a cobrir os nossos corpos.

O governo federal enfrenta contrariedade em sua própria base. É reativo, perdeu o comando da ação. A presidente ainda não se convenceu da necessidade de mudar o time que faz articulação política.

Os governadores mais se assemelham a dândis na escuridão. Aguardam, com expectativa, as pesquisas para saber se deverão continuar a surfar na onda governista ou a preparar o barco para novas travessias. Estão à mercê das pressões de suas populações.

Já os parlamentares, tanto deputados quanto senadores, esperam que a presidente mude seu comportamento ante o Parlamento. Hora de cobrar as emendas para as bases. É bem verdade que o balcão das trocas foi aberto, mas talvez a moeda sonante ainda seja escassa para enfrentar uma semana decisiva: a que vai decidir sobre a derrubada dos vetos presidenciais. Há quatro vetos que podem ser derrubados, o que significaria, nesse momento, mais uma tsunami de dissabores para a presidente Dilma.

A disputa sucessória antecipada dá o tom. Pré-candidatos correm atrás de apoio dos partidos, inclusive o tucano José Serra, que começa a por obstáculos no caminho do correligionário Aécio Neves, já consagrado como o nome tucano a entrar no páreo de 2014.

Fala-se de tudo e com todos. Mas conceitos e programas ficam a desejar. As oposições não encontraram rumo. Dilma, apesar da ojeriza que parece conservar sobre a classe política, continua como franca favorita, apesar de se saber que os opositores, hoje, somariam mais de 50% das intenções de voto. Ela teria algo como 40%. Segundo turno na certa.

Claro, se a disputa contar com Dilma, Aécio, Serra, Marina e Eduardo Campos. O que será difícil, levando-se em consideração que Lula ainda tem poder de influência sobre o governador pernambucano e Serra poderá recuar e vir a se candidatar a senador pelo PSDB. E não a presidente da República pelo PPS.

Procura-se um bode expiatório para a crise. Tucanos estão sob a mira do PT. Tudo vai depender dos resultados das investigações sobre o affaire dos trens. Que se espraia por algumas capitais do país, não se restringindo a São Paulo. Mas o governo federal também é foco das pressões.

O fato é que é refém de três ameaças que podem influenciar o processo eleitoral: o baixo crescimento do país, a volta da inflação e o cofre apertado para socorrer Estados e municípios.

Constata-se, ainda, que a tecnocracia é responsável pela imprevisibilidade e improvisação do Governo, pela departamentalização da eficácia econômica e pelo desprezo ao cinturão político.

As obras da Copa continuam atrasadas. As obras do PAC, essas, então, estão fora do calendário. Já na frente política, a articulação é frágil. Na esfera gerencial, portanto, aquilo que era mais forte e visível na índole da presidente – a capacidade gerencial – se esgarça.

Infelizmente, a eficiência e a eficácia organizacional são precárias e acabam prejudicando o manejo político e econômico. O resultado aí está: a baixa capacidade de governo, o que comprova a tese muito difundida de que os dirigentes latino-americanos, apesar de qualidades pessoais, têm dificuldades de lidar com a complexidade das máquinas.

A pior gestão é aquela que consome o capital político do governante sem alcançar os resultados anunciados e perseguidos e isso ocorre por mau manejo técnico.

Os políticos, por sua vez, aproveitam-se das circunstâncias para tirar proveito. A crise passa a ser oportunidade para aumentar o capital. E continuam a não ouvir o eco das ruas. Parecem anestesiados. Não sentem o cheiro de povo, não ouvem o grito rouco das ruas. Hibernam em densa e fria camada de gelo. E por que tanta insensibilidade? Por acharem que o povo esquecerá rapidamente suas demandas.

O fato é que a democracia representativa no Brasil vive aguda crise. Os quadros são velhos. A renovação se dá de maneira muito limitada. Os partidos, todos, se amalgamaram. Não há mais diferenciais entre as siglas, com exceção dos partidos que militam nos extremos do arco ideológico. Diante dessa moldura quebrada, o que fazer?

O olho social está vendo o nada. E a sociedade se distancia cada vez mais da política. No Judiciário, o clima é de guerra. Nunca se viu em toda a história do Poder Judiciário cena tão deprimente com as ásperas palavras trocadas entre o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, e seu colega Ricardo Lewandowski. Chamar um ministro da mais alta Corte do País de chicaneiro é a mais visível demonstração de que a lama toma conta de todos os espaços institucionais. Vamos aguardar os próximos acontecimentos. Muita água há de rolar carregando novas correntes.

Como rugiu Zaratustra, o profeta de Nietzsche: ”não apenas a razão dos milênios - também a sua loucura rompe em nós. É perigoso ser herdeiro. Ainda lutamos, passo a passo, com o gigante chamado acaso”. Nunca fomos tão cercados pela imponderabilidade. 2014 é um oceano de interrogações.

18 de agosto de 2013
Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação.

TV GLOBO

 
18 de agosto de 2013

DESCENDO REDONDO...


Fico triste quando usam a Internet para espalhar informações que não procedem! Enviaram-me hoje um e-mail dizendo que o sangue do nosso ex-presidente é do tipo A-peritivo, e o dos que votaram nele dele é do tipo O-tário.
É muita falta de ética passar esse tipo de coisa...
Temos que divulgar informações corretas!
O sangue do ex-presidente é do tipo B-bum e o dos eleitores, AB-estalhados.

Não esqueça:
A mentira tem perna curta, língua presa, barba branca e um dedo a menos...*
"BEBO PORQUE É LÍQUIDO, SE FOSSE SÓLIDO EU COMIA".
O OUTRO RENUNCIOU... MAS ESTE CONTINUA!
18 de agosto de 2013

DA RÚSSIA, COM TERROR

           
          Artigos - Movimento Revolucionário 
pacepaNota do tradutor: A crise no Egito é mais um passo da Irmandade Muçulmana rumo ao califado mundial, longamente planejado. Vale a pena recordar os ensinamentos de Ion Mihai Pacepa sobre a influência do comunismo no terrorismo islâmico. A entrevista abaixo, conduzida pelo editor Jamie Glazov, foi publicada no site do FrontPage Magazine em 1° de março de 2004, sob o título From Russia With Terror.

Ion Mihai Pacepa é um ex-general da Securitate, polícia secreta da Romênia comunista. Em 1978 pediu asilo político nos EUA, onde vive até hoje, sob identidade secreta. É o desertor de mais alta patente do Bloco Oriental. Escreveu diversos livros e artigos sobre os serviços de inteligência comunistas. O seu mais recente livro, lançado em junho, é Disinformation: Former Spy Chief Reveals Secret Strategy for Undermining Freedom, Attacking Religion, and Promoting Terrorism, em coautoria com Ronald Rychlak.
Segue a entrevista:

O convidado de hoje da FrontPage Interview é Ion Mihai Pacepa, ex-chefe do serviço de espionagem da Romênia comunista. Em 1987, ele publicou Red Horizons (Regnery Gateway), traduzido em 24 países. Em 1999, Pacepa escreveu The Black Book of the Securitate, o livro mais vendido na Romênia em todos os tempos. No momento, está finalizando um livro sobre as origens do anti-americanismo atual.

disinformationFrontpage Magazine: Bem-vindo à Frontpage Interview, Mr.Pacepa. Como ex-chefe da espionagem romena, que recebia ordens diretas da KGB soviética, o senhor obviamente sabe de muita coisa. O senhor escreveu sobre o fornecimento soviético de armas de destruição em massa (WMD - Weapon of Mass Destruction - armas de destruição em massa) para Saddam Hussein, e também sobre como o ensinaram a eliminar vestígios delas. Pode comentar este assunto e nos dizer sobre a sua ligação com as “WMD desaparecidas” no Iraque atualmente?

