"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 26 de outubro de 2014

LUTO



 
LAMENTO A MORTE DA ESPERANÇA. LAMENTO PELOS 48.6% DE BRASILEIROS QUE SONHARAM COM A MUDANÇA PELO BEM DO BRASIL E DA NAÇÃO.
LAMENTO PELA DERROTA DA DEMOCRACIA, DA DECÊNCIA, DO JOGO LIMPO.
LAMENTO... NESTA HORA, NÃO HÁ COMO SONHAR
COM MELHORES DIAS, COM A LIBERDADE, COM A POLÍTICA HONESTA....
LAMENTO...
MAS VAMOS CONTINUAR VIGILANTES,
VAMOS CONTINUAR NA LUTA,
VAMOS CONTINUAR NO BOM COMBATE!
m.americo
 

O HUMOR DO DUKE

 
 
 
26 de outubro de 2014


SOMENTE A DERROTA LIVRA DILMA DO IMPEACHMENT

 



Não é verdade que o povo brasileiro seja insensível à corrupção. Fosse assim, Getúlio Vargas não teria se suicidado ao se ver cercado por um mar de lama (expressão que introduziu no glossário da política brasileira).

Fosse assim, não apenas Fernando Collor não teria sido deposto por um impeachment, como o PT não teria chegado aonde chegou, já que construiu sua trajetória pela via do denuncismo.

Hoje, mesmo com sua cúpula na cadeia, insiste em apontar a corrupção do próximo. Não a encontrando no presente, vai ao passado e procura desenterrar denúncias que fez ao governo FHC e que, em doze anos de exercício do poder, não cuidou de demonstrar – e providenciar a punição.

Uma coisa é o denuncismo vazio, que procura constranger o adversário e pô-lo na defensiva, como o PT sempre fez e continua fazendo. Outra coisa é a denúncia consistente, lastreada em testemunhos e documentos, como as que levaram ao impeachment de Collor e ao Mensalão – e agora ao Petrolão.

ACUSAÇÃO LEVIANA

Não há exemplo mais eloquente de denúncia vazia – e, portanto, leviana – que a que fez Dilma Roussef ao falecido ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de que recebera propina da Petrobras. Para tanto, invocou o depoente Paulo Roberto Costa, que manteve na diretoria da Petrobras, e cujas acusações aos governistas rejeitara por falta de provas.

O advogado de defesa de Paulo Roberto assegura que seu cliente jamais se referiu a Sérgio Guerra Costa em sua delação premiada – e que nem o conheceu.

Quanto a Sérgio Guerra, não está aí para se defender. A denúncia foi feita num dos debates, surpreendendo o oponente, já que ninguém antes mencionara – e nem fazia sentido – a participação de um oposicionista na farra do PT e seus aliados.

Não importa: importa o efeito no eleitor, que pode atribuir a surpresa do oponente a um desmascaramento.

SEM FUNDO MORAL

Não se busque aí nenhum fundo moral. Lula disse que “eles não sabem do que somos capazes”. E Dilma disse que faria “o diabo” para vencer as eleições. Essas promessas eles cumprem, fielmente. Aécio já foi acusado de espancar mulheres, de dirigir bêbado e drogado, de ser playboy e coisas do gênero. Na falta de fatos concretos, o jeito é inventá-los.

De tal modo Lula se mostrou transtornado nos últimos comícios que o ministro Gilmar Mendes, do STF, não resistiu ao comentário: “Ainda bem que não há bafômetro para comícios”.

A edição de Veja desta semana explica esse desespero: o doleiro Alberto Youssef, submetido à delação premiada, pôs pela primeira vez os nomes de Lula e Dilma na cena do crime. Disse que eles sabiam de tudo. E prometeu dar os números das contas bancárias do PT no exterior para onde ia a grana da roubalheira.

Precisa mais? Não são apenas acusações de um marginal, que busca jogar lama no ventilador. Trata-se de alguém que joga seu próprio destino. Delação premiada não é um jogo de vale-tudo.

NÃO SÃO DENÚNCIAS VAZIAS 

As informações precisam estar fundamentadas, lastreadas em documentação – ou não serão aceitas e agravarão a pena do depoente. As de Paulo Roberto Costa foram aceitas pelo Ministério Público e pelo Supremo Tribunal Federal. E ele já está em casa – sinal de que não se tratou de denúncias vazias.

Seja qual for o resultado hoje, há uma crise institucional no fim do túnel. Segundo se informa, em Brasília, algumas ordens de prisão, direcionadas a parlamentares e a governadores, já estão prontas.
A democracia foi substituída pela criminocracia. Caso se comprovem as delações de Youssef – e quem circula no meio político tem poucas razões para duvidar dessa hipótese -, uma eventual vitória de Dilma Roussef recolocará o fantasma do impeachment no palco da política.

Ouvi de um importante advogado de Brasília, acostumado a defender políticos, a frase: “Os eleitores de Dilma devem desde já procurar conhecer o programa de governo de Michel Temer”.

De fato, se vitoriosa – e na hipótese de um processo de impeachment -, Dilma acha que o PMDB a apoiaria ou preferiria exercer diretamente o poder? A eleição termina hoje, mas a crise ocupará 2015.

(artigo enviado por Celso Serra)

26 de outubro de 2014
Ruy Fabiano
Blog do Noblat

É A VITÓRIA DA URNA ELETRÔNICA SEM TESTE E SEM COMPROVAÇÃO

 



Com os votos dados a Aécio Neves e Marina Silva, o primeiro turno revelara a existência de uma maioria silenciosa que não queria mais o PT no poder.
O candidato do PSDB, Aécio Neves, teve 33,55% dos votos válidos, a representante do PSB chegou a 21,32%, perfazendo 54,87% de votos a esses dois candidatos de oposição, enquanto Dilma Rousseff recebeu 44,59%.
Ficou claro que, se houvesse massiva transferência de votos de Marina para Aécio, a eleição ficaria dificílima para o PT.
 
Na disputa do segundo turno, a candidata Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o PT então fizeram o possível e o impossível, baixaram o nível da campanha a um ponto nunca antes visto na História deste país, ultrapassaram em muito o famoso limite tucano da irresponsabilidade.
 
Depois, com o ministro petista Dias Toffoli à frente do Tribunal Superior Eleitoral, pela primeira vez não houve testes de segurança na urna eletrônica.
E este domingo, na hora da apuração, pela primeira vez o Brasil viu-se diante de uma operação secreta. Nunca antes na História deste país ocorreu nada igual.
Sem aviso, sob argumento da existência do horário de verão e da inexpressiva eleição no Acre, a apuração da eleição presidencial passou a ser feita de forma sigilosa.
 
Essa decisão é inexplicável, inacreditável e injustificável. Como já explicamos aqui na Tribuna da Internet, bastaria adiantar em duas horas a eleição no Acre e em uma hora no Amazonas e tudo ficaria normal.
 
BAIXO NÍVEL DE SEMPRE
 
Com os votos dados a Aécio Neves e Marina Silva, o primeiro turno revelara a existência de uma maioria silenciosa que não queria mais o PT no poder.
O candidato do PSDB, Aécio Neves, teve 33,55% dos votos válidos, a representante do PSB chegou a 21,32%, perfazendo 54,87% de votos a esses dois candidatos de oposição, enquanto Dilma Rousseff recebeu 44,59%.
Ficou claro que, se houvesse massiva transferência de votos de Marina para Aécio, a eleição ficaria dificílima para o PT.
 
Na disputa do segundo turno, a candidata Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o PT então fizeram o possível e o impossível, baixaram o nível da campanha a um ponto nunca antes visto na História deste país, ultrapassaram em muito o famoso limite tucano da irresponsabilidade.
 
URNA ELETRÔNICA SEM TESTE
 
Depois, com o ministro petista Dias Toffoli à frente do Tribunal Superior Eleitoral, pela primeira vez não houve testes de segurança na urna eletrônica, embora seja público e notório que esse tipo de equipamento é suscetível a fraudes diversas, como já ficou demonstrado por vários especialistas e pela Universidade Nacional de Brasília.
 
E este domingo, na hora da apuração, pela primeira vez o Brasil viu-se diante de uma operação secreta. Nunca antes na História deste país ocorreu nada igual. Sem aviso, sob argumento da existência do horário de verão e da inexpressiva eleição no Acre, a apuração da eleição presidencial passou a ser feita de forma sigilosa.
 
Essa decisão é inexplicável, inacreditável e injustificável. Como já mostramos aqui na Tribuna da Internet, bastaria adiantar em duas horas a eleição no Acre e em uma hora no Amazonas e tudo ficaria normal.
 
26 de outubro de 2014
Carlos Newton

APURAÇÃO "SECRETA" COLOCA EM SUSPEITA A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL

 



Nunca se viu nada igual. De repente, por causa do horário de verão e da inexpressiva eleição no Acre, a apuração da eleição presidencial passou a ser feita de forma sigilosa, comandada pelo ministro Antonio Dias Toffoli, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Como se sabe, Dias Toffoli só chegou ao Supremo e ao TSE por ser petista, pois jamais foi aprovado em concurso para juiz de primeira instância, tendo sido reprovado em duas tentativas.
A apuração dos governadores transcorreu normalmente, mas esse surpreendente atraso da apuração do pleito presidencial é estranho e inexplicável, pois bastaria adiantar em duas horas a eleição no Acre e tudo ficaria normal. Mas o que esperar de uma Justiça Eleitoral comandada por um magistrado do porte de Dias Toffoli. Só se poderia esperar uma vergonha nacional.

26 de outubro de 2014
Carlos Newton

É NOTÁVEL ! A ESPERANÇA PERDEU !!!

CAMPANHA DO ÓDIO, DA VIOLÊNCIA E DA MENTIRA OBTÉM A MAIORIA NAS URNAS: DILMA SE REELEGE COM QUASE 52% DOS VOTOS. À SUA FRENTE, UMA ECONOMIA ESTAGNADA E O FANTASMA DO IMPEACHMENT. PODE CONTAR COM A GENTE (RE)GOVERNANTA: PARA VIGIÁ-LA


Dilma Rousseff, do PT, que vai fazer 67 anos no dia 14 de dezembro próximo, reelegeu-se presidente da República. Aos 96,24% dos votos apurados, ela tem 51,18% dos votos, contra 48,82% de seu oponente, Aécio Neves, do PSDB.
 
Obtém o segundo mandato de forma legítima, segundo as regras do jogo, mas é importante destacar que apenas cerca de 80% do eleitorado (até este momento não há os números do Acre) , composto de 142.822.046 de brasileiros, lhe conferiram esse passaporte.
 
Nada menos do que cerca de 28 milhões e brasileiros  deixaram de comparecer às urnas. Os brancos e nulos ultrapassam 6,37%, e há, como se mencionou, os quase 50 milhões que queriam Aécio presidente.
 
E assim é com o absurdo instituto do voto obrigatório. Um presidente é ungido, note-se, com o voto de uma minoria. Parece-me que um de seus deveres é tentar atrair a adesão daqueles que preferiram outro caminho. E é nesse ponto que as coisas podem se complicar para Dilma.
 
Vamos ser claros? O PT não se caracteriza exatamente por fazer campanhas limpas. Gosta de dossiês e de montar bunkers para destruir reputações; adere com impressionante presteza às práticas mais odientas da política; transforma adversários em inimigos; não distingue a divergência legítima da sabotagem e o oponente de um alvo a ser destruído; julga-se dotado de um exclusivismo moral que lhe confere o suposto direito de enlamear a vida das pessoas.

Não foi diferente desta vez. Ou foi: a violência retórica e as agressões assumiram proporções inéditas. Nunca se viram tanta baixaria, tanta sordidez e tanta mentira numa campanha.
 
Vejam de novo o placar: Dilma vai vencer Aécio por diferença pequena. Quantos desses votos são a expressão do terror, do medo, do clientelismo mais nefasto? Não! Não se trata, e evidente, de tachar os eleitores de Dilma de “desinformados” — até porque, felizmente, a democracia ainda não inventou um mecanismo que distinga os “bons” dos “maus” votos.
Mas é preciso ser um pilantra para ignorar que pessoas economicamente vulneráveis, que estão à mercê do Bolsa Família, acabam decidindo não exatamente com menos informação, mas com menos liberdade.
 
Multiplicaram-se aos milhares as denúncias de chantagens aplicadas contra as pessoas que recebem benefícios sociais do Estado brasileiro. Cadastrados do Bolsa Família e do Minha Casa Minha Vida passaram a receber torpedos e a ser bombardeados com panfletos afirmando que Aécio extinguiria os programas, como se estes pertencessem ao PT, não ao Brasil.
De própria voz, Dilma chamou os tucanos de inimigos do salário mínimo — que teve ganho real acima de 85% no governo FHC, superior, proporcionalmente, aos reajustes concedidos pela própria Dilma.
 
E daí? As mentiras sobre o passado foram constrangedoras: FHC teria entregado o país com uma inflação maior do que a que recebeu; tucanos teriam proibido a construção de escolas técnicas; o governo peessedebista teria sido socialmente perverso…
E vai por aí. Sobre o futuro do Brasil, não disse uma miserável palavra a não ser um daqueles miraculosos programas — agora é a vez do “Mais Especialidades”…
 
Quanto dos cerca de 52 milhões de votos que Dilma obteve a mais do que Aécio se consolidaram justamente no terror? Ora, esbarrei em São Paulo com peças verdadeiramente sórdidas de terror e de agressão à honra pessoal de Aécio. Estatais foram usadas de maneira vergonhosa na eleição, como se viu no caso dos Correios. Em unidades de bancos público, como CEF e BB, houve farta distribuição de panfletos contra o candidato tucano.
 
É claro que o medo, ainda que por margem estreita, venceu a esperança. Dilma assumirá o novo mandato, no dia 1º de janeiro, com boa parte dos brasileiros sentindo um certo fastio de seu governo.
Pior: o país parou de crescer, os juros estão nas nuvens, e a inflação, raspando o teto da meta. Dilma também não tem folga fiscal para prebendas, e o cenário internacional não é dos mais hospitaleiros. Não será fácil atrair aqueles que a rejeitaram porque vão lhe faltar os instrumentos de convencimento.
 
Petrolão
 
Mais: Dilma já assumirá o novo mandato nas cordas. Além de todas as dificuldades com as quais terá de lidar, há o estupefaciente escândalo do Petrolão. A ser verdade o que disse sobre ela o doleiro Alberto Youssef, não vai terminar o mandato; será impichada — e por boas razões.
 
O escândalo não vai se desgrudar dela com tanta facilidade. Youssef pode estar mentindo? Até pode. Mas ele deve conhecer as consequências de fazê-lo num processo de delação premiada. Ele pode não servir para professor de Educação Moral e Cívica, mas burro não é. E que se note: em meio a crises distintas e combinadas, a governanta promete engatar uma reforma política, com apelo a plebiscito. Vêm tempos turbulentos por aí, podem esperar.
 
Dilma venceu por um triz porque o terrorismo funcionou. Sua campanha foi bem além do limite do razoável. Seu governo já nasce velho, com parcela considerável do eleitorado a lhe devotar franca hostilidade. E, por óbvio, seus “camaradas” à esquerda não vão lhe dar folga.
 
A petista assumirá o novo mandato no dia 1º de janeiro tendo à frente o fantasma do impeachment e a realidade de uma economia estagnada. Não a invejo. E creio que Aécio também não porque, por óbvio, se ele tivesse vencido, isso teria ocorrido segundo as suas circunstâncias, não as dela, que são muito piores.
 
O Brasil vai acabar? Não! Países não acabam. Eles podem entrar em declínio permanente.
 
Mas Dilma pode ficar tranquila: nós nos encarregaremos de lembrar que ela foi eleita para governar um país segundo regras que estão firmadas pelo Estado de Direito.
Ela pode contar com a nossa vigilância. Agora, mais do que nunca.
 
26 de outubro de 2014
Reinaldo Azevedo, Veja

O BRASIL PERDEU...

 

 
Basta olhar o mapa das eleições.
O Brasil perdeu. O Brasil escravizado pela Bolsa Família, que é a eternização da miséria.
O Brasil perdeu. Perdeu para a sordidez, a calúnia, a mentira, a injúria.
O Brasil perdeu. Perdeu para a corrupção e a roubalheira do dinheiro público. Há muito a lamentar. Mas o Brasil é este país assim.
Vamos continuar na oposição, mas, por favor, a partir de agora uma oposição de verdade, sem negociação.
É o que tenho a dizer, além de cumprimentar Aécio Neves, que foi um grande candidato. Um verdadeiro herói.
Amanhã é outro dia. Estaremos aqui ao lado de vocês. Como sempre.
Um abraço e viva o Brasil. Mesmo esse Brasil.
 
26 de outubro de 2014
in coroneLeaks

AQUI NÃO É CRIME

 

Acabo de voltar da secção eleitoral onde voto, em Genebra. A viagem de ida e volta dá uns 90 km. Mas não posso reclamar. Em determinados países, brasileiros têm de viajar centenas – às vezes milhares – de quilômetros para cumprir sua obrigação.
Se fosse facultativo, seria um direito. Como é compulsório, deixa de ser direito para se tornar obrigação. Pior que isso: o não comparecimento transforma-se em contravenção sancionada com multa. O perfume não é muito democrático, mas assim é.
 
Eleição 2
 
Você acredita, distinto leitor, que havia gente fazendo boca de urna debaixo da marquise, do lado de fora do local onde se vota? Em pleno Palácio das Convenções de Genebra, Suíça? Pois é isso mesmo. Vi com estes olhos que a terra há-de comer.
 
Era um grupozinho de militantes, daqueles bem mequetrefes, enrolados em bandeira estrelada, com o nome da candidata deles escrito em letras garrafais. Paravam todos os que se dirigiam à entrada. Aquilo me revoltou e me fez perder o sangue-frio. Dei uns gritos, disse que aquilo era proibido. Desassombrados, responderam que podia ser proibido no Brasil, mas não aqui. E continuaram impávidos.
 
Chamei então a atenção do pessoal consular. Imediatamente, a embaixadora, acompanhada de um pequeno comitê, dirigiu-se ao local onde estavam os boqueiros. Foram parlamentar.
 
Boca de urna 3
 
Enquanto isso, fui votar. Na saída, percorrendo o mesmo caminho, que vejo? Primeiro, a embaixadora e acompanhantes, já retornando ao local de votação. Em seguida… o grupelho. Enrolados nas mesmas bandeiras, continuavam a apostrofar todos os que passavam.
E pensar que tudo isso está sendo financiado com o meu, com o seu, com o nosso dinheiro! É revoltante.
 
Se o senhor Aécio vencer hoje, é porque é forte mesmo. Os braços longos da máquina governamental já estão chegando até o exterior. Alguém produziu e transportou – em viagem de 10 mil quilômetros! – aquelas bandeiras e aqueles santinhos. Alguém remunerou os militantes, nem que seja uma tubaína, um sanduíche, a condução e mais uns trocados.
 
Arca 1
 
Caso a oposição ganhe, que se cuidem! Os que hoje detêm o poder estão com as burras abarrotadas de dinheiro. São cuecas, malas, arcas e baús transbordando. Sem mencionar os bilhões encafuados em paraísos fiscais. É dinheiro suficiente pra comprar Legislativo e Judiciário inteirinhos. E quem mais for necessário.
Dentro de mais algumas horas corre a loteria. Veremos de que lado sai a sorte grande. Neste momento, uma única certeza: o vencedor será mineiro.
 
26 de outubro de 2014
José Horta Manzano

FANTASMAS DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO NOS EUA

Livro 'Autópsia da América', de fotógrafo Seph Lawless, expõe abandonado e decadência no país.


http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141022_galeria_seph_lawless_rb


26 de outubro de 2014

MÁFIA EM DESESPERO


 
 
26 de outubro de 2014
 

CONTRA O PROJETO AUTORITÁRIO DO PT, SÓ AÉCIO PODE RECONCILIAR O PAÍS CONSIGO MESMO

 


Editorial do Estadão alerta para a possibilidade de agravamento das tensões sociais caso o lulopetismo permaneça no poder. Será, de um fato, uma perigosa ameaça à democracia, que os petistas jamais respeitaram. Conclui o editorial: "hoje, cada brasileiro tem a oportunidade de conter essa ameaça, votando no candidato que se propõe - e está credenciado para a tarefa - a reconciliar o Brasil consigo mesmo: Aécio Neves."
A responsabilidade que a eleição presidencial de hoje coloca sobre os ombros dos cidadãos brasileiros se estende para muito além dos quatro anos do novo mandato do chefe de governo. Ao cabo de 12 anos do PT no poder e de uma campanha eleitoral em que predominou o mais inescrupuloso marketing em prejuízo do embate de ideias, o Brasil se acha dividido. Por enquanto, apenas em termos eleitorais.
 
Mas o terreno está ameaçadoramente preparado para fazer germinar a cizânia social. Mais quatro anos de PT podem significar a transformação da cada vez mais aguda hostilidade da polarização "nós" versus "eles" num conflito social escancarado cuja primeira vítima será a democracia.
 
Essa perspectiva assustadora será a consequência natural da política de deliberada divisão da Nação sobre a qual o lulopetismo tenta consolidar seu projeto de poder. O PT, criado há 35 anos com a generosa ideia de promover o fim das injustiças sociais, perdeu-se ao longo da jornada. Seus melhores quadros, plenos de idealismo político, abandonaram a legenda ou foram dela descartados ao sabor das conveniências dos donos do partido.
 
