Escaneio os jornais na volta do feriado e minha cabeça vai estabelecendo as relações entre os fatos registrados.
Passado, presente e futuro.
Leio que Cristina Kirchner – o fetiche masoquista de dona Dilma que quanto mais apanha dela mais “gama” – colheu em três meses com o seu programa de controle de preços nos grandes supermercados do país, o aumento de 10% da inflação que prometia para o ano inteiro.
E qual foi a reação daquela sensata dama?
Saiu gritando “Vitória!” e anunciou que vai estender o programa “Precios Cuidados” também para os pequenos supermercados e ampliar de 192 para 304 o número de itens com preços congelados.
Vai também, é claro, redobrar a campanha publicitária permanente em torno desse “esforço patriótico” e mandar mais e mais “brigadas kirshneristas” para as portas dos supermercados para responsabilizar os comerciantes (e os próprios consumidores) pela inflação e afixar cartazes “denunciando” os fornecedores dos produtos que desaparecem do mercado em função do congelamento de preços no espaço em que eles costumavam ser expostos nas prateleiras.
Vai reforçar, também, o “serviço de recepção de denuncias” do povo contra os fabricantes desses produtos ausentes, denuncias estas que serão avaliadas – se justas ou não para as devidas punições – por judiciosos funcionários da Secretaria de Comércio do governo ultraespecializados, como soi acontecer com todo funcionário público selecionado para este fim pelo partido, na arte de produzir bens com eficiência e a preço justo.
Medidas contra o déficit fiscal de 4% do PIB que esta na raiz da inflação argentina, evidentemente nenhumas.
No primeiro momento minha cabeça viajou lá para 1986 quando o hoje sócio e principal avalista do “sucesso” do PT nas armações em que ele necessita do concurso do Congresso Nacional, o grande patriarca José Sarney, inventou o seu Plano Cruzado – igualmente limitado a um congelamento de preços sem que nenhuma providência contra a orgia de gastos públicos que estava na raiz da inflação galopante que nos consumia fosse tomada.
Enquanto os marqueteiros dele convocavam os “Fiscais do Sarney” a patrulhar os nossos supermercados, o Jornal da Tarde publicava memoráveis capas convocando o povo a “Fiscalizar o Sarney” e seus gastos estravagantes. Com a redemocratização ainda fresca, não havia, na época, o clima que, mais tarde, permitiu a bolivarianos de todas as latitudes acabar com a imprensa independente.
Mas o PT, que mais adiante, faria tudo para sabotar o Plano Real, aquele que finalmente matou a inflação que Sarney fez chegar aos 80% ao mês e lhe rendeu a herança bendita de 10 anos de bonança apesar dos desatinos do lulopetismo, já estava na linha de frente desses “fiscais” do congelamento de preços, apesar de todo o cheiro de farda que ainda exalava forte do terno (de albene branco) do estadista maranhense…
Dessa notícia meus olhos saltam para outra: “o IBGE fará a segunda revisão do cálculo do PIB em menos de um ano”, o que poderá “aumentar” o pibinho dilmo-manteguiano de 2013 e jogar o “crescimento” de 2014 para mais perto de onde o PT decretou que ele deve estar neste ano eleitoral.
Tudo isso da-se na sequência destes dois anos de “contabilidade criativa” nas contas públicas, que puseram o Cristo que ia decolando em desembestado vôo para baixo, e bem no meio do barulho da última maquiagem imposta ao IBGE no cálculo de desemprego da pesquisa “PNAD Contínua” apresentada nas vésperas da Semana Santa…
Ou seja: se as consequências não são as que queremos, vamos tratar de disciplinar os fatos, em vez de tratar de alterar as causas.
Por aqui são só trovões e nuvens carregadas, ainda. Mas na Argentina já chove a cântaros e zune o vento e na Venezuela sem papel higiênico urra o furacão enquanto os motoqueiros mascarados de Nicolás Maduro, embriagados de “excesso de democracia” como os quer o nosso Lula da Silva, perseguem pelas ruas manifestantes antibolivarianos para abatê-los a tiros na cabeça.
E que deus ilumine os eleitores brasileiros a conduzir este país para a próxima saída — que pode ser a última — porque todos esses são só trechos mais e menos distantes da mesma estrada em que viajamos os três.
27 de abril de 2014
vespeiro