"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

É PRECISO PUNIR OS GENERAIS DO EXÉRCITO EM RETIRADA






Uma das manobras mais difíceis de se executar, por parte de um grande exército, é a retirada. Ceder território é desmoralizante e passa o sentimento psicológico de que a derrota se aproxima. Mas, independentemente dessa situação ser constrangedora, um bom general
precisa garantir que seus exércitos consigam se reagrupar, ganhando condições operacionais para enfrentar as próximas batalhas.
Ao realizar a manobra de retirada, é costumeiro que o exército em recuo deixe, no caminho, uma parcela de suas tropas com a função de obrigar o inimigo a perder algum tempo enfrentando-as. Assim, quem se retira troca espaço por tempo, conseguindo as condições para se reorganizar e melhor poder defender suas posições, a seguir.
Observe-se o que aconteceu com Graça Foster, presidente da Petrobras: ela foi submetida a um desgaste desumano, nesse último ano. Enquanto ficava evidente que a Petrobras teve seus recursos dilapidados e foi literalmente implodida em nome dos interesses do partido que se apoderou da máquina de governo, Graça Foster atraiu o fogo da bateria do exército
da oposição, enquanto o ex-presidente da empresa, o ex-presidente da República e a liderança partidária do PT ganharam um tempo precioso que lhes permitiu vencer a eleição presidencial e se organizarem para o grande embate judicial que se aproxima.
DEU O MELHOR DE SI
Como “tropa retardadora”, Graça Foster (além de um grupo de diretores da Petrobras), deu o melhor de si, sacrificando-se com ardor missionário – sabe-se lá por quê– em benefício de Lula da Silva e de Dilma Rousseff.
Diante desses fatos, observa-se que o exército da oposição não pode esquecer que é necessário levar à rendição quem assinou o contrato que levou a Petrobras a perder mais de um bilhão de reais com a Refinaria de Pasadena. E quem assinou esse contrato foi o Conselho da empresa, dirigido – na época – por Dilma Rousseff.
Deve ser levado ao tribunal de crimes de guerra o camarada que fez o acordo com a Venezuela para se construir a Refinaria Abreu e Lima, o que levou a um prejuízo de aproximadamente 20 bilhões de dólares. E quem realizou esse acordo foi Lula da Silva.
Deve ser levado à rendição quem doou petróleo para a Venezuela (no período da crise que quase derrubou Hugo Chávez. E quem fez isso foi Lula da Silva.
Precisa ser derrotado quem alterou o contrato de exploração das jazidas de petróleo, criando o sistema de partilha que exaure os recursos da Petrobras. É necessário levar à rendição quem resolveu combater a inflação mantendo congelado os preços dos combustíveis fósseis,
destruindo o equilíbrio financeiro da Petrobras.
BARRAS DOS TRIBUNAIS
E, para não perder a viagem, a oposição deve levar às barras dos tribunais, quem destruiu o equilíbrio das empresas que produzem energia elétrica. E também quem entregou os recursos do BNDES – com juros subsidiados – para algumas empresas que, posteriormente, faliram.
A oposição também precisa punir (sempre dentro da lei) quem doou dinheiro para se construir um porto, em Cuba, e uma linha de metrô, na Venezuela, com os recursos do contribuinte brasileiro, enquanto há tantas deficiências de infraestrutura em nosso próprio país.
Graça Foster é desimportante: o que interessa é penalizar os mandantes. Trata-se de capturar os generais desse exército em retirada.

(artigo enviado por Mário Assis)

11 de maio de 2015
Ney Vilela

DOLEIRO YOUSSEF VOLTA A CULPA DIRETAMENTE O PLANALTO




à CPI da Petrobras
Youssef prestou depoimento em Curitiba, onde está preso,
O doleiro Alberto Youssef voltou a afirmar, em depoimento à CPI da Petrobras, nesta segunda-feira, que o Palácio do Planalto sabia do esquema de desvios de recursos em obras da estatal, investigado pela Operação Lava Jato.
“No meu entendimento, eles tinham conhecimento do que acontecia”, disse. “[O esquema] Servia ao interesse do partido [PT], e automaticamente dos partidos da base.”
O doleiro já havia dito, em outros depoimentos, que integrantes do Planalto sabiam do esquema de corrupção na estatal.
Youssef foi um dos principais operadores do esquema. Preso desde março do ano passado, ele fez um acordo de delação premiada com a Justiça e tem colaborado com as investigações desde então.
O doleiro admitiu, durante quase quatro horas de depoimento, que não tem provas sobre o que ocorreu, mas enumerou episódios que, para ele, demonstram o conhecimento do Planalto. “A opinião é minha. É o meu sentimento. Agora, prova, não tenho”, declarou.
Um deles ocorreu entre 2011 e 2012, após um racha da base do PP, que era aliado ao governo federal.
CITANDO O PLANALTO…
Na ocasião, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que era indicado pelo PP e também participava do desvio de recursos para o partido, disse que só iria se reportar “a quem o Palácio do Planalto determinasse”.
“O doutor Paulo deixou claro que quem iria indicar o interlocutor era o Planalto”, declarou Youssef.
Neste momento, o doleiro mencionou os ex-ministros Ideli Salvatti e Gilberto Carvalho, ambos do PT, que ocupavam as pastas de Relações Institucionais e Secretaria-Geral da Presidência, respectivamente. “Foi conversado com Ideli e Gilberto Carvalho”, disse.
Youssef também mencionou outros episódios como motivo de sua suspeita sobre o Planalto. Entre eles, está a doação que teria sido feita, em caixa dois, à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), em 2010, a pedido do seu marido e então ministro Paulo Bernardo –detalhada em sua delação premiada. “Ele era ministro e fez o pedido a Paulo Roberto Costa”, disse.
É TUDO VERDADE
Youssef é o primeiro depoente a ser ouvido pela CPI em Curitiba. Os deputados estarão na cidade, sede das investigações da Lava Jato, até esta terça (12). Até lá, devem ouvir mais 12 pessoas, incluindo o lobista Fernando dos Santos Baiano, acusado de ser o operador do PMDB, e os ex-deputados André Vargas, Luiz Argolo e Pedro Corrêa, todos presos na sede da Polícia Federal.
Alguns deputados fizeram repetidos questionamentos a Youssef sobre suas declarações. Relembraram que o doleiro já quebrou um acordo de delação premiada, feito no escândalo do Banestado, porque voltou a cometer crimes, e o criticaram por não lembrar de determinados nomes ou endereços.
Youssef respondeu que disse somente a verdade, mesmo na delação do Banestado. “Tudo que eu relatei foi comprovado”, afirmou.
11 de maio de 2015
Estelita Hass Carazzai e Lucas LaranjeiraFolha

O BRASIL INIMAGINÁVEL...

CORRUPTA E ASSUMIDA PREFEITA PETISTA




A corrupta assumida e boquirrota secretária- chefe de gabinete da Prefeitura petista de Cacoal, Maria Ivani Araújo, que está presa desde a manhã desta sexta-feira, aparece em várias gravações dando aulas de roubalheira na administração pública. Esses ensinamentos, no entanto, não serviram para livrá-la da prisão.

Em vários trechos da gravação, Ivani se gaba de não ser "besta", de não ser "idiota", de "não deixar pistas" e de "não ter nascido ontem". "Não sou doida, não deixo rastro", afirma.

Toda poderosa na administração pública de Cacoal, onde mandava e desmandava com o apoio do prefeito Padre Franco Vealetto (PT), suspeito de fazer parte do esquema, Ivani aparece numa gravação afirmando que não deixa dinheiro na sua conta bancária, que está sempre no vermelho, para evitar futura penhora judicial caso a roubalheira na Prefeitura petista fosse descoberta.

