"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

NATAL, UM TEMPO DE CATARSE


Noël 7 

O Natal tem muitas faces... Para alguns, tempo de oração e penitência. Para outros, uma data de encontros com a família e os amigos. Há os que não creem, e apenas passam o Natal sem atentar para os mistérios do Cristo.
Uma data especial para os cristãos, que comemoram o nascimento do Mestre Jesus, aquele que fez do Amor o único caminho da redenção dos homens.
Penso que o Natal é sobretudo um tempo de catarse, quando perscrutamos o nosso interior em busca da libertação dos nossos fantasmas.
Tempo de recolhimento, de silêncio, de meditação.
É o tempo de Jesus Cristo, um homem misterioso, fascinante, senhor de uma inteligência e de uma personalidade indescritíveis e intrigantes.
Ele abalou os alicerces da história humana com a sua própria história.
Sua vida e seus pensamentos atravessaram os tempos, varreram os séculos, ensinando gerações e gerações...
Sua vida foi árida, sem privilégios. Os sistemas religiosos e políticos não perdoaram a sua audácia de afrontar o poder de modo manso e enérgico.
Natal é pois, o tempo de Jesus Cristo...
Aqueles que  o amam, elevam seus pensamentos nessa data.

Assim, não vale trazer o mundo dos homens, com seus vícios, ganâncias e ambições. Sosseguemos o espírito e afastemo-nos um pouco dos tempos difíceis em que vivemos.

Paz e Amor a todos os que perambulam por esse blog. São os meus votos de Natal.

Voltaremos após as festas, embora possivelmente respingue aqui alguma notícia mais importante. De resto ficará o silêncio para o descanso da mente e do corpo.

24 de dezembro de 2014
m.americo

 

DETONANDO NA TVEJA

SAIBA PORQUE O DEPUTADO JAIR BOLSONARO TEM MILHARES DE SEGUIDORES EM TODO O BRASIL.
https://www.youtube.com/watch?v=nIqOcy05gCY&feature=player_embedded

Esta é a íntegra da entrevista que o deputado Jair Bolsonaro concedeu à jornalista Joice Hasselmann, da TVeja. Incisivo, franco e coerente com as suas propostas, Bolsonaro não tem duas caras. Seja na tribuna da Câmara ou numa entrevista, diz claramente o que pensa. 

Além disso é um dos deputados mais bem informados e que tem uma visão muito clara e objetiva sobre o assédio que o Brasil está vivendo desde que o PT chegou ao poder e a Nação brasileira passou ser acossada de forma permanente pelo Foro de São Paulo, a organização comunista fundada por Lula e Fidel Castro em 1990 que objetiva construir a 'pátria grande' um simulacro da ex-URSS.

O deputado Jair Bolsonaro é o único parlamentar no Congresso Nacional que fala do Foro de São Paulo, que se refere à Unasul recém inaugurada, uma espécie de central bolivariana cujo objetivo é interferir nas eleições em todo o continente latino-americano e também na área militar, já que constituiu há pouco, conforme revelei aqui no blog, uma Escola de Defesa destinada a envolver todos os militares.

Não é à toa que Bolsonaro, deputado federal pelo Rio de Janeiro, é um campeão de votos, a mostrar que uma enorme parcela da população brasileira demanda por parlamentares a estirpe de Jair Bolsonaro. E é por isso também que a maioria da grande mídia, senão a sua totalidade, ignora e tenta de todas as formas ridicularizar esse parlamentar reconhecido pelo povo brasileiro como um lutador incansável, competente, pertinaz e destemido. 

E a bem da verdade Bolsonaro acabou aparecendo na TVeja justamente pelo affaire em que foi envolvido pela bandalha de psicopatas do PT que opera dentro do Congresso. Se a maioria dos parlamentares tivesse o destemor e a combatividade de Jair Bolsonaro, não teriam ocorrido os lamentáveis epsiódios que marcaram a escandalosa votação da LDO.

Aliás, deve-se assinalar que o desgaste do Congresso Nacional é um dos objetivos principais do Foro de São Paulo. A coisa funciona assim: o PT promove a corrupção e, passado algum tempo surge com um tal projeto de 'reforma política' como solução para a suposta crise do legislativo que o próprio PT criou. 

Entre outras coisas, o projeto de reforma política do PT prevê o fechamento do Senado e a instituição de um sistema unicameral como existe na Venezuela. O passo seguinte será a convocação de uma Assembléia Constituinte que irá fazer picadinho da Constituição de 1988 e no seu lugar instituir uma Constituição Bolivariana. Logrado tal objetivo, o Brasil passará a viver sob um regime comunista dito do século XXI em associação com grandes empresários e banqueiros.

Não surpreende, portanto, que o Bradesco, o maior banco particular do nosso país mantenha esse asqueroso contubérnio com a vagabundagem comunista do PT, partido que é o operador e dirigente do Foro de São Paulo. Mas não é só o Bradesco. São todos os grandes banqueiros e mega empresários brasileiros que mantêm o PT no poder vislumbrando a possibilidade de manter permanentemente suas mãos sujas e ladravazes dentro dos cofres estatais, como se tem visto no escândalo do petrolão da Petrobras. 

Por tudo isso, a ameça de cassação do mandato do deputado Jair Bolsonaro faz parte do ataque às instituições democráticas que dia após dia avança no Brasil sob a liderança de Lula e seus sequazes em conluio com a casta de ricaços à custa do erário. Na Venezuela esses ricaços que apóiam os comunistas do chavismo são denominados "boiburgueses" pelo fato de participarem desse banquete dos abutres vermelhos.

Como podem ver, o que analisei rapidamente neste post demonstra que os verdadeiros assuntos que deveriam pautar a grande imprensa são escamoteados em benefício do projeto do Foro de São Paulo.

Está na hora da revista Veja realizar uma ampla reportagem sobre o ataque comunista que o Brasil vem sofrendo e responder a algumas indações: o que é a Unasul? Quais são seus objetivos? Quem financiou a construção de sua majestosa sede no Equador? O Brasil contribuiu financeiramente para a construção da sede desse organismo bolivariano? Quanto o Brasil contribui anualmente para a manutenção da Unsasul? O que é 'pátria grande'. O que é e o que quer o Foro de São Paulo? Por que diabos todo esse mistério e por que a grande mídia não vai a fundo nisso?

Como frisei, o deputado Jair Bolsonaro é uma voz solitária no Congresso na abordagem desses temas, mas representa milhões de brasileiros de Norte a Sul do país que já intuíram o que subjaz a todos esses segredos que os jornalistas guardam como zelo inaudito. 

E, para concluir, nesta entrevista à TVeja, constata-se que o deputado Jair Bolsonaro, embora rigoroso e franco em suas críticas, sem ceder à patrulha politicamente correta, é um cidadão educado e bem humorado e que, sobretudo, não tergiversa, não usa meias palavras, não foge dos assuntos polêmicos e manifesta de forma clara e objetiva as suas opiniões. 

 

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

                                            Venina Veneno!

 
24 de dezembro de 2014

PRESENTE DE NATAL: MINEIROS CRIAM SITE PARA CRITICAR "CONTRADIÇÕES" DE DILMA

          
aecio avisou

Após fazer duras críticas a um possível aumento de juros durante a campanha, o governo Dilma, por meio do Banco Central que ela mesmo admite não ser independente, mas ‘só autônomo’, elevou a taxa Selic a 11,25%. Usando esse tipo de situação que considera uma ‘contradição’, a Turma do Chapéu, movimento de jovens mineiros com visões próximas ao PSDB, decidiu criar o site ‘Aécio Avisou’.

Com um formato simples, bem semelhante à estrutura da rede ‘Tumblr’, o site ‘Aécio Avisou’ leva propostas e opiniões em que o ex-presidenciável tucano informa ações protagonizadas pelo governo federal. Apesar dos poucos dias na web, o site já conta com postagens em que denuncia supostas contradições na área econômica, no uso de termelétricas e no reajuste da gasolina. Todo o conteúdo é confirmado com o uso de links para notícias de jornais.

Um dos idealizadores do projeto, o estudante de Direito Alberto Lage, de 21 anos, conta os bastidores da criação do site. “A ideia surgiu com o aumento da Selic. É o caso mais escandaloso, porque a Dilma fez exatamente o contrário do que disse que faria”, diz.

De acordo com ele, o PSDB não foi sequer consultado para a construção do site, sendo, assim, uma iniciativa somente da Turma do Chapéu. “Embora eu seja secretário executivo da JPSDB e filiado ao partido, todas as outras pessoas que atuam no projeto não são filiadas a nenhum partido”.

24 de dezembro de 2014
Ricardo Correa
Site Aparte

AOS QUE SE ANGUSTIAM NO NATAL

          

Antes de mais nada, sou solidário a eles, e mais, compreendo-os perfeitamente. Quase diria que uma parcela dos que não suportam o Natal é quase genética, um gene “antidatismo”, que muitas vezes se estende para odiar também o dia de aniversário, o Carnaval, o Dia das Mães ou dos Pais.
E, para espanto dos festeiros, essa turma não curte nem mesmo o famoso réveillon, aparentemente uma excitação universal e global, a ponto de ser comemorado 12 horas seguidas, dependendo do fuso horário; as TVs vão mostrando fogos estourando de Pequim, Sidney, Moscou, Paris e… Copacabana.

É bem verdade que o Natal não é mais o mesmo. Perdeu a magia e o encanto, com uma superpopulação de Papai Noel que Deus me livre! Dos sofisticados shoppings, onde decorações exuberantes estimulam filas de consumidores e selfies intermináveis, até os Papais Noéis mambembes de pequenos comércios, ou os populares como os da 25 de Março, do Saara, ou da rua dos Carijós. Magros, barba branca mal-ajustada e sininhos empunhados por desempregados ou biscateiros, obrigados a sorrir para as cada vez mais novas e raras crianças ingênuas que ainda se extasiam com o Bom Velhinho.

Que pena que tais crianças estejam em extinção e, para os pais, seja difícil explicar tantos Papais Noéis que, somados ao bombardeio de comerciais onde o bom e banalizado “velhinho” e a sacanagem dos primos mais velhos, fica difícil acreditar em chaminés (ainda existem?), pés de meia e os antiquados trenós. E o que dizer das indefectíveis musiquinhas de Natal, poluindo nossas memórias afetivas? Chegamos à conclusão de que o romantismo, a ingenuidade e o onirismo estão em baixa. Ok, o Natal é bipolar!

COMPULSÃO CONSUMISTA

Parte da população assalta o comércio, em uma compulsão consumista que beira ao doentio. São os “natalmaníacos”: decoram as casas, árvores com enfeites, luzinhas no jardim, na varanda.
Organizam festas homéricas, e haja castanha, nozes, perus, farofa de ovos, pernis, frutas diversas, foguetes, e as músicas “noite feliz, noite feliz”. Enquanto isso, os angustiados e deprimidos ficam loucos para acelerar o tempo, submergir no dia 22 de dezembro e reaparecer no dia 3 de janeiro.
Alegam que tais festas lembram pessoas já falecidas, ou brigas que dividiram famílias, ou Natais de privação, ou que remetem a perdas, e sei lá mais o que…
O certo é que essas duas tribos, os que amam e odeiam o fim de ano, se contrastam, muitas vezes se cobram, e não se entendem. A todos, eu digo que a arte da compreensão é o humilde aprendizado de trocar de lado com o outro.

A diversidade é uma dádiva, e ninguém está certo nem errado. Aos que se entristecem nessa época, algumas dicas: se apresentem como são, não tentem fingir o que não sentem, não façam o que não querem. Mas com a suavidade e sabedoria de não ser a gota de limão que talha um litro de leite. Afinal, os que amam festas e comemorações são a maioria. Durma mais cedo, leia um livro, assista a um filme (não natalino) e, no dia seguinte, almoce o resto da ceia e curta a alegria dos que ganharam seus presentes.

ESPÍRITO DE NATAL

Aceite a ressaca sem sentido dos que encheram a cara e vão rebater até o dia 2 de janeiro. Faça sua caminhada e compartilhe com as crianças a alegria de suas bicicletas novas e presentinhos nas praças da cidade. Pois é essa alegria espontânea e original que sustenta o espírito de Natal. Enquanto houver crianças que acreditam no Velhinho e seu trenó, a essência natalina será preservada. Pois reviver essa magia é preservar a criança que no fundo nos habita. A todos, um Natal que seja da forma e do conteúdo de modo a respeitar a todos!

O HOMEM DO ANO CHAMA-SE SIMPLESMENTE FRANCISCO




Neste período que podemos considerar como uma Era da Contradição, em que a riqueza total insiste em conviver com a miséria absoluta na imensa maioria das nações, que ainda estão longe de alcançar a ansiada Justiça Social, o mundo estava precisando de alguém como Dom Jorge Mario Bergoglio.

Sua eleição para 266º Papa da Igreja Católica e atual chefe de estado do Vaticano, em 2013, foi uma surpresa.
Ele começou seu pontificado exaltando a figura de São Francisco de Assis. Na escolha do nome, já estava sinalizando a obra que empreenderia. Logo depois, livrou-se da riqueza dos paramentos litúrgicos e das mordomias da Santa Sé.
Criticou duramente a vaidade e o luxo cultivados por muitos altos sacerdotes e deu o exemplo, assumindo uma simplicidade de vida e de hábitos mais adequados à Cristandade. Ao invés de sapatos Prada de seda, via-se pela primeira vez um Papa usando modestos tênis e condenando os carros de luxo à disposição de bispos e cardeais.

Um ano depois, já se sabe que ele marcará sua presença na história da Cátedra de São Pedro como aquele que, depois da Encíclica Mater et Magistra, deu seguimento à reforma esboçada por João XXIII em 1961, com a idealização do marco decisivo da justiça social.

HOMOSSEXUAIS

A reforma delineada pelo Papa Francisco está demolindo tabus e revolucionando a Igreja numa velocidade impressionante. Em seu primeiro Sínodo, este ano, ele estendeu as mãos aos homossexuais, enfrentando o reacionarismo de cardeais conservadores.

“As pessoas homossexuais” – acentuou o documento preliminar do Sínodo – “têm dons e qualidades que podem oferecer à comunidade cristã; é preciso acolhê-las aceitando e valorizando sua orientação sexual.”

Como nosso grande amigo Pedro do Coutto assinalou aqui na Tribuna da Internet, no momento em que o Sínodo de 2014 recomendou inicialmente acolher os homossexuais, de forma indireta, porém automática, a Igreja liberou a prática de sexo independentemente do vínculo civil e religioso, demolindo também o preconceito quanto aos divorciados e, de forma indireta, exaltando o amor como sentimento maior.

Ao mesmo tempo, o Papa Francisco deu ênfase a um combate tenaz e franco a um dos maiores problemas da Igreja Católica e de outras religiões, que vinha sendo encoberto através dos tempos – a prática da pedofilia por sacerdotes.

ECUMENISMO E POLÍTICA
Atuando em todas as frentes possíveis, nessa ciclópica tarefa de adaptar a Igreja aos tempos modernos e aproximá-la aos mais necessitados, o Sumo Sacredote deu também largos passos em busca do ideal do Ecumenismo, através da defesa do respeito e da integração entre as diferentes religiões.

Um dos destaques foi seu recente encontro com o líder da Igreja Ortodoxa, patriarca Bartolomeu I, quando firmaram uma declaração conjunta pela reunificação das duas igrejas, a Católica e a Ortodoxa, separadas há mil anos.
No último dia de sua visita à Turquia, Francisco esteve na catedral ortodoxa de Istambul, onde assegurou que a Igreja Católica não pretende impor nenhuma exigência à Igreja Ortodoxa no caminho da unidade entre as duas.
O Papa disse que as duas igrejas já estão “no caminho rumo à plena comunhão”, indicando que há, na prática, “sinais eloquentes de uma unidade real”.

Simultaneamente, o Papa Francisco trabalhava na política mundial, tecendo o acordo histórico entre Estados Unidos e Cuba, ao intermediar as negociações para demolir o bloqueio imposto ao regime de Havana e reaproximar as duas nações.

LUTA INTERNA NO VATICANO

Em meio a tudo isso, Sua Santidade ainda trava uma luta terrível atrás dos muros do Vaticano, enfrentando os cardeais conservadores que se recusam a abandonar a vida de luxo e riquezas a que estão acostumados, e que sempre evitaram combater claramente a prática da pedofilia.
Nesta segunda-feira que antecedeu o Natal, o Papa Francisco, num discurso de severidade sem precedentes, condenou as rivalidades, as calúnias e as intrigas que afetam a Cúria.

No pronunciamento anual aos membros do governo da Igreja, o Papa afirmou que, “como qualquer corpo humano”, a Cúria sofre de “infidelidades ao Evangelho” e de “doenças que precisa aprender a curar”, usando expressões fortes como “alzheimer espiritual”, “terrorismo do falatório”, “esquizofrenia existencial”, “exibicionismo mundano”, “narcisismo falso” e “rivalidades pela glória”.

“A cura é o fruto da tomada de consciência da doença”, sintetizou o Papa, pedindo que os bispos e cardeais se permitam que o Espírito Santo inspire suas ações, invés de confiar apenas em suas capacidades intelectuais.

Por tudo isso, não resta mais dúvidas de que o mundo estava mesmo precisando de alguém como Jorge Mario Bergoglio, uma Papa destinado a ser consagrado pela História da Humanidade.

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PS - Peço desculpas aos comentaristas e leitores. Estava redigindo o artigo e tive de interromper, para que o técnico em informática Jorge Pinheiro fizesse uma limpeza no computador e instalasse um novo antivírus. Por engano, acabei postando o rascunho do texto do artigo, que ficou no ar durante mais de 30 minutos, me causando uma vergonha danada.
Desculpem a nossa falha, Feliz Natal a todos e vamos rezar para que o Papa Francisco viva ainda por muitos anos e nos ajude a suportar esta Era da Contradição, em que o mundo desgraçadamente está mergulhado.

24 de dezembro de 2014
Carlos Newton

EX-GERENTE VENINA REPETIU O QUE O LIVRO "O CHEFE" DO IVO PATARRA DENUNCIOU A NOVE ANOS

     

Todo mundo viu no Fantástico o depoimento da ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, Venina Velosa da Fonseca. Não causa espanto o que nossa “Venina Veneno” denunciou. Causa espanto que toda a fala dela tenha sido apenas uma farsa: a repetir uma tragédia que muita gente já denunciou. Começando com o jornalista Ivo Patarra.

Filho do finado gênio diretor da revista Realidade, Paulo Patarra, Ivo lançou há 9 anos o seu livro “O Chefe”—em que apontava as conexões diretas de Lula com o Mensalão. Ivo conhece o PT por dentro: foi assessor da ex-prefeita petista de São Paulo, Luiza Erundina.

O livro começa com uma frase, solarmente feliz, de Frei Betto, ex-fiel escudeiro do lulismo:
“Nem sob os anos da ditadura a direita conseguiu desmoralizar a esquerda como esse núcleo petista fez em tão pouco tempo.
Na ditadura, apesar de todo sofrimento, perseguições, prisões, assassinatos, saímos de cabeça erguida e certos de que tínhamos contribuído para a redemocratização do país. Agora, não. Esses dirigentes desmoralizaram o partido e respingaram lama por toda a esquerda brasileira.”

Ivo Patarra autorizou a inserção da obra on line, gratuitamente, pelo Creative Commons.
Pois bem: este blog separou trechos do livro de Ivo Patarra, extraídos do Capítulo intitulado “TCU recomendou paralisar obras irregulares; Petrobras foi campeã em aumento de custos”

LULA E OS PIZZAIOLOS

No final do capítulo, há uma didática frase do ex-presidente Lula, que elogia os “bons pizzaiolos” que ele meteu goela da Petrobras abaixo:

“Dois meses antes do início dos trabalhos da CPI da Petrobras, Lula já dava uma dica sobre como trabalhava a comissão de inquérito. O presidente estava ao lado de José Sarney, durante um evento em homenagem ao ministro e ex-presidente do TCU, Marcos Vilaça. Lula voltou-se a Vilaça:

– Hoje você é ministro e eu sou presidente. Mas, daqui a um ano e meio, eu não sou mais presidente e vamos estar tomando uma água de coco com uma pituzinha lá em Pernambuco, sem prestar contas à imprensa, sem prestar contas a nenhuma CPI da Câmara ou do Senado, apenas prestando contas ao que nós vamos fazer no futuro.

Logo após a instalação da CPI, Lula voltaria a se manifestar:
– O Senado só tem gente experiente. Você acha que tem algum bobo no Senado? O bobo é quem não foi eleito. Os espertos estão todos eleitos.
Perguntado se os senadores fariam a CPI acabar em pizza, Lula vaticinou:
– Todos eles são bons pizzaiolos”.

VEJAM AS DENÚNCIAS DE 2006

Veja os trechos escritos por Patarra em 2006. Quem leu e tem poder, nada fez sobre isso…
“O TCU (Tribunal de Contas da União) elaborou relatório de fiscalização com indícios de graves irregularidades em 63 obras do Governo Federal, a ponto de recomendar, em setembro de 2009, a paralisação de 41 empreendimentos da administração Lula. Entre os casos mais graves, a Petrobras.

Na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujos serviços àquela altura estavam estimados em R$ 4 bilhões, técnicos do TCU detectaram sobrepreços e critérios de medição inadequados. Na reforma da refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, com obras orçadas num total de R$ 2,5 bilhões, também teria havido a prática de sobrepreço….
 
Algumas obras sofreram aumentos de custos expressivos, o que alertou o TCU. Cinco delas a cargo da Petrobras: o gasoduto Urucu-Coari-Manaus subiu de R$ 2,4 bilhões, no início das obras, em 2006, para R$ 4,5 bilhões, em março de 2009. Justificativa da Petrobras: a estatal resolvera implementar “tecnologia inédita” no País.
O gasoduto Cacimbas-Catu, entre o Espírito Santo e a Bahia, teve os custos elevados de R$ 2,9 bilhões para R$ 3,5 bilhões. Segundo o TCU, havia contratos firmados sem licitação e o superfaturamento nos serviços de aplicação de asfalto alcançara 2.400%. Trabalhos de escavação em 183 quilômetros da obra foram acordados em R$ 1,6 milhão, enquanto o mesmo serviço em outro trecho, de 171 quilômetros, recebeu orçamento de R$ 10 milhões…

As plataformas marítimas P-52 (campo Roncador) e P-53 (campo Marlim Leste) sofreram reajustes, respectivamente, de R$ 3,2 bilhões para R$ 3,5 bilhões, e de R$ 2,9 bilhões para R$ 3,9 bilhões. Integrava a lista a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, cujas obras tiveram aumento de R$ 18,7 bilhões para R$ 19,2 bilhões.

ADITIVOS AOS CONTRATOS

Os custos aumentam com termos aditivos que passam a ser incorporados aos contratos iniciais. Eles alteram projetos básicos, multiplicam valores de obras e introduzem novos serviços. A plataforma P-56, cujo destino era a bacia de Campos (RJ), é outro exemplo.
A sua construção subiu de R$ 2 bilhões para R$ 2,4 bilhões. A refinaria de Duque de Caixas, no Rio de Janeiro, teve 24 anexos ao contrato original. Os aditivos previam pagamentos por serviços não estabelecidos anteriormente e até reajuste salarial aos operários. Naquela obra teria ocorrido direcionamento de contratos….
De 2007 a 2009, a construção da eclusa de Tucuruí (PA) foi reajustada de R$ 548 milhões para R$ 815 milhões, um aumento de quase 50%.
Chamaram a atenção do TCU os custos da via perimetral (margem direita) do porto de Santos (SP), que praticamente dobrou de preço, de R$ 55 milhões para R$ 107 milhões. Os seguintes reajustes em obras do setor de transportes causaram estranhamento: arco rodoviário do Rio de Janeiro, de R$ 756 milhões para R$ 1,1 bilhão; BR-101, em Pernambuco, de R$ 715 milhões para R$ 818 milhões; BR-101, no Rio Grande do Norte, de R$ 281 milhões para R$ 374 milhões; e a ferrovia Transnordestina, de R$ 4,5 bilhões para R$ 5,4 bilhões.
Em julho de 2009, o TCU havia determinado a redução de R$ 120 milhões no contrato firmado entre a Eletronuclear e a construtora Andrade Gutierrez, para construir a usina nuclear de Angra 3 (RJ). Haveria sobrepreço nos serviços.

27 OBRAS SUSPEITAS

Como o Brasil é grande, antes do exame de mais problemas registrados na área da Petrobras, a paciência do leitor é preciosa para uma lista de outras 27 obras suspeitas de irregularidades, de acordo com o mesmo relatório do TCU. Em ordem de grandeza: construção do trecho rodoviário do corredor Leste, no Espírito Santo, com serviços orçados em R$ 95 milhões; obras do contorno rodoviário de Foz do Iguaçu (PR), de R$ 74,7 milhões; complexo viário Baquirivu-Guarulhos (SP), R$ 69,8 milhões; construção de trecho do corredor rodoviário da fronteira norte, em Roraima, R$ 15,6 milhões; restauração de rodovias federais no Espírito Santo, R$ 11,4 milhões; acesso rodoviário no corredor Leste, no Espírito Santo, R$ 10,7 milhões; construção de trechos rodoviários na BR-393 (ES), R$ 9,7 milhões; distrito industrial de Manaus, de R$ 1,2 milhão; e obra na BR-010, a Tocantins-Maranhão, R$ 1 milhão.
 
Agora, obras de drenagem e de construção de barragens: adutora Italuís, no Maranhão, com custo estimado em R$ 299 milhões; adutora de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, R$ 131 milhões; adutora de Serra da Batateira, na Bahia, R$ 67,7 milhões; construção da barragem de Rangel, no Piauí, R$ 53,8 milhões; drenagem do Tabuleiro dos Martins, em Maceió, R$ 53,6 milhões; obras de saneamento na região do rio Paraibuna, em Minas Geais, R$ 35 milhões; construção do sistema adutor do sudeste do Piauí, R$ 34,5 milhões; obras de controle de enchentes no rio Poty, no Piauí, R$ 25,2 milhões; e construção da barragem de Congonhas, em Minas Gerais, R$ 500 mil.
 
Por fim, as últimas oito obras com suspeitas de irregularidades, acompanhadas, como em todos os casos, de seus custos totais: construção dos terminais de granéis do porto de Barra do Riacho, no Espírito Santo, no valor de R$ 347 milhões; expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, no Maranhão, R$ 242 milhões; construção da fábrica de hemoderivados de Pernambuco, R$ 136 milhões; construção da linha 3 do Metrô, no Rio de Janeiro, R$ 65 milhões; construção da sede do Tribunal Regional Federal, no Distrito Federal, R$ 19,7 milhões; construção do porto de Camargo, em Campo Mourão (PR), R$ 10,1 milhões; construção da Escola Agrotécnica de Nova Andradina (MS), R$ 1,5 milhão; e reforma do campus da Universidade de Pelotas (RS), R$ 1,3 milhão.
 
A Petrobras é um caso aparte. Maior empresa nacional, faturou R$ 240 bilhões em 2008 e respondia, no final do segundo governo Lula, por mais de 90% dos investimentos das estatais brasileiras. Suas 21 subsidiárias aplicavam R$ 60 bilhões por ano. Desde a posse de Lula, em janeiro de 2003, até abril de 2009, a empresa firmou contratos de prestação de serviços no valor de R$ 129 bilhões, sendo R$ 47 bilhões, mais de um terço do total, sem licitação.

De suas 80 diretorias, gerências e assessorias importantes, 21 foram ocupadas por indicações políticas, a saber: 17 do PT, duas do PMDB e duas do PP. Vale destacar a Braspetro, distribuidora de combustíveis, nas mãos do ex-senador tucano Sérgio Machado (CE), apadrinhado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e o próprio presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli (PT-BA), ligado ao governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).

ATÉ FERNANDO SARNEY

Uma das contratadas pela Petrobras para tocar as obras em Abreu e Lima, citada pela Polícia Federal, era a EIT (Empresa Industrial Técnica). Ela apareceria como suspeita de efetuar pagamentos indevidos ao grupo do empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
 
As atividades de Fernando Sarney foram investigadas pela Polícia Federal e justificarão a devida atenção do leitor, conforme veremos nos próximos capítulos. Em todo o caso, cabe registrar as suspeitas dos federais sobre as ligações entre o filho de José Sarney e Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia, afastado do governo Lula no bojo de um caso de corrupção, como já vimos. Mas Silas Rondeau continuaria agindo na gestão do PT.
Utilizaria sua influência na Petrobras, da qual era integrante do Conselho de Administração, para beneficiar os negócios do grupo de Fernando Sarney.
Silas Rondeau faria uso de uma consultoria para “mascarar” o recebimento de dinheiro de empresas do setor de energia. Ele figuraria como sócio oculto da RV2, que assinara, por exemplo, contrato de R$ 195 mil com a Multiner, empresa com atuação na construção de usinas eólicas. A Multiner também controlaria a termelétrica de Cristiano Rocha, em Manaus, que recebera financiamento de R$ 27,7 milhões da Petros, o fundo de pensão da Petrobras.

POLÍCIA FEDERAL

Oito meses após deflagrar a Operação Castelo de Areia, a Polícia Federal concluiu uma nova fase de investigações sobre as atividades da Camargo Corrêa. O delegado Otavio Margornari Russo apontou obras suspeitas de superfaturamento e indícios de doações ilegais a cerca de 200 políticos.
Na Petrobras, José Carlos Espinoza teria a função, conforme explicou, de fazer a interlocução com os movimentos sociais.
Ao esclarecer o que fazia, citou dirigentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar. Nas palavras de José Carlos Espinoza:
– Por conta exatamente do meio de campo que foi pedido para eu fazer entre os movimentos sociais e a Petrobras. Conheço o José Rainha, o presidente da Contag, o pessoal da Fetraef.

PROGRAMAS SOCIAIS

O TCU examinou o destino das aplicações da Petrobras em programas e obras sociais. Eram convênios ou contratos firmados por dispensa de licitação que movimentaram R$ 209 milhões entre 2003 e meados de 2009.
A maior parte do dinheiro vinha do chamado FIA (Fundo da Infância e Adolescência) e beneficiou o PT e os partidos da base aliada do presidente Lula. De dezembro de 2008 a maio de 2009, por exemplo, de R$ 38,6 milhões provenientes de 157 repasses, 54% dos recursos irrigaram administrações do PT. Os 46% restantes foram divididos por 16 partidos. Se considerarmos o PMDB, os dois principais partidos da base aliada, PT e PMDB, embolsaram 67% da verba.

Levantamento do TCU identificou repasses da Petrobras, no valor de R$ 15 milhões, para a CUT (Central Única dos Trabalhadores, ligada ao PT) alfabetizar 140 mil trabalhadores entre 2004 e 2005, ainda no primeiro mandato de Lula.

Durante os dois mandatos de Lula, três empresas foram contratadas 268 vezes pela Petrobras. Juntas, R.A. Brandão Produções Artísticas, Guanumbi Promoções e Eventos e Sibemol Promoções e Eventos, esta última registrada em endereço onde funcionava um canil, no Rio, faturaram R$ 11,6 milhões, em contratos sem licitação.
Raphael de Almeida Brandão era sócio das três. Outra coincidência: a responsabilidade pelas contratações estava a cargo do gerente de comunicação de Abastecimento da Petrobras, Geovane de Morais, oriundo do movimento sindical de químicos e petroleiros da Bahia, como, aliás, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o seu assessor especial, Rosemberg Pinto, e o próprio governador do Estado, Jaques Wagner.

PRODUTORES DE ÁLCOOL

Um caso palpitante pôs a ANP na berlinda: o pagamento de R$ 178 milhões, supostamente ilegal, a sindicatos de produtores de álcool de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. O episódio teve a participação do diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, uma liderança do PC do B. O acerto para quitar subsídios que seriam devidos aos usineiros teria sido lesivo aos cofres públicos, pois o valor, muito alto, foi pago em dinheiro, evitando o procedimento padrão de mandar os credores à fila dos precatórios.
Além de Haroldo Lima, teriam participado da negociação o deputado José Mentor (PT-SP) e um amigo, o lobista Paulo Afonso Braga Ricardo, que ficaria com comissão de 30% do total, ou seja, quase R$ 50 milhões. O lobista disporia de empresa offshore e teria uma ex-empregada doméstica de “sócia”.

Havia ainda indícios de fraudes em licitações para reformar plataformas marítimas, no valor de R$ 200 milhões, conforme investigação da Polícia Federal na Operação Águas Profundas, realizada em 2007. O TCU também apontara possíveis irregularidades em contratos para construir plataformas. Com base no trabalho dos federais, o Ministério Público denunciou 26 pessoas por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação e falsificação de documentos, incluindo diretores da Iesa Óleo e Gás.

IESA ÓLEO E GÁS

Apesar da ação criminal contra dirigentes da empresa, a Petrobras assinou um contrato com a Iesa Óleo e Gás no ano seguinte, no valor de R$ 190 milhões, para reformar plataformas. A empresa também participava do consórcio encarregado de construir a plataforma P-63, no valor de R$ 1,6 bilhão. Na investigação da Operação Águas Profundas, a Iesa Óleo e Gás admitiu ter entregue R$ 3,5 milhões à Angraporto, para comprar informações privilegiadas e vencer concorrência na Petrobras. A Angraporto, por sua vez, teria pago propina a funcionários da Petrobras, a fim de ganhar os certames. Com os dados, a Iesa obteria contrato para reformar a plataforma P-14. Em 2006, a mesma Iesa doara R$ 1,6 milhão para a campanha eleitoral do PT.

Como a Iesa, a GDK também se metera em confusão e sairia recompensada pela Petrobras. A empresa, com sede em Salvador, tornou-se famosa em 2005, após um de seus executivos presentear o então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, com um jipe Land Rover.
A revelação do mimo a Silvio Pereira ocorreu no auge do escândalo do mensalão. Na época, a GDK era dona de R$ 512 milhões em contratos com a Petrobras, sendo que a reforma da plataforma P-34, no campo de Jubarte (ES), teria sofrido sobrepreço de US$ 23 milhões.
Conforme levantamento da Folha de S.Paulo, após o escândalo a GDK voltaria a ser contratada 19 vezes pela Petrobras. Total dos contratos firmados, entre 2007 e 2009: R$ 584 milhões. O mais alto, no valor de R$ 199 milhões, foi assinado com dispensa de licitação.

BLINDAGEM DE CPI

Diversas ocorrências justificaram a criação da CPI da Petrobras. Mas o Palácio do Planalto a manteve sob controle desde o início, em agosto de 2009. Oito de seus 11 integrantes eram da base aliada. Lula ainda dispunha do presidente da comissão, senador João Pedro (PT-AM), e do relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), seu líder no Senado.
Requerimentos da oposição foram derrubados. Não houve acesso a dados considerados sigilosos. Engavetaram a investigação do convênio entre a Petrobras e a Fundação José Sarney. Não prosperaram as tentativas de averiguar a manobra contábil usada pela Petrobras, com a finalidade de alterar seu regime tributário e deixar de pagar R$ 2 bilhões em impostos em 2009.

Ao contrário da CPI dos Correios, que quase o derrubou, Lula, mais experiente, negociou antes e blindou a CPI da Petrobras. No editorial “Sob a regência de Lula”, o jornal O Estado de S. Paulo abordou a relação estreita entre o presidente da República e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP):
“O apoio a Sarney é peça-chave nessa formidável construção de poder que Lula rege pessoalmente porque considera a sua prioridade número um. No primeiro mandato, Lula não raro delegou as articulações políticas do governo a Dirceu e aos ministros Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, e Antonio Palocci, da Fazenda. Neste segundo período, escaldado pelos tropeços no escândalo do mensalão, e até por falta de alternativas, tornou-se ele próprio o seu principal operador político”.

PT DESISTE DE MINISTÉRIOS E AGORA EXIGE CARGOS FEDERAIS

           


Conformado com a perda de espaço no ministério do segundo governo Dilma Rousseff, o PT prepara um avanço sobre os cargos de confiança do governo federal nos Estados e em grandes municípios como forma de reverter pelo menos em parte o prejuízo. A ideia é fazer uma espécie de “recall” dos cerca de 15 mil postos federais fora de Brasília identificando indicações politicamente obsoletas e ocupando os espaços.

“Estamos fazendo um mapa dos cargos federais nos Estados para saber quem é quem, quem indicou, qual a avaliação que a gente tem disso, e fazer uma proposta (de nomes à presidente)”, disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

A última vez que o partido mapeou os cargos federais espalhados pelo Brasil foi em 2003, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o Planalto. Na época, o encarregado do inventário foi o então secretário nacional de Organização do PT, Sílvio Pereira, que chegou a ter uma sala para trabalhar no Palácio do Planalto.

Dois anos depois, no auge do escândalo do mensalão, Silvinho, como é conhecido, pediu desfiliação do PT sob acusação de ter ganho um Land Rover de presente de uma empreiteira que tinha negócios com o governo federal. O ex-dirigente petista agia sob o comando do então ministro da Casa Civil José Dirceu, que cumpre prisão domiciliar pela condenação no mensalão.

CAMINHO DIFERENTE

Desta vez, o PT optou por um caminho diferente. Em vez de fazer o levantamento a partir de Brasília, a Secretaria Nacional de Organização do partido foi incumbida de elaborar um mapeamento minucioso, Estado por Estado, com base em informações repassadas pelos diretórios regionais da sigla.

