"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

AMIGO DE FIDEL AFIRMA QUE O ACORDO COM EUA É "UM SONHO"

       

Lesnik dedicou a vida ao reatamento Cuba/EUA

Entre as vozes que celebraram o acordo entre EUA e Cuba em Miami, na Flórida, uma se destaca na multidão: o jornalista cubano Max Lesnik, 84 anos, que dedicou sua vida no exílio à campanha pela retomada das relações diplomáticas entre os dois países.

“Desde o fim dos anos 1970, fiz campanha para romper a tradicional confrontação entre Cuba e os EUA, buscando uma conciliação entre os dois governos. Tudo isso, que para mim era um sonho, tornou-se realidade agora”, disse à Folha em seu escritório em Little Havana.

Lesnik foi militante da Juventude Ortodoxa, partido de oposição ao regime do ditador Fulgencio Batista, e conheceu Fidel Castro quando ambos cursavam a Universidade de Havana. Juntou-se à guerrilha em Cuba em 1958, como chefe de propaganda do movimento Segunda Frente Nacional de Escambray.

Quando Fidel tomou o poder em Cuba, em 1959, ele apoiou o regime. Mas passou a discordar dos rumos da revolução quando percebeu que ele buscava se aliar à União Soviética e, em janeiro de 1961, partiu rumo a Miami.

COM JIMMY CARTER

Como contraponto ao forte movimento anticastrista na cidade, criou a revista “Réplica”, para fazer campanha a favor do regime comunista. “Quando Jimmy Carter [presidente dos EUA entre 1977 e 1981] estava em campanha à Casa Branca, fiz uma entrevista com ele, que me disse que sua intenção era melhorar as relações com Cuba.”
“Essa revista chegou a Fidel quando Carter já havia assumido, e ele sugeriu que eu participasse das conversas sobre o assunto.”

Em 1978, Lesnik voltou ao país. “Fidel me recebeu no pátio do palácio presidencial e perguntei: Como devo te chamar? Comandante?’ Ele me respondeu: Não, para você sou Fidel’.” Desde esse encontro, Lesnik vai frequentemente a Cuba e se tornou grande defensor da normalização nas relações entre os dois países.

“Não tive absolutamente nenhuma participação desta vez. Mas não estabeleço nenhuma diferença entre o que foi começado por Carter e que foi implementado agora.”

UMA NOVA ERA

Para Lesnik, a relação entra agora em uma “nova era”, em que cubanos nos dois países serão beneficiados. “Qualquer Estado, quando se sente seguro, porque não há ameaça de um inimigo externo ou interno, é mais relaxado e permite mais liberdade.”

Em oposição ao ceticismo que toma conta da comunidade cubana em Miami, ele acredita que o fim do embargo econômico pode passar no Congresso americano, mesmo com maioria republicana.
“O fim do embargo é de interesse econômico dos EUA, não a favor de Cuba. É um mercado a 200 quilômetros de distância, com 11,5 milhões de pessoas”, afirmou.
Aos que especulam se Raúl se opôs ao irmão ao negociar com os EUA, Lesnik afirma: “Raúl sempre foi fidelista. Dizer que ele fez isso sem que Fidel concordasse é não ter ideia de quem eles são.”

Entre as vozes que celebraram o acordo entre EUA e Cuba em Miami, na Flórida, uma se destaca na multidão: o jornalista cubano Max Lesnik, 84, que dedicou sua vida no exílio à campanha pela retomada das relações diplomáticas entre os dois países.

“Desde o fim dos anos 1970, fiz campanha para romper a tradicional confrontação entre Cuba e os EUA, buscando uma conciliação entre os dois governos. Tudo isso, que para mim era um sonho, tornou-se realidade agora”, disse à Folha em seu escritório em Little Havana.

Lesnik foi militante da Juventude Ortodoxa, partido de oposição ao regime do ditador Fulgencio Batista, e conheceu Fidel Castro quando ambos cursavam a Universidade de Havana. Juntou-se à guerrilha em Cuba em 1958, como chefe de propaganda do movimento Segunda Frente Nacional de Escambray.

Quando Fidel tomou o poder em Cuba, em 1959, ele apoiou o regime. Mas passou a discordar dos rumos da revolução quando percebeu que ele buscava se aliar à União Soviética e, em janeiro de 1961, partiu rumo a Miami.

COM JIMMY CARTER

Como contraponto ao forte movimento anticastrista na cidade, criou a revista “Réplica”, para fazer campanha a favor do regime comunista. “Quando Jimmy Carter [presidente dos EUA entre 1977 e 1981] estava em campanha à Casa Branca, fiz uma entrevista com ele, que me disse que sua intenção era melhorar as relações com Cuba.”

“Essa revista chegou a Fidel quando Carter já havia assumido, e ele sugeriu que eu participasse das conversas sobre o assunto.”

Em 1978, Lesnik voltou ao país. “Fidel me recebeu no pátio do palácio presidencial e perguntei: Como devo te chamar? Comandante?’ Ele me respondeu: Não, para você sou Fidel’.” Desde esse encontro, Lesnik vai frequentemente a Cuba e se tornou grande defensor da normalização nas relações entre os dois países.

“Não tive absolutamente nenhuma participação desta vez. Mas não estabeleço nenhuma diferença entre o que foi começado por Carter e que foi implementado agora.”

UMA NOVA ERA

Para Lesnik, a relação entra agora em uma “nova era”, em que cubanos nos dois países serão beneficiados. “Qualquer Estado, quando se sente seguro, porque não há ameaça de um inimigo externo ou interno, é mais relaxado e permite mais liberdade.”

Em oposição ao ceticismo que toma conta da comunidade cubana em Miami, ele acredita que o fim do embargo econômico pode passar no Congresso americano, mesmo com maioria republicana.
“O fim do embargo é de interesse econômico dos EUA, não a favor de Cuba. É um mercado a 200 quilômetros de distância, com 11,5 milhões de pessoas”, afirmou.

Aos que especulam se Raúl se opôs ao irmão ao negociar com os EUA, Lesnik afirma: “Raúl sempre foi fidelista. Dizer que ele fez isso sem que Fidel concordasse é não ter ideia de quem eles são.”

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