A Poderosa do Padre também fala de uma caminhonete de luxo, que comprou financiada, “para não dar na vista”. No negócio, admite Ivani, foram usadas várias pessoas, inclusive uma que ela classifica como “idiota”. Na transação para a aquisição do veículo (que “poderia ser comprado à vista, mas eu não sou besta, não deixo pistas”), a assessora do Padre Franco diz que até o pai foi usado como laranja.

Maria Ivani confessa também que todos os meses um empresário de Porto Velho, que ela chama de Gigi, vai a Cacoal entregar a ela dinheiro de corrupção.

Para mostrar-se uma expert em ocultar dinheiro roubado dos cofres públicos, a Poderosa do Padre diz não ser de ostentação, por isso deixa atrasar a faculdade do filho em até seis meses para que todos pensem que ela não tem dinheiro. “Agora, se depois deste mandato eu quiser comprar uma fazenda lá em Goiás, isso é outra história”, afirma, dando gargalhadas.

Presa na sexta junto com vereadores que também faziam parte da organização criminosa instalada na administração petista em Cacoal, comramificações na Câmara, Ivani, inconscientemente, ajudou a batizar a operação que resultou na sua prisão.

Numa conversa gravada pela polícia com autorização judicial, a Poderosa do Padre mostra um profundo desprezo pela população de Cacoal, em particular, e pelo povo, de modo geral. Sobre este último, ela diz tratar-se de “mero detalhe”. Por isso a operação policial que a prendeu foi batizada de Detalhe.

Ouça o áudio:


https://youtu.be/ovBYeeqo_kk


11 de maio de 2015
in graça no país das maravilhas

UMA NOVELA DE CAPÍTULOS INTERMINÁVEIS... MAS VAMOS ESPERAR SÓ PARA VER COMO TERMINARÁ (SE TERMINAR...)

PF indicia 30 ligados a deputados corruptos na Lava Jato. MPF prepara denúncias.

(O Globo) A Polícia Federal concluiu neste fim de semana sete inquéritos policiais que apuram a responsabilidade criminal dos ex-deputados federais presos na 11ª Fase da Operação Lava Jato, André Vargas (ex-PT-PR), Pedro Correa (PP-PE) e Luiz Argôlo (SD-BA). Os inquéritos apuraram crimes de corrupção, fraude a licitações, lavagem de dinheiro, organização criminosa, entre outros. Trinta pessoas foram indiciadas, sendo que em alguns casos houve investigados indiciados em mais de um procedimento. Os três ex-deputados estão presos em Curitiba preventivamente e estão entre os indiciados. 

Os inquéritos policiais com respectivos indiciamentos e relatórios finais foram encaminhados ao Ministério Público Federal, que agora vai formular denúncia contra eles. Além dos três ex-deputados, foram indiciados seus ex-assessores e familiares, além do doleiro Alberto Youssef e seus laranjas. Esses inquéritos apuraram fraudes que foram além da Petrobras. Os ex-deputados estão envolvidos em repasses de valores relacionados a contratos de publicidade do Ministério da Saúde e da Caixa Econômica Federal para empresas vinculadas aos três ex-parlamentares.
 
Segundo a PF, empresas ligadas a André Vargas recebiam repasses de recursos que saíam da Caixa e do Ministério da Saúde por meio da agência de publicidade Borghi Lowe Propaganda e Marketing, que tinha como diretor Ricardo Hoffmann. A agência teve contratos com órgãos do governo federal entre 2010 e 2014 e repassou comissões para as empresas fantasmas de André Vargas e seu irmão Leon Vargas. Os dois foram indiciados neste final de semana, além de Hoffmann. Foi iniciado ainda Marcelo Simões. Também a mulher de Vargas, Edilária Simões Gomes foi indiciada pela PF.

De acordo com a PF, Pedro Corrêa recebia valores mensais indevidos, por meio de assessores. Vários repasses partiram do doleiro Alberto Youssef. Os dois também foram indiciados neste final de semana. Além deles, foram indicados a mulher do ex-deputado, Márcia Danzi Russo Correia de Oliveira, e seu filho Fábio Correia Andrade Neto e Ivan Mernon da Silva Torres. Todos laranjas do ex-deputado, segundo a PF.

Por parte de Youssef, foram indiciados vários laranjas e testas de ferro do doleiro, como Leandro Meirelles, Esdras Arantes Ferreira, Pedro Argesse Junior, Mateus Oliveira dos Santos, João Procópio de Almeida Prado e Mauro Bocheiro. A PF indiciou também o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do então presidente Fernando Collor de Mello. O ex-deputado Luiz Argôlo também foi inidicado, assim como seus ex-assesores, como Elia Hora dos Santos. Foram indicados ainda Claudio Jorge Fontenelli. Agora, o Ministério Público dirá se vai encaminhar denúncia ao juiz Sérgio Moro.

11 de maio de 2015
in coroneLeaks

PT DEFENDE O PETISTA FACHIN (O QUE JÁ NÃO É UM BOM SINAL...)


(O Globo) O site criado para dar apoio ao indicado pela presidente Dilma Rousseff ao Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fachin, foi registrado por Renato Rojas, designer que trabalha para o PT. Ele é diretor de arte da agência Pepper Interativa e, de acordo com o seu currículo publicado na rede social LinkedIn, tem a “função de liderar a equipe de criação digital para redes sociais do PT/Dilma e da Agência PT de Notícias”.

Ainda de acordo com o perfil, Rojas opera a página oficial do Facebook de Dilma e trabalha “no site oficial do PT e no elogiado BuzzFeed da Dilma, entre outras redes”. Renato Rojas também cursa mestrado na Universidade de Brasília em Design de Interação e Informação.

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Ao GLOBO, a Agência Pepper Interativa informou que Renato Rojas está em período de férias e que a empresa não teve participação na elaboração do projeto do site que apoia a indicação de Fachin. De acordo com a empresa, seus funcionários não podem fazer trabalhos "por fora" e as "atitudes cabíveis" serão tomadas assim que ele voltar à agência. 

"Esclarecemos que o web designer Renato Rojas encontra-se em seu período regular de férias desde o dia 4 de maio de 2015. A agência ficou sabendo de sua ligação com o site "www.fachinsim.com.br" pela imprensa na tarde de hoje. Procurado para esclarecer o seu envolvimento, Renato Rojas informou que prestou serviços como freelancer para a assessoria de imprensa que atende o advogado Luiz Edson Fachin. A Pepper não concorda, não aceita e proíbe que seus funcionários prestem serviços paralelos ao exercidos na agência. Em seu retorno, as providências cabíveis serão estudadas", diz a empresa, em nota.

A página “Fachin Sim” foi criada para responder às críticas que circulam na internet sobre a atuação profissional do indicado. Segundo nota técnica do Senado, Fachin teve dupla atividade profissional quando ocupou cargo de procurador do Estado no Paraná. Em vídeo gravado no Youtube, Fachin se defende da acusação de que seria ilegal ter atuado como advogado enquanto ocupava o cargo de procurador do Estado do Paraná, de 1994 a 2006. Em outra gravação, ele nega que seja a favor da poligamia e que queira acabar com a formação tradicional da família.

11 de maio de 2015
in coroneLeaks

CRÔNICA HIPOTÉTICA PATÉTICA

Era uma vez um "país de meia verdade", daqueles não muito sérios como dizia o General Charles De Gaule. Sua força terrestre, já faz muito tempo, vinha atravessando um processo altamente despersonalizante, em particular e principalmente, direcionado ao seu alto comando. Neste país, todas as leis, regulamentos e estamentos vigoravam até o instante em que seus dispositivos pudessem passar a incomodar a governança e sua politicalha, que eram absolutamente alheias aos reais problemas de um povo que, malgrado o desgaste material e revanchista por que passava seu exército, ainda o mantinha no topo como a instituição mais confiável do seu país.

