"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

ERA SÓ O QUE FALTAVA: LUCRO DA PETROBRAS FOI "PEDALADA"






A Petrobras usou um artifício contábil, criticado por especialistas, para inflar em R$ 1,3 bilhão o lucro da companhia no primeiro trimestre deste ano, o primeiro sob a gestão de Aldemir Bendine como presidente da estatal. O resultado, de R$ 5,3 bilhões, surpreendeu o mercado, que esperava lucro inferior. Entre as razões para o bom resultado, a empresa registrou ganho baseado em evento de 7 de maio, 37 dias depois do fim do trimestre.
Isso permitiu à Petrobras reavaliar o risco de calote de parte da dívida de R$ 14,4 bilhões que o setor elétrico tem com a companhia pelo fornecimento de gás e óleo combustível para mover usinas térmicas no Norte do país.
Historicamente, essa conta era paga com subsídios recolhidos nas contas de luz de todos os consumidores, que foram cortados em 2012 quando o governo anunciou que baixaria as tarifas.
A conta dessas elétricas passaria a ser paga com dinheiro do Tesouro. Com o aperto fiscal, os repasses sofreram atrasos, e as elétricas passaram a não pagar a Petrobras. No fim de 2014, o governo retomou os subsídios.
SEM GARANTIAS
A Petrobras renegociou parte da dívida com as elétricas, mas avaliou que na outra parcela não tinha garantia de recebimento. Por isso, reconhecia no quarto trimestre de 2014 um risco de calote de R$ 4,5 bilhões.
Quando isso ocorre, a empresa tem de fazer a chamada provisão nas demonstrações contábeis. O valor também é lançado como despesa. Isso contribuiu para perda de R$ 21,7 bilhões em 2014.
Na semana passada, a empresa informou ter reavaliado o risco de calote nesses R$ 4,5 bilhões e entendeu que a assinatura de um contrato com a Eletrobras, em que a estatal elétrica deu como garantia créditos do subsídio da conta de luz, dava-lhe aval para reverter R$ 1,3 bilhão da provisão feita antes.
Isso reduziu as despesas em igual valor e, consequentemente, teve impacto do mesmo tamanho no lucro. O contrato, porém, foi assinado em 7 de maio.
FORA DAS NORMAS CONTÁBEIS
Para Eric Barreto, professor do Insper e sócio da M2M Escola de Negócios, a contabilização “está em desacordo” com norma contábil. “Um evento que ocorre depois do fechamento do balanço deve ser registrado em nota explicativa, mas não deve afetar o balanço”, diz.
O professor de finanças Marcos Piellusch diz que a manobra é uma “pedalada contábil”. “Não poderia ser feito, porque é um fato gerador referente a outro trimestre. A CVM deve analisar a legalidade da manobra. O caso pede esclarecimento”.
Diretor da consultoria Confirp, Welinton Mota considerou o caso “criatