"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 19 de março de 2014

ESTE VÍDEO EXPLICA POR QUE A CANALHA BOLIVARIANA QUER CALAR MARIA CORINA

 

No post anterior, falo do esforço da canalha bolivariana para calar a deputada Maria Corina Machado. É compreensível. No vídeo abaixo, vemos a deputada tomar a palavra na Assembleia Nacional e declinar, um a um, os nomes dos mortos pelo regime de Nicolás Maduro. Assistam. Volto em seguida.
Como viram, declina  os nomes, exibe as fotografias e acusa o governo de torturar os presos. E convida seus pares deputados a visitar com ela as prisões. O que fazem os fascistoides de Maduro? Começam a gritar para tentar abafar a sua voz.
Esse é o país em que Lula, então presidente, afirmou ver “democracia até demais”. Esse é o governo que, segundo Dilma, está fazendo esforços em favor da paz.

19 de março de 2014
Reinaldo Azevedo

O CASO DA DEPUTADA VENEZUELANA MARIA CORINA MACHADO

Se a mulher não pensa como Dilma acha que deve pensar, ela não vê nada demais em que lhe chutem a cara, quebrem-lhe o nariz e lhe cassem o mandato. É tudo merecido!

Vejam esta foto.
 
 Maria Corina nariz quebrado
 
É do começo de maio do ano passado. Essa é a deputada oposicionista Maria Corina Machado. Parlamentares chavistas quebraram o nariz dela a chutes, enquanto estava caída, dentro da Assembleia Nacional. Já volto ao ponto. Antes, outras considerações.
 
Lembram-se daquela reunião de chanceleres da América do Sul, realizada no Chile, para discutir a crise da Venezuela? Deu em quê? Ela só volta a se reunir em abril. Enquanto isso, os mortos na Venezuela já chegam a 29, e o governo agora resolveu mobilizar seus cães de guarda na Assembleia para tentar suspender a imunidade da deputada Maria Corina, uma das mais duras críticas do chavismo e do presidente Nicolás Maduro.
 
Miguel Rodríguez, ministro do Interior, veio a público nesta terça para anunciar que um informante do governo, escalado para espionar os movimentos da oposição — ele o chamou de “A1” —, lhe contou que Leopoldo López, o líder oposicionista preso, e a deputada tramaram os atos de violência. Numa manobra evidente para dividir o movimento de oposição, Rodríguez procurou isentar de qualquer responsabilidade Henrique Capriles, outro conhecido rosto da oposição venezuelana.
 
Segundo o ministro, Capriles teria sido chamado pela dupla para conspirar — “para incendiar o país” —, mas teria se recusado. É um truque sujo, coisa de vigaristas. Todo mundo sabe que, de fato, o homem que concorreu à Presidência pela oposição não era inicialmente simpático às manifestações de rua e à pressão pela renúncia de Maduro, mas as divergências ficaram para trás.
 
Deputados chavistas passaram a acusar López e Corina de responsáveis por aquilo que chamam “assassinatos”. É de um cinismo espantoso mesmo para os padrões bolivarianos. As vítimas, na sua quase totalidade, foram alvejadas por motoqueiros armados, que são uma das divisões das milícias bolivarianas.
 
Agora à foto. O ódio a Maria Corina é antigo. No dia 30 de abril do ano passado, o presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, decidiu cassar o direito de voz dos oposicionistas até que não reconhecessem Maduro como o presidente eleito — uma eleição escancaradamente fraudada. Não só isso: os parlamentares chavistas partiram para cima dos seus adversários, conforme se vê neste vídeo:
O resultado foi o que se vê na foto lá no alto. Caída no chão, Maria Corina recebeu cinco chutes, teve o nariz fraturado e precisou se submeter a uma cirurgia dois dias depois.
 
Virão outros mortos na Venezuela.  Maduro, em vez de negociar, radicaliza. Nesta quarta, o jornal El Nacional denunciou que o governo simplesmente não liberou a cota de papel a que a publicação tem direito, buscando impedi-lo de circular. Jornais de outras partes do mundo, inclusive do Brasil, se dispuseram a ajudar.
 
Segundo informa o site do El Nacional, a comissão de Direitos Humanos da União Interparlamentar, com sede em Genebra, decidiu visitar a Venezuela para apurar as ameaças feitas pelo governo e por milícias armadas contra os deputados oposicionistas Richard Mardo, Julio Borges, María Mercedes Aranguren, William Dávila e a própria Maria Corina.
 
A nossa soberana, não obstante, segue no apoio incondicional a Maduro, o assassino. Mesmo quando brutamontes chavistas chutam a cara de uma mulher, a mulher Dilma Rousseff se cala. Afinal, Maria Corina não é uma “companheira”. Nesse caso, é muito justo que apanhe, certo?
 
19 de março de 2014
Reinaldo Azevedo      


SANEAMENTO: BRASIL OCUPA 112a. POSIÇÃO EM RANKING DE 200 PAÍSES

Sete anos após o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado para a expansão do saneamento, o Brasil amarga a 112ª posição em um levantamento feito com 200 países. Sétima economia do mundo, o país aparece muito atrás de nações da América Latina — como Argentina, Uruguai e Chile —, de países árabes como Omã, Síria e Arábia Saudita, e até de nações africanas, como o Egito. Segundo os dados, figura entre Tuvalu e Samoa.

O estudo do Instituto Trata Brasil, em parceria com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, publicado com exclusividade pelo GLOBO, aponta, pela primeira vez, as nações que mais avançaram nos últimos 12 anos, a partir do ano 2000.
Ou seja, não significa que os países à frente do Brasil no levantamento sejam necessariamente mais desenvolvidos hoje em termos de saneamento, mas, sim, que conseguiram melhorar mais no período analisado.
O estudo mostra inclusive que, no país, houve queda no ritmo da expansão do saneamento. Nos anos 2000, era de 4,6% ao ano. Nesta década, está em 4,1%.
 
“O país avança, mas é aquém do necessário. Passamos as décadas de 70 e 80 quase sem investimentos, e as cidades cresceram sem qualquer planejamento sanitário. Quando os investimentos começaram, foi criado um abismo, que nos dá dois brasis. Então, hoje, pior do que o avanço ser pequeno é o fato de ele ser desigual”, diz Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, que explica a queda no ritmo de expansão: “Temos melhorado cidades que já estão bem. Mas o Pará tem 2% de coleta de esgoto, é um estado inteiro que não anda.
O Maranhão tem índices de Região Norte, que é a pior do país. Então, mesmo com o avanço do Sul, puxado pelo Paraná, do Sudeste e do Centro-Oeste não foi possível manter ou melhorar o ritmo da expansão.”
 
Segundo o IBGE, em 2008, quando foi realizada a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), 2.495 (44,8% no total) cidades brasileiras não contavam com rede coletora de esgoto. E, ao todo, 33 municípios não tinham rede geral de abastecimento de água. Publicado em 2011, o Atlas do Saneamento mostrou que o Pará, o Piauí e o Maranhão não tinham avançado desde a PNSB de 1989.
 
Também em 2011, dados do Ministério das Cidades mostravam que 36 milhões de brasileiros não tinham água tratada e que menos da metade da população — 48,1% — contava com coleta de esgoto. Já o déficit de moradias sem acesso a esgoto, de acordo com o Trata Brasil, era de 26,9 milhões, em 2012.
 
Déficit de saneamento: Impacto no dia a dia

Esse déficit e o avanço fora da velocidade adequada — ainda que entre 2009 e 2013, mais de 19 milhões de pessoas tenham passado a ter acesso à rede geral coletora de esgoto — têm impactado no dia a dia dos brasileiros em áreas distintas como Saúde, Educação, trabalho e turismo.
De acordo com o estudo, a taxa de mortalidade no Brasil, em 2011, era de 12,9 mortes para 1000 nascidos vivos.
 
Países com melhor cobertura sanitária, como Cuba e Chile tinham, respectivamente, taxa de 4,3% e 7,8%. Ainda na Saúde, se o país já tivesse universalizado o saneamento, o número de internações por conta de infecções gastrointestinais cairia em 74,6 mil registros. Apenas nas regiões Norte e Nordeste, seriam quase 60 mil. Além disso, por conta de trabalhadores afastados por diarreia e vômito, em 2012, o Brasil teve um custo de mais de R$ 1 bilhão com horas não trabalhadas.
 
“Quando as pessoas sinalizam em pesquisas de opinião que desejam que a Saúde melhore no país, elas não fazem qualquer ligação com a falta de saneamento. Mas está tudo ligado. Esses dados da pesquisa podem ajudar a entender e a fazer com que a sociedade passe a cobrar também por saneamento. As Nações Unidas já fizeram a conta que mostra que a cada R$ 1 gasto em saneamento, poupa-se R$ 4 em Saúde. O Instituto fez um estudo que revela que no Brasil, em alguns estados, R$ 1 em saneamento poupa R$ 40 em Saúde”, conta Édison Carlos.
 
Caldeireiro em uma indústria de alimentos em Teresina, no Piauí, Francisco Natanael Romão de Almeida, de 29 anos, vive no Parque Vitória, uma favela construída em área sem saneamento, asfalto ou coleta de lixo. Há dois anos, ele sofreu um acidente de moto e precisou usar um fixador ortopédico externo enquanto aguardava em casa uma vaga no Hospital Getúlio Vargas, na capital, para fazer uma cirurgia no joelho fraturado. Ao ser chamado, os médicos descobriram que Francisco estava como uma infecção. A bactéria que causou o problema é, segundo os médicos, de veiculação hídrica.
 
Provavelmente, ele foi infectado ao consumir água não tratada, usar banheiro improvisado, além de conviver com o esgoto a céu aberto. Por conta dessa complicação, a operação ainda não foi feita e Francisco está há dois anos afastado do trabalho. Sobrevive com os R$ 729 da Previdência Social.
 
“Não temos esgoto e água tratada e as casas são cheias de infiltração. Além da bactéria, tenho fortes dores de cabeça e febre e vivo gripado”, conta Francisco, que, mesmo com a perna ainda não operada, tem que passar por uma trilha repleta de sacos plásticos com fezes, restos de alimentos, animais mortos e leite estragado em caixas para chegar em casa. Afastado do trabalho, ele diz não ver a hora de voltar: ”Não é bom a gente ficar sentado em casa, insalubre, só adoecendo constantemente e sem poder trabalhar. Fora que eu recebia hora extra e férias, o que aumentava minha renda.”
 
Morar numa área sem saneamento, de acordo com o estudo do Instituto Trata Brasil, está correlacionada com rendas menores dos trabalhadores. Os que não têm acesso à água tratada ganham, em média, 4,0% a menos do que os que têm a mesma experiência e educação, por exemplo, e vivem em áreas com água tratada. Se o problema for falta de coleta de esgoto, a questão se agrava ainda mais: em média, esses trabalhadores recebem 10,1% a menos.
(…)

Carolina Benevides e Efrém Ribeiro, no Globo Online

19 de março de 2014
Reinaldo Azevedo

OPOSIÇÃO QUER CPI PARA APURAR COMPRA DE REFINARIA PELA PETROBRAS

Logo da Petrobrás
Petrobras: compra de refinaria deu prejuízo de US$ 1 bi à estatal (Ricardo Moraes/Reuters)


Tucanos defendem que o caso "cabe em qualquer investigação"; PPS acusa governo de esconder informação


A oposição na Câmara dos Deputados vai pedir acesso ao parecer que embasou o voto favorável da presidente Dilma Rousseff à compra de 50% da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras. Com discursos inflamados da tribuna da Casa, os deputados defenderam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o negócio que acabou custando 1,18 bilhão de dólares à estatal e está sob investigação. "Mais do que nunca precisamos de uma CPI", defendeu o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). O caso da compra da refinaria foi revelado por VEJA em 2012.

Conforme reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, em 2006, como ministra-chefe da Casa Civil e presidente do conselho de administração da Petrobras, Dilma apoiou a medida porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho". A aquisição da refinaria já é investigada pela Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público e o Congresso por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. "Está cheirando mal, muito mal esse negócio", declarou Bueno, acusando o governo de "esconder" a informação.

Os tucanos defendem que a Comissão Externa criada para acompanhar as investigações sobre suposto pagamento de propina a funcionários da Petrobras pela empresa holandesa SBM Offshore apure também a compra da refinaria de Pasadena. "Um escândalo desse porte cabe em qualquer investigação", afirmou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA). Para o líder tucano, denúncias de corrupção e malversação de recursos públicos devem ser objeto de apuração dos deputados.

O pré-candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, cobrou explicações da presidente afirmando que Dilma "não tem o direito de justificar-se apenas dizendo ter sido mal assessorada". "O Brasil aguarda explicações do governo e da Petrobras sobre quais são os critérios utilizados para tomada de decisões de tamanha importância", afirmou o tucano.

Leia também:

​Oposição quer ouvir Petrobras e Dilma sobre compra de refinaria


Na tribuna do Senado, o tucano classificou o caso como "extremamente grave". "As explicações são pouco convincentes e é preciso que essa questão seja investigada a fundo", disse Aécio. Para Aécio, a revelação mostra a "irresponsabilidade" das decisões da Petrobras, que, segundo ele, perdeu mais da metade do seu valor patrimonial nos últimos anos. Ele disse que a questão é "ainda mais grave" por envolver Dilma.

Aliados — Apesar dos problemas entre a base e o governo, o vice-presidente Michel Temer saiu em defesa da presidente Dilma. Para Temer, não existe necessidade de o Congresso fazer esse tipo de investigação, uma vez que o caso já está sendo analisado por outras instâncias, como Polícia Federal e Tribunal de Contas da União. 
"Esses órgãos já têm os instrumentos necessários para investigar o que acharem importante nesse caso. Não existe a necessidade de abertura da CPI. Até porque se gastaria mais tempo ainda e, no fim do trabalho, tudo seria enviado para que o Ministério Público iniciasse suas apurações. Então, o mais adequado é deixar a continuidade do trabalho que essas instâncias já estão conduzindo", afirmou.
Para Temer, Dilma "mostrou sua coerência" ao reconhecer a existência do problema na compra da refinaria.

A afirmação de Temer foi, praticamente, reproduzida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, horas antes, na saída de uma cerimônia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A senadora e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) também ajudou a entoar o coro em defesa de Dilma. "Lamento que a oposição queira se utilizar desses expedientes para desgastar a presidenta.
Na realidade está fazendo entregas importantes ao povo brasileiro e ela vai ser avaliada a respeito disso, como boa gestora", afirmou.

19 de março de 2014
Veja
(Com Estadão Conteúdo)

LULA PROMETEU REVELAR SEGREDOS TREMENDOS DEPOIS DO JULGAMENTO DO MENSALÃO.

O que tem a dizer o sherloque de chanchada?

O colossal acervo de bravatas, bazófias e bobagens enunciadas por Lula foi enriquecido em janeiro de 2010 pela incorporação de um monumento à inventividade irresponsável. Durante o programa É Notícia, apresentado na RedeTV! pelo jornalista Kennedy Alencar, o ainda presidente anunciou, entre um pontapé na gramática e uma bofetada na sensatez, que tão logo deixasse o cargo faria muito mais que provar por A + B que o mensalão nunca existiu.

Colocando os pingos nos is e dando nomes aos bois, Lula deixaria claro que a quadrilha empenhada em algemar o Estado de Direito foi apenas uma invencionice forjada pelos golpistas de sempre para camuflar uma trama destinada a despejar do Planalto o maior dos governantes desde Tomé de Souza.
Confira um trecho da entrevista:

“Eu acho que tem um mistério que foi a tentativa de golpe no governo. Eu vou, depois que deixar a presidência, eu vou querer me inteirar um pouco mais disso, que como Presidente, eu não como ficar futucando, mas eu quero saber porque eu acho que foi a maior armação já feita contra um governo. Como presidente, eu quero me guardar para não ficar utilizando o cargo de presidente para levantar minhas teses, que é muito desagradável isso. Mas um dia, nós vamos conversar sobre isso. Falta só um ano para eu deixar a presidência”.

O sumiço de quase três anos foi interrompido em 13 de novembro de 2013, quando o sherloque de chanchada reapareceu numa quermesse do PT em Campo Grande. Em vez do resultado das investigações, revelou com uma única frase que ainda não era hora de contar o que descobriu:

“Tenho dito para todo mundo: eu, quando terminar toda a votação sobre o mensalão, aí eu quero falar algumas coisas que eu penso a respeito disso”, disse em 13 de novembro de 2013.

Quarenta e oito horas depois, o primeiro lote de mensaleiros condenados foi para a gaiola. Mas Lula preferiu guardar três dias de silêncio antes de  frustrar a plateia, em 18 de novembro de 2013, com outro adiamento:

“Eu vou esperar o julgamento total, que eu tenho muita coisa a comentar e eu gostaria de falar sobre o assunto. Por enquanto, por enquanto, por enquanto, não, Eu tô aguardando que a lei seja cumprida e quem sabe eles fiquem em regime semiaberto”.

O estoque de desculpas esfarrapadas está esgotado. Lula já não é presidente, o julgamento terminou, as sentenças foram fixadas, não há mais nada a votar. O que espera para apresentar as provas do complô? Desde que deixou a presidência da República, ele tem desempenhado simultaneamente várias atividades.

Enquanto enriquece como camelô de empreiteiro disfarçado de palestrante, é tutor de Dilma Rousseff, único Deus da seita companheira, conselheiro do mundo, imperador do PT, fabricante de acordos eleitoreiros, colecionador de diplomas de doutor honoris causa, candidato ao prêmio Nobel da Paz, prefaciador de livros escritos por Aloizio Mercadante e colunista do jornal The New York Times.

A conversa fiada sobre o mensalão informa que consegue tempo para distrair a plateia encarnando um detetive de picadeiro.

http://www.youtube.com/watch?v=MXRL8AFrgTM&feature=player_embedded
 

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

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19 de março de 2014

NOTAS POLÍTICAS DO CARLOS BRICKMANN

É dando que se recebe

carlos_brickmann_13O Governo Federal comemora o derretimento do blocão, o grupo de partidos que se uniu na Câmara para derrotá-lo (e que já o derrotou convocando ministros para responder a perguntas que preferiam não ter de ouvir, determinando investigações sobre propinas que funcionários de uma empresa holandesa dizem ter pago à Petrobras, coisas assim).

À medida que o Governo usou a caneta para nomear ministros e distribuir cargos, os partidos atendidos deixaram de rosnar e voltaram a ronronar.
Nada como afagos, acompanhados de leite e biscoitinhos.
Só que esta vitória significa uma tremenda derrota: mostrou aos descontentes o caminho das pedras. Agora eles sabem que a gerentona brava e ríspida passa a entender (e atender) pedidos, desde que seja devidamente pressionada. Mais: Eduardo Cunha, o deputado peemedebista que a presidente adora detestar, a quem nem permitia a entrada no Palácio do Planalto, provou que é o líder de verdade dos parlamentares reivindicantes.
Ele não entrou no Planalto; mas foi chamado para uma reunião no anexo do Planalto, com ministros importantes, e de lá saiu como o grande vitorioso.
De agora em diante, temos um Governo obediente às ordens de seus aliados que antes do blocão só tinham o direito de obedecer.
Dilma nomeou quem não queria (e, dizem as más línguas, precisará decorar o nome de alguns que nem conhecia). Teve de engolir a desfeita dos deputados do PMDB (e do próprio Cunha), que nem foram à posse dos novos ministros.
Entre as derrotas e a rendição, Dilma optou pela rendição. E terá mais derrotas.
Siglas quebradas
1 – O PMDB rachou entre senadores (mais próximos de Dilma) e deputados (que se acham preteridos). No meio, Michel Temer, supremo comandante do partido que hoje não comanda. Ele quer continuar vice de Dilma. Talvez consiga.

2 – O pessoal do PMDB que não quer Dilma se divide entre Aécio e Eduardo Campos. Nada pessoal, nada ideológico, nada a ver com programas de Governo: vão ficar com quem tiver mais chances (e mostrar-se mais amigo dos amigos).

3 – O líder do PR na Câmara, Bernardo Santana, rachou com o presidente do partido, Alfredo Nascimento (que foi ministro dos Transportes, acabou caindo na época da tal “faxina ética” e voltou a ter poder no Governo).
Nascimento é Dilma e acusou Santana, um dos comandantes do blocão, de irresponsabilidade. Santana chamou Nascimento de frouxo, por ter sido acusado de ladrão, afastado do Ministério e continuar dilmista. Os deputados do PR estão com o rebelde.
Explorando o falecido
No PDT, o presidente Carlos Luppi é Dilma, ponto. Mas dois símbolos do partido, Christopher e Maria Tereza Goulart, neto e viúva do ex-presidente João Goulart, se sentem explorados politicamente e abrem fogo contra o Governo.
Christopher Goulart, falando da exumação do corpo de seu avô, com espetáculo de TV comandado pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse na Rádio Guaíba de Porto Alegre: “Passados quatro meses, a ministra Maria do Rosário ainda não mandou para a França o material para os exames. Começo a achar que tudo isto tem efeito político e midiático, já com vistas às eleições de outubro.
A demora no envio pode ter sido proposital, visando elevar o tom quando se aproximar a hora da eleição.”
E Maria Teresa, comentando as promessas de que receberia indenização e pensão: “Fizeram um carnaval na imprensa que iam me pagar. Só recebi parabéns de todo mundo. Dinheiro que é bom, nada”.
FHC, vice?
Por enquanto, os boatos de que Fernando Henrique poderia ser vice de Aécio são apenas boatos. O ex-presidente, 82 anos, disse que não tem mais idade para candidatar-se. E, presidente eleito duas vezes no primeiro turno, talvez não se entusiasme por um cargo menos importante. Só entraria – talvez – se as pesquisas mostrassem que seu nome seria decisivo na eleição. Hoje não seria. Se saísse para deputado, ajudaria a ampliar a bancada do PSDB. Mas vontade não tem.
Guerra virtual
O PT, que já tem uma tremenda máquina na Internet, mobilizadíssima para elogiar o Governo e seus aliados e atacar pesadamente os adversários, ainda quer mais: de 18 a 20 de abril, em São José dos Campos, gastará cerca de R$ 400 mil num campus party, para aperfeiçoar sua equipe. “Queremos combater as mentiras”, diz o vice-presidente nacional do PT, Alberto Cantalice. Os criadores do MAV, Militância em Ambientes Virtuais, Franklin Martins, Marcelo Branco e o deputado André Vargas, deverão aparecer. E haverá show dos Racionais MC.
Um é falso. E os outros?
O Setor Técnico do Ministério Público de São Paulo diz que um dos cinco casos de formação de cartel denunciados pela Siemens é falso. É o único do Governo José Serra. OK; mas é preciso examinar os outros quatro, um na gestão Mário Covas, três nas gestões de Geraldo Alckmin. Vale a pena, principalmente, fazer um pente fino na gestão Covas: há o caso do cartel, há o caso do depósito na conta suíça atribuída a seu chefe da Casa Civil, Robson Marinho, e há uma pergunta que tem de ser respondida.
Quem tinha, no Governo, a incumbência de supervisionar e avaliar contratos, para evitar cartéis e superfaturamentos?

19 de março de 2014
Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.
 

TREMENDO NA BASE

Notícia de que FHC seria vice de Aécio causa turbulência no Planalto e leva petistas ao desespero

fhc_14Diante da magnitude desespero crescente que toma conta do staff de Dilma Rousseff, por causa das seguidas derrotas do governo e da crescente crise que chacoalha o País, a cibernética tropa de choque do PT está sendo cada vez mais requisitada.

Nas mensagens que dissemina na rede mundial de computadores, os terroristas de aluguel têm disparado os mais variados impropérios contra os críticos do governo, o que mostra que a situação no Palácio do Planalto não é das melhores.

Com o agravamento da crise institucional e o acirramento dos problemas na economia, os petistas passaram a atirar até mesmo na sombra, não importando os motivos da empreitada. O melhor exemplo desse desespero surgiu a reboque da informação de que Fernando Henrique Cardoso poderia sair como candidato a vice na chapa de Aécio Neves, que em outubro próximo concorrerá pelo PSDB à Presidência da República.

FHC desmentiu de forma cabal a notícia que se espalhou como rastilho de pólvora, mas o estrago que causou nas hostes petistas foi enorme. O que mostra que o PT ainda teme a figura do ex-presidente da República, que se aceitasse o desafio certamente movimentaria o cenário político-eleitoral do País.
Muitas foram as mensagens e e-mails que, com a chancela ideológica do PT, circularam pela rede com severas críticas a FHC, muitas das quais mentirosas e infundadas, mas que encontram explicação no desvario que se instalou nas coxias do Partido dos Trabalhadores.

Esse comportamento intempestivo e que denota desespero é no mínimo inexplicável, pois os petistas, sempre magnânimos e geniais, creditaram a Fernando Henrique Cardoso a culpa pela herança maldita deixada ao lobista Lula. Ora, se FHC foi tão incompetente como presidente da República, não havia razão para o PT acionar de chofre a sua tropa de choque, que passou a criticar o ex-presidente e ofender os que criticam duramente o desgoverno de Dilma Rousseff.

O pavor que embalou a claque petista nas últimas horas mostra que os “companheiros” não acreditam na capacidade de Dilma de chegar intacta até a eleição presidencial.
Aliás, o castelo de Dilma vem sendo demolido diariamente, o que faz com que a luz de alerta do Palácio do Planalto permaneça acesa de forma ininterrupta.
Até porque, o País de Alice, aquele das maravilhas e que só aparece nas propagandas do governo, está se transformando no escaldante caldeirão de lúcifer.

19 de março de 2014
ucho,info

REUNIÃO DA FINA FLOR DA MARGINALIDADE

Neste próximo sábado (22), os líderes das passeatas contra a Copa do Mundo se reúnem na sede da torcida organizada [palmeirense] Mancha Verde, uma das mais violentas do futebol brasileiro. O objetivo da reunião é organizar os protestos que os vândalos pretendem fazer nos dias dos seis jogos da Copa do Mundo que acontecerão em São Paulo.

Com o título Na Copa Vai Ter Luta, o evento é organizado pela Conlutas, a central sindical do PSTU, apontada pela Polícia Civil como uma das entidades que apoiaram os black blocs nas manifestações.

Com PSTU, Black Bloc e Mancha Verde “protestando”, essa Copa promete...
 
19 de março de 2014

ESSA É DO PERU



19 de março de 2014

PROJETO DE AÉCIO INCENTIVA BOLSISTA A TRABALHAR

De fato, é necessário romper esse círculo vicioso: ninguém deve transformar a bolsa em salário permanente.

O senador Aécio Neves defendeu, nesta quarta-feira (19/03), na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, a aprovação de projeto de lei de sua autoria que estende por seis meses continuados o pagamento do benefício do Bolsa Família ao trabalhador que (re) ingressasse no mercado de trabalho.

Pela proposta, no ato do recadastramento, a família que tiver ultrapassado o valor da renda para permanecer no programa, pode continuar por mais seis meses, até se fixar no emprego.
A família ganha tempo para conseguir a estabilidade no emprego, sem medo de perder nem o trabalho e nem o benefício. 
A proposta tem objetivo de criar maior garantia para chefes de família que tenham novas oportunidades para aumentar a renda familiar, mas temem o risco de perda imediata do benefício.

“Um dos problemas que constatamos é que pais de família, mesmo com uma oferta de trabalho, têm receio de amanhã eventualmente serem demitidos e terem que voltar ao programa e não conseguirem rapidamente sua reinserção. Estamos garantindo que mesmo com carteira assinada, durante seis meses, essas pessoas que conseguirem emprego melhor possam continuar recebendo. É um estímulo para que elas possam se reinserir no mercado de trabalho”, explica o senador Aécio Neves.
 
19 de março de 2014
in orlando tambosi

MARIA DILMA ANTONIETA (REPLAY)

           “Se o povo não tem pão, por que não come brioches”?
 

Fui buscar na Wilkipedia se a rainha guilhotinada Maria Antonieta, na ferveção da Revolução Francesa tinha ou não dito a frase fatal: “se o povo não tem pão, por que não come brioches”? Isso teria inflamado a multidão plebéia, que pediu, cheia de ódio, que a cabeça da rainha fosse separada do corpo, através da guilhotina. 
E nesse embrulho histórico caiu a monarquia e junto, as cabeças dos nobres. Allons enfant de la Patrie...
Essa foi uma lição para as castas nobres do mundo todo, que passaram a prestar atenção no que lhes dizem agora seus especialistas em relações públicas. 
Será que a Dona Maria Dilma Antonieta, tem alguém que lhe leve a verdade daquilo que pensa o povo? Ela andou tropeçando feio. Levou uma corte real inteira, até de devotos lustradores de botas, para uma viagem a Davos. Foi um vexame que não deu em nada, com um discurso chinfrim, irrelevante. Afastando-nos assim, cada vez mais, das políticas e do comércio internacional. E na volta da Suíça, mentiu que seu avião precisava reabastecer em Lisboa. 
Mentira, podia vir direto para o Brasil. E estando lá em terras portuguesas ela lotou o hotel mais caro de Lisboa, 40 quartos. Gastando num jantar-bacalhoada 300 mil reais para o seu séquito que, num vexame típico de classe média aproveitadora, encheu sacolas com Vinho do Porto, contentes com aquela boca livre. 
What a shame! Não muito diferente de quando um caminhão é saqueado perto de uma favela, com os pobres levando tudo quanto podem antes da polícia chegar. No percurso de sua jornada real, a Dona Maria Dilma Antonieta parou em Cuba, onde foi inaugurar o Puerto de Mariel (porto livre?) com dinheiro do BNDES. Outra vez sem explicar nada, o onde e o porquê ela coloca o nosso dinheiro. Nosso dinheiro. E aproveitando o encontro com os ditadores Castro para negociar a vinda de mais 4.000 “médicos” cubanos. A frase “...por que não comem brioches?” ainda não foi dita. Mas o significado do desprezo pela opinião pública foi ostensivamente provado. Ela, a Dona Maria Dilma Antonieta não se sente obrigada a explicar nada, é como se ela tivesse uma burra, só dela. Faço algumas perguntas simples: 
-- Por que nossa grana foi destinada ao Puerto Mariel ao invés de investir nos portos brasileiros, tão precários para escoar nossa produção agrícola? 
-- Por que não foram reconstruidas as estradas que dão lá, hoje veias entupidas à beira de um enfarte? 
-- Por que nossos estádios custaram (e ainda vão custar) até o triplo do gasto na Alemanha, por exemplo? 
--Por que fazer a Copa neste país tão desgraçado, sem infra ? 
São tantas as perguntas – e nenhumas as respostas.
 