Eis que elementos da mais baixa estatura moral, alguns até condenados pela justiça, são condecorados com medalhas deste exército que, tantas vezes humilhado, sem que haja uma reação na sua justa medida por quem de direito e dever, já estava sendo chamado, por isso mesmo, de "brancaleone", mais precisamente pelos civis, justamente aqueles tiranicamente estupefatos com a leniência que se estabelecera e o pouco caso que, de uns tempos para cá, se passara a fazer a um auto respeito, até bem pouco, mantido, ainda, como cláusula pétrea religiosamente observada pelos seus comandantes.

O medo de "pisar no calo" de quem destratava este exército é tanto que seu comando já pensava em alterar (seria mais cômodo para não pegar tão mal) o regulamento das comendas, incluindo parágrafo nos seguintes termos: -"Os dispositivos constantes nos estamentos das medalhas militares devem ser respeitados, desde que não causem melindres aos interesses da governança e dos políticos." Existiam até militares deste desafortunado exército que pensavam não se dever dar tanta importância a este regulamento da medalhística, na medida em que existiam outros problemas nacionais mais importantes merecendo a atenção de seu comando, como se honra e brio pudessem ser relevados por Instituição fincada nestes princípios basilares, estes tão marciais nas suas essências e nos seus juízos de valor.

O tempo não para e, vendo a banda passar, o comandante perdeu o bonde, com gravíssimas consequências para a instituição e para o país, posto que, com suas atitudes e declarações dúbias e, até então, sem mostrar ao que viera, escorou-se nos rapapés de alguns poucos notórios, mas, incuráveis "pastores de ovelhas", não fazendo cessar o processo revolucionário e desagregador reinante pelo qual passava a nação. Pobre "país de meia verdade" que, junto com o seu exército assimilador de vilipêndios, perdeu o seu tempo e o espaço que podia vir a ocupar no contexto da comunidade internacional.

Enfim, que DEUS tenha piedade...



11 de maio de 2015
Paulo Ricardo da Rocha Paiva

SUA MÃE USA OURO ROUBADO DE ÍNDIOS?


 Você provavelmente não ficou sabendo que a Polícia Federal deflagrou na semana passada uma das maiores operações já realizadas contra o garimpo ilegal na Terra Ianomâmi. Não é sua culpa: são realmente tabu na imprensa brasileira as notícias sobre o calvário que sofre o maior grupo indígena com pouco contato do planeta.

A ação teve 313 mandados judiciais contra acusados de formar um esquema criminoso que inclui empresários, funcionários públicos, donos de garimpos, joalheiros e pilotos de aviões. Segundo levantamento do órgão, a mineração tira da área no extremo norte do país (Roraima e Amazonas) duas toneladas de ouro por ano, ao preço estimado de R$ 200 milhões.

A cobertura nula ou discretíssima impediu que a opinião pública se desse conta de uma coincidência macabra: enquanto os policiais prendiam joalheiros por receptação de ouro ilegal na Amazônia, no resto do país, pessoas com dinheiro davam joias a suas mães.

Você comprou joias de ouro nos últimos anos? Ou talvez, para se proteger da inflação, comprou papéis vinculados a reservas de ouro, emitidos por uma Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) como as que atuam na BMF/Bovespa? Pediu alguma garantia de que o metal precioso não foi retirado ilegalmente de área indígena, onde a extração causa mortes de índios?

Todo garimpo em áreas indígenas é ilegal. Ele destrói patrimônio dos brasileiros, terras da União ocupadas por esses grupos para preservar o ambiente. Os índios cumprem sua missão constitucional: fotos de satélite das florestas brasileiras mostram que os parques indígenas estão entre as (poucas) áreas bem preservadas.

Nos últimos anos, as operações da Polícia Federal denominadas Xawara (2012, em Roraima) e Eldorado (mesmo ano, Pará e Mato Grosso) indicaram que um dos destinos finais do ouro são corretoras de títulos: ou seja, o metal também serve como investimento seguro e moderno contra desvalorização da moeda.

A mineração ilegal que alimentou guerras civis e genocídios na África levou à criação de dois convênios internacionais para controle do comércio mundial de ouro e diamantes. O Certificado Kimberley é exigido de quem vende diamantes, para provar que as pedras não vieram de áreas conflagradas. O Padrão Ouro Livre de Conflitos é adotado para o metal.

O Brasil é um produtor de diamantes e ouro mas o controle da atividade ilegal é pífio: como costuma acontecer com a fiscalização no país, ora é ineficiente, ora corrupta, ou simplesmente não é prioritária. E os dois protocolos internacionais não consideram "zonas de conflito" as áreas indígenas latino-americanas ameaçadas pela mineração.

O Brasil só vai abalar a produção ilegal de ouro e diamantes de áreas indígenas quando a cidadania se preocupar e exigir que os comerciantes tenham uma cadeia de produção limpa de sangue. Como aconteceu com a carne, quando entidades da sociedade civil propuseram um boicote aos açougues que não provassem que seu gado não vinha de áreas de preservação da Amazônia. Rapidamente, os grandes supermercados se submeteram à restrição.

Enquanto isso não acontecer com a mineração, vamos ver índios morrendo de fome e malária enquanto a Polícia Federal enxuga gelo em repetidas operações de combater ao garimpo, todas inócuas no logo prazo. 
11 de maio de 2015
Leão Serva

A CORRIDA PRESIDENCIAL

O Brasil é um país governado por camarilhas perigosíssimas, ladrões engravatados de altíssima periculosidade. Sem contar que vivemos num Estado Policial. A Educação está desmontada, a Saúde agoniza diariamente na imprensa, mas ninguém é capaz de fazer nada ou tomar qualquer providência. O despreparo é alarmante e a população vive anestesiada pela pornografia televisiva.

A preocupação da pilantragem é apenas com o próximo pleito, as próximas eleições. Fundado em tal comportamento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), está recebendo bancadas de parlamentares de vários partidos, tentando pavimentar sua estrada até o Palácio do Planalto nas eleições que irão acontecer apenas em 2018! Sua excelência não pensa em outra coisa. Governar, que é bom, nada.

Vinculado a Opus Dei, Alckmin acredita que Papai Noel mora na Lapônia e que com três meses de chuva a situação gravíssima de falta de água, vivida por São Paulo e o resto do mundo, será resolvida sem que ele seja contrariado por um assunto que o incomoda e sobre o qual nada sabe a respeito. O importante para sua excelência é chegar com tranquilidade a 2018. O Brasil, segundo ele, é formado por cretinos.

O mundo se encontra mergulhado numa nova era glacial (nenhuma de nossas autoridades se pronuncia sobre isso), vai faltar alimento e haverá colapso energético, mas os ladrões à frente do Estado brasileiro resumem todos os nossos problemas a disputas eleitorais. Aqui, só se faz alguma coisa (quando se faz), depois que não há mais como remendar estragos. Não temos alternativa: qualquer um dos candidatos que aí se encontram carece de credencial para enfrentar os infindáveis desafios.

O mais impressionante de tudo é presenciar como a emoção conduz o povo brasileiro, que vive a repetir os mesmos erros, reverenciando canalhas de sempre e cavando sepulturas encravadas no final de tortuoso caminho de dor, intermináveis atribulações e desespero. Seremos todos os imbecis do Alckmin?

Todos os dias, somos “contemplados” com reportagens que expõem com clareza os assaltos perpetrados contra os cofres públicos, sem que os apontados sejam punidos com a dureza que seria de se exigir. As ligações existentes entre os que roubam e os que dirigem o Estado são tão imbricadas (e se amontoam de tal maneira) que onde se mexe na roubalheira de um desarruma a estrutura criminosa de outro.

