A crise do PMDB não é nova e nesse mesmo perfil já foi forjada pelo partido em outras ocasiões, sempre que se avizinham as eleições. É um evento anunciado, previsível, no formato e nos seus agentes. Os resultados é que podem muitas vezes surpreender, pela forma como são tratados dentro do governo.
No confronto ensaiado pelo deputado Eduardo Cunha, o PMDB expôs mais uma vez sua face mais fisiológica, negocista, discutida como coisa de ferro-velho. O resultado, até agora, foi a vitória do grupo chamado blocão, que conseguiu emplacar a formação da comissão de investigação das atividades da Petrobras, agora difícil de ter volta. Como moeda de negociação está na mesa também a votação do Marco Civil da Internet, prestes a acontecer. A Petrobras é um universo de problemas.
O marco da internet, ainda em tempo, abrirá nova temporada de negociações.
A presidente Dilma subestimou a gula do bloco que virou blocão e demorou muito para conceder. Nomeou como ministros dois nomes indicados pelos senadores liderados por Renan Calheiros e mais ou menos pacificou a disputa. Gerindo um ministério de quase 40 pastas, sempre perturbada pelos solavancos da economia, cujos índices são fragilíssimos e desconfortáveis.
Centralista e pouco dada aos afagos que alimentam parcerias políticas, a presidente Dilma Rousseff tem a seu favor a mediocridade dos políticos da oposição, que se aplicam em discutir processos e, não, programas. Querem pouco; são pedintes que o erário sustenta.
MODELO ECONÔMICO
As lideranças empresariais que questionam o governo Dilma são as mesmas servidas pela generosidade de um modelo econômico vigente há 12 anos e que se beneficiou do incentivo ao consumo como opção de desenvolvimento, esquecendo-se de que reformas estruturais seriam essenciais para se manter o país no jogo internacional. Bancos, comércio, serviços, exportação de produtos agrícolas e commodities ocuparam a agenda econômica, deixando a indústria sufocada pela concorrência com produtos importados, que chegaram ao país ajudados pelo câmbio desvalorizado.
Sentindo que o cenário está confuso, a sociedade está emitindo sinais de que quer mudanças. É hora de a sociedade organizada, as associações de classe, a Igreja, a OAB, a imprensa se unirem para pressionar a classe política ao debate de ideias, de propostas, de programas para dar cara às mudanças que se pedem.
O país já não suporta mais tanta inércia, tanto improviso, tantos partidos que são meros acampamentos para a prática de barganhas e, sobretudo, tanto desgoverno, expresso no sucateamento do Estado e na corrupção. Se quisermos, podemos mudar.
(transcrito de O Tempo)
19 de março de 2014
Luiz Tito
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