O PT transformou-se numa enorme máquina que, para permanecer no poder, se aliou àqueles que antes combatia ferozmente como inimigos do povo. E, nessa linha, não tem o menor escrúpulo de focar sua ação, tanto na vida partidária como no exercício do poder, tão somente naquilo que rende votos. O discurso petista, do qual Lula é o principal mentor e melhor exemplo, tem três matrizes: dizer exclusivamente o que as pessoas desejam ouvir; quando na defensiva, assumir o papel de vítima; e, na ofensiva, tratar os adversários como inimigos a serem destruídos.
 
Em sua defesa, o PT não pode nem mais alegar que a mudança de rota em relação ao curso originalmente traçado ocorreu por imposição das circunstâncias e da necessidade de garantir com pragmatismo a governabilidade em benefício dos despossuídos. A tal história dos fins que justificam os meios.
 
Esse argumento desmorona quando todos os indicadores sociais e econômicos revelam que os últimos quatro anos de governo petista, sob o comando de Dilma Rousseff, significaram retrocesso. O Brasil está hoje muito pior do que quando a atual candidata à reeleição assumiu o poder.
 
Nessas circunstâncias, manipular importantes realizações petistas dos últimos 12 anos - pois é claro que existem, principalmente na área social - como se fossem obras do incompetente governo Dilma é um dos embustes a que o marketing eleitoral companheiro recorreu durante a atual campanha. Mas a peça de resistência da campanha eleitoral petista é aquela estocada no departamento dos recursos escusos. Primeiro, a tentativa - que contra Marina Silva deu certo no primeiro turno - de destruir a imagem do adversário com ataques infames e mentirosos. A tática foi insistentemente repetida agora contra Aécio Neves.
 
O mais infame da campanha lulopetista, no entanto, é o discurso em que os dirigentes do partido, imitando Lula, se especializaram: a instigação do conflito social, colocando "nós" contra "eles", e situando o PT como o último bastião de resistência do povo oprimido contra a ambição desmedida e a insensibilidade das "elites".
 
Qual o sentido de Lula declarar, desnudando sua natureza, que ao "agredir as mulheres" nos debates eleitorais Aécio Neves demonstrou que é capaz também de "pisar nos pobres"? Ou ao classificar o candidato tucano de "filhinho de papai"? E de equiparar seus adversários eleitorais a nazistas? É assim que se dissemina o ódio entre pessoas que deveriam, civilizadamente, apenas expor firmemente suas divergências programáticas com adversários políticos.
 
Quando a divergência se transforma em ódio, o caminho está aberto para o agravamento de tensões sociais e elas podem se tornar explosivas.
 
Hoje, cada brasileiro tem a oportunidade de conter essa ameaça, votando no candidato que se propõe - e está credenciado para a tarefa - a reconciliar o Brasil consigo mesmo: Aécio Neves.
 
26 de outubro de 2014
in blog do orlando tambosi

YOUSSEF CONFIRMA, LULA E DILMA SABIAM DE TUDO!


Bem amigos, parece que aconteceu o que todo mundo sabia, Alberto Youssef entregou os dois "capi de tutti capi".
A Presidanta Jumenta e seu comparsa o EX presidente Sebento.

Graças a democracia que ainda temos um veículo de imprensa que não está dentro do bolso dos Ratos Vermelhos.
 
A revista Veja, que antecipou sua edição e colocou fogo no ninho das Ratazanas da esquerda quadrilheira. A Veja saiu com a manchete onde as denuncias do doleiro finalmente bateram na bunda dos dois vermes.

É óbvio que as denuncias do doleiro são mais do mesmo, pois só os muito obtusos e os muito vagabundos é que ainda acreditavam, ou acreditam que a parelha de Jumentos não sabia de nada.

Explode mais uma manilha do esgoto que se transformou o governo do PT, outra denuncia de corrupção, bandalheira e desvio de grana pública inunda a vida da população, só que agora com os nomes dos chefes da gang.

Certo que com o estado aparelhado da maneira que está, com a justiça em ruínas sob a chefia de "soldados" vermelhos tudo poderá terminar em outra gigantesca pizza de merda.

Se o Brasil fosse um país sério com instituições ilibadas e independentes como deve ser em uma democracia, a PF já estaria no encalço do Sebento e a candidatura da jumenta já estaria em vias de ser impugnada.

Mas, o TSE dirigido pelo apadrinhado do Sebento o tal Toffolidido, aquele "divogado" que não passou em nenhum concurso da magistratura, mas mesmo assim foi alçado a ministro do STF e garantiu um salário vitalício de aproximados 30 paus fora as mordomias para servir de bate pau do PT no tribunal, não vai impugnar a candidatura da Jumenta nem a cacete,

E o esgoto a céu aberto que se transformou a politica dos "éticos" "probos" e "honestos" PTralhas é uma afronta ao povo brasileiro. Quando falo povo brasileiro me refiro aos que trabalham, pagam impostos, produzem e dão empregos, os que fazem a roda girar, uma vez que tem o outro klado que é aquele povinho de merda que vive encostado em paternalismo cargos de confiança e pendurados nas estatais.

As denuncias são sérias e colocam em risco a democracia, já estamos vendo a PuTralhada se movimentar para desconstruir Youssef alegando que ele mente e que a Veja é seletiva e planeja um golpe de estado contra o governo dos Ratos Vermelhos, aquela lenga-lenga que é recorrente quando pegam os PTralhas com a mão na massa.

Chegamos a reta final da campanha e dia sim e outro também aparecem mais e mais denúncias de corrupção contra o PT e sua gang.
 
Ontem além das declarações do doleiro, ainda temos o Pronatec e o Pronaf atolados em denúncias de desvio de dinheiro público, abriram a tampa do poço e não para de jorrar esgoto na cara da população. 

Até quando o brasileiro vai ficar se fingindo de morto e fazendo briga de torcida pela internet?

Quando será que este povo vai realmente sair as ruas e pedir algumas cabeças para moralizar o país e garantir um futuro melhor para as próximas gerações.

Sabemos ue o PT tutelo o povo pobre os transformando em uma massa de manobra indolente e encostada que vive de benefícios do estado sem a mínima preocupação coim o futuro. 

Mas a imensa maioria da população trabalha, e trabalha duro para sobreviver, e é essa massa que me deixa assustado quando vejo parcela dela optando pela manutenção do modelo de governo que ai está.

Chegou a hora de mudar, caso contrário, nem o Sebento e nem a Jumenta irão responder por seus crimes e ainda serão alçados a condição de pais dos pobres.

E o esgoto continua a jorrar, caso Aécio vença as eleições ele vai ter anos de trabalho árduo para moralizar definitivamente o Brasil.

25 de outubro de 2014
omascate

VALE RELER: IGNORANTES DO BEM




A nova elite vermelha não protagonizou casos de corrupção. Ela criou, sob a propaganda da bondade, um sistema de corrupção


O Sudeste decidirá a eleição presidencial mais disputada da história recente. E o Rio de Janeiro poderá ser o fiel da balança. O fator decisivo para esse resultado será a famosa tradição carioca de ser oposição — que ultimamente tem se transformado em oposição a favor.

Os ânimos estão exaltados, mas é o destino do país que está sendo decidido palmo a palmo. Demarcada a fronteira da estupidez, ninguém precisa se envergonhar de ser aguerrido. E ninguém precisa se envergonhar do voto que escolher. A não ser que esse voto esteja baseado em premissas hipócritas. Aí é o caso de se envergonhar.

Boa parte do eleitorado carioca resolveu fazer poesia numa hora dessas. Na falta de miragem nova, muita gente boa embarcou na toada de que a disputa entre Dilma e Aécio é um confronto esquerda x direita — a esquerda sendo o bem, e a direita o mal, claro. Muitos repetem até que é uma espécie de reedição do embate Lula x Collor. Só três hipóteses podem explicar a defesa dessa tese: distração, ignorância ou desonestidade.

Em 1989, o Brasil tinha sua primeira eleição direta para presidente depois da ditadura. Collor era identificado com as elites que sustentaram o regime militar. O voto contra Collor, portanto, era um voto contra o autoritarismo. O que as crianças do balneário não querem perceber é que esse filme passou há um quarto de século. E o autoritarismo mudou de lugar.

Arrancado do poder por corrupção, Collor hoje apoia Dilma. Mas isso é o de menos (por incrível que pareça). Dilma e todo o PT apoiam, desinibidamente, os condenados pelo escândalo do mensalão. É como se os presidentes das associações de medicina apoiassem Roger Abdelmassih, o devorador de gestantes. Dilma Rousseff, a candidata do bem contra o mal, apoia pelo menos meia dúzia de governos autoritários na América do Sul e no Oriente Médio, oferecendo-lhes até colaboração econômica — com o dinheiro dos progressistas que votam no PT contra o autoritarismo. Quando Mahmoud Ahmadinejad massacrou manifestantes de oposição, Lula socorreu o ditador iraniano declarando que aquilo era normal, como “briga entre flamenguistas e vascaínos”.

Os progressistas com alma de oposição têm todo o direito de votar em Dilma. Só não fica bem fingirem que estão votando contra as elites reacionárias e autoritárias, sentindo-se humanos e sensíveis. O que há de mais reacionário, autoritário, insensível e desumano no país hoje é o assalto ao Estado brasileiro. Não só o do mensalão, mas o da fraude que o governo Dilma instituiu na contabilidade pública: maquiagem dos balanços para esconder déficits e gastar mais — com uma máquina sem precedentes que acomoda os companheiros e simpatizantes.

Quem são hoje, 25 de outubro de 2014, as elites que se organizam para sugar o que é do povo? Não, meu caro progressista do bem, não dá mais para você olhar no espelho e dizer que é a “direita conservadora” — ou qualquer desses apelidos feios para quem não usa a estrelinha vermelha. A elite egoísta e predadora hoje é essa que você ajudou a vitaminar, achando que estava votando num livro de García-Marquez, numa canção de Chico Buarque ou num poema de Neruda. Traficaram o seu romantismo, caro eleitor de esquerda, e o transformaram na maior indústria parasitária que este país já viu.

O doleiro acaba de revelar que Dilma e Lula sabiam do esquema de saque à Petrobras. O que você fará diante disso, caro progressista do bem? Colocará para tocar um disco de Mercedes Sosa? Ou fechará os olhos e ficará repetindo para si mesmo que casos de corrupção existem em todos os governos? Não, meu caro, a nova elite vermelha não protagonizou casos de corrupção. Ela criou, sob a propaganda da bondade, um sistema de corrupção.

O mensalão foi montado dentro do Palácio do Planalto pelo principal ministro de Estado, fazendo uma transfusão de dinheiro público para o partido do presidente. O tesoureiro desse partido, condenado e preso, foi sucedido por outro tesoureiro que está no centro do escândalo do petrolão. Esse outro, João Vaccari Neto, é o homem forte da campanha de Dilma Rousseff. Será que o doleiro ainda precisa lhe dizer, prezado e orgulhoso eleitor de esquerda, que todos os seus heróis sabiam de tudo? Ou mais claramente: que eles arranjaram um jeito esperto de transformar a política em meio de vida?

São 12 anos de erosão nas contas públicas, o que qualquer economista sério atesta. Gastança sem critério (ou com os critérios acima descritos) que travam o crescimento e geram inflação. Traduzindo: empobrecimento. O país resiste com seu fôlego próprio, mas não há programa assistencial que compense: todos perderão.

O PT está tomando providências: some com os indicadores que fazem mal à sua propaganda — como acaba de fazer com os dados do Ipea sobre a miséria. É a mesma tecnologia da contabilidade criativa. Uma usina de versões, que faz a presidente da República atolar em sua própria fala ao vivo. Um vexame, caro eleitor do bem, um show de impostura.

Exija respeito pela sua escolha na urna. Mas procure um jeito honesto de se orgulhar dela.


26 de outubro de 2014
Guilherme Fiuza, O Globo

PELA VITÓRIA DO BRASIL, NÃO EXISTE GOL FEIO



Em 1946, Perón assumiu o poder argentino com um golpe, apoiado pelo exército e pela classe trabalhadora contra um regime tido por conservador. Tendo os sindicatos como importante base de sustentação política, o governo de Juan Perón promulgou extensa legislação social em benefício dos trabalhadores, apresentando-se como uma espécie de pai dos pobres. Usando e abusando das técnicas de demagogia populista, o peronismo exacerbou a figura do líder carismático que, da noite para o dia, caiu nas graças das camadas populares. Mesmo após sua queda, em 1955, sua aura de representante do povo foi mantida e permanece idealizada entre os trabalhadores argentinos.

Se trocássemos as datas e substituíssemos os personagens, praticamente tudo que foi dito caberia na recente história política do Brasil. A única diferença é que o populismo argentino tinha o apoio das armas, enquanto aqui a pólvora fardada foi substituída pelo fogo insaciável da marquetagem oficial. No fim, a estratégia política era a mesma: saciar o povo com efêmeras conquistas de forte apelo eleitoral. Coincidentemente, apesar de toda a teatralidade retórica, o cerrar de ambas as cortinas foi marcado pelo tom de sérias denúncias de corrupção, indignidade no exercício da função pública e um progressivo desarranjar da situação econômica real.

Certa vez, uma prestigiada inteligência advertiu que insanidade seria repetir a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Ora, a vida ensina que a melhora das condições de vida do povo é uma consequência do aprimoramento institucional de um país e não da suposta vinda de um líder messiânico. Política responsável se faz com trabalho sério, responsabilidade e observância das regras do jogo. Quando a atividade política se transforma em um teatro de palavras fáceis e uma peça de fragilidade ética, o resultado é o enfraquecimento das instituições do Estado com o consequente comprometimento das condições dinâmicas da economia.

Dito e feito. Os sintomas de que a situação brasileira é periclitante são absolutamente palpáveis: inflação alta, câmbio em disparada e famílias endividadas. Abandonando a demagogia e voltando a administrar o país com prudência e seriedade, ainda temos tempo de manter a estrutura econômica em ordem. Sem cortinas, precisamos retomar o bom hábito de fazer o certo, olhar com rigor para os problemas da realidade e deixar de dizer que os problemas são os outros. Enfim, está chegada a hora de um governo competente que ponha um basta nos descaminhos e ineficiências da máquina pública brasileira.