Onde é que essas pessoas estão com a cabeça? Será que não percebem não existir tranquilidade? Que aqueles que trabalham para sustentar caprichos e fantasias, através de impostos extorsivos insuportáveis, estão perdendo por inteiro a esperança? Hoje, no Brasil, a estrutura administrativa do Estado é utilizada contra o cidadão comum, combatendo os seus interesses e promovendo a desordem.

Não se cuida de mudar a legislação penal, não se constroem novos presídios, não se facilita a mobilidade do cidadão comum (em cidades cada vez mais estagnadas pelo trânsito invencível), como se os responsáveis fizessem espécie de laboratório, esticando a corda para vê-la arrebentar no final de todos os limites.

Na sua corrida a qualquer custo e preço, em direção ao Planalto, o governador de São Paulo “fez uma avaliação da conjuntura”, na última sexta-feira (08), e disse não identificar no cenário “elementos que fundamentem o impeachment da presidente”.


Alguém precisa dizer a Alckmin que o PT é uma legenda de ladrões e que o PSDB não está muito longe disso. 
Que esta crise vai estourar e vai ficar difícil para ele até mesmo andar nas ruas. 
E é bom dizer, a sua excelência, que o Brasil tem muitos idiotas e cretinos, mas que não são todos. E que o governo dele, Geraldo Alckmin está cheio de denúncias de roubos e de patifarias e que sua conversa mole já não convence.


11 de maio de 2015
Márcio Accioly

O CUPIM DO ESTADO BRASILEIRO

Espetacular o resumo feito por Guilherme Fiuza em sua coluna no GLOBO acerca do que significa o PT no governo. Após a revelação do “bonzinho” Mujica de que o “bonzinho” Lula sabia do mensalão, mas o considerava a única forma possível de governar o Brasil, a senha foi dada aos militantes da quadrilha: apelar para a marcha dos oprimidos uma vez mais. Contra chantagistas e reacionários, a única saída era, claro, comprar todos e roubar o povo brasileiro em seu próprio benefício.

Mas Fiuza aperta a tecla SAP para seus leitores: “Lula sabia que a única forma de ficar no poder com um grupo político feito de pessoas medíocres, despreparadas, hipócritas e desesperadas por cargos e verbas era se fingir de coitado, chorar e parasitar o Estado brasileiro com todas as suas forças”. Um bando de incompetentes só poderia se perpetuar no poder roubando muito, tomando a máquina estatal para si e comprando os demais. Isso é o PT. Diz Fiuza:

Com inabalável firmeza de propósitos, o PT chegou lá: tornou-se o cupim do Estado brasileiro. Hoje é difícil encontrar um cômodo da administração pública que não esteja tomado pelo exército voraz, que substitui gestão por ingestão. O Brasil quer esperar mais quatro anos para ver o que sobra da mobília.

Mujica disse que Lula não é corrupto como Collor. Tem razão. O Esquema PC era um careca de bigode que batia na porta de empresários em nome do chefe para tomar-lhes umas gorjetas. O mensalão e o petrolão foram dutos construídos entre as maiores estatais do país e o partido governante. Realmente, não tem comparação.

Os cupins vão devorando o que podem — inclusive informação comprometedora. As gravações da negociata de Pasadena, presidida por Dilma Rousseff, sumiram. Normal. Dilma, ela mesma, também sumiu. Veio o Dia do Trabalho, e a grande líder do Partido dos Trabalhadores não apareceu na TV — logo ela, que convocava cadeia obrigatória de rádio e TV até em Dia das Mães. Pouco depois, veio o programa eleitoral do PT e, novamente, a filiada mais poderosa do partido não foi vista na tela.

Quem apareceu foi Lula, o amigo culpado de Mujica, vociferando contra os inimigos dos trabalhadores, as elites, enfim, toda essa gente que não compreende a única forma de governar o Brasil. E os brasileiros bateram panela em todo o território nacional — o que algum teórico progressista ainda há de explicar como uma saudação efusiva ao filho do Brasil adotado pela Odebrecht.

Como foi possível isso tudo durante tanto tempo? Como ainda é possível ter Dilma e seu PT no poder? Como isso será visto lá na frente? Será que nossos filhos e netos vão mesmo acreditar que o Brasil caiu nas garras de um cupim por 16 anos, em estado de total letargia? O Brasil petista envergonha qualquer cidadão decente. Os artistas e “intelectuais” covardes e hipócritas que emprestaram seus nomes para esse projeto tão absurdo de poder merecem a lata de lixo da história.

Mas Fiuza está certo: essa roubalheira toda só foi possível porque contava com o pano de fundo do “império dos oprimidos”. Chegamos a um grau tão louco de inversão de valores onde os medíocres são enaltecidos e os piores valorizados, pois fazer o contrário é ser “preconceituoso”, de “elite”, um “coxinha”. A vitimização rende muitos dividendos por aqui, e o PT é mestre na arte de se vitimizar, mesmo enquanto destrói o país e rouba bilhões como se fossem trocado.

“Os brasileiros vão ter que perceber sozinhos: esta só continuará sendo a única forma de governar o Brasil se o Brasil não cumprir o seu dever de enxotar um governo irremediavelmente delinquente”, conclui Fiuza. Até quando os brasileiros vão deixar o cupim gigante da estrela vermelha fazer esse estrago em sua casa?



11 de maio de 2015
Rodrigo Constantino

O FUTURO ESTÁ EM GREVE

SÃO PAULO - Dois efeitos do estrangulamento da macroeconomia e das finanças públicas deveriam preocupar os brasileiros que se frustram com o ritmo do desenvolvimento nacional. Parados estão os investimentos na infraestrutura. Parados estão professores em várias redes estaduais e municipais de ensino.

Nada concorre mais para perpetuar a desigualdade obscena no Brasil do que o fosso entre o ensino dos mais ricos, uma fatia pequena da população, e o oferecido à maioria das crianças e dos adolescentes. As greves nas redes públicas, onde estão matriculados mais de 80 em cada 100 alunos da creche até o fim do ensino médio, agravam o problema.

Filhos de pais das classes altas dispõem de um estoque de capital cultural e social, que se acumula ao longo das gerações, a dar-lhes grande vantagem na largada. Apenas na escola os menos favorecidos poderão receber a compensação pelo que o ambiente familiar não propicia.

Estender a permanência dos alunos da rede pública sob a tutela pedagógica é um modo evidente de a democracia exercer esse contrapeso. O ensino integral, com carga diária mínima de 7 horas, passou a avançar depressa nos últimos anos, mas ainda atinge apenas cerca de 15% dos matriculados no nível fundamental (6 a 14 anos) nas escolas do governo.

Na contramão dessa tendência estão as greves constantes e a elevada taxa de faltas de professores nas redes públicas. A fim de dar sequência ao ciclo de melhoras notáveis na educação brasileira após a democratização, é preciso que governantes e líderes sindicais amadureçam.

Greves e absenteísmo devem ser sobretudo prevenidos mediante negociações adultas, pactos de longo prazo e responsabilização nos dois lados do balcão. Continua barato demais, para políticos e sindicalistas, prejudicar o futuro de dezenas de milhões de brasileiros.



11 de maio de 2015
Vinicius Mota

BEM VINDO AO BRASIL!

Aqui e ali começam a surgir provas definitivas do embuste que é esse governo. Da confissão de Lula publicada no livro do José Mujica às gravações onde o ministro-manteiga tenta encobrir o rombo pavoroso na petroleira vigarista, passando inclusive pelos gritinhos da tal Jandira, uma coisinha horrorosa que se diz assediada no Congresso, o que temos aqui é uma ode ao cacarejo, não é mesmo? O embusteiro-chefe afirma que roubar é a única forma de governar o Brasil. O desfile de servidores bandidos que temos nas salas refrigeradas do nosso poder público me obriga a concordar com ele.