Pacepa: A memória política contemporânea parece ter sido convenientemente atingida por um tipo de doença de Alzheimer. Não faz muito tempo, todos os líderes ocidentais, começando pelo presidente Clinton, clamavam contra as WMD de Saddam Hussein. Agora, quase ninguém se lembra que, após ter desertado para a Jordânia em 1995, o general Hussein Kamel, genro de Saddam Hussein, nos ajudou a encontrar “mais de cem baús e caixas de metal” contendo documentação “relativa a todas as categorias de armas, inclusive nucleares”. Ele também ajudou a Comissão Especial das Nações Unidas (UNSCOM – United Nations Special Commission) a resgatar do rio Tigre peças de mísseis sofisticados proibidos no Iraque. Isto é exatamente o que o meu velho plano soviético “Sãrindar” dizia para ser feito em caso de
emergência: destruir as armas, esconder os equipamentos e preservar a documentação. Não é de admirar que Saddam Hussein tenha se apressado em atrair Kamel de volta para o Iraque, onde foi morto juntamente com cerca de 40 parentes três dias depois da chegada, ato descrito pela imprensa oficial de Bagdá como “administração espontânea de justiça tribal”. Isto feito, Saddam Hussein fechou a porta para qualquer outra inspeção da UNSCOM.


FP: Algum plano Sãrindar foi colocado em funcionamento?

Pacepa: Sem dúvida. A versão mais branda do plano Sãrindar foi feita por mim para Gaddafi, da Líbia. Assim que eu obtive asilo político nos EUA, Gaddafi encenou um incêndio em uma instalação secreta de armas químicas conhecida por mim (o porão sob o complexo químico de Rabta). Para garantir que os satélites da CIA captassem o incêndio e riscassem aquele alvo da sua lista, ele criou uma imensa nuvem de fumaça preta queimando cargas de pneus e pintando marcas de incêndio na instalação. Este procedimento está descrito no plano Sãrindar. Por garantia, Gaddafi também construiu uma segunda instalação, desta vez 30m chão abaixo, na montanha Tarhunah, sul de Tripoli. Isto não estava no plano Sãrindar.

FP: É inegável, então, que Saddam Hussein possuía WMDs?

Pacepa: No início da década de 1970, o Kremlin criou uma “divisão socialista de trabalho” para persuadir os governos do Iraque e da Líbia a se unirem à guerra de terrorismo contra os EUA. O chefe da KGB, Yury Andropov (mais tarde, o líder da União Soviética), me falou que estes dois países poderiam inflingir mais danos aos americanos que as Brigadas Vermelhas, o Baader-Meinhof e todas as demais organizações terroristas juntas. Os governos daqueles países, explicou Andropov, tinham não apenas recursos financeiros ilimitados (leia-se, petróleo) como também enormes serviços de inteligência que estavam sendo operados pelos “nossos consultores em razvedka” (palavra intraduzível, algo como “espionagem” ou “reconhecimento” - nota do tradutor) e poderiam estender os seus tentáculos pelos quatro cantos do mundo. Havia, entranto, um grande perigo: ao elevar o terrorismo ao nível de estado, correríamos o risco da represália americana. Washintgon jamais despacharia os seus aviões e foguetes para exterminar o Baader-Meinhof, mas certamente os mandaria para destruir uma nação terrorista. Assim, a nossa tarefa também era abastecer secretamente aqueles países com armas de destruição em massa, pois Andropov concluiu que os ianques nunca atacariam um país que pudesse retaliar com tais armas mortais.
A Líbia era o principal cliente da Romênia naquela divisão socialista de trabalho, devido à estreita associação de Ceausescu com o coronel Muammar Gaddafi. Moscou cuidou do Iraque. Andropov me disse que, se o nosso experimento com o Iraque e a Líbia desse certo, a mesma estratégia poderia ser estendida à Síria. Recentemente, Gaddafi admitiu ter WMD, e os inspetores da CIA as encontraram. Por que acreditaríamos que a toda-poderosa União Soviética, que espalhou WMD por todo o mundo, não poderia fazer o mesmo no Iraque? Cada peça do arsenal iraquiano veio da antiga União Soviética - dos lançadores Katyusha aos tanques T72, veículos de combate BMP-1 e caças MiG. Na primavera de 2002, apenas duas semanas depois da Rússia tomar assento na OTAN, o presidente Putin e os seus ex-oficiais da KGB, que agora estão no comando da Rússia, concluíram outro acordo comercial de $40 bilhões com o regime tirânico de Saddam Hussein. Não era para compra de trigo ou feijão – a Rússia tem que importá-los de outro lugar.

FP: Fale sobre a OLP e a sua conexão com o regime soviético.

Pacepa: A OLP foi concebida pela KGB, que tinha uma propensão por organizações de “libertação”. Havia o Exército de Libertação Nacional da Bolívia, criada pela KGB em 1964 com a ajuda de Ernesto “Che” Guevara. Em seguida, houve o Exército de Libertação Nacional da Colômbia, criado pela KGB em 1965 com a ajuda de Fidel Castro, que logo se envolveu profundamente com sequestros, de aviões e pessoas, atentados a bomba e guerrilha. Posteriormente, a KGB também criou a Frente Democrática para Libertação da Palestina, que realizou inúmeros atentados a bomba nos “territórios palestinos” ocupados por Israel, e o “Exército Secreto para a Libertação da Armênia”, criado pela KGB em 1975, que organizou numerosos atentados a bomba contra escritórios das linhas aéreas americanas na Europa
Ocidental.

Em 1964, o primeiro Conselho da OLP, formado por 422 representantes palestinos escolhidos a dedo pela KGB, aprovou a Carta Nacional Palestina - um documento esboçado em Moscou. O Pacto Nacional Palestino e a Constituição Palestina também nasceram em Moscou, com a ajuda de Ahmed Shuqairy, um agente de influência da KGB que se tornou o primeiro presidente da OLP. (Durante a Guerra dos Seis Dias, ele escapou de Jerusalém disfarçado de mulher, tornando-se de tal forma um símbolo dentro da comunidade de inteligência política que uma de suas operações de influência posteriores - destinada a fazer com que o Ocidente considerasse Arafat um moderado - recebeu o codinome “Shuqairy”.) Esta nova OLP era comandada por um Comitê Executivo estilo soviético, composto por 15 membros que, como os seus camaradas em Moscou, também comandavam departamentos. Como em Moscou - e Bucareste – o presidente do Comitê Executivo tornou-se também o comandante geral das forças armadas. A nova OLP também tinha uma Assembléia Geral, que era, sob inspiração soviética, o nome dado a todos os parlamentos da Europa Oriental após a Segunda Guerra Mundial.
Baseado em outra “divisão socialista de trabalho”, o serviço de espionagem romeno (DIE) foi responsável por fornecer apoio logístico à OLP. Exceto pelas armas, fornecidas pela KGB e pela Stasi, da Alemanha Oriental, tudo o mais saía de Bucareste. Até mesmo os uniformes e a papelaria da OLP eram fabricados na Romênia, de graça, como “ajuda camarada”. Durante aqueles anos, dois aviões de carga romenos lotados de bens para a OLP pousavam em Beirute semanalmente, e eram descarregados pelos homens de Arafat.

FP: Você falou sobre o seu conhecimento pessoal sobre como Arafat foi criado e cultivado pela KGB e como os soviéticos realmente o destinaram a ser o futuro líder da OLP. Explique isto melhor, por favor.

Pacepa: “Tovarishch Mohammed Abd al-Rahman Abd al-Raouf Arafat al-Qudwa al-Husseini, nom de guerre Abu Ammar,” foi levado à condição de líder palestino pela KGB após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, entre israelenses e árabes. Naquela guerra, Israel humilhou os aliados mais importantes da União Soviética no mundo árabe da época - Egito e Síria - e o Kremlin pensou que Arafat poderia ajudar a restabelecer o prestígio soviético. Arafat começou a sua carreira política como líder da organização terrorista palestina al-Fatah, cujos fedayin eram treinados secretamente na União Soviética. Em 1969, a KGB conseguiu catapultá-lo a presidente do comitê executivo da OLP. O presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, outra marionete soviética, propôs publicamente a indicação.
Logo em seguida, Arafat foi encarregado pela KGB de declarar guerra contra o “imperialismo sionista” americano durante a primeira conferência de cúpula da Black International, uma organização também financiada pela KGB. Arafat alega ter cunhado o termo “imperialismo sionista” mas, na verdade, Moscou inventou este grito de guerra muitos anos antes, misturando o tradicional anti-semitismo russo com o novo anti-americanismo marxista.