Ato contínuo, não podemos mais continuar dividindo o país e divorciando a nação. Independentemente de loiro ou moreno, branco ou preto, homem ou mulher, pobre ou rico, somos todos só, e somente só, cidadãos brasileiros e, assim, merecedores de igual respeito e atenção. A velha máxima do dividir para governar está vencida. Um bom governo deve unir pontos diferentes em vez de cavar valas separatistas entre iguais. Aliás, os divorcistas políticos apenas representam a flagrante inabilidade de formar os consensos necessários às boas soluções democráticas.

Ao fim e ao cabo, o Brasil precisa de um novo modelo de gestão pública, pautado por eficiência, legalidade e meritocracia. Não podemos mais aceitar o improviso, a incoerência e a mentira. Não podemos mais tratar criminosos como heróis de uma causa perdida. Não podemos mais tolerar a corrupção como um modus operandi de uma política rasteira e distanciada da ética. Não podemos mais condenar nossas crianças à miséria da ignorância e da incultura. Não podemos mais abandonar nossos idosos na solidão de um sistema de saúde pública sucateado. Enfim, precisamos resgatar o amor próprio e o orgulho de sermos cidadãos do Brasil.

O peronismo brasileiro tem de acabar. Assim como no futebol, dá para vencer os hermanos de plantão. Basta entrar em campo, jogar com seriedade e deixar aflorar o talento que pulsa em nosso peito. Temos plenas e totais condições de vencer a partida contra a imoralidade política desbragada que aí está. A bola da vez é o voto. Votando bem, vamos levantar o caneco e festejar a vitória na rampa do Planalto.

Como disse um grande goleador e agudo poeta futebolístico, “não existe gol feio; feio é não fazer o gol”. Falando nisso, quantos gols você prefere fazer: 13 ou 45?


26 de outubro de 2014
Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr., Gazeta do Povo, PR

NÃO É JOÃO SANTANA




A publicidade de Dilma é superior pois opera no universo da política, não no do marketing


"É Duda Mendonça!", exclamaram tantos analistas em 2002, quando Lula conquistou o Planalto. "É João Santana!", começam a dizer agora, no rastro das pesquisas que indicam uma dianteira de Dilma. O diagnóstico estava errado ontem --e continua errado hoje. A campanha eletrônica da presidente-candidata é muito melhor que a de Aécio, mas por razões estranhas às técnicas de marketing. No fundo, o predomínio de Dilma na telinha deve-se, justamente, à sábia descrença do lulopetismo nos poderes encantatórios do marqueteiro.

"O que parece, é!", ouvi de um publicitário, anos atrás, numa mesa-redonda sobre o valor da Copa do Mundo para o Brasil. O brilho exterior do evento da Fifa justificava-o automaticamente, gerando por si mesmo efeitos benéficos em diversos níveis, argumentava o profissional do marketing. Ele não sabia que a ciência só existe porque as aparências enganam: afinal, não é o Sol que gira ao redor da Terra. As ferramentas do marketing funcionam bem no universo do consumo, mas não no da política. O primeiro tem como centro o indivíduo e seus desejos de consumo. O segundo estrutura-se em torno da sociedade e dos valores coletivos. A publicidade de Dilma é superior pois opera no universo da política, não no do marketing.

"Nós contra eles": pobres versus ricos, povo versus elite. O tema invariável do lulopetismo brota da extensa tradição populista, inaugurada no Senado romano. Mesmo enveredando pelas trilhas da difamação e da mentira, a propaganda de Dilma jamais renunciou ao registro da política. A propaganda de Aécio, pelo contrário, apenas roçou as fronteiras do discurso político, esterilizando-se no registro do marketing. O candidato oposicionista não soube dizer que Dilma não é o que parece.

"Aécio é o Brasil sem medo do PT." Na sua melhor frase, a campanha dos tucanos contrapôs "o Brasil" ao "PT", utilizando a ideia de unidade como antídoto contra o discurso da divisão ("nós contra eles"). É política, mas só até a página 3. Segundo a lógica binária dos marqueteiros, existem apenas as alternativas do discurso "positivo" (propostas) e do "negativo" (ataques). Aécio oscilou entre os comportamentos polares, ao sabor das pesquisas qualitativas. A lógica conflitiva da política, contudo, exige o emprego da crítica, um recurso situado além do espectro de opções do marketing.

"Os ricos nunca ganharam tanto dinheiro quanto no meu governo." Na frase de Lula encontram-se as chaves para a crítica dos governos lulopetistas --isto é, para desvendar a empulhação veiculada pelo discurso populista. Aécio martelou o prego da inflação crônica, mas não esclareceu suas relações com a persistência de taxas de juros que desviam a riqueza social para o sistema financeiro. O candidato também não acendeu um holofote sobre o "bolsa empresário" do BNDES, iluminando a face oculta da "mãe dos pobres". Ele insistiu no escândalo da Petrobras, mas não explorou seu potencial pedagógico, explicando o lugar ocupado pela estatal na santa aliança da coalizão governista com as grandes empreiteiras. O marketing está para a política como o ensino fundamental está para a universidade.

"Escolas e hospitais padrão Fifa." Os manifestantes das Jornadas de Junho ofereceram uma bússola para as oposições, gritando nas ruas que a função do Estado é gerar bens públicos, não soprar bolhas de consumo com os foles do crédito, dos subsídios e da dívida. Os tucanos deixaram passar a oportunidade de mostrar as imagens das manifestações e de abrir um diálogo honesto com a maioria dos brasileiros, que as apoiaram. Provavelmente, escutaram o alerta de marqueteiros sobre os riscos de avivar a memória de um movimento avesso ao conjunto da elite política. O marketing teme a incerteza, que é inerente ao mundo da política.

João Santana não ganha eleições. No máximo, empacota um discurso eficaz.


26 de outubro de 2014
Demétrio Magnoli. Folha de SP

APAGÃO DE INFORMAÇÕES E USO DA MÁQUINA PÚBLICA




Apuradas as urnas, é possível que se constate que nestas eleições houve a mais escandalosa manipulação de recursos públicos a favor da candidatura oficial


Transcorria o governo Itamar Franco, o Plano Real havia começado a ser implementado, quando o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, ao se preparar para conceder uma entrevista à Globo, não percebeu que os microfones estavam abertos e verbalizou o enunciado dos governos: “O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".

Era setembro de 94, FH estava em campanha para ganhar sua primeira eleição presidencial. Ricupero entregou o cargo a Itamar, mas suas palavras nunca deixaram de, volta e meia, ser confirmadas.

É o que acontece, duas décadas depois, nesta campanha das eleições de 2014, em que o governo do PT evita divulgar pesquisas, informações em geral de interesse da população, para proteger a presidente Dilma na campanha de reeleição.

Em mais uma prova de que todo o governo subiu ao palanque da presidente, o Ministério da Educação adiou a liberação da listagem do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) referente ao rendimento em Português e Matemática, em 2013. Em setembro, foram divulgados os índices para as redes pública e particular. O resultado nos anos finais do ensino fundamental e em todo o ciclo médio não foi bom, tendo ficado abaixo das metas. Deduz-se que as informações agora sonegadas confirmem este cenário pouco animador. Para não dar munição ao candidato da oposição, Aécio Neves, segurou-se o dado, como estabelece o enunciado de Ricupero.