É a fraude em andamento, meus caros leitores. Gente que já não se acanha em ser o que é. Sou até forçado a confessar que sinto algum alívio ao ver que essas provas existam, pois a máxima do “não há crimes sem provas” vem sendo ameaçada pela vigarice endêmica que campeia pelas hordas contratadas por este governo para nos ludibriar, sempre em nome “da causa” que os alimenta. Do STF que não vê uma quadrilha onde já há um exército às oposições que lançam emendas aos desmandos do governo e depois votam contra essas mesmas emendas.

O que temos visto é o que um leitor definiu, com muita propriedade, em algum canto deste condomínio: nossos representantes finalmente estão saindo do armário e revelando sua natureza calhorda, corporativa, ideológica ─ e seus mantras picaretas que perdem a essência diante das panelas vazias e do grito dos excluídos. Neste sambinha de uma nota só – os PTrodólares – fica escancarada a posição daqueles que se acovardam diante da farsa, achando que serão herdeiros de toda a criminalidade que hoje floresce neste país-mendigo

Ainda que o petrolão continue sendo o escândalo mais vistoso desta república de bananas, o cortejo interminável de safadezas a que fomos submetidos ultimamente merece uma lista diária de lembretes para sabermos exatamente onde estamos pisando; num dejeto chamado Brasil. Nele, mensalões e petrolões convivem com “extradições”, “contradições”, pátrias educadoras sem dinheiro para sustentar estudantes na escola, urnas superfaturadas, escondidas sob o traseirão dos oposicionistas de mentirinha que cultivamos por aqui.

E há também ciclovias de tinta vagabunda, controlares que ninguém mais sente falta nos pulmões, extintores que não extinguem as chamas, mas dão um trabalho danado para encontrar e custam uma pequena fortuna quando são encontrados, asfalto regurgitado, juízes que confessam crimes prescritos, agitadores profissionais com cargos no governo, cuecas e cuecas de grana sendo transportadas em voos domésticos, amantes pagas com dinheiro público e uma gente tacanha que não se cansa de tentar defender o indefensável das formas mais patéticas.


Ao dar a descarga nessa latrina cívica, nem quero imaginar o que farão estes lambedores de vasos sanitários para seguirem em frente no papel de pingentes de tetas governamentais, pendurados em quaisquer governos que lhes apareçam pela proa. 
É uma gentinha que merece a válvula hidra, não é mesmo? 
Mas tem gente que aplaude o país relativo. O dissimulado. O covarde. O país que dá nojo. Uma gente que merece cada palmo desse chão, fraudando a urna e cantando o Hino Nacional ao mesmo tempo. Um país de batedores de carteira. 
É vergonhoso ser brasileiro ao lado dessa gente.


11 de maio de 2015
Vlady Olivier

O INSACIÁVEL APETITE POR CARGOS

BRASÍLIA - Para quem sonhou em acabar ou pelo menos reduzir ao máximo o velho jogo do fisiologismo político no primeiro mandato, ser obrigada a se entregar a ele no início do segundo deve ser muito frustrante para Dilma Rousseff.

Mas foi este o preço e o caminho necessário, o do "toma lá, dá cá", para a petista, sob comando do novo articulador político Michel Temer, conseguir sua primeira vitória na votação do essencial ajuste fiscal.

O pior, para a presidente, é que a conta vai sair mais cara caso queira continuar ganhando as próximas votações. Afinal, na semana passada, Temer só venceu a primeira batalha porque buscou e conquistou o apoio de 19 deputados da oposição. Sem eles, teria saído derrotado.

Faltaram votos governistas no balaio de Dilma, de gente ainda não saciada em seu apetite por cargos, que vai cobrar sua fatia nesta semana, quando entra em pauta a segunda medida do ajuste –a que restringe benefícios previdenciários.

A ordem na equipe de Temer é atender a todos. Cerca de 200 cargos –50 federais e 150 estaduais–estarão sendo distribuídos nos próximos dias, num ritmo nunca visto na história do governo Dilma.

Entre eles, de 15 a 20 de diretorias de agências reguladoras. Postos que a presidente Dilma, em seus momentos de força e popularidade alta, fazia jogo duro para negociar com aliados. Preferia deixá-los vagos a entregá-los a políticos.

Só que a fragilidade atual da petista reduziu seu poder de barrar pedidos que, antes, dizia não aceitar nem sobre seu cadáver. Postura sempre criticada, com certa razão, pelos aliados. Afinal, num governo de coalizão, eles têm direito de ocupar espaços na administração.

O problema é que a turma do fisiologismo político tem um apetite insaciável por cargos e alguns os utilizam para fins nada republicanos. Aí está o escândalo da Petrobras como o pior dos exemplos, alertando que tudo tem limites. 

11 de maio de 2015
Valdo Cruz

VAI ACABAR DANDO BODE


Ninguém realmente sabe precisar exatamente o momento em que as coisas começaram a apontar para a direção errada. Permanece o mistério qual foi a curva, a encruzilhada, ou a decisão que levou as coisas a serem o que são.

Talvez porque este momento definido, exato, simplesmente não tenha existido. Mais provavelmente, foram anos e anos de decisões erradas, crenças equivocadas e movimentos em direções erradas.

Tragédias são construídas. Subdesenvolvimento é obra que precise de séculos para ser perfeita. Contrariamente ao senso comum, marchar em direção ao passado requer energia, determinação e perseverança.

É processo trabalhoso, duro, que deixa marcas. E exibe sintomas. O primeiro passo é sempre perder a vergonha. Sem ela, quase tudo é aceitável. Inclusive a reativação das noções de certo e errado. Basta apenas abraçar noções peculiares de ética. E contar com certa ausência de justiça, ou com a complacência da justiça.

Do ponto de vista daqueles que conseguem apagar completamente os ensinamentos maternos, é libertador. Permite justificar tudo e qualquer coisa. Dispensa o trabalho de negar autoria de malfeitos. Já faz tempo que os fatos deixaram de ser objeto de discussão. Negar não mais constitui linha de defesa.

Para felicidade dos operadores de direito, na medida em que o conhecimento do direito (em especial do código penal) se torna pré-requisito para leitura dos jornais, empobrece a qualidade das teses jurídicas. Gente sem vergonha encontra território sem leis.

E a gente vai passando por tudo isso, sem nem mais sentir enjoo, desgosto ou indignação. O estado de coisas aparentemente se incorporou a paisagem. Ou melhor, se tornou a paisagem.

E, como toda realidade, construída lentamente. Diante de olhos que se permitiram olhar em outra direção. Embaixo narizes complacentes com o mau cheiro. Alienado da atenção, que preferiu sempre a doçura das ilusões à dureza da realidade.

E assim, chegamos onde estamos. Praticando a arte de perder. Cometendo repetidamente os mesmos erros. Perdendo algo todos os dias. A começar pela vergonha. Acreditando que cada atitude complacente, cada passo na direção errada, não cobraria seu preço.

E assim continuamos. Vamos levando. Exigindo cada vez menos de cada vez mais, anestesiados pela ilusão de um dia ter tudo onde se construiu absolutamente nada. 

11 de maio de 2015
Elton Simões

MAMMA MIA!

Em março de 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou a alcunha de “mãe do PAC” para sua ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. 
No palanque montado no Complexo do Alemão, no Rio, Lula anunciou R$ 1 bilhão em obras para as favelas cariocas, a serem tocadas pela gerente implacável - que dois anos e oito meses mais tarde o sucederia no mais alto posto do país. 
Começava ali a construção da ficção Dilma, a afilhada dos sonhos do ex que passou a assombrar o PT e o próprio Lula.

No mesmo palanque, Dilma se aprochegou do chefe e aceitou publicamente o papel.