A Rainha pode tudo com sua caneta generosa, sempre pronta para assinar qualquer providência que dê mais poder e dinheiro de corrupção aos da canalha do PT. 
Bom, tem sempre uma lógica que se repete na história do mundo. É que os ditadores acabam caindo, inexoravelmente. 
Alguns tem a sorte de conservar sua cabeça. Outros, ao serem enterrados, precisam ter sua cabeça costurada ao pescoço. 
Que acontecerá com a Maria Antonieta brasileira? Suspense.
19 de março de 2014
Ênio Mainardi, publicitário e escritor

UMA PEQUENA NOTA SOBRE: REFLEXÕES SOBRE O LIXO COMUNISTA



“Por burguesia compreende-se a classe dos capitalistas modernos proprietários dos meios de produção social, que empregam o trabalho assalariado.       Por proletariado compreende-se a classe dos trabalhadores assalariados modernos que, privados de meios de produção próprios se vêem obrigados a vender sua força de trabalho para poder existir.”
(Nota de F. Engels à edição inglesa de 1888).
 
Estaria errado ao afirmar que Lula usou o discurso de comunista para chegar ao poder, e assim, tornou seu filho conhecido como Lulinha, um empresário capitalista (Dono da FriBoi) e com isto vive hoje explorando os trabalhadores proletários assalariados que, privados dos meios de produção por não serem filhos do Lula, se veem obrigados a vender sua força de trabalho para poderem existir, se tornando meros funcionários trabalhadores explorados pelo Capitalista filho do Lula...?
 
19 de março de 2014
Fernandes Filho

LOBOTOMIA COMUNISTA. COLÉGIO ANTARES DUQUE DE CAXIAS RJ

Dá vergonha e tristeza publicar este horror degradante ensinado nas escolas, onde o PÉ do atraso e ignorância entram nas salas de aula..

Não há doutrinação comunista nas escolas do Brasil? Será mesmo?

VEM PRA RUA!

A música tocou minha emoção patriótica ! VAMOS CONTINUAR A MANIFESTAÇÃO, ECOAR "A VOZ DAS RUAS". COMPARTILHE. EU ACREDITO! VEM PRA RUA!
Autores: Claudio DSantana e Alan Kardec
Voz, Êder Brandão


http://www.youtube.com/watch?v=SKHD4dnQRLQ&feature=player_embedded

19 de março de 2014

VENEZUELA: DILMA APARECE EM SÉRIE SOBRE LÍDERES QUE APOIAM A DITADURA

Montagens mostram o "antes e depois" de líderes da região que combateram regimes ditatoriais na juventude e hoje apoiam o governo de Nicolás Maduro

 
Depois do vídeo acusando a presidente brasileira de cumplicidade com a violência do regime chavista, manifestantes venezuelanos criaram uma série de montagens com fotos de alguns dos principais líderes da região. As imagens mostram o “antes e depois” de cada presidente, com fotos das ditaduras que eles combateram no passado em seus respectivos países (à esquerda) e fotos da ditadura que eles apoiam hoje na Venezuela (à direita).
 
Clique na imagem para ampliar:
 
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Em sentido horário, as montagens dos manifestantes venezuelanos sobre fotos de Michelle Bachelet, Cristina Kirchner, Pepe Mujica e Dilma Rousseff
 
O ex-presidente Lula também ganhou uma “homenagem” dos manifestantes venezuelanos:
 
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19 de março de 2014
in implicante

À JANELA


 Com as mulheres aprendi a ser homem. Surpreendeu-me, de início, a descoberta. Mas, pensando bem, esta é a única aprendizagem possível. Não são as mulheres e seus caprichos os critérios últimos de nossas ações, angústias e atitudes éticas? Não é com a mulher que aprendemos a ser ternos e amantes, impiedosos e cruéis? Quando o filósofo disse ser o homem a medida de todas as coisas, generalizava, é claro. Fosse mais específico, estaria mais próximo da verdade.

Viajar (o ato físico, o locomover-se) torna-me lúcido, as idéias resvalam ágeis e únicas. Por mais que me inquira, não encontro razões precisas. Aventuro hipóteses: talvez por estar acompanhado e em verdade só. Ou quem sabe por sentir-me rasgando a noite - nunca viajo quando dia - afastando-me a cada minuto dos lugares que habito, numa espécie de desmama, de corte umbelical. E sei que qualquer dia não mais voltarei...

A cidade, amarelecida pelo sol que morre, vai se tornando cada vez menos densa, menos populosa, mais subúrbio. Os passageiros escondem-se em suas golas, afundam seus corpos tensos nas poltronas, como se isto os aquecesse nesta melancólica tarde de julho. O dia faz-se penumbra, a penumbra faz-se noite e na noite os homens calam. Amo este silêncio ruidoso do viajar.

O vento gelado nas faces, os cabelos esvoaçantes, outra possibilidade para explicar meu estado de espírito. Sinto nitidamente os contornos de meu rosto, o vento desenha no espaço as linhas além das quais não existo. Sempre compro um lugar à janela e, por frio que esteja, conservo-a aberta.

- O senhor não se importaria de fechar a janela?

Pois não, cavalheiro, vosso pedido fazia-se esperar. Desde há muito ouço esta pergunta, quase já sei exatamente a temperatura suportável por vossas peles. Isso depende também muito de temperamento. Uma pessoa tímida suporta mais frio que um passageiro de índole agressiva, por exemplo. O cavalheiro estará no rol dos últimos, pois não? Mas não vou cerrá-la de todo, preciso mais da brisa que você de calor. A janela fechada sufoca e o frio, no máximo, enregela. De modo que...

Luzes sonolentas surgem na noite. Multiplicam-se, diferenciam-se, ferem meus olhos, passam e somem na distância. Uma cidade sem nome dorme tranqüila. Quadrúpedes semicalvos e barrigudos abrigam-se desajeitadamente sobre Alvos Lençóis, no Recesso do Lar, o Esteio, após cumprir suas obrigações de estado com a Rainha. Milhares de seres sonham pesadelos mais sinceros que suas ilusões de despertos. Jamais saberão da passagem deste proscrito, tampouco dos juízos que faço. Já vos vi em outros lugares, em circunstâncias por vezes irônicas. Ides às praias, substituir vossa flácida e incolor epiderme. E código algum legisla sobre esta criminosa proximidade entre mar e mortos.

E mais me contraem o sorriso suas ambições antropocêntricas. Três bilhões de centros do universo. "Nossa meta é o homem". Já ouvi isso de louvados e ilustres humanistas e também de vendedores de enciclopédias. "Ama teu próximo como a ti mesmo", e seja anátema não aceitar este slogan fóssil, síntese de vinte séculos de mórbida cultura.

Mas... será vida o vagido destes vermes, cujo engatinhar um incomensurável universo ignora? Como, cavalheiro? Ah, sim, a janela. Mas como sois mesquinho, interrompendo minhas íntimas reflexões.

