A presidente Dilma Rousseff ficou surpresa e se irritou muito com a decisão anunciada pelo presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN), de adiar para a semana que vem a votação do Marco Civil da Internet - que esperava ir para o plenário nesta quarta-feira, 19.
Dilma já estava exaurida por causa da guerra - que segue desde a semana passada - com a base aliada comandada pelo líder do PMDB na câmara, Eduardo Cunha, e achava que o problema estaria contornado após a nomeação dos novos ministros.
A crise, no entanto, se estendeu por esta semana com a votação do Marco Civil da Internet, último grande projeto de interesse do Planalto para ser apreciado pelo Congresso antes das eleições.
O governo, agora, pretende cobrar dos ministros que representam partidos na Esplanada a lealdade de seus correligionários nas votações, colocando em votação o Marco Civil da Internet, sem mais exigências, até a semana que vem.
O problema se agravou porque, ao atender aos primeiros pedidos dos parlamentares que abriram um balcão de negociação para aceitarem abandonar o "Blocão", a presidente Dilma acabou caindo em uma armadilha.
Os partidos têm mais e mais pedidos que querem ver atendidos, agora, por conta da votação do Marco Civil da Internet.
Para tentar montar uma estratégia e desativar a bomba criada pelo Congresso, Dilma convocou os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Justiça, José Eduardo Cardoso, para uma reunião no Planalto, que começou com o primeiro, por volta das 19 horas e, depois, com o segundo, já depois das 20h30.
Dilma deixou o Planalto às 23 horas, depois de uma longa reunião com os dois, sem a presença da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Enquanto isso, o vice-presidente Michel Temer estava em um jantar na residência do presidente da Câmara com petistas e peemedebistas.
A presidente Dilma foi surpreendida com a decisão do presidente da Câmara, deputado Henrique Alves, de prorrogar a votação do Marco Civil para a semana que vem. A ordem do Planalto era pagar para ver e colocar o projeto em votação, não admitindo discutir a chamada "neutralidade da rede", considerada inegociável.
A neutralidade da rede é o dispositivo que garante que os pacotes de dados transmitidos pela rede sejam tratados de forma igual, sem cobranças diferenciadas pelo volume de dados trafegado.
Dilma não aceita abrir mão também da obrigação das empresas responsáveis pelo tráfego de dados de se submeterem à legislação brasileira para que, no entendimento do governo, a soberania nacional sobre os dados aqui produzidos seja preservada.
(Estadão)
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