FP: Por que as lideranças americanas e israelenses foram ludibriadas durante tanto tempo em relação às atividades criminosas e terroristas de Arafat?

Pacepa: Porque Arafat é um mestre do engodo - e eu infelizmente contribui para isto. Em março de 1978, por exemplo, eu secretamente conduzi Arafat para Bucareste para envolvê-lo em uma trama de desinformação soviética-romena longamente planejada. O objetivo era fazer com que os Estados Unidos estabelecesse relações diplomáticas com Arafat, fazendo com que ele fingisse querer transformar a OLP terrrorista em um governo no exílio desejoso de renunciar ao terrorismo. O presidente soviético Leonid Brezhnev acreditava que o recém-eleito presidente Jimmy Carter morderia a isca. Assim, ele disse ao ditador romeno que as condições eram propícias para introduzir Arafat na Casa Branca. Moscou deu a incumbência a Ceausescu porque em 1978 meu chefe tornara-se o tirano predileto de Washington. “A única coisa que as pessoas do Ocidente se preocupam é com os nossos líderes”, o chefe da KGB disse quando me envolveu no esforço para tornar Arafat popular em Washington. “Quanto mais eles os amarem, mais gostarão de nós.”
“Mas somos uma revolução”, explodiu Arafat, após Ceausescu ter explicado o que o Kremlin queria dele. “Nascemos como uma revolução, e devemos continuar sendo uma revolução incontida.” Arafat objetou que os palestinos careciam da tradição, unidade e disciplina necessárias para se tornarem um estado formal. Todas estas condições eram algo apenas para uma geração futura. Que todos os governos, inclusive os comunistas, eram limitados por leis e acordos internacionais, e ele não estava disposto a colocar leis e outros obstáculos no caminho da luta palestina para erradicar o estado de Israel.
Meu antigo chefe só foi capaz de convencer Arafat a enganar o presidente Carter recorrendo ao materialismo dialético, pois ambos eram stalinistas fanáticos que conheciam o marxismo de cor. Ceausescu compassivamente concordou que “uma guerra de terror é a sua única arma realista”, mas também disse ao seu convidado que, se ele transformasse a OLP em um governo no exílio e fingisse romper com o terrorismo, o Ocidente iria enchê-lo de dinheiro e glória. “Mas você tem que continuar fingindo, de novo e de novo”, meu chefe enfatizou.
Ceausescu lembrou que influência política, como o materialismo dialético, era construído sobre a mesma doutrina básica de que a acumulação quantitativa gera transformação qualitativa. Ambos funcionam como cocaína, digamos. Se você cheira uma vez ou duas, ela não mudará a sua vida. Se você usá-la dia após dia, entretanto, ela fará de você um viciado, um homem diferente. Isto é a transformação qualitativa. E, nas sombras do seu governo no exílio, você poderá manter tantos grupos terroristas quantos quiser, com a condição de que não sejam publicamente associados ao seu nome.
Em abril de 1978 eu acompanhei Ceausescu a Washington, onde ele convenceu o presidente Jimmy Carter de que poderia persuadir Arafat a transformar a sua OLP em um governo no exílio, sujeito a leis, se os Estados Unidos estabelecessem relações oficiais com ele. De imediato, o presidente Carter aclamou publicamente Ceausescu como um “grande líder nacional e internacional” que tinha “assumido um papel de liderança na comunidade internacional”. Três meses depois eu obtive asilo político nos Estados Unidos, e o tirano romeno deu adeus ao seu sonho de ganhar o Prêmio Nobel da Paz. Um quarto de século depois, entretanto, Arafat permanece no cargo de chefe da OLP e parece ainda estar trilhando o jogo de engodo do Kremlin. Em 1994, Arafat ganhou o Prêmio Nobel da Paz porque concordou em transformar a sua organização terrorista em um tipo de governo no exílio (a Autoridade Palestina) e fingiu, de novo e de novo, que aboliria os artigos da Carta da OLP de 1964 que tratam da destruição do estado de Israel e erradicaria o terrorismo palestino. No fim do ano escolar palestino de 1998-99, entretanto, todos os mil e quinhentos novos livros didáticos usados pela Autoridade Palestina de Arafat descreviam Israel como “inimigo sionista” e igualavam o sionismo ao nazismo. Dois anos após a assinatura dos Acordos de Oslo, o número de israeleneses mortos por terroristas palestinos aumentou 73% em comparação com o período de dois anos precedente ao acordo.

FP: É simples: não pode haver paz no Oriente Médio com Arafat no poder. Que recomendação você daria aos diplomatas americanos e israelenses?

Pacepa: Expor as mentiras de Arafat e condenar o seu terrorismo sangrento, mas evitar se envolver em represálias físicas contra ele - o que certamente o tornaria um herói para os palestinos. Sugiro fortemente a solução Ceausescu. Em novembro de 1989, quando foi reeleito presidente da Romênia, Ceausescu era tão popular quanto Arafat é agora entre os palestinos. Um mês depois, entretanto, Ceausescu foi processasdo por genocidio pelo seu próprio povo e executado pelo seu próprio povo. De um dia para o outro Ceausescu virou o símbolo da tirania. A Romênia tornou-se um país livre, e doze anos depois foi convidada para integrar a OTAN.

FP: Fale um pouco sobre as condições da KGB na Rússia atualmente. Alguns dizem que está experimentando uma ressurreição. É verdade?

Pacepa: Certamente. Nos últimos doze anos, a Rússia foi modificada para melhor, em alguns aspectos, como nunca antes. Entretanto, aquele país tem um longo caminho até se livrar do legado do comunismo soviético. Em junho de 2003, cerca de 6 mil antigos oficiais da KGB ocupavam importantes posições nos governos russos central e regionais. Três meses mais tarde, quase metade dos altos cargos de governo também estavam ocupados por antigos membros da KGB. É como colocar a velha Gestapo, supostamente derrotada, no comando de reconstrução da Alemanha.
Desde a queda do comunismo, os russos têm enfrentado uma indigna forma de capitalismo operada por antigos burocratas comunistas, especuladores e mafiosos cruéis que têm ampliado as injustiças sociais e ocasionado um declínio na produção industrial. Assim, após um período de revolta, os russos têm gradualmente - e talvez reconhecidamente - voltado para a sua histórica forma de governo, a autocracia tradicional russa (samoderzhaviye) cuja origem remonta ao século XIV de Ivan, o Terrível, no qual um senhor feudal governava o país com a ajuda da sua polícia política pessoal. Boa ou ruim, a polícia política russa historicamente pode parecer para a maior parte do povo do país a sua única defesa contra a ganância dos novos capitalistas domésticos e a cobiça dos ávidos vizinhos estrangeiros.
A Rússia jamais retornará ao comunismo - muitos russos pereceram nas mãos daquela heresia. Mas parece que a Rússia também não se tornará verdadeiramente ocidental, pelo menos não nesta geração. Se a história - incluindo a dos últimos 14 anos - serve de guia, os russos, que no momento estão desfrutando do seu nacionalismo recuperado, se esforçarão para reconstruir um tipo de Antigo Império Russo inspirando-se nas velhas tradições russas e usando formas e meios russos antigos.

FP: A Rússia é amiga ou inimiga dos Estados Unidos na situação internacional atual?