Um troglodita em plena urbe, assim me sinto. Parece-me existirem algumas diferenças psicológicas entre um ser cujo leito foi na infância a grama, e teve por lençóis o orvalho e o luar gelados, e outros que nasceram no asfalto, vivendo em escuros e sufocantes cubículos. Para estes, a claustrofobia é doença. Cães uivando sem razões que eu saiba, ruídos surdos de dentes bovinos triturando a grama, que só ouço se colado ao chão, grilos bordando o silêncio, estrelas cuja visão destrói quaisquer ambições mais altas, eis meu universo mais primeiro, mais bem guardado, e agora, o mais distante. Existirá algum significado nestes milênios de cultura, que tiraram um animal de seu ambiente de magia, para torná-lo um ser frágil, cultural e doente? Claustrofobia, cavalheiro, é saúde.

Outra cidade. De novo, seres tranqüilos, porque inconscientes. Mesmo despertos, não têm angústias e lhes são absurdas e doentias as torturas que me impinjo. Sempre tranqüilos, é incrível, e eu os invejo. Mas não consigo sê-lo. Já saindo, nos subúrbios, uma luzinha vermelha pisca na porta de uma casa onde ainda existem sons. É possível que lá dentro um farrapo de mulher, exausta de sua absurda faina diária, sabiamente olhe o vácuo. Se o faz, é minha irmã. E não saberá, mesmo ouvindo os ruídos que me acompanham, que passei a poucos metros de sua lúgubre morada, e confraternizei com seu desespero silente.

Embaça-se o vidro do arfar das bestas. Também dormem, o próprio motorista talvez esteja dormindo. Subrepticiamente, abro um bocado a janela. E respiro a terra, a noite e os pastos que ela cobre.

Não tenho tempo para amar-vos. Minha carne débil e branca (vossas cidades destruíram sua antiga cor e rijeza e sua docilidade a meus ímpetos) atesta a marcha implacável de retorno ao húmus. Dêem-me a vida eterna, e amar-vos-ei nas horas vagas. Talvez assim até mesmo teça um poema otimista à espécie. Esta ternura irônica que ainda em mim resta, não se origina de vossos compêndios ou ideais, mas dos lamentos frágeis que ouvi de vossas fêmeas insaciadas. No burilamento de meu espírito rude e áspero, a mulher ocupa um lugar cuja importância me intriga.

Aos 15, eu as temia e amava: medo e fascínio do desconhecido. Aos 20, amei-as: acabou-se o mistério. Entreguei-me, mostrei-me qual era, fiz-me vulnerável e ao perdê-las, sofri por tal ingenuidade. Hoje, só conhecem meus gestos exteriores. Apresento-lhes mil faces, deixo-as confusas, conservo meu ego perfeitamente camuflado, faço-as chorar e seu apego à dor me comove. Desta comoção, brota minha quente simpatia por certos seres humanos. Que se extingue, porém, quando reflito sobre a nebulosa de Andrômeda, por exemplo.

O próprio ato amoroso tornou-se-me algo dorido. Ao fazer amor, preciso sair de mim mesmo, estabeleço uma ponte até outrem. Essa concessão machuca-me quase fisicamente.

- A janela, por favor, meu filho está gripado.

Perdão, senhor, ignorava que esse apêndice vivo que sempre carregais em vossas viagens fora atacado por este inquietante e desconhecido vírus. Já fecho a janela, não serei descortês com meus companheiros de viagem. Devo confessar porém que o único motivo que me impede a paternidade é ver-vos carregados com vossas crias, quais membros aleijados de vossos próprios corpos, que não conseguis comandar.

Cerro a janela. No vidro, os contornos difusos de meus traços. Mergulho o rosto no calor ambiente. Mas nem assim adormeço.

Os termos de vosso contrato não me satisfazem. É claro que renuncio às vantagens que me seriam outorgadas. Por algumas, lamento. Mas, no cômputo total, que falta de perspicácia tendes!

Luz já quase dilucular. Vontade de noite, desejos de não chegar.
 
19 de março de 2014
janer cristaldo
terça-feira, março 18, 2014
(primeiro texto literário, escrito talvez em 67, 68)

AS FARC, INIMIGAS DO GÊNERO HUMANO

  Artigos - Terrorismo


Não há um só governo no mundo que que se diga nazista. Em compensação, ainda existem partidos, ativistas e governos comunistas que reivindicam esse passado abominável o qual, para eles, só esteve “a serviço da paz e do progresso”.
 As FARC cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Tudo isso deve ser esquecido e transformado em fumaça, em virtude do “marco jurídico para a paz”?
Não querem que lhes digam, que lhes recordem, que são criminosos da pior espécie. Os chefes das FARC em Havana dizem que, ao contrário, são inocentes, puros como a neve, não julgáveis e que, além disso, são “vítimas do capitalismo” e do “imperialismo”.
 
Nada mais natural que eles falem assim. As ideologias totalitárias sempre disseram ter uma essência filantrópica. Os nazistas queriam o bem do povo alemão e empreenderam o extermínio dos judeus da Europa.
O comunismo leninista queria salvar a humanidade. Empreendeu o extermínio da aristocracia, da burguesia e usaram os Gulags para construir uma sociedade igualitária, pletórica e livre. O que fez foi destruir a Rússia e a Europa Oriental, como os nazistas destruíram seu próprio país e quase toda a Europa.
 
Esses dois sistemas totalitários gêmeos, ambos surgidos do socialismo, obcecados por chegar à “sociedade perfeita”, haviam descoberto o remédio para todos os males do mundo: o direito, e o dever, de matar.
 
De matar não só indivíduos, senão imensos conglomerados humanos, raças completas, classes completas, sociedades completas, países completos. E o fizeram. A humanidade ainda não se repôs do que eles fizeram. Hoje sabemos que são dois sistemas criminosos, igualmente criminosos.
Com uma diferença: os crimes dos nazistas foram julgados e condenados pela humanidade, em Nüremberg. Desde 1946 até hoje, esses crimes são objeto de processos, estudos, investigações, denúncias e repúdios legítimos e permanentes.
 
Ninguém (ou muito poucos) se dizem membros de um partido nazista. Não há um só governo no mundo que que se diga nazista. Em compensação, ainda existem partidos, ativistas e governos comunistas que reivindicam esse passado abominável o qual, para eles, só esteve “a serviço da paz e do progresso”.
 
Lamentavelmente, a memória histórica trata os crimes comunistas com negligência, temor e covardia. Pois as ditaduras e os partidos comunistas continuam matando em muitos países e não houve, até hoje, um processo de Nüremberg do comunismo. O único país que julgou e condenou um regime comunista foi Kampuchea, com os processos contra os líderes dos Khmer Vermelhos.
 
Como a URSS fez parte do campo vencedor na Segunda Guerra Mundial, o comunismo foi visto como um adversário do nazismo quando, na realidade, a URSS e a Alemanha de Hitler se uniram em 1939, para desatar pouco depois a Segunda Guerra Mundial, a qual levou 60 milhões de pessoas à morte. Stalin e seus sucessores, depois, continuaram matando na URSS e nos cinco continentes. E continuam fazendo na Colômbia.
 
Tratando de explorar essa memória truncada do que foi o comunismo, os senhores Santrich, Márquez, Catatumbo e Granda, dizem em Havana que sua miserável passagem pela vida não deixou vítimas, que todo julgamento sobre eles será nulo. Nos ordenam a que aceitemos o não-pagamento de nem um minuto de cárcere pelas abominações que cometeram e fizeram seus seguidores cometer.
 
Por isso as conversações de Havana são uma operação estranhíssima, e não podem ser uma negociação de paz. A paz não pode ser construída sobre uma base de impunidade e cegueira de todo um país frente aos inimigos da humanidade.
 