O temperamento irascível auxiliava na criação da imagem de durona, exigente, intransigente. Faltava-lhe quase tudo que um presidente da República precisa ter. Sobrava-lhe arrogância, característica que Lula, dono de igual ou maior soberba, subestimou.

Naquele ano, Lula acabara de bater o primeiro de seus muitos recordes de popularidade. Alcançara, segundo o Datafolha, 55% de aprovação que, 10 meses depois, chegariam a inacreditáveis 70%, e em nada menos que 78% dois meses antes das eleições. Seu governo chegou a obter 82% na soma de ótimo e bom.

O céu – e a Constituição que lhe proibia disputar um terceiro mandato consecutivo – era o limite. A solução segura era a fiel mãe do PAC, que conduziria o governo sem criar sombras.

Deu tudo errado.

A pupila começou bem. No final de março de 2011 chegou a desbancar o imbatível Lula, alcançando 56% de aprovação, o maior percentual de um presidente no primeiro trimestre de mandato. Substituiu com sucesso a mãe do empacado PAC pela faxineira que demitia corruptos do governo, ampliando ainda mais sua popularidade.

Os números lhe subiram à cabeça, fazendo-a crer que era o que não é.

Multiplicaram-se os desmandos, as políticas do atraso, as besteiras. Interveio nos bancos e empresas estatais, desequilibrou o setor elétrico, com consequências drásticas para o consumidor que hoje tem de pagar a conta. E está envolvida diretamente, ainda que por omissão, no escândalo da Petrobras, o maior da história, com desvios confessos em balanço de nada menos de R$ 6 bilhões, e perdas superiores a R$ 40 bilhões por má gestão.

Dilma foi longe demais para quem não daria um passo com as próprias pernas. Brigou com quem não podia e afagou quem não devia. Irritou aliados e desagradou o seu partido.

Com aprovação de apenas 12%, o pior índice que um presidente já teve, Dilma se tornou símbolo de tudo que o país não quer.

Mas, em tempos de denúncias que não deixam o PT respirar, ter Dilma como mãe de todos os males não era de todo ruim. Até o último dia 5.

A barulhenta reação durante programa de rádio e TV do partido acendeu o alerta vermelho. Foi contra o PT. Contra o até então intocável Lula.


E não adianta apelar para as mães. Elas também batem panelas.

11 de maio de 2015
Mary Zaidan

NO REINO DO FISIOLOGISMO

Ao final das votações de quarta e de quinta-feira na Câmara dos Deputados, o governo pôde finalmente comemorar a aprovação da Medida Provisória (MP) 665, a primeira das duas que integram o pacote do ajuste fiscal, mas está longe de ter “reconquistado a governabilidade”, como proclamou, por dever de ofício, seu líder naquela Casa do Congresso, o deputado José Guimarães (PT-CE). 
Ao contrário, quando se observa que a estreita margem da vitória governista, de apenas 25 votos, só foi possível graças a dissidências no bloco oposicionista, fica claro que a antes enaltecida solidez da “ampla base de apoio parlamentar” simplesmente se dissolveu no ar. O governo Dilma Rousseff, uma nau sem rumo, permanece refém do fisiologismo sobre o qual o lulopetismo pretendeu consolidar seu projeto de poder.

Apesar da vitória pontual, o mapa da votação da MP 665 na Câmara deve estar deixando preocupados os articuladores políticos do Planalto. Cento e dezenove deputados da base aliada (35%) votaram contra a MP ou se abstiveram. Já se sabe que diante da proposta do ajuste fiscal o PT, na dúvida entre permanecer situação ou virar oposição, optou por ficar com um pé em cada canoa. 
Apesar de a liderança da bancada ter fechado questão a favor da MP, 1 deputado votou contra e 9 saíram pela tangente se ausentando do plenário ou “fugindo”, no comentário cáustico do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os 19 deputados do PDT, “aliado” do governo que ocupa o Ministério do Trabalho, votaram unanimemente contra. E o PMDB deu ao governo apenas 50 de seus 67 votos.
Esta mesma MP 665 terá de ser votada no Senado. Apesar de ali as tendências das bancadas sugerirem perspectivas mais tranquilizadoras para o governo, o comando da Casa está nas mãos do mais recente inimigo conquistado por Dilma Rousseff, o notório Renan Calheiros, ultimamente travestido de defensor intransigente dos direitos dos trabalhadores (ver, abaixo, o editorial Renan, 
paladino do trabalhador). 
Diante da determinação que tem demonstrado de impor derrotas humilhantes ao governo, o soba alagoano certamente não facilitará as coisas para o Planalto.
E, depois da MP 665, vai à votação nos próximos dias, primeiro na Câmara, a MP 664, que em termos de restrição a benefícios dos assalariados é ainda mais rigorosa que a outra.

Não há dúvidas de que foram as dissidências na oposição que garantiram a aprovação da MP 665 na Câmara. DEM, PSB e SD deram ao governo 16 votos e 6 ausências; apenas o PSDB, o PPS e o PSOL votaram unanimemente contra. 
Mas contribuiu também para o resultado a frenética mobilização de última hora dos articuladores políticos do Planalto, que saíram a campo munidos do valioso trunfo dos cargos a serem preenchidos no segundo e no terceiro escalões da administração direta e indireta. 

Muitos compromissos foram firmados, tanto pelo vice-presidente Michel Temer quanto por seu braço direito na articulação política, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

Boa parte desses acordos, feitos com representantes de legendas menores, está condicionada à confirmação das respectivas nomeações já neste início de semana. Foi a exigência dos “aliados” para apoiar a MP 665.

É lamentável constatar que, como nunca na história deste país, impera a prática que o lulopetismo não inventou, mas generalizou com seu peculiar “presidencialismo de coalizão” e em decorrência da qual a aprovação de medidas de relevante interesse público - e principalmente essas - fica na dependência de arranjos fisiológicos na base do toma lá dá cá.

É lamentável também que os oposicionistas - aqueles que levam suas responsabilidades a sério - não consigam separar o legítimo direito de pressionar o governo para desgastá-lo politicamente do apoio a medidas necessárias como as do ajuste fiscal. 
O ideal seria que as legendas oposicionistas se entendessem em torno de uma estratégia comum de combate eficaz ao governo sem prejuízo dos interesses do País. 
O exercício da democracia não exige unanimidade, mas as divergências não excluem, quando isso se impõe em função do bem comum, acordos em torno de questões que devem ser colocadas acima dos partidos. 

11 de maio de 2015
Estadão

IMPEACHMENT FÁTICO

A esta altura do campeonato não há muito mais a acrescentar: temos um governo infeliz que, em tudo o que faz, vem gerando, ao contrário do que promete, mais infelicidade. Os pífios resultados econômicos somados à inflação e à recessão, a precariedade dos serviços públicos e de infraestrutura, a insegurança social e as denúncias de corrupção desenfreada agridem o cotidiano dos cidadãos, causando apreensões e temores crescentes.

No plano político, trata-se de um governo que, numa atitude esquizofrênica, abandona a si mesmo, isto é, abandona o que havia sido no primeiro mandato e o que se propunha a ser na campanha eleitoral vitoriosa, e ao mesmo tempo resiste a desvelar as razões reais desse movimento. Não dá o que dava nem o que prometeu porque tem de dar conta da sangria que provocou nos gastos públicos, sem ter lastro para isso. Essa é a razão do chamado “estelionato eleitoral”.