Pacepa: Após a queda do Muro de Berlim, corri para lá para dar uma olhada. A temível polícia da Alemanha Oriental foi abolida de um dia para o outro, e os seus arquivos estavam abertos para o público. Um ano depois, a ultrajante atividade da Stasi estava revelada em um comovente e enorme museu de liberdade. Um membro do parlamento de Berlim me disse que os alemães queriam provar ao mundo que, com certeza, o passado jamais seria repetido. Para garantir, o governo alemão vendeu todos os edifícios da Stasi para empresas privadas.
Após o colapso da União Soviética, os novos administradores do Kremlin não abriram os arquivos da polícia política da União Soviética, mas em 1992 eles criaram o seu próprio tipo de museu da KGB em Moscou, em um edifício de um cinza sombrio atrás da Lubianka. Os andares superiores continuam sendo escritórios da KGB mas as salas do térreo são usadas para conferências e clube para os oficiais da KGB aposentados – incluindo discoteca.
Em 11 de setembro de 2002, inúmeros oficiais aposentados da KGB reuniram-se no museu da KGB. Não foi para se solidarizarem conosco na data da nossa tragédia nacional, mas para celebrar o 125° aniversário de Feliks Dzerzhinsky - o homem que criou uma das mais criminosas instituições da história contemporânea. Dias depois, o prefeito de Moscou, Yury lushkov, um dos políticos mais influentes da Rússia, mudou de idéia e disse que agora quer recolocar a estátua de bronze de Dzerzhinsky no lugar de honra que ocupava antes em Lubianka. Poucos antes, o novo presidente russo ordenara que a estátua de Yury Andropov fosse recolocada em Lubianka, de onde havia sido removida após o golpe da KGB em 1991. Andropov é o único outro oficial da KGB que chegou ao comando no Kremlin, e por isso
é normal Putin prestar homenagem a ele. Durante toda a vida, Andropov doutrinou os seus subordinados para acreditar que o imperialismo americano era o principal inimigo do país. Hoje, estes subordinados estão chefiando a Rússia. Pode demorar mais uma geração para o ódio visceral aos EUA cultivado por Andropov desaparecer.


FP: Como a Rússia se enquadra na Guerra ao Terror? Não há pelo menos um interesse comum em combater o terrorismo islâmico?

Pacepa: O 11 de setembro de 2001 nasceu diretamente de uma operação conjunta soviética-OLP concebida como consequência da Guerra dos Seis Dias. O objetivo desta operação conjunta era restabelecer o prestígio de Moscou jogando o mundo islâmico contra Israel e criando um ódio fanático e violento contra o seu principal defensor, os EUA. A estratégia era retratar os Estados Unidos, esta terra de liberdade, como um “país de sionismo imperialista” estilo nazista, financiado pelo dinheiro judeu e chefiado por um ávido “Conselho dos
Sábios de Sião” (o epíteto do Kremlin para o Congresso dos EUA), cujo objetivo era alegadamente transformar o resto do mundo em um feudo judeu. Em outras palavras, o coração do plano conjunto era transformar a histórica aversão árabe e islâmica aos judeus em uma nova aversão aos Estados Unidos. Investimos muitos milhões de dólares nesta tarefa gigantesca, a qual envolveu exércitos inteiros de oficiais de inteligência.

No fim da década de 1960, um novo elemento foi acrescentado à guerra soviética-OLP contra o imperialismo sionista de Israel e dos EUA: o terrorismo internacional. Antes de 1969 terminar, o Décimo-terceiro Departamento da KGB, conhecido no nosso jargão de inteligência como Department for Wet Affairs, “wet” sendo um eufemismo para a sangrenta invenção do sequestro de aviões. A KGB constantemente nos instruía de que ninguém da esfera de influência americana/sionista devia mais se sentir seguro. O seqüestro de aviões tornou-se um instrumento da política externa soviética - e, finalmente, a arma escolhida para o 11 de setembro.
Durante aqueles anos de intensos sequestro de aeronaves, fiquei perplexo com o quase idêntico orgulho que Arafat e o general Sakharovsky, da KGB, tinham da sua perícia como terroristas. “Eu inventei o sequestro de aviões [de passageiros]” gabou-se Arafat para mim no início dos anos 1970 quando o encontrei pela primeira vez. Poucos meses depois, encontrei-me com Sakharovsky no seu escritório em Lubianka. Ele apontou para as bandeiras vermelhas fincadas em um mapa mundi na parede. “Olhe só”, disse. Cada bandeira representava um avião dominado. “O sequestro de aviões é uma invenção minha” vangloriou-se.
Os subordinados de Sakharovsky estão agora reinando no Kremlin. Enquanto eles não revelarem totalmente o seu envolvimento na criação do terrorismo anti-americano e não condenarem o terrorismo de Arafat, não há razão para acreditarmos que tenham mudado.

FP: Obrigado, Mr. Pacepa. O nosso tempo acabou. Foi uma grande honra conversar com o senhor. Espero que venha novamente.

Pacepa: Foi um grande prazer, e ficarei feliz em voltar.

18 de agosto de 2013
Jamie Glazov
Publicado no FrontPage Magazine.
Tradução: Ricardo Hashimoto

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR...

 
18 de agosto de 2013
Millôr Fernandes
 



 

NOVOS TEMPOS... QUAL SERÁ O TAMANHO DA EXTENSÃO SOMBRIA QUE SE ABATERÁ SOBRE A HUMANIDADE?

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18 de agosto de 2013

DEMOCRACIA REPRESENTATIVA E PARTICIPAÇÃO

Um tsunami de cidadania, indignação e participação explodiu nas ruas em junho e julho. De forma inesperada e imprevisível, surpreendeu lideranças políticas e sociais, intelectuais e analistas.
 
O esforço para a compreensão do impressionante e inovador fenômeno ainda vai consumir rios de tinta em artigos, entrevistas e estudos. Algumas coisas importantes foram escritas por FHC, Fernando Gabeira, Luiz Werneck Vianna, André Lara Resende, entre outros.
 
Uma das questões mais interessantes, mas não propriamente nova, é a recolocação no Brasil, em novo patamar, das discussões sobre as relações entre Estado e sociedade e as dimensões de representação e participação direta na democracia.
 
Instituições, partidos políticos e lideranças reagiram, num primeiro momento, de forma atabalhoada, acuados e traumatizados. Algumas mudanças foram introduzidas, alguns avanços conquistados. Mas o mais importante foi a verdadeira chacoalhada na realidade, dominada, até então, por uma impressão de que tudo ia bem no país e de que a hegemonia petista, cada vez mais pragmática e sem conteúdo transformador, sustentada no mais puro patrimonialismo e fisiologismo, teria vida longa.
 
Da sua parte, os movimentos de rua apresentaram no “day after” uma natural dificuldade de fixação de agendas e de representação para a construção do diálogo com governantes e instituições.
 
MÚLTIPLOS MOVIMENTOS
 
Não houve um único movimento, como foram o das Diretas Já e o pelo afastamento de Collor. Foram múltiplos movimentos, expressando angústias e expectativas diversas, multifacetados, sem agenda ou dinâmica únicas, espontâneos em seu início. Cidadãos independentes, jovens sem vinculações, famílias inteiras se misturaram a skinheads, anarco-punks, black blocks, militantes “clandestinos” de diversos partidos rechaçados em suas tentativas de participação aberta.

Sem palanque, sem palavras de ordem unificadas, sem objetivo estratégico claro, sem um caminho previamente imaginado para a conquista de utopias perseguidas ou de plataformas políticas consensuais, todas as suas faces e permanecer perplexo e acuado quando valores essenciais para a democracia são agredidos.
Vale lembrar que democracia é expressão da maioria, e que uma minoria ruidosa não pode impor sua lógica à maioria por vezes silenciosa.

A violência defendida como instrumento legítimo por alguns segmentos, por exemplo, não obteria sequer 1% de apoio em eleições livres e democráticas.
 
Diante de um fenômeno novo que abalou profundamente o “status quo”, a precipitação de intervenções eivadas de populismo, demagogia e oportunismo é escolha equivocada, como suposta “resposta às ruas”.

A democracia e a economia brasileira amadureceram muito nas últimas décadas e é preciso firmeza e solidez para defender o patrimônio coletivo conquistado. Evidentemente com as necessárias e inevitáveis correções de rumo.

18 de agosto de 2013
Marcus Pestana
(transcrito de O Tempo)

O HUMOR DO DUKE

 
18 de agosto de 2013

BRIGA JOAQUIM x LEWANDOWSKI TEVE UM 2o. ROUND

  


Iniciado diante das câmeras da TV Justiça, o arranca-rabo entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski prosseguiu após o encerramento da sessão do STF, na última quinta-feira.