O objetivo é identificar as vagas cujas indicações “caducaram” politicamente, seja porque os padrinhos perderam prestígio, seja em função do realinhamento de partidos que apoiaram o governo Lula e hoje fazem oposição à gestão Dilma Rousseff.

“A ideia é melhorar a representatividade. Às vezes, tem gente lá que não representa mais as forças que compõem a base do governo”, disse o atual secretário nacional de Organização do PT, Florisvaldo Souza.

Segundo ele, existe ainda uma terceira categoria de ocupantes destes postos federais que são os técnicos de carreira alçados a postos de confiança automaticamente depois que os indicados políticos deixaram as vagas. Eles também estão na mira do PT.

“Tem lugares em que a pessoa indicada saiu e acabou ficando algum técnico de carreira, sem qualquer compromisso político”, disse o dirigente petista.

BAIXO CLERO

Segundo fontes do partido, os principais objetivos do levantamento são acomodar o chamado baixo clero petista e manter uma margem de manobra para negociar a composição da base de apoio ao segundo mandato de Dilma na Câmara.

Entre os alvos estão indicações feitas pelo PSB, hoje na oposição, que sobreviveram ao desembarque do partido do governo, em 2013, apadrinhados por ex-senadores e ex-governadores hoje aposentados – a exemplo de José Sarney (PMDB) – e até petistas que perderam o poder ou se envolveram em escândalos.

De acordo com o Boletim Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento, existem quase 23 mil cargos de confiança em todo o governo federal. Os salários vão de R$ 2,1 mil a R$ 12,9 mil. O ministério não soube informar quantos destes cargos estão fora da capital federal, mas o PT estima em dois terços desse contingente.

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 NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O primarismo da política brasileira é impressionante. Os dirigentes partidários não têm o menor pudor em afastar técnicos renomados e substituí-los por militantes sem qualificação. O resultado é óbvio – uma administração pública incompetente, leniente e corrupta. A tal reforma política deveria restringir ao máximo os cargos políticos, digamos assim. Mas quem se interessa? (C.N.)

O HUMOR DO ALPINO



24 de dezembro de 2014

NO GOVERNO A LAMBANÇA É GERAL

       
Depois de a presidente Dilma, segunda-feira, haver declarado que submeteria ao procurador-geral da República os nomes de políticos cogitados para o novo ministério, de modo a saber quais os envolvidos no escândalo da Petrobras, para não nomeá-los, veio o ministro da Justiça, ontem, afirmar a impossibilidade da consulta.
E pela simples razão de que Rodrigo Janot, com quem ele conversou na véspera, haver negado a possibilidade de transmitir qualquer informação ao palácio do Planalto, a respeito da lista ainda não divulgada, que elabora. Seu trabalho corre sob segredo de Justiça, sob sigilo absoluto.

Como admitir que Dilma tenha anunciado a disposição na frente dos jornalistas credenciados, para ser desmentida, um dia depois, pelo seu ministro da Justiça? O governo endoidou, tanto pela irresponsabilidade da presidente da República, ao anunciar a consulta sem  ter tido o cuidado de, antes, sondar o procurador-geral. Faltaram assessores para orientá-la? E ao ministro da Justiça, cuidados para preservar a chefe?

Esse fim de governo faz prenunciar o começo do segundo: uma lambança sem limites, ainda mais quando, ontem mesmo, foram conhecidos os nomes de alguns novos ministros indicados pelos partidos que apóiam o governo.
Gente sem a menor proximidade com os cargos que irão ocupar. Melhor poupá-los de referências nominais, mas por que o filho derrotado de Jader Barbalho nas eleições para governador do Pará irá ocupar o ministério da Pesca, ou Eliseu Padilha chefiará a Aviação Civil?

Ate ontem parecia certa a continuação de José Eduardo Cardoso, mas como imaginá-lo na Justiça depois de desmentir a presidente da República? De que maneira aceitar a chantagem dos partidos da base oficial, impondo nomes sem a menor relação com os problemas que precisarão enfrentar? Pior ainda: o que dizer de uma chefe do governo desprovida de condições para selecionar os melhores nomes para o seu ministério?

Endoidou todo mundo, ou melhor, o segundo mandato será igual ao primeiro.

SÓ FALTA CHAMAR O TIRIRICA
 
No Brasil, o dia seguinte sempre consegue ficar um pouquinho pior do que a véspera. Imaginava-se que Dilma finalmente comporia um ministério com os melhores em cada setor, sem pressões fisiológicas dos partidos. Não deu. Agora, ela amplia a prerrogativa para o Ministério Público. Só falta chamar o Tiririca, aquele do “pior não fica”…
 
Nessa trapalhada da formação do ministério, mais um vexame: sem saber se ficam ou se serão mandados embora, muitos ministros ignoram onde vão morar, a partir de janeiro. Matricular os filhos em escolas de Brasília ou de seus estados de origem? E o salário de janeiro?
 
A presidente não se preocupa com esses detalhes, mas bem que poderia, logo depois de sua reeleição, ter avisado da decisão sobre quem continuaria ou não no segundo governo.
 
PS – Um Feliz Natal a todos

A TÁTICA DIVERSIONISTA DA COMISSÃO DA VERDADE

         


CV são as letras iniciais de “comissão da verdade”, mas são, também, de “comando vermelho”. Entendam como quiserem… Comissão da Verdade! Nunca vi nada mais diversionista do que essa tática, que foi usada para desviar a atenção das autoridades e do povo das roubalheiras e dos escândalos que pululam (sem trocadilho) no governo e no país. Uma desgraça…

Intempestiva, tendenciosa e inconstitucional, desde que tratou de fatos no prazo que quis, e não no prazo fixado pela lei que a criou. Nada mais é que um esperneio de derrotados, uma vez que não houve isenção na apuração dos fatos. Houve tortura? Sim, todo mundo sabe disso. Alguém, exceto os praticantes desse crime hediondo, está de acordo com uma desgraça dessas? Rotundo “não”.
Quem apanhou era santo e lutava pela redemocratização do país? Nunca, nunquinha… Lutava para a implantação de outra ditadura, sangrenta e comunista, nos moldes da implantada em Cuba pelo sanguinário Fidel Castro.

Mas esse povo de esquerda é tão parcial que insiste na versão de que Guevara, assassino profissional, foi assassinado nas selvas da Bolívia, lutando pelas liberdades democráticas. O cara era um profissional da morte e estava lá matando cidadãos bolivianos. Abatido como Lamarca nos sertões baianos, é reverenciado pelos vermelhos como herói. Então tá…

E OS 126 MORTOS?

Por acaso o leitor já ouviu falar em Fernando Pereira, comerciário; Edmundo Janot, lavrador; Demerval E. dos Santos, guarda de segurança; Sulamita C. Leite, dona de casa; Tomaz P. de Almeida, sargento da Polícia Militar de São Paulo; Demerval Pires, cobrador de ônibus; e mais uma lista de 126 pessoas oficialmente reconhecidas e registradas como tendo sido mortas pelos comunas e terroristas? É claro que não, nem o leitor, nem eu, nem ninguém, porque a tal Comissão da Verdade só apurou a morte de quem lhe interessava.

Eu tenho horror de terroristas e assassinos profissionais. Mas duvido que alguém tenha apanhado porque estava rezando. Se bem que muitos desses terroristas vestiam batinas, a mesma tática dos alemães nazistas ou comunistas russos. Aqui, agora, está na moda elaborar listas de torturadores da direita e enfatizar a nobre atuação dos grupos que militaram naquele tempo querendo uma pseudorredemocratização do país.