O programa econômico do primeiro governo Dilma, que tinha como vetor o desenvolvimentismo à base de um capitalismo de Estado, é agora deixado de lado ao se adotar no segundo mandato uma estratégia inversa, pautada pela recuperação e pelo controle das contas públicas, o que implica cortes na área social, e pela diminuição da intervenção do Estado na atividade econômica. Tudo isso afeta negativamente a vida dos trabalhadores e das empresas. 
Seus efeitos colaterais são conhecidos e já são sentidos pela maioria: inflação, recessão e desemprego. Na prática, como é sobejamente reconhecido, o governo mudou radicalmente, mas se recusa a admitir a essência dessa mudança ao adotar um discurso inverossímil e cheio de subterfúgios para justificá-la. 
Pior do que isso, não se revela capaz de construir um discurso convincente para validar o que diz querer realizar no segundo mandato. 
O problema não é, portanto, de comunicação ou marketing, e sim de política.

Por se recusar a deixar para trás o governo que realizou e assumir a mudança com clareza e determinação, Dilma foi rapidamente perdendo prestígio e credibilidade, não apenas na chamada classe política, mas perante o eleitorado em seu conjunto, o de oposição e aquele que a consagrou nas urnas. Além do acentuado declínio nas pesquisas de opinião, o resultado pode ser contabilizado negativamente em duas situações que primam pela evidência. 

No 1.º de Maio deste ano a presidente não participou pessoalmente de nenhum ato comemorativo do Dia do Trabalho nem sequer pôde ir à televisão falar com os brasileiros, especialmente os trabalhadores, e fazer um balanço das iniciativas governamentais em seu benefício. Temeu os apupos e as vaias, mas também os já recorrentes “panelaços”. 
Teve de se contentar com as redes sociais. Tal escolha foi criticada por líderes do seu próprio partido e desqualificada como “ridícula” pela presidência de um dos Poderes da República.

Mas antes disso, por não assumir a mudança empreendida em seu segundo governo, suas causas e implicações, a presidente assumiu como estratégia pessoal um afastamento quase que integral do centro da cena política, no que ela tem de mais sensível: a economia e a política. A imagem que fica é a de que a política econômica não a representa, delegada que foi a um prócer das finanças nacionais declaradamente crítico da condução da economia no primeiro mandato.

No plano político, depois de intenso bate-cabeças, a coordenação do governo deslocou-se, como última tábua de salvação, para o vice-presidente da República, homem de outro partido, que nem sequer participava do núcleo dirigente no mandato anterior, ocupante do mesmo posto institucional de agora. Dilma é, assim, uma presidente que não tem nem a política econômica nem a articulação política sob seu inteiro controle.

Até cumprir os cem dias do segundo mandato, Dilma foi uma presidente ziguezagueante que ora atuava de acordo com a base de apoio sobrevivente, ora se afastava dela, sem conquistar com isso novos aliados, nem mesmo ocasionais. Uma situação insustentável, que não poderia continuar em nenhuma hipótese, daí a transferência da articulação política para a Vice-Presidência.

Nas ruas, uma população cada vez mais bem informada rompeu a barreira da inércia e passou a manifestar sua indignação com foco bastante definido: a consigna “Fora Dilma” pedia, enfim, o impeachment da presidente. Manifestações massivas irromperam pelo País e coincidiram com a crescente fragilização política do governo. Como em política não há espaço vazio e o governo que acabava de se instalar mostrava não poucos sinais de desorientação, deu-se uma incisiva retomada da iniciativa parlamentar, deslocando a iniciativa política para o Congresso Nacional. Por conta desse movimento, houve quem falasse no estabelecimento de um “parlamentarismo branco”.

Mas não foi precisamente isso o que veio a ocorrer. Ao arrefecer a campanha de massas pelo impeachment, fica-se com a impressão de que o País passa por uma espécie de impeachment fático, inaugurando uma situação insólita em que a presidente, voluntariamente, mas a contragosto, “se retira” (uma espécie de aceitação a meias do seu impedimento), ainda que normativamente continue a exercer seu mandato. Ao mesmo tempo, porém, admite (porque não é mais capaz de dirigir) que o fiel do governo seja o Congresso, sob a articulação do vice-presidente. A presidente Dilma, de fato, afastou-se do comando do País!

Nessa configuração esdrúxula, de incompletude e suspensão, instala-se a incerteza e um jogo em que o controle do tempo é determinante para todos os atores, já que não se forma de imediato uma nova coalizão governante. Tal arranjo garante, contudo, condições de sobrevida ao governo Dilma, na expectativa de que possa desempenhar algum papel na sua sucessão, se conseguir retomar o controle do centro da cena política.

11 de maio de 2015
Alberto Aggio

MEDO ELEGE, MAS NÃO GOVERNA

Quando os organismos oficiais vêm com estatísticas negativas de emprego e renda, a percepção popular sobre o tema já está embolada há tempos. Não há órgão humano mais sensível do que o bolso. Ele percebe muito antes do noticiário se o dinheiro está ficando curto, se as oportunidades de trabalho rarearam e se o vizinho ou a prima foram mandados embora do emprego. As taxas oficiais só vêm meses depois – apenas para fermentar o bololô.

Aconteceu de novo na semana passada. Os dados da Pnad contínua, do IBGE, comprovam o que as pessoas já sabiam: a desocupação e a busca por emprego cresceram muito nos três primeiros meses de 2015. Não por acaso, foi quando a popularidade de Dilma Rousseff desandou de vez e acabou no fundo do tacho. Qual foi a receita?

O problema se agravou menos pelo volume do que pela rapidez com que o desemprego cresceu. No trimestre mais indigesto para Dilma, a velocidade do crescimento da taxa de desocupação foi recorde: ela ficou 23% maior no período janeiro-fevereiro-março em comparação ao trimestre outubro-novembro-dezembro. Na prática, a fila do desemprego acumulou 1,5 milhão de pessoas a mais em apenas três meses. É muita gente em pouco tempo.

O aumento do desemprego é comum no começo do ano. Em 2013, a taxa de desocupação no primeiro trimestre chegou a 8% (0,1 ponto maior do que a de agora). Mas, desta vez, o crescimento, além de repentino, ocorreu logo após uma eleição na qual a vencedora amedrontou o eleitor dizendo que, se ela perdesse, o adversário desfaria o que ela fizera, e que o desemprego cresceria. Por razões óbvias, muitos eleitores de Dilma sentiram-se traídos.

E os que não votaram nela sentiram-se indignados, pois, em larga medida, a presidente fez o que disse que o rival faria. Misturaram-se os ingredientes para a impopularidade de Dilma estufar como bolo – em um forno aquecido pela radicalização da disputa política e pelas denúncias de corrupção da Lava Jato.

Dilma está descobrindo que o discurso do medo elege mas não governa. Não é uma pioneira entre presidentes, porém. FHC descobriu isso ao se reeleger em 1998, desvalorizar o real em seguida, e nunca mais recuperar a popularidade.

Fim das contas. Morreu o senador Luiz Henrique, que enfrentou Renan Calheiros na eleição para presidente do Senado pregando a independência da Casa e do PMDB. O rival adotou seu discurso depois de vencê-lo. Já Luiz Henrique votou com o governo nas três votações abertas de que participou. Estava mais governista que Renan, mas seu suplente é do PSDB: um voto a menos para Dilma no Senado.

Concentrando poder. Nenhum sistema eleitoral dá chances iguais a todos os cidadãos de se eleger. Ensina o professor Fernando Limongi, da USP, que o único método 100% democrático é o sorteio – que nenhum país adota. Afinal, igualitarismo é bom, mas não precisa exagerar.

A alternativa é algum dos muitos sistemas eleitorais imperfeitos que há pelo mundo. Dentre eles, o mais recomendável – se o objetivo é excluir minorias – é o voto distrital puro. A eleição britânica provou a eficácia excludente do sistema mais uma vez.

Partido defensor da saída do Reino Unido da União Europeia, o UKIP recebeu 13% dos votos, mas ficou com 0,2% da representação: uma cadeira apenas. Os verdes tiveram 4% dos votos mas também só elegeram um parlamentar. Os liberais-democratas acabaram com 8% dos votos e apenas 1,3% das cadeiras.