O segundo round ocorreu na área reservada, contígua ao plenário. Apurado pelo repórter Robson Bonin, o destampatório foi veiculado por Veja.

A troca de ofensas vai reproduzida abaixo:
 
— Vossa Excelência não vai esculhambar a minha presidência! — increpou Barbosa.
 
— O senhor quer as manchetes? Quer aparecer? Vá para as ruas! — devolveu Lewandowski.
 
— O senhor não vai ficar lendo textos de jornal em plenário para atrasar o julgamento!
 
— Está para nascer homem que mande no que devo fazer. O senhor acha que tenho voto de moleque?
 
— Acho sim, senhor.
 
Lewandowski insinuou que, noutro ambiente, reagiria com os punhos:
 
— Se não fosse o respeito que tenho por esta Casa, eu tomaria agora outra atitude.
 
Antes da intervenção da turma-do-deixa-disso, Barbosa ainda sapecou:
 
— O senhor envergonha esta Casa. O senhor não se dá ao respeito!
 
Em privado, Lewandowski disse aos colegas que seu retorno ao julgamento depende de uma retratação de Barbosa.
Durante a sessão de quinta, depois de acusar Lewandowski de fazer “chicanas” protelatórias, Barbosa dissera: “Não vou me retratar, ministro.”
O terceiro round está marcado para quarta-feira (21).

18 de agosto de 2013
Josias de Souza - UOL

"AOS LEÕES!

 
Com o grave atrito entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, perde força a hipótese de o STF acatar os embargos infringentes, que significam recomeçar o julgamento praticamente do zero e a possibilidade de reduzir penas e de trocar o regime fechado por semiaberto em alguns casos, como o de José Dirceu, estrela do processo.
 
Lewandowski errou no conteúdo e Barbosa errou na forma. Um por forçar a barra para reabrir uma questão já decidida e que, reaberta, poderia favorecer Dirceu. O outro por extrapolar na reação.
 
Extrapolou tanto --falando até em "chicana", termo gravíssimo no mundo jurídico-- que deixou uma dúvida: seria estratégia premeditada para mostrar o que pode acontecer no Supremo caso o julgamento não acabe logo e com os culpados na prisão?
 
Se, no segundo dia e analisando embargos declaratórios (que são quase burocráticos), o clima já foi de guerra e de imprudência, imagine-se se o julgamento durar meses e invadir o ano eleitoral analisando embargos infringentes (que podem mudar tudo). O grande derrotado poderia ser a instituição, exposta, dividida e sob a ameaça de os protestos se voltarem contra ela.
 
Há, porém, um novo equilíbrio no plenário e tudo pode acontecer. Na primeira fase do julgamento, Barbosa puxava a maioria, e Lewandowski e Dias Toffoli pareciam isolados. Agora, eles têm reforço dos novatos Teori Zavascki e Luís Barroso.
 
Num balanço informal, três ministros são decididamente contra acatar os infringentes, a começar de Barbosa; quatro são a favor, inclusive Zavascki e Barroso; e quatro não deram pistas sobre seu voto, apesar da sensação de que Cármen Lúcia não apoia começar tudo de novo.
 
São 11 juízes numa arena, diante de decisões dificílimas e acossados por milhões de pessoas que veem o julgamento como um divisor de águas entre o Brasil de antes e de depois do mensalão.

18 de agosto de 2013
Eliane Cantanhede, Folha de São Paulo

"FORMIGAS NA RAPADURA"

No cada vez mais fugidio setor de grandes realizações, a complexa coreografia governamental se tem exibido em torno do trem-bala
Acho que todo mundo lembra o que disse num discurso o presidente Kennedy: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país.” Eu estava lendo os jornais e aí me ocorreu, como já deve ter ocorrido a muitos de vocês, que nossa prática política se orienta por uma atitude oposta a essa exortação. Ou seja, queremos saber o que o Brasil pode fazer por nós, mas não alimentamos muita curiosidade sobre o que podemos fazer pelo Brasil. Isso se expressa no comportamento de nossos governantes, que não disputam nada pensando no país, mas em abocanhar ou manter o poder, aqui tão hipertrofiado, abarrotado de privilégios e odiosamente infenso ao controle dos governados.
 
Para que mais, a não ser desfrutar desses privilégios, não se sabe, porque não existe projeto, além da cantilena sobre justiça social, saúde para todos, educação de qualidade e outras generalidades com as quais todos concordam. Que modelo de estrutura socioeconômica queremos, que Estado queremos, que país queremos, como chegaremos lá? Que propostas concretas são oferecidas? Ninguém diz — e os programas partidários, como os próprios partidos, causam constrangimento, pela ausência de ideias e compromissos sérios. O negócio é se eleger e se abancar, depois se vê o que se pode fazer, conforme a necessidade e a serventia para a permanência no poder. Na pátria, como se falava antigamente, ninguém se mostra muito interessado.
 
Tudo o que se faz hoje é visando às eleições, ou seja, a continuação no poder ou ascensão a ele. Descobriram agora essa lambança das concorrências em São Paulo, que não é propriamente inédita na história nacional, e grande parte da reação parece do tipo “viu, viu? nós rouba, mas cês também rouba!” Todo mundo na vida pública rouba, o que pode não ser uma afirmação justa, mas já virou axioma na descrição de nossa realidade e um dado importante em qualquer equação política. Invoca-se o princípio da falcatrua consuetudinária. Ou seja, se é ilegal, mas costumeiro, prevalece o costume e é considerado sacanagem e falta de coleguismo fazer denúncias ou querer punições. Que outras novidades têm para nos segredar? Quem não aposta que nada vai dar em nada?
 
O Estado às vezes parece ter as pernas bambas. Recomeçou o dramalhão do julgamento do mensalão e muita gente não entende mais nada, a começar por esse singular minueto processual, através do qual o Supremo Tribunal Federal vira penúltima instância, dia sim, dia não. Todo mundo quer saber se as sentenças emanadas do Supremo eram à vera ou não eram, devia ser simples de responder. Essa novela vai por aí, se arrastando já há não se sabe quanto tempo, todo dia aparece uma notícia inesperada e creio que nenhum de nós se surpreenderá se, esta semana, for noticiado que a decisão final do Supremo estará condicionada à resposta a uma consulta feita pela Câmara de Deputados, ou coisa assim, o que, com a gripe que atacou um ministro, o impedimento de outro, e o atraso de outro, leva o caso, para que tenhamos certeza de uma decisão justa, para depois do recesso do Judiciário, no próximo ano.
 
Vimos também a cena envaidecedora em que nosso ministro das Relações Exteriores se manifestou, conforme ouvi num noticiário, “com dureza”, sobre a espionagem cibernética americana, numa fala dirigida em pessoa ao secretário de Estado John Kerry. Disse umas verdades na cara do gringo, que o escutou com atenção, cortesia e respeito, para logo após retrucar que nos devotava desmesurado amor e descomedida amizade, mas continuaria a espionar e, acreditássemos, era para o nosso próprio bem. Se não gostarmos, claro, temos todo o direito de nos queixar ao bispo, ele compreende.
 
Esse mesmo ministério, aliás, deve estar às voltas com o perdão de dívidas milionárias que alguns países africanos têm com o Brasil. Comenta-se que isso é por causa do esquerdismo do atual governo, notadamente em sua política externa. Comenta-se também que o perdão dessas dívidas possibilita que os governos beneficiados fechem novos contratos com empreiteiras brasileiras. É o que dá o envolvimento com setores notoriamente de esquerda, como nossas empreiteiras, essa linha avançada do socialismo. Há apenas um ligeiro embaraço na coisa, pois se sabe que as empreiteiras, com toda a certeza, vão receber o dela, mas os financiadores, ou seja, nós, vamos contribuir mais uma vez para os crimes e as contas bancárias de déspotas, genocidas e saqueadores de riquezas nacionais
 
No cada vez mais fugidio setor de grandes realizações, a complexa coreografia governamental se tem exibido em torno do trem-bala, que o pessoal lá do boteco deu para chamar “trem-bala perdida”. O trem-bala é um exemplo notável de aumento de custos recordista, talvez sem precedentes em todo o mundo, porque já perdemos a conta de quantas vezes esses custos foram revisados para cima. E agora li não sei onde, maravilhado com os nossos mecanismos de distribuição de renda, que, mesmo que se venha a desistir do trem-bala, o custo dele já terá sido mais ou menos um bilhão de reais. Não entendi direito, mas não se pode deixar de manifestar admiração.
 
Diante dessa sarabanda agitada e da luta para não largar o osso, lembro-me de quando eu era menino em Itaparica, punha um pedaço de rapadura no chão e ficava esperando formigas brotarem do nada, várias espécies que só tinham em comum gostar de açúcar. Umas ruças, grandalhonas, eram minhas favoritas, porque ficavam frenéticas e não paravam um segundo, para lá e para cá, em cima da rapadura, apesar de que, volta e meia, uma parecia se saciar e caía imóvel — dura para trás, dir-se-ia. Eu não sabia, mas estava vendo o Brasil, só que as formigas não se saciam e quem cai para trás somos nós.

18 de agosto de 2013
Ubaldo Ribeiro, O Globo

"OS JOVENS DESINTERESSARAM-SE PELA POLÍTICA, TORNANDO MAIS FÁCIL A AÇÃO DOS CORRUPTOS"

Os jovens desinteressaram-se pela política, o que contribuiu para tornar mais fácil a ação dos corruptos
 

O que move as pessoas a atuar politicamente é a opinião, que, por sua vez, nasce da informação, do conhecimento. É óbvio que, se não sei o que se passa em meu país, não posso ter opinião formada sobre o que deve ser feito para melhorar a sociedade.
 
Não estou dizendo nada de novo. No passado, em diferentes momentos da história, quem governava era apenas quem tinha poder econômico e, por isso mesmo, mais conhecimento da situação em que viviam.
 
E, na medida em que a educação se ampliou e maior número de pessoas passou a ter conhecimento da realidade social, ampliou-se também a influência da população sobre a vida política. Dessa evolução nasceria a democracia.
 
Óbvio, no entanto, que esse aumento do nível de informação não significa que a informação é sempre verdadeira e, consequentemente, as escolhas, que faz o eleitor, nem sempre são corretas.
 
Há erros e acertos, claro, mesmo porque cada partido político procura levar o eleitor a ter uma opinião que lhe seja favorável. Isso implica em conquistar-lhe a confiança nem que seja às custas de mentiras e espertezas.
 
Há, sem dúvida, o político competente e honesto, que não precisa enganar o eleitor mas, pelo menos do Brasil de hoje, esse tipo de político é exceção.
 
Deve-se assinalar também que o grau de informação --e consequentemente a consciência política-- tanto pode ampliar-se como reduzir-se em determinadas condições.
 
Aqui no Brasil, a impressão que se tem é de que, nas últimas décadas, esse grau de consciência diminuiu, e isso se deve, creio eu, à derrota do socialismo em escala mundial.
 
O socialismo, bem ou mal, em que pese aos equívocos que continha, estimulava os jovens a participar politicamente e ter uma visão crítica da sociedade. O fim do socialismo levou à desilusão e ao desânimo, o que determinou a dissolução dos partidos de esquerda em quase todos os países.
 
No Brasil, não foi diferente. Não tenho dúvida de que esse fato contribuiu para a decadência dos valores políticos, da ética partidária e o inevitável predomínio do oportunismo político e da corrupção.
 
Por outro lado, os jovens, de modo geral, desinteressaram-se pela política, o que contribuiu para tornar mais fácil a ação dos corruptos e oportunistas.
 
Outro fenômeno decorrente disso foi --como ocorreu aqui-- a formação de uma casta que tomou conta da máquina do Estado, facilitada pela decrescente participação das pessoas no processo político. O Estado foi sendo dominado por famílias e grupos que passaram a dividir entre si os organismos políticos e administrativos.
 
Pode-se dizer que, de certo modo, a sociedade passou a ignorar o que fazem os políticos, tornando-se assim presa fácil das mentiras e das medidas demagógicas.
 
Como explicar, no entanto, dentro desse quadro, as manifestações que ocuparam as ruas nos últimos meses e que, em menor grau, prosseguem por todo o país?
 
Acredito que esse fenômeno, que a todos surpreendeu, decorre basicamente da quantidade de informações a quem têm acesso hoje milhões de pessoas no país, graças à internet.
 
Não é por acaso que manifestações semelhantes têm ocorrido em muitos países, possibilitando a mobilização de verdadeiras multidões.
 
Veja bem, as causas do descontentamento variam de país a país, os objetivos visados pelos manifestantes também, mas não resta dúvida de que em nenhum outro momento da história tanta gente teve acesso a tanta informação.
 
Pode ser que estejamos vivendo o início de uma nova etapa da história humana, já que nunca tantas pessoas souberam tanto acerca da sociedade em que vivem.
 
Há que considerar, no entanto, que nem sempre essas informações são verdadeiras e, mesmo quando verdadeiras, podem levar a conclusões nem sempre corretas.
 
Em suma, esse fenômeno novo, que mobiliza a opinião pública, ainda que signifique um avanço, pode arrastar as pessoas a uma atuação de consequências imprevisíveis. E por quê?
 
Por várias razões, mas uma delas será, certamente, o risco do inconformismo pelo inconformismo, sem objetivos definidos e sem lideranças responsáveis.

18 de agosto de 2013
Ferreira Gullar - Folha de São Paulo
 

"UMA BANDEIRA EM JOGO"

A segunda sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), dedicada ao julgamento dos embargos de declaração na Ação Penal 470, deixou nos seus espectadores a lamentável impressão de que haverá um inevitável e desastroso conflito quando, daqui a duas ou três semanas, os ministros começarem a tratar do que verdadeiramente importa: os embargos infringentes que pleiteiam a revisão das penas impostas aos réus e poderão resultar, por exemplo, na decisão de poupar figurões como José Dirceu e José Genoino de cumprirem pelo menos dois anos de suas sentenças em regime fechado.
 
É óbvio que, além de seu significado estritamente jurídico e penal, o julgamento do mensalão envolve uma questão de extraordinária importância política para todo o País, mas principalmente para o governo e seu partido.
 
A condenação dos dirigentes petistas que se envolveram no escândalo do mensalão representou para o Partido dos Trabalhadores (PT) uma pesada derrota política com potencial para comprometer seu projeto de perpetuação no poder.
 
É lógico, portanto, que, enquanto houver alguma possibilidade de atenuar esse revés, todo o aparato político petista, com seus agentes ostensivos ou velados, estará mobilizado para o cumprimento dessa missão.
 
O presidente da Suprema Corte, ministro Joaquim Barbosa, que conquistou a admiração e o respeito da grande maioria dos brasileiros e a antipatia da militância lulopetista pelo seu desempenho na relatoria da Ação Penal 470, sabe muito bem as polêmicas que se pode esperar até que esse processo seja finalmente dado por concluído e produza seus efeitos penais.
O próprio ministro, aliás, já se revelou, com seu temperamento instável e agressivo, um irredimível criador de polêmicas.
 
O lamentável bate-boca entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski e o abrupto encerramento da sessão de quinta-feira são apenas uma pequena amostra do que pode vir pela frente.
 
Ao votar pela revisão para baixo da pena imposta ao réu bispo Rodrigues, o ministro Lewandowski não fazia mais do que preparar o caminho para a redução também das penas, por exemplo, de Dirceu e Genoino. O ministro Joaquim Barbosa reagiu com indignação ao que classificou de tentativa de "chicana".
 
O que não se consegue compreender, nem se pode admitir, é que o presidente da mais alta corte de Justiça, que pela extraordinária relevância de sua investidura deveria se apresentar ao País como um exemplo de serenidade e ponderação, não seja capaz de manter o decoro que ele próprio exige de seus pares e perca as estribeiras, dentro e fora do plenário do STF, a cada contrariedade com que se defronta.
Joaquim Barbosa parece não se dar conta de que seus destemperos se voltam contra ele próprio e seu trabalho de magistrado.
 
A instabilidade emocional do presidente do STF é hoje um forte trunfo nas mãos de quem se empenha em desmoralizá-lo para desmoralizar o julgamento do mensalão. Por essa razão, com toda certeza ele continuará sendo, cada vez mais, alvo de provocações que faria bem em ignorar.
 
Menos mal que se pode contar com a experiência e a serenidade, por exemplo, do decano da Casa, o ministro Celso de Mello, que interveio no auge do bate-boca de quinta-feira para propor - sendo atendido - que a sessão fosse suspensa para a retomada da discussão, em termos mais amenos, na semana seguinte.
 
A Ação Penal 470 tornou-se, e se espera que assim permaneça, um marco de importância histórica para o Brasil, não porque tenha julgado e condenado fulano ou sicrano, mas porque representa uma conquista democrática.
 
O julgamento do mensalão está mostrando que o País pode confiar no império da lei, que é igual para todos, inclusive os poderosos de turno.
 
Mas esse julgamento ainda não terminou. Assoma, portanto, a responsabilidade do presidente Joaquim Barbosa na missão de impedir o estiolamento da bandeira que ele próprio, com grande mérito, ajudou a hastear. Que seu temperamento o permita.

18 de agosto de 2013
Editorial do Estadão

NOTAS POLÍTICAS - OU NEM SEMPRE - DO JORNALISTA ELIO GASPARI



"Barbosa deve desculpas a Lewandowski", diz Elio Gaspari
 
Na próxima quarta-feira o ministro Joaquim Barbosa deveria pedir desculpas ao seu colega Ricardo Lewandowski, diante das câmeras, na Corte. Todo mundo ganhará com isso, sobretudo ele e sua posição, que é a de mandar alguns mensaleiros a regimes carcerários fechados. Barbosa desqualificou como “chicana” uma posição de Lewandowski e, instado a se desculpar, encerrou a sessão, como o jogador que leva a bola para casa.
 
Ao perder uma votação, já disse que “cada país tem o modelo e tipo de Justiça que merece”, como se fora um biólogo ucraniano. Já acusara Lewandowski de alimentar “um jogo de intrigas”. Já chamou de “palhaço” um jornalista que lhe fizera uma pergunta, mandando-o “chafurdar no lixo” e, há poucas semanas, retomou a melodia, chamando-o de “personagem menor”. Meteu-se num debate com o ministro Dias Toffoli condenando o que supunha ser o voto do colega com um argumento dos oniscientes: “Eu sei aonde quer chegar.” Não sabia. Toffoli lembrou-lhe que não tinha “capacidade premonitória” e provou: votava com ele.
 
Barbosa poderá vir a ser candidato a presidente da República. Mesmo que decida não entrar nessa briga, como presidente do Supremo, deve respeitar o dissenso, evitando desqualificar as posições alheias, com adjetivos despiciendos. Fazendo como faz, embaraça até mesmo quem o admira.
 
Há ministros que se detestam, mas todos procuram manter o nível do debate. As interpelações de Barbosa baixam-no, envenenando o ambiente. Seriam coisas da vida, mas pode-se remediá-las. Na Corte Suprema americana, antes que comecem os debates (fechados), o presidente John Roberts vai para a porta da sala e começa uma sessão de gentilezas, na qual todos os juízes se cumprimentam. Na saída, ele se apressa, volta ao lugar e recomeça o ritual. Boa ideia. Evitaria a cena de salão de sinuca ocorrida depois da sessão de quinta-feira.
 
Cabral defende o formigueiro-do-litoral
 
Em tese, todo dono de fazenda é desmatador, e todo dono de terreno é especulador. A esses julgamentos fáceis deve-se acrescentar um terceiro: muitos parques ambientais são piruetas marqueteiras.
 
Tome-se o caso do Parque Estadual da Costa do Sol, na Região dos Lagos fluminense. Tem cem quilômetros quadrados e estende-se por sete municípios. Foi criado em 2011 pelo governador Sérgio Cabral. Ele não achava boa ideia, mas o secretário do Meio Ambiente, Carlos Minc, já havia marcado um evento para o dia seguinte, convocando a imprensa. Resultado: Cabral canetou a desapropriação da área. Deveria ter depositado 80% do valor da terra, coisa de alguns bilhões de reais. Não o fez. Passados dois anos, parque, não há, nem placas.
 
A iniciativa tinha diversos defensores, entre eles, a organização BirdLife, sediada em Cambridge e presidida pela princesa Takamado, da casa imperial japonesa. Pretende-se, entre outras coisas, garantir a existência do passarinho formigueiro-do-litoral, um bichinho que só existe por lá, ameaçado de extinção.
 
A pirueta congelou qualquer construção, apesar de existirem na área diversos condomínios. Bloqueou um empreendimento hoteleiro do Copacabana Palace na Praia da Ferradura, em Búzios. Ele criaria centenas de empregos. Uma lei da Assembleia poderia revogar o decreto. A que preço? O das convicções dos deputados. Pode-se esperar até 2016, pois, se até lá o governo não tiver indenizado os donos das terras, o decreto caduca.
 
O evento e a publicidade conseguida em 2011 custarão cinco anos de atraso em investimentos privados na área. Se o governo falasse sério, negociaria o valor das terras desapropriadas e depositaria ervanário devido. Poderia até pedir algum à princesa Takamado. Preservaria o formigueiro-do-litoral e trataria os homo sapiens com o respeito que lhes deve.
 
Água no feijão
 
O ministro Antonio Patriota e o comissariado diplomático do Planalto não deveriam botar água no feijão da visita da doutora Dilma a Washington em outubro.
 
Se lhe falta substância, paciência, mas, quando Patriota diz que a inscrição de algumas centenas de brasileiros no programa Global Entry, do governo americano, é um primeiro passo para a abolição dos vistos de entrada nos dois países, sabe que isso é uma nota de três dólares.
 
O Global Entry facilita a entrada do cidadão que já tem o visto e aceita ser devidamente investigado e cadastrado. Livra-o apenas da fila e do mau humor da imigração local. Com seu passaporte, ele passa direto, atendido num quiosque eletrônico. Quem não tem visto não embarca e, caso desembarque, vai em cana e é devolvido.
 
Uma coisa nada tem a ver com a outra.
 
El Cid Gastador
 
Deve-se ao deputado Heitor Ferrer uma espiadela nas contas do governador cearense, Cid Gomes. Torrou R$ 3,4 milhões abastecendo suas dispensas e salões com taças de cristal, orquídeas, caviar, salmão e crepes de lagosta.
 
A Bolsa Gomes é das melhores do mundo. O doutor Cid já levou a sogra à Europa em jatinho fretado (R$ 388 mil). Em 2011 poupou a Viúva e voou nas asas da Grendene, que doou R$ 1,2 milhão para sua campanha e recebe incentivos fiscais do estado. Contratou por R$ 650 mil um show de inauguração para hospital que não funcionava. Neste ano, quando diziam que ele fora à Coreia negociar investimentos, estava na Europa, com direito a um cruzeiro na costa croata.
 
Novidade real
 
Se Cressida Bonas tiver sorte, casa com o príncipe Harry da Inglaterra e pelas próximas décadas o mundo terá duas mulheres lindas e chiques no plantel das celebridades coroadas: ela e a companheira Kate Middleton, Duquesa de Cambridge.
 
Cressida tem 24 anos, nome de peça de Shakespeare, foi modelo e é rica herdeira. Ao contrário de Kate, que descende de operários, vem da linhagem em que esteve Lord Curzon, vice-rei da Índia e paradigma do aristocrata inglês do final do século XIX. Sua mãe, Mary Gaye Curzon, foi uma beldade dos anos 60 e ainda merece o adjetivo. Ela passou por quatro casamentos.
 
Triste sina
 
Depois da estudantada de 2012, quando o Brasil ajudou a enxotar o Paraguai do Mercosul para incluir a Venezuela, os çábios do Planalto estão lambuzando o novo presidente, Horácio Cartes, para trazê-lo de volta.
 
Inventaram um problema onde ele não existia e abriram o caminho para o governo americano, que ficou longe da estudantada e melhorou sua posição junto aos paraguaios.
 