POSANDO DE HERÓIS

Quanto mais o tempo passa, mais a mentira cresce, e não vamos livrar a cara da Igreja ou de parte dela nesses sombrios e tristes episódios. Posando de heróis, mesmo depois de terem sido expulsos da ordem, os chamados “padres intelectuais” continuam cuidando de política partidária sob a capa da ação social. Nós os conhecemos bem. Nós quem, cara pálida? Nós, da paz, que não somos profissionais de doutrinas.
Mas que dizer da situação quando a própria presidente é uma terrorista e assaltante de banco? Fiquei comovido quando vi a fotografia de Dona Dilma chorando, ao receber o relatório das mentiras da Comissão da Verdade. Quem não te conhece, que te compre…

O HUMOR DO ALPINO

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24 de dezembro de 2014

FILHO DO FICHA-SUJA JÁDER BARBALHO É UM DOS NOVOS MINISTROS

       


A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira (23) a indicação de 13 ministros que vão compor o primeiro escalão em seu segundo mandato, que começa a partir de janeiro.
Após intensas negociações e até reclamações públicas de dificuldades para chegar a definições de nomes, a petista estabeleceu o espaço do PMDB, PSD, PC do B, PRB, Pros e PC do B),
A expectativa é de que a nova formatação da Esplanada dos Ministérios seja concluída na segunda-feira (29), quando novas medidas econômicas também podem ser anunciadas. Ainda faltam 22 nomes.

Com as indicações, Dilma mostrou que uma das preocupações para o novo governo foi tentar garantir maior influência sobre a base aliada no Congresso, apostando em nomes com maior trânsito e com maior sustentação em seus partidos, além de políticos que articulam o fortalecimento a base do governo.

NOMES DO PT

A presidente, no entanto, adiou nomes do PT após um dia de negociações. Era esperada a confirmação de que o ministro Ricardo Berzoini fosse deslocado das Relações Institucionais para as Comunicações. Com a saída dele, o deputado Pepê Vargas (PT-RS) era cotado para assumir a articulação com o Planalto.

A presidente também definiu que o governador Jaques Wagner (Bahia) vai para o Ministério da Defesa. Ele é apontado como de sua cota pessoal. Uma dos mais próximos de Dilma, ele era cotado para vários cargos, mas acabou atendido.
O ministro da Defesa Celso Amorim pode voltar a comandar o Ministério das Relações Exteriores. Dilma procura um chanceler com perfil mais alinhado ao comércio exterior.

Em retribuição aos apoios que recebeu nas eleições, Dilma passou o Ministério das Cidades para o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). O governador Cid Gomes (PROS) que se rebelou contra a candidatura própria do PSB na disputa presidencial e apoio a reeleição de Dilma, ficou com o Ministério da Educação.

PMDB

Principal aliado, o PMDB ganhou mais um ministério, passando para seis pastas. A legenda abriu mão da Previdência, que era ocupada pelo senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que volta ao Senado. Ficará com Aviação Civil, Agricultura, Minas e Energia, Turismo, Pesca e Portos.

Dilma atendeu a uma antiga reivindicação da sigla, dividindo o espaço entre três nomes da Câmara e três do Senado. Apesar das resistências, o nome da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) foi confirmado. Ela foi “abrigada”, mas é considerada cota de Dilma.
 
Uma das surpresas foi a saída do ex-governador do Rio Moreira Franco da Aviação Civil. Ele foi trocado pelo atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães. Moreira, um dos principais aliados de Temer, entrou em rota de colisão com o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), que colocou seu nome para a disputa pela Presidência da Câmara.

Padilha foi ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique e chegou a apoiar a oposição na disputa presidencial de 2010. Um dos principais interlocutores de Temer, ele se reaproximou da petista recentemente e neste ano se empenhou para a reeleição dela no RS, contrariando lideranças locais.

Temer emplacou ainda o deputado Edinho Araújo (SP) na Secretaria de Portos, respeitando a exigência da bancada da Câmara de ter um deputado com mandato na Esplanada dos Ministérios.

BRAGA SUBSTITUI LOBÃO

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM), também foi contemplado com o Ministério de Minas e Energia no lugar de Edison Lobão. O senador ganhou influência política por ter bom trânsito com a chamada ala rebelde do PMDB no Senado. Dilma cogitou tirar do partido a pasta, mas enfrentou resistência. O partido também cobiçava Integração Nacional e Cidades, mas não foi contemplado.

O PMDB também queria emplacar o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), mas devido a uma possível citação de seu nome no esquema de corrupção da Petrobras, ele retirou seu nome até que o Ministério Público Federal se manifeste sobre os políticos envolvidos, o que é esperado para fevereiro.
Como acabou derrotado na disputa pelo governo do RN, ele deixa de ter mandato no fim de janeiro. Dependendo da posição do MP, o deputado pode assumir o Turismo.

REBELO MUDA DE PASTA

Aliado histórico do PT, o PC do B perdeu para o PRB o controle do Ministério do Esporte. A pasta foi entregue ao deputado George Hilton (PRB, MG), que é radialista, apresentador de televisão, teólogo e animador. Na atual formação, o PRB ocupa o Ministério da Pesca. O partido terá 21 deputados na nova composição do Congresso, a partir de fevereiro.

O ministro Aldo Rebelo (PC do B) ficou com Ciência e Tecnologia. Ele desistiu de disputar as eleições deste ano para cuidar da Copa do Mundo, após pedido da presidente.

Sem filiação partidária, a pedagoga Nilma Lino Gomes irá para a Igualdade Racial. Ela ornou-se a primeira mulher negra do Brasil a comandar uma universidade federal, ao assumir o comando da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em 2013.
Valdir Simão, que está na Secretaria-Executiva da Casa Civil, irá para a Controladoria-Geral da União.

Em aceno ao mercado, a presidente já tinha anunciado os ministros: Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Alexandre Tombini (Banco Central) e Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio).

CONFIRA OS NOMES:
PT – Defesa – Jaques Wagner (Cota pessoal da presidente)
PSD – Cidades – Gilberto Kassab
PROS – Educação – Cid Gomes
PC do B – Ciência e Tecnologia – Aldo Rebelo
PMDB – Agricultura – Kátia Abreu; Portos – Edinho Araújo; Minas e Energia – Eduardo Braga; Aviação Civil – Eliseu Padilha; Pesca – Helder Barbalho; Turismo – Vinicius Lages
PRB – Esporte – George Hilton
Sem filiação – Igualdade Racial – Nilma Lino Gomes; Controladoria-Geral da União – Valdir Simão

AMIGO DE FIDEL AFIRMA QUE O ACORDO COM EUA É "UM SONHO"

       

Lesnik dedicou a vida ao reatamento Cuba/EUA

Entre as vozes que celebraram o acordo entre EUA e Cuba em Miami, na Flórida, uma se destaca na multidão: o jornalista cubano Max Lesnik, 84 anos, que dedicou sua vida no exílio à campanha pela retomada das relações diplomáticas entre os dois países.

“Desde o fim dos anos 1970, fiz campanha para romper a tradicional confrontação entre Cuba e os EUA, buscando uma conciliação entre os dois governos. Tudo isso, que para mim era um sonho, tornou-se realidade agora”, disse à Folha em seu escritório em Little Havana.

Lesnik foi militante da Juventude Ortodoxa, partido de oposição ao regime do ditador Fulgencio Batista, e conheceu Fidel Castro quando ambos cursavam a Universidade de Havana. Juntou-se à guerrilha em Cuba em 1958, como chefe de propaganda do movimento Segunda Frente Nacional de Escambray.

Quando Fidel tomou o poder em Cuba, em 1959, ele apoiou o regime. Mas passou a discordar dos rumos da revolução quando percebeu que ele buscava se aliar à União Soviética e, em janeiro de 1961, partiu rumo a Miami.

COM JIMMY CARTER

Como contraponto ao forte movimento anticastrista na cidade, criou a revista “Réplica”, para fazer campanha a favor do regime comunista. “Quando Jimmy Carter [presidente dos EUA entre 1977 e 1981] estava em campanha à Casa Branca, fiz uma entrevista com ele, que me disse que sua intenção era melhorar as relações com Cuba.”
“Essa revista chegou a Fidel quando Carter já havia assumido, e ele sugeriu que eu participasse das conversas sobre o assunto.”

Em 1978, Lesnik voltou ao país. “Fidel me recebeu no pátio do palácio presidencial e perguntei: Como devo te chamar? Comandante?’ Ele me respondeu: Não, para você sou Fidel’.” Desde esse encontro, Lesnik vai frequentemente a Cuba e se tornou grande defensor da normalização nas relações entre os dois países.

“Não tive absolutamente nenhuma participação desta vez. Mas não estabeleço nenhuma diferença entre o que foi começado por Carter e que foi implementado agora.”

UMA NOVA ERA

Para Lesnik, a relação entra agora em uma “nova era”, em que cubanos nos dois países serão beneficiados. “Qualquer Estado, quando se sente seguro, porque não há ameaça de um inimigo externo ou interno, é mais relaxado e permite mais liberdade.”

Em oposição ao ceticismo que toma conta da comunidade cubana em Miami, ele acredita que o fim do embargo econômico pode passar no Congresso americano, mesmo com maioria republicana.
“O fim do embargo é de interesse econômico dos EUA, não a favor de Cuba. É um mercado a 200 quilômetros de distância, com 11,5 milhões de pessoas”, afirmou.
Aos que especulam se Raúl se opôs ao irmão ao negociar com os EUA, Lesnik afirma: “Raúl sempre foi fidelista. Dizer que ele fez isso sem que Fidel concordasse é não ter ideia de quem eles são.”

Entre as vozes que celebraram o acordo entre EUA e Cuba em Miami, na Flórida, uma se destaca na multidão: o jornalista cubano Max Lesnik, 84, que dedicou sua vida no exílio à campanha pela retomada das relações diplomáticas entre os dois países.

“Desde o fim dos anos 1970, fiz campanha para romper a tradicional confrontação entre Cuba e os EUA, buscando uma conciliação entre os dois governos. Tudo isso, que para mim era um sonho, tornou-se realidade agora”, disse à Folha em seu escritório em Little Havana.

Lesnik foi militante da Juventude Ortodoxa, partido de oposição ao regime do ditador Fulgencio Batista, e conheceu Fidel Castro quando ambos cursavam a Universidade de Havana. Juntou-se à guerrilha em Cuba em 1958, como chefe de propaganda do movimento Segunda Frente Nacional de Escambray.

Quando Fidel tomou o poder em Cuba, em 1959, ele apoiou o regime. Mas passou a discordar dos rumos da revolução quando percebeu que ele buscava se aliar à União Soviética e, em janeiro de 1961, partiu rumo a Miami.

COM JIMMY CARTER

Como contraponto ao forte movimento anticastrista na cidade, criou a revista “Réplica”, para fazer campanha a favor do regime comunista. “Quando Jimmy Carter [presidente dos EUA entre 1977 e 1981] estava em campanha à Casa Branca, fiz uma entrevista com ele, que me disse que sua intenção era melhorar as relações com Cuba.”

“Essa revista chegou a Fidel quando Carter já havia assumido, e ele sugeriu que eu participasse das conversas sobre o assunto.”

Em 1978, Lesnik voltou ao país. “Fidel me recebeu no pátio do palácio presidencial e perguntei: Como devo te chamar? Comandante?’ Ele me respondeu: Não, para você sou Fidel’.” Desde esse encontro, Lesnik vai frequentemente a Cuba e se tornou grande defensor da normalização nas relações entre os dois países.

“Não tive absolutamente nenhuma participação desta vez. Mas não estabeleço nenhuma diferença entre o que foi começado por Carter e que foi implementado agora.”

UMA NOVA ERA

Para Lesnik, a relação entra agora em uma “nova era”, em que cubanos nos dois países serão beneficiados. “Qualquer Estado, quando se sente seguro, porque não há ameaça de um inimigo externo ou interno, é mais relaxado e permite mais liberdade.”

Em oposição ao ceticismo que toma conta da comunidade cubana em Miami, ele acredita que o fim do embargo econômico pode passar no Congresso americano, mesmo com maioria republicana.
“O fim do embargo é de interesse econômico dos EUA, não a favor de Cuba. É um mercado a 200 quilômetros de distância, com 11,5 milhões de pessoas”, afirmou.

Aos que especulam se Raúl se opôs ao irmão ao negociar com os EUA, Lesnik afirma: “Raúl sempre foi fidelista. Dizer que ele fez isso sem que Fidel concordasse é não ter ideia de quem eles são.”

A CRISE E A DISPUTA ENTRE OS PRINCIPAIS AGENTES ECONÔMICOS

           


O que está acontecendo, em nível nacional, é uma briga de agentes econômicos importantes pelos recursos do orçamento público. Identifico quatro agentes principais:

1) os rentistas, que vivem do rendimento dos títulos da dívida pública mobiliária federal, entre os quais se situam os bancos e as instituições do mercado financeiro, que defendem a taxa de juros Selic elevada e um robusto superávit primário;

2) o setor produtivo brasileiro, receptor dos financiamentos do BNDES, única instituição financeira brasileira que fornece financiamento de médio e longo prazo para as empresas no Brasil a 5,5% ao ano (os bancos privados nacionais não financiam porcaria nenhuma, só auferem os lucros financeiros de aplicar em títulos da dívida pública federal remunerados pela taxa Selic);

3) os beneficiários das políticas sociais do governo, que recebem o Bolsa Família, são beneficiário do “Minha Casa Minha Vida”, da Caixa Econômica Federal, do FIES (crédito educativo do Banco do Brasil), do “Mais Médicos” etc.

4) a burocracia pública brasileira, valorizada pelos governos do PT de 2003 a 2014.

DESCONTENTAMENTO

A principal razão do descontentamento da elite financeira e midiática que promove a campanha política de desestabilização do governo é o fato de que os recursos que antes eram destinados ao pagamento do serviço da dívida pública, juros e amortizações, proporcionados por altas taxas de juros, deixaram de ser utilizados na remuneração do sistema financeiro e da alta classe média, e passou a ser usado para financiar o investimento do setor empresarial produtivo nacional, por intermédio do BNDES, para custear as políticas sociais de redistribuição da renda, além de estarem sendo usados para valorização da burocracia pública federal.

Devido a isso, a direita neoliberal derrotada nas urnas quer desestabilizar o governo e vencer o pleito no espúrio terceiro turno, além de tutelar a política econômica do partido vencedor da reeleição.
A matriz econômica do primeiro governo Dilma, de juros baixos, câmbio desvalorizado, superávit primário menor e redução do custo da energia, além da desoneração tributária seletiva, não deu os resultados esperados.
Mas é só o governo federal voltar a fazer um robusto superávit primário, com juros altíssimos para restabelecer o rendimento dos setores sociais cujos interesses foram contrariados, e este mesmo governo voltará a ser elogiado pela grande imprensa nacional e internacional.
Os setores que vão sair perdendo, infelizmente, são o empresariado produtivo brasileiro, o povo pobre, beneficiário das políticas sociais, e a burocracia pública federal.