Como sempre, os super-representados pelo voto distrital foram os maiores partidos: os conservadores, que multiplicaram os 37% dos votos que receberam em 53% das cadeiras; e os trabalhistas, que ficaram com 37% da representação, apesar de terem só 31% dos votos. A única exceção foi o SNP, que alcançou 9% das cadeiras com 5% dos votos. É porque o partido escocês concentra toda sua votação apenas nos distritos escoceses – onde ganha quase tudo.



11 de maio de 2015
José Roberto de Toledo

A CARTA DO EU-NÃO-SABIA SAIU DO BARALHO

Com a inevitável lembrança do Holocausto, acabaram as comemorações dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Numa trapaça do tempo, fica a impressão de que, em 1945, confrontado com a barbárie, o mundo reagiu com repulsa geral. 
Noutra, em 2015, acredita-se que, hoje, coisas daquele tipo são inimagináveis. Infelizmente, as duas suposições são falsas. 

Milhares de judeus que saíram dos campos de concentração foram recebidos como intrusos quando tentaram voltar às suas casas na Europa Oriental. 
Quando Heda Margolius, ex-prisioneira de Auschwitz, regressou a Praga, sua vizinha perguntou-lhe: “Por que você voltou?” 

Em Cracóvia, houve um pogrom em agosto de 1945. Nos 18 meses posteriores ao fim da guerra, mataram-se mais judeus na Polônia, na Hungria e na Tchecoslováquia do que nos dez anos anteriores ao início do conflito. 

O mundo só começou a encarar o Holocausto a partir dos anos 60, depois que o primeiro-ministro israelense David Ben-Gurion, numa centelha de genialidade, mandou que Adolf Eichmann, capturado em Buenos Aires, fosse levado para um julgamento público em Tel Aviv. O gerente da Solução Final foi enforcado em 1962.

A segunda trapaça do tempo é a de que aquilo foi coisa de outra época. 
O ódio e a violência racial e religiosa continuam aí, expostos no cotidiano do século XXI. 
O Estado Islâmico, que se assenhoreou de parte do território do Iraque e da Síria, tem os ingredientes da superioridade nazista, com uma diferença: ele mata muçulmanos xiitas, judeus e cristãos. Faz isso ostensivamente e coloca filmes na rede. Um deles, “Clanging of the swords 4” (“O barulho das espadas”), com pouco mais de uma hora de duração. Coisa de profissionais, produzida há um ano. 
Barra pesadíssima.

Os nazistas não propagavam o que faziam. Pelas suas leis e pelos seus discursos, podia-se supor, mas não se podia ver. O Estado Islâmico usa a selvageria como instrumento de propaganda. Algo como coproduções de Heinrich Himmler, comandante da Solução Final, e de Joseph Goebbels, marqueteiro do regime. Na década de 30, havia quem tivesse uma ponta de compreensão para com os nazistas. Afinal, opunham-se aos comunistas. Hoje, esse engano pode ser alimentado, em ponto menor, pela oposição do Estado Islâmico aos Estados Unidos e a Israel.

Se há uma diferença entre 2015 e 1945, ela está no fato de que agora saiu do baralho a carta do eu-não-sabia. Só não sabe quem não quer, porque os fatos estão aí, mostrados pelo próprio Estado Islâmico.

A comédia da Sete Brasil

Depondo na CPI da Petrobras o doutor Luiz Eduardo Carneiro, presidente da Sete Brasil, informou que auditores externos não encontraram irregularidades nos contratos da empresa para a fabricação de navios e sondas para a Petrobras. Um negócio de US$ 27 bilhões. Segundo ele, Pedro Barusco e João Carlos Ferraz, que presidiu a Sete até sua chegada, em 2014, não foram “bons” executivos.

Pode-se dizer que Eike Batista, com quem Carneiro trabalhou, não foi um bom executivo porque vendeu nuvens. O caso de Barusco e Ferraz, e da própria origem da Sete, é bem outro. Barusco já confessou ter recebido US$ 100 milhões em propinas. Enquanto Carneiro falava em Brasília, Ferraz continuava negociando sua colaboração com a Viúva. Além de informações valiosas, poderá devolver algum dinheiro, quantia muito menor que a de Barusco. A essa altura, Barusco e Ferraz ajudam, Carneiro atrapalha.

O doutor assumiu a presidência da Sete há um ano. Se ele acha que faltaram à empresa “bons” executivos, de duas uma: ou não sabe onde está ou sabe e acha que pode dizer o que bem entende.

Chapa

Pelo menos um tucano assegura que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, do PMDB, ofereceu ao PSDB a Vice-Presidência numa chapa encabeçada por ele.

Falta combinar com Geraldo Alckmin e Aécio Neves, prováveis candidatos do PSDB.

O atraso da CVM

A Comissão de Valores Mobiliários, instituição destinada a proteger os investidores, resolveu investigar a conduta do Conselho Administrativo da Petrobras. Com cinco anos de atraso, viu fumaça em suas decisões.

Tudo bem, mas a CVM poderia se perguntar porque fez sete acordos com o diretor financeiro da empresa durante o petrocomissariado. Ao longo de seis anos, o doutor pagou R$ 1,75 milhão para que não se falasse mais dos motivos que haviam levado a CVM a investigar sua conduta.

É possível que a CVM tenha sido a única xerife do mercado a fazer tantos acordos desse tipo com um diretor financeiro de uma empresa do tamanho da Petrobras. Deu no que deu.

Registro

Os integrantes do Conselho de Administração da Petrobras tinham motivos para achar que suas reuniões fossem gravadas. Os conselheiros estranhos à empresa não sabiam que estavam sendo filmados.

Pode-se entender que os vídeos tenham sido apagados, mas o banco de dados da empresa deve saber quem fez o serviço e quando.

Veneno

Um parlamentar recolheu notas de dólar com a efígie de Lula jogadas sobre o plenário da Câmara para distribuí-las, como lembrancinhas, a pedintes e flanelinhas e eleitores de Dilma.

Fachin

Ninguém pode prever o comportamento do Senado na apreciação do nome do advogado Luiz Fachin para o Supremo Tribunal.

Certamente, há ‘‘çábios’’ do Planalto acreditando que ganham a parada, assim como em janeiro acreditavam que derrotariam a candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara.

Há uma diferença entre as duas situações: contra Eduardo Cunha já não havia linha de recuo. No caso de Fachin, tanto ele como o governo podem desistir da indicação.

Terceiro tombo
Às 14h de 29 de abril, hora de Tóquio, três empresas do grupo Ishikawajima informaram ao mercado que separaram o equivalente a R$ 207 milhões para cobrir seu prejuízo no estaleiro Atlântico.

Pobre Ishikawajima. É o terceiro tombo que toma por se meter nos projetos megalomaníacos de criação de polos navais dos governos de Pindorama. Todo brasileiro com mais de 60 anos já pagou três. O primeiro com Juscelino Kubitschek. O segundo durante a ditadura e o terceiro com Nosso Guia. A Ishikawajima entrou em todos.

Nas superproduções do petropetismo, construiu-se uma piada. Os japoneses venderam ao Brasil uma refinaria que não refina e o Brasil vendeu-lhe um estaleiro que não produz.

Usina de encrencas

Quando o PT pode achar que sua situação melhorou, inventa uma nova encrenca.

O presidente do diretório paulista, comissário Emídio Souza, quer ir à Justiça para apreender os cartazes de “Procurados”, com retratos de Lula e da doutora Dilma.

Grande ideia. Quem tiver uma impressora poderá fabricar seus cartazes, assim como quem tem uma panela consegue fazer barulho.

11 de maio de 2015
Elio Gaspari