Papa Francisco
 
Quem conhece as fumaças do Vaticano acredita que até o fim do ano o Papa Francisco mexerá no seu time. A nomeação de novos cardeais, com D. Orani Tempesta na lista, é coisa certa. Algumas mudanças na Cúria, também.
 
Novidade mesmo poderia ser um remanejamento de cardeais brasileiros.
 
Aviso
 
Está acabando a paciência da opinião pública com manifestações de 200 ou 300 pessoas que bloqueiam o trânsito, prejudicando milhares de outras.

18 de agosto de 2013
O Globo


NOTA AO PÉ DO TEXTO

No país das jabuticabas tudo é possível... Agora essa do jornalista Elio Gaspari de que "Barbosa deve pedir desculpas a Lewandowski..."
Por tudo o que se viu durante o julgamento do processo do mensalão, e de tudo o que se leu sobre o episódio do diálogo áspero dos ministros, continuo simpático às grosserias do ministro Barbosa. Afinal, alguém tem a coragem de quebrar as formalidades das cirandas oficiais, para desvelar o que se esconde nos arrazoados - já cantados em prosa e verso - do ministro Lewandowski.
Grosso e curto, o ministro vai fazendo carreira sólida (e solo) de franqueza e honestidade...
m.americo

ECONOMISTAS EXPLICAM MARINA A EMPRESÁRIOS

Especialistas que a assessoram relatam dúvidas do setor privado sobre questão ambiental e falta de quadros conhecidos. Equipe tenta aproximar a segunda colocada nas pesquisas para o Planalto de nomes com trânsito no mercado
 
 


O avanço de Marina Silva nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2014 tem levado empresários e banqueiros a procurar o pequeno grupo de economistas que a assessora.
 
Os interlocutores da ex-senadora afirmam que o setor privado a considera uma incógnita e tentam esclarecer dúvidas a respeito de um possível governo Marina.
 
Terceira colocada na disputa de 2010, ela tem hoje a preferência de 26% dos eleitores e disputaria o segundo turno contra Dilma Rousseff.
 
Segundo Eduardo Giannetti da Fonseca, um dos economistas mais próximos de Marina, os empresários temem que critérios ambientais mais rigorosos freiem investimentos. A falta de economistas conhecidos pelo mercado e com experiência de governo é outra preocupação.
 
"São duas dúvidas que procedem", diz Giannetti.
 
O grupo de economistas próximos de Marina tem em comum o fato de flertar com outras áreas como sociologia, filosofia e ciências políticas.
 
Alguns, como Giannetti e Paulo Sandroni, a acompanham desde a campanha para a eleição de 2010.
 
Defendem políticas econômicas ortodoxas, como rigor fiscal e combate à inflação, mas comungam da tese de que não se pode perseguir crescimento econômico a qualquer custo, com prejuízos ao meio ambiente e ao bem estar da população.
 
Segundo Giannetti, o projeto de Marina prevê exigências mais rigorosas de preservação ao meio ambiente. Mas vai propor regras claras e processos mais rápidos para a aprovação de investimentos.
 
Recentemente, outros economistas que compartilham da ideia de crescimento ambientalmente sustentável se aproximaram de Marina.
 
É o caso de André Lara Resende, que fez carreira no mercado financeiro e foi um dos formuladores do Plano Real, em 1994. Economista historicamente identificado com os tucanos, tornou-se interlocutor de Marina.
 
A ex-senadora também se aproximou do sociólogo e professor de economia da USP Ricardo Abramovay desde o ano passado. Ele conta que tem conversado com Marina sobre a necessidade de uma política forte de incentivo à inovação, mas sem subsídios pesados do governo:
 
"Para investir em inovação, o setor privado tem de estar disposto a assumir riscos e não só perguntar com quanto o BNDES vai entrar."
 
A economista Eliana Cardoso, que trabalhou antes no Banco Mundial e participou do primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também tem dialogado com Marina.
 
Ela conta que a aproximação ocorreu em março, após ela ter escrito um artigo no jornal "O Estado de S. Paulo" defendendo Marina do que considerou uma campanha contra a pré-candidata por ela ser evangélica.
 
Eliana acredita que Marina adotará maior rigor na gestão dos gastos públicos do que o governo Dilma. Mas ressalta que, apesar dos diálogos frequentes, não faz parte dos assessores da ex-senadora.
 
A equipe de Marina tem tentado aproximá-la de economistas conhecidos pelo mercado e por empresários.
 
A Folha apurou que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga também foi procurado, mas o contato não originou um encontro dele com Marina. Fraga e outros economistas próximos do PSDB têm assessorado o pré-candidato da sigla, Aécio Neves. Procurado, Fraga não quis comentar o assunto.
 
O grupo próximo a Marina acredita que, em um possível segundo turno, a ex-senadora tende a ganhar apoio de economistas críticos à política de maior intervenção estatal adotada por Dilma.
 
Os economistas ressaltam que as conversas acontecem sem ter um eventual programa de governo como foco. Sandroni, que coordenou o programa da então candidata em 2010, diz que ainda é cedo para pensar na formatação do documento.
 
Segundo o ambientalista João Paulo Capobianco, aliado da ex-senadora, as conversas com os acadêmicos estão "aprofundando" uma plataforma lançada em 2010, que pode servir de subsídio para o programa de Marina, caso a candidatura se concretize.

18 de agosto de 2013
ÉRICA FRAGA,  PAULO GAMA e RAQUEL LANDIM - Folha de São Paulo

DOBRO DO PREVISTO, GASTO COM TERMELÉTRICAS DE DILMA CHEGA A R$ 3,9 BILHÕES



Ministro previa R$ 2 bi até o fim do ano, mas dispêndio ultrapassa R$ 3 bi.  Tesouro já injetou R$ 2 bi em fundo usado para arcar com preço maior da energia das usinas termelétricas


O uso contínuo de energia das termelétricas gerou um gasto bilionário para o governo. O valor desembolsado até junho pode chegar ao dobro do previsto para o ano.
 
O pagamento dessa energia, mais cara e mais poluente, somava até junho R$ 3,9 bilhões, segundo a Eletrobras. Em maio, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) estimou em R$ 2 bilhões o gasto até o fim do ano.
 
A despesa será repassada aos consumidores, ao longo de cinco anos. Segundo o ministro, trará um aumento máximo de 3% na tarifa.
 
Apesar de o relatório de gastos ser contabilizado pela Eletrobras, o ministério contesta os valores. Em nota, técnicos argumentam que outras despesas foram incluídas. O valor efetivo despendido foi de R$ 3 bilhões.
 
Ainda assim, há um aumento em relação aos últimos anos. No ano passado, as térmicas custaram R$ 1,7 bilhão, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Em 2010 e em 2011, foram R$ 670 milhões e R$ 6,1 milhões, respectivamente.
 
As termelétricas funcionam como um estoque de emergência de eletricidade. Se os reservatórios das hidrelétricas estão com nível baixo de água, o governo autoriza o uso das térmicas (movidas a gás, óleo e carvão) para garantir o abastecimento.
 
Desde o fim do ano passado, as térmicas vêm sendo mais usadas e por mais tempo. Os recursos para evitar que isso bata diretamente no bolso do consumidor saem da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), uma espécie de fundo que banca, por exemplo, o programa Luz Para Todos. O Tesouro tem injetado dinheiro na conta.
 
No início de julho, o saldo da CDE estava em apenas R$ 371,2 milhões. Foram repassados R$ 4,9 bilhões vindos de outro fundo do setor elétrico (RGR --Reserva Global de Reversão). Na semana passada, o Tesouro realizou um terceiro repasse. Já foram injetados R$ 2 bilhões.

18 de agosto de 2013
JÚLIA BORBA - Folha de São Paulo

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Será que ninguém sabe fazer conta no governo petista? Por onde andarão os economistas que estão sempre nos surpreendendo com valores que sempre ultrapassam e muito os custos projetados das obras? Por que será que sempre estamos muito além das previsões?
Que tal uma bolinha de cristal? Acho que facilitaria o trabalho...
m.americo