As negociações de Havana, entre os enviados de Santos e os enviados de Timochenko, são mais uma forma de opressão e de humilhação que as FARC impõem a suas vítimas e a todos os colombianos.
 
As FARC estão provando que elas, em só alguns meses de contatos, puderam se dar o luxo de fazer o presidente Santos, o senador Barreras, os grupos que os apóiam e até uma parte dos meios de comunicação e alto aparato de justiça, engolir a saída mais abjeta e injusta.
 
Acaso não é isso que significa a utilização do chamado “marco jurídico para a paz”, que é uma anistia encoberta que privilegia o verdugo e sacrifica as vítimas? 
 
As FARC cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Tudo isso deve ser esquecido e transformado em fumaça, em virtude do “marco jurídico para a paz”? Uma paz que não trará a paz à Colômbia senão uma nova ditadura, quer dizer, a chamada “paz armada com as FARC”.
 
Não vimos nesses dias o próprio promotor geral, Eduardo Montealegre, disposto a esquecer todo o Direito que aprendeu nas universidades? Não é ele quem nos explica agora que as gravíssimas violações dos direitos humanos e do direito penal internacional, podem ser isentas de sanção penal na Colômbia, pois se trata de chegar, “desta vez sim”, à paz com as FARC?
Ele não nos disse que é justo que os chefes farianos escapem da judicialização mediante a via de penas simbólicas, contra o qual diz o resto do mundo, como as convenções de Genebra e os pactos internacionais que a Colômbia subscreveu e, sobretudo, o Estatuto de Roma, criador em 1998 da Corte Penal Internacional? 
 
Tudo isso é algo que o promotor Montealegre nem predicava, nem explicava, nem defendia há alguns meses. A magia de Havana e dos feitiços dos Santrich mostra-se em todo o seu esplendor. Tudo graças ao velho truque leninista de mudar o mundo mudando o nome das coisas do mundo.
 
A Colômbia está, pois, exposta a essa nova tragédia - uma mais - de ver que seu governo, e que uma parte de sua classe política e de suas elites intelectuais, se deixaram entorpecer mediante o embuste da paz fariana.
 
No processo de Nüremberg, os hierarcas nazistas foram acusados de três tipos de delitos:

1. Crimes de guerra, por atos contrários às leis da guerra, como assassinatos fora de combate, matanças, torturas, violações, etc.

2. Crimes contra a humanidade, pelo extermínio e a morte em massa, por atos de genocídio, por exterminar grupos sociais, étnicos e raças.

3. Guerra de agressão, pela premeditação na alteração da paz e por atentar contra a segurança interior de um Estado soberano.
 
As FARC cometeram não um, senão os três tipos de crimes. Porém, elas esperam que esqueçamos isso e que lhes abramos o Congresso, o governo, a justiça, e que lhes entreguemos as universidades, a economia, as terras, a cultura, a juventude e a infância, para que façam o que elas sabem fazer.
 
Porém, a Colômbia vai se opor a esses planos. Uma vasta frente começa se levantar contra o governo de Santos e sua subordinação alucinada ante os desígnios do eixo Cuba-Venezuela.
 
Nesse sentido, o Procurador Geral Ordóñez Maldonado rechaça o “marco jurídico para a paz”, por ser um texto que zomba dos padrões internacionais em matéria de justiça. O ex-presidente Uribe e o povo uribista estão se organizando.
Eles propõem um processo de paz com os pés na terra, e não como o de Santos, com a cabeça no chão.
O Partido Centro Democrático acaba de lançar seu “Decálogo para uma paz com eficácia, justiça e dignidade” que rechaça a falsa divisão “que alguns pretendem, entre radicais militaristas e amigos do diálogo”, e anuncia que os diálogos “não podem se realizar de qualquer maneira nem a qualquer preço”. É necessário apoiar este bloco se não queremos ver a Colômbia dentro de pouco tempo sob a palmatória de Nicolás Maduro.

19 de março de 2014
Eduardo Mackenzie
Tradução: Graça Salgueiro

SERIA A CRISE UCRANIANA UMA PROVOCAÇÃO?


 Artigos - Globalismo
Então a Rússia está se unindo com China, Índia, Irã, Coréia do Norte, Vietnã, Venezuela, Nicarágua, África do Sul, Angola, Congo, Brasil, Bolívia e Equador? O que você supõe que tudo isso significa?
Quando Putin visitou Cuba alguns anos atrás, perguntaram-lhe se ele era comunista.
Ele disse: “se for, não preciso ficar dizendo”.

“Há um considerável montante de opiniões descrevendo o anticomunismo como sendo uma obsessão de pessoas que estão incapacitadas de pensar em categorias “sensíveis” e “realistas”, escreveu Josef Mackiewicz em O Triunfo da Provocação; “elas estão, por assim dizer, afetadas por uma doença incurável, sendo, portanto, perda de tempo tratá-las.
Podemos apenas descartá-los com uma encolhida de ombros”. E assim, após a queda da União Soviética, não há mais espaço para se dar à posição anticomunista. O último ponto de apoio foi destruído. A União Soviética se foi.
Será mesmo?

E se a União Soviética continuou a existir após 1991 escondida atrás da “nova” fachada democrática da Rússia? E se Rússia e Ucrânia estiverem agora aplicando a “estratégia das tesouras” contra o Ocidente? Metade dos oficiais do governo da Ucrânia têm caráter soviético. Isso é fato bem conhecido! Metade foi educada em escolas da KGB ou em outras instituições comunistas linha-dura (segundo a pesquisa de Boris Chykulay). Seria possível que eles não mais estariam recebendo ordens de Moscou?
O que quer que as pessoas em cargos de responsabilidade na Ucrânia queiram transparecer, eles todos têm armas apontadas para suas cabeças – e eles sempre saberão disso. Agora o mundo todo vê a arma engatilhada e pronta para disparar.

O analista coça a cabeça. Como podemos entender um conflito entre Rússia e Ucrânia? Teria o patriotismo ucraniano tentado lidar definitivamente com as estruturas soviéticas? Será que Moscou de fato perdeu o controle? Isso pode ser verdade, embora não possamos saber ao certo.
A Rússia e as ex-repúblicas soviéticas não são “transparentes” na organização política ou econômica. Esse tem sido um dos motivos de frustração para os homens de negócio e políticos do ocidente nos últimos 20 anos. Na melhor das hipóteses a situação se mantém obscura.
Talvez o movimento clandestino ucraniano tenha recursos e disciplina suficientes para bater os russos em seu próprio jogo. Leve em conta os protestos recentes em Moscou com cidadãos russos agitando bandeiras ucranianas.

E então vemos os russos enviando bombardeiros carregados ao Ártico. Vemos eles mobilizando em busca de suporte político ao redor do mundo. É o caso de perguntar: estamos lidando com uma agenda?
Os analistas da grande mídia estão chocados com o reinício da Guerra Fria; enquanto isso, alguns de nós concluímos há tempos que a Guerra Fria jamais acabou. Os comunistas soviéticos continuam a governar usando a “espada e o escudo” da KGB no meio das sombras. Eles continuam a apoiar os comunistas mundo afora. Após 1991,
Moscou fomentou o esforço militar comunista em Angola (contra Jonas Savimbi) e obteve sua vitória definitiva em 2002. Mesmo agora os russos continuam a apoiar os comunistas angolanos (v. Surfing Russia’s Military Cooperation With Angola). Moscou também continua a dar apoio à tomada da Venezuela por Cuba, além de ter ajudado a Nicarágua a construir sua força militar (v. Russia plans to add military bases in Nicaragua, Venezuela, other countries). Além disso, existe a aliança da Rússia com a China comunista (v. Why a Russia-India-China alliance is an idea whose time has come).
A Rússia tem apoiado a causa comunista na África, América do Sul e Ásia desde 1991 sem que qualquer um no Ocidente fizesse qualquer objeção. Por que eles fazem isso então? Seria porque eles desistiram do comunismo em 1991?
Isso soa engraçado se for verdadeiro – além de completamente absurdo.

Enquanto isso acontece, devemos saber que não estamos lidando com a Federação Russa. Não, não, não e não. A dita Federação Russa é uma fachada do Partido Comunista da União Soviética para ganhar confiança dos seus inimigos – para depois providenciar a destruição deles. As palavras de Josef Mackiewicz mantêm-se verdadeiras hoje tanto quanto trinta anos atrás quando foram escritas. É um erro capital, disse Mackiewicz, tomar a União Soviética como a velha Rússia. E isso é exatamente o que estamos sendo encorajados a fazer.

Os eventos de 1989 foram uma provocação. Os eventos de 1991 foram uma provocação. Os eventos de 2014 são uma provocação. “O comunismo internacional, cujo quartel general está em Moscou, não é um ‘imperialismo’ dentro das definições comuns da palavra, mas um esforço para dominar o globo, o mundo inteiro, todas as nações, para assim forçar o mundo a adotar o sistema totalitário comunista”, escreveu Mackiewicz. Se não entendermos isso, não entenderemos nada. Lênin não foi enterrado; os comunistas na África recebem suprimentos militares da Rússia e da China enquanto estas palavras são escritas.

Os comunistas latino-americanos também têm recebido assistência de Moscou. Quando Putin visitou Cuba alguns anos atrás, perguntaram-lhe se ele era comunista. Ele disse: “se for, não preciso ficar dizendo”. (N.T.: Na mídia em inglês o termo usado foi “Call me a pot, but heat me not”. Algo como “Me chame de panela, mas não me aqueça”, uma charada.)

Que tipo de político dá esse tipo de resposta a uma pergunta direta? “O comunismo internacional em sua presente forma é um tipo de PESTILÊNCIA psicológica”, escreveu Mackiewicz, “e nenhum fator econômico ou nacional tem a ver com isso. Liberdade, a verdadeira, aparece apenas quando se derruba o comunismo e se destrói seu sistema, independente da língua que ele adota”.

Não importa se a KGB é chamada de FSB ou se a URSS é chamada de Comunidade dos Estados Independentes ou se Putin prefere ser chamado de Panela – desde que não esquentem ele. Putin é um comunista e a Federação Russa é uma formação comunista.
As estruturas governamentais da ex-União Soviética são comunistas, seus objetivos ainda são comunistas e seus métodos ainda são comunistas.
Os desafortunados contrarrevolucionários da América que estão perante a probabilidade de uma imposição comunista em seu próprio solo não fazem ideia do que estão lidando. Mesmo que eles tomem Putin por ditador, dificilmente eles podem esperar conseguir entender as armadilhas comunistas nas quais eles todos caíram.

Então a Rússia invadiu a Crimeia? Então a Rússia está levando 30 bombardeiros nucleares até Voronezh? Então a Rússia está posicionando suas forças na Bielorússia? Então a Rússia está se unindo com China, Índia, Irã, Coréia do Norte, Vietnã, Venezuela, Nicarágua, África do Sul, Angola, Congo, Brasil, Bolívia e Equador? O que você supõe que tudo isso significa?

Um único punho cerrado é o que significa. Os comunistas estão juntando suas forças, pressionando por domínio em campo aberto, pois sabem que o Ocidente é fraco demais para oferecer séria resistência.

Por acaso imaginamos que a falseada morte do comunismo – essa mentira de 22 anos – foi motivo de risadas? Por acaso esperamos um comunista saindo pelado de dentro do bolo e dizendo “Ha, Ha, éramos comunistas o tempo todo! Não foi incrível nossa artimanha?” Ou a mentira acaba de modo mais realista com uma arma na mão e uma saraivada de mísseis? Está na hora também de eles trazerem abaixo o sistema financeiro ocidental, quebrar o dólar americano e quebrar os mercados ocidentais. Os russos e os chineses usarão ouro para quebrar as moedas de papel? Já estamos para ouvir falar de um suposto colapso do sistema de “shadow banking” chinês, dado que o premiê chinês alertou que devemos nos preparar para uma “onda de falências”.  Estaríamos julgando a floresta pelas árvores que estamos vendo?

Conforme escrevi para um amigo na semana passada, está muito cedo para dizer qualquer coisa sábia sobre a Ucrânia. A política do país está atolada numa disputa bizantina pela posse do poder em uma república soviética que teve uma leva de lacaios expurgados que deram lugar a outros, com a complicação adicional da agitação pública. Talvez estejamos vendo a execução de um plano B onde o exército russo entra no jogo após terem falhado as “estruturas soviéticas” que supostamente deveriam manter o país em ordem. Ainda assim, algo indica que tudo o que aconteceu fora previsto muito tempo atrás.

Não é acidental, por exemplo, que a Transnístria foi formada como um Estado pró-Rússia não reconhecido entre a Moldávia e a Ucrânia (similar aos casos da Abecásia e Ossétia do Sul na Geórgia). Também parte dos desígnios era a união militar total entre Bielorússia e Rússia (assinado por Boris Yeltsin em 1999). Não obstante há a manutenção de uma frota russa no Mar Negro. Por qual motivo essa frota, com toda as despesas que gera, está sendo mantida?
Tal disposição não poderia ser casual, mas sim, como eu gostaria de sugerir, todo elemento faz parte de um desígnio; isto é, para manter um semicírculo de posições militares em volta da Ucrânia (com a Transnistria a sudoeste, Minsk ao norte, Sevastopol ao sul e a própria Rússia no leste).
Em todos esses atos os russos deixaram claro que querem manter firmemente a Ucrânia sob seu domínio com ou sem agentes exercendo estrito controle no governo de Kiev. A Ucrânia está cercada e pode receber o golpe de misericórdia a qualquer momento. As preparações para um duplo invólucro do país tiveram início em 1991 quando foi ostensivamente dada à Ucrânia a independência. Isso basicamente mostra, antes de tudo, qual foi o espírito e a intenção da “independência” então cedida.

Por conta do governo de Kiev ser em grande parte uma charada desde 1991 e a política da Ucrânia ter sido a política da intriga e da maquinação russa, não é de se estranhar que Putin insista que a Ucrânia não é um “país de verdade”.
O colapso de toda a União Soviética foi uma charada em que fomos todos ludibriados. Em toda nossa ingenuidade, nós de alguma formas viemos a pensar que a Ucrânia é algo que pode e deve ser defendido – embora não tenhamos os meios e tampouco tenhamos feito qualquer preparação séria. Fomos pegos agora de guarda baixa. Queremos ajudar o povo ucraniano.
Queremos fazer com que o estado marionete da Ucrânia se desvencilhe de seu titereiro da KGB. Talvez, com efeito, a história dos fracassados agentes provocadores em Kiev não seja tão estranha, pois a história dos agentes provocadores são notáveis pelos seus “Domingos sangrentos” e Revoluções de Março. É totalmente possível que falsas revoluções possam vir a se tornar reais, pois como ensina o conto de fadas, até mesmo Pinóquio queria ser um garoto de verdade.

Então nós esperamos pelos eventos, talvez sabendo que toda a coisa foi designada para ser uma provocação. E mesmo se esses eventos não forem uma provocação, ainda assim eles são provocação, pois Moscou não pode deixar de usá-los como tais e nós não podemos deixar de nos enganar.

19 de março de 2014
Jeffrey Nyquist
 Tradução: Leonildo Trombela Junior