Também foi postergado o relatório de setembro sobre a arrecadação tributária, campo em que o governo também não se sai bem, devido aos efeitos da atividade lenta na economia. A coleta fraca de impostos projeta ainda mais preocupações sobre as contas públicas, equilibradas apenas devido à aplicação de técnicas de “contabilidade criativa”. Pura fantasia.

O apagão eleitoreiro de informações também atinge o desmatamento da Amazônia. A ONG Imazon indica haver crescimento da destruição da floresta. Mas apenas em novembro o governo liberará o que aconteceu na Amazônia em agosto e setembro.

O flanco social da pobreza e miséria, muito explorado por Dilma e adversários, também tem sido bem protegido: a direção do Instituto de Pesquisa Ecônomica Aplicada (Ipea), subordinada à Secretaria de Assuntos Estratégicos, vetou a divulgação de análise de estatísticas sobre a miséria, feita com base na última Pnad. Por isso, um diretor, Herton Ellery Araújo, entregou o cargo, assim como o pesquisador Marcelo Medeiros. Nem na ditadura militar houve esse tipo de ingerência no instituto.

Apuradas as urnas amanhã, é possível que se constate que nestas eleições houve talvez o mais escandaloso uso da máquina e de recursos públicos a favor da candidatura oficial, pelos menos desde a redemocratização.

 
26 de outubro de 2014
Editorial O Globo

O TAMANHO DA CRISE DO ETANOL




A crise que afeta as usinas de açúcar e álcool está longe do fim. Com a dívida 10% maior do que o faturamento que poderão alcançar, as usinas terão uma de suas piores safras dos últimos anos.

A crise financeira mundial iniciada em 2008 tornou ainda mais difícil a situação das empresas brasileiras do setor sucroalcooleiro, que já começavam a pagar o preço da errática política do governo do PT para o etanol. Esse preço continua a aumentar.
Como mostrou reportagem do Estado (21/10), com faturamento de R$ 70 bilhões no ciclo 2014-2015, as usinas deverão encerrar a safra devendo R$ 77 bilhões, de acordo com estimativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Tendo acreditado nas promessas do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tornar o Brasil o líder e o exemplo mundial na produção de energia limpa e renovável, as usinas investiram pesadamente entre 2003 e 2008 na expansão da capacidade de produção do etanol e, para isso, contraíram dívidas pesadas, que a maioria ainda não quitou.

O discurso ufanista do governo - que apontava as vantagens econômicas, ambientais e sociais do etanol de cana-de-açúcar sobre o similar americano produzido a partir do milho (com o desvio de boa parte da safra do grão que seria destinada para outras finalidades) - estimulava esses investimentos.

Ao mesmo tempo, a política do governo de exigir das montadoras a produção de veículos bicombustíveis (flex) - que podem utilizar etanol, gasolina ou a mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção - parecia assegurar um grande volume de vendas para o mercado doméstico.
Somadas às possibilidades de conquista de fatias maiores no exterior, com a transformação do etanol brasileiro de cana em commodity negociável em qualquer mercado do planeta, as possibilidades de crescimento do setor pareciam imensas.

Tudo mudou de repente. Com a descoberta, em 2007, de grandes acumulações de petróleo e gás em águas profundas, na camada do pré-sal, o governo Lula viu ali um potencial político-eleitoral muito maior, e de efeitos mais rápidos, do que o oferecido pelo etanol. Até então no centro das preocupações do governo petista, a energia limpa e renovável, que vinha sendo alardeada como o combustível do futuro, do qual o Brasil seria o grande fornecedor mundial, deixou de merecer a atenção das autoridades.

Mas o pior ocorreu no governo Dilma. Com o aumento das pressões inflacionárias a partir de 2011, o governo passou a conter o preço da gasolina. Com isso, também o preço do etanol adicionado à gasolina passou a ser comprimido. Já o preço do etanol vendido na bomba, embora teoricamente livre, é dependente de uma relação inescapável: a eficiência energética do álcool corresponde a cerca de 70% da gasolina, o que condiciona seu preço ao do derivado do petróleo.

Somada à excessiva e danosa interferência do governo no setor, a gestão financeira em muitos casos imprudente de muitas usinas - que continuaram a tomar dívidas para a mecanização da colheita, renovação do canavial e até expansão da capacidade - tornou os problemas ainda mais graves.

De acordo com o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, há cerca de 375 usinas em operação no País. Dessas, ele estima que 30 talvez não tenham condições de moer cana na próxima safra, por causa de seu alto nível de endividamento.

Desde 2008, entre 60 e 70 usinas encerraram suas atividades por problemas financeiros. Cerca de outras 70 operam em regime de recuperação judicial. Estima-se que, desde o início da crise, o setor de açúcar e álcool fechou 100 mil empregos diretos e 250 mil indiretos (de um total, respectivamente, de 1,5 milhão e 2,5 milhões).

Além da crise que se arrasta há seis ou sete anos, a seca reduziu a colheita de cana no Centro-Sul para 545 milhões ou 55o milhões de toneladas, cerca de 40 milhões do que se previa. Com isso, o fim da moagem será antecipado e, sem produtos para comercializar, o setor pode estar prestes a enfrentar uma das piores entressafras de sua história.


26 de outubro de 2014
Editorial O Estadão

DIFERENÇAS EXTERNAS




Em entrevistas a esta Folha, assessores de Dilma e Aécio reafirmam divergências de PT e PSDB em relação à estratégia internacional


Embora tenha ocupado espaço secundário nos debates eleitorais, a política externa é fundamental para o desenvolvimento do Brasil, que precisa usar seu peso demográfico e econômico para defender de maneira pragmática seus interesses nas esferas internacionais.

Não há dúvida de que os presidentes Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) souberam impulsionar o país no cenário global.

Coincidiram em algumas linhas gerais, como a consolidação da liderança regional e a valorização do "soft power". Divergiram, contudo, em questões relevantes.

Ao nomear o petista Marco Aurélio Garcia como assessor palaciano para a área, Lula diminuiu o papel do Itamaraty e adotou abordagem mais ideológica, anti-EUA.

Tal inflexão, que serviu para recompensar setores da esquerda do PT, culminou em posicionamentos criticáveis --caso do apoio ao então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013), um líder autocrático que fustigava os EUA e pregava a eliminação de Israel.

Por outro lado, a reorientação ajudou o Brasil a se tornar menos dependente dos EUA. O país, que em 2002 recebia 25,5% de nossas exportações, neste ano é o destino de 11,5% delas, enquanto a participação da China, nesse período, saltou de 4% para 20%.

A presidente Dilma Rousseff (PT), no início de seu mandato, parecia disposta a corrigir rumos. Essa impressão, porém, durou pouco.

A falta de apetite de Dilma para o tema parece ter contribuído para aumentar o desgaste do Itamaraty. Vieram dificuldades orçamentárias e uma inédita carta contra o congelamento da carreira, além de decisões reprováveis, como a suspensão do Paraguai do Mercosul, num agrado à Venezuela.

Em entrevistas a esta Folha, os responsáveis pela área externa das campanhas presidenciais de Dilma e Aécio Neves (PSDB) reafirmaram as conhecidas diferenças.

O tucano Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington, defendeu a recuperação do papel do Itamaraty, maior aproximação com os EUA e a Europa, além de mudanças para que o Mercosul não trave a celebração de acordos bilaterais.

O petista Garcia reiterou o propósito de "falar grosso" com os EUA e de privilegiar os pactos regionais.

Os dois candidatos sabem, de todo modo, que a estratégia externa precisa ter como meta reverter o declínio do saldo comercial, que despencou de um superavit de US$ 12,7 bilhões nos primeiros nove meses de 2010 para um deficit de US$ 690 milhões no mesmo período deste ano.

Sabem ainda que o Brasil tem perdido um espaço que conquistou. Suas exportações, da ordem de US$ 60 bilhões em 2002, chegaram a US$ 256 bilhões em 2011, mas diminuíram no governo Dilma. Enquanto isso, os manufaturados, que em 2002 representavam quase 55% das vendas no exterior, agora nem chegam a 35% delas.

O próximo mandato presidencial, como se vê, deverá ser de ajustes também na política externa.


26 de outubro de 2014
Editorial Folha de SP

MAIS PERDAS NO SETOR EXTERNO



O Brasil ganhou ontem novo motivo para rever o mais cedo possível a condução da política econômica que minou a competitividade da indústria e vem reduzindo a participação dos produtos brasileiros no comércio mundial. Além disso, é urgente mudar a política externa desenvolvida nos últimos anos, para abrir espaço para negociações com países ou blocos que estão saindo da crise mundial iniciada em 2008/2009.

Com mais um preocupante deficit em transações correntes, de US$ 7,9 bilhões em setembro, o país passou a acumular em nove meses um resultado negativo nas contas externas de US$ 62,73 bilhões. É maior (4%) do que o acumulado em igual período de 2013 e empurra para US$ 83,55 bilhões o acumulado nos últimos 12 meses.

O resultado equivale a 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB), o pior desde 2002 (12 anos), quando essa proporção foi de 3,9%. Além disso, antecipa a superação da previsão pessimista do Banco Central, que espera fechar 2014 com o deficit em US$ 80 bilhões, o pior entre os países emergentes.

Pouco adianta a autoridade monetária minimizar o problema, afirmando que o país tem conseguido financiar o deficit. De fato, o ingresso de investimentos estrangeiros diretos somou US$ 4,2 bilhões em setembro, acumulando US$ 46,1 bilhões este ano. Na verdade, já vivemos dias melhores, quando superavits permitiram a formação das reservas cambiais que o país tem hoje.

Mas o crescimento dessa necessidade de financiamento, em razão do fraco desempenho comercial e das pressões sobre a balança de serviços, é uma preocupação que não pode deixar de ser levada em conta. Uma das razões é que ninguém sabe ainda ao certo como será o mercado financeiro internacional no ano que vem, quando os Estados Unidos passarem a aumentar as taxas de juros, como está anunciado.

Soma-se a esse cenário de incerteza no mercado internacional o baixo crescimento da economia brasileira e a dificuldade do governo em fechar o balanço fiscal, tendo de recorrer a recursos conhecidos como "contabilidade criativa". São dados que podem levar o país a ter de pagar mais caro por empréstimos e financiamentos, como consequência de eventual rebaixamento na classificação da dívida soberana, e mesmo dos bancos e empresas nacionais, pelas agências internacionais de risco de crédito (rating).

É preciso recuperar a confiança do investidor privado na economia do país, para que os investimentos na modernização da indústria e na reciclagem de pessoal sejam retomados, em busca de aumento da produtividade. Ao mesmo tempo, é indispensável aumentar o investimento público em infraestrutura e educação, para atrair a parceria com o capital privado.

Relatório anual da Organização Mundial do Comércio (OMC), divulgado esta semana, revela que o Brasil, além de perder posições no comércio mundial, está se distanciando das cadeias globais de produção industrial. Considerando ser a formação dessas cadeias uma inexorável tendência mundial ditada pela globalização da economia, esse distanciamento acabará provocando um isolamento que vai prorrogar a nossa condição de exportador de produtos primários, de baixo valor agregado. Temos de deixar as velhas práticas do protecionismo e ir em busca da competitividade, ou ficaremos à margem do comércio mundial.


26 de outubro de 2014
Editorial Correio Braziliense

ESCONDE-ESCONDE ESTATÍSTICO




Às vésperas da eleição, governo federal suspende divulgação de dados fiscais e educacionais, adiando tudo para depois da votação decisiva


Uma venda cobre os olhos dos brasileiros que se preparam para, neste domingo, ir às urnas para eleger o presidente que comandará os destinos da República pelos próximos quatro anos a contar de 1.º de janeiro. Estes eleitores – mais de 140 milhões de cidadãos – estarão impedidos de decidir conscientemente para quem darão seus votos se dependerem da análise de alguns dados públicos importantes, tais como a situação fiscal do país e a qualidade do ensino. É que o governo, por motivos que parecem óbvios, achou por bem só divulgá-los após a eleição deste domingo.

Em condições normais (ou melhor, se as informações fossem positivas), os dados em questão já deveriam ter sido divulgados. Um deles diz respeito à arrecadação tributária. Sintomas já conhecidos indicam que a receita, que já era insuficiente para cobrir todos os gastos da União, vem caindo nos últimos meses, certamente um reflexo da decadência da atividade econômica e fator de aumento do déficit e da consequente redução do superávit primário – parcela que o governo reserva para fazer frente ao pagamento do serviço da dívida.

Outro dado se refere ao desempenho dos alunos da rede pública em Matemática e Português, os mais vitais para a aferição da qualidade do ensino que se pratica nas escolas. Já se conhece desde setembro, parcialmente, o resultado do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e já sabemos que houve uma generalizada estagnação. Poucas redes conseguiram atingir as metas estabelecidas; ao contrário, na média, houve decréscimo.

Como sub-índice do mesmo Ideb, deveriam ser tabuladas e divulgadas as notas referentes especificamente àquelas duas disciplinas – o que se esperava acontecer já nos dias ou semanas subsequentes à divulgação dos índices gerais. Entretanto, embora já disponha das informações, o governo decidiu que só vai torná-las públicas após o segundo turno. De novo, infere-se a obviedade: elas não favorecem a imagem de gestora eficiente que a presidente-candidata pretende passar, especialmente na área educacional.

Tal comportamento está se tornando rotina. Faz poucos dias o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) concluiu estudo segundo o qual, bem ao contrário do que afirma a propaganda oficial, a concentração de renda no Brasil aumentou, isto é, houve queda no ritmo de diminuição das desigualdades sociais nos últimos anos. Também este estudo recebeu o carimbo de adiamento, só podendo ser divulgado depois do próximo domingo. Por esta razão, em sinal de protesto, o diretor do Ipea responsável pela pesquisa pediu exoneração do cargo. O IBGE, que faz a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), foi obrigado, também este ano, a passar por idêntico vexame.

Este jogo de esconde-esconde produz efeitos perversos. Primeiro, por levar ao descrédito as nossas principais instituições de pesquisa, impondo restrições de natureza nitidamente política às suas atividades. Segundo, por cegar outras entidades que, munidas a tempo e à hora de informações produzidas pelas primeiras, poderiam servir-se de seus dados para tomar eventuais medidas corretivas. E, terceiro, por agredir o princípio da transparência e sonegar à sociedade o direito de conhecer a realidade tal como ela é.

E tudo isto por quê? Pelo simples desejo de manter o poder, nem que custe “o diabo”.


26 de outubro de 2014
Editorial Gazeta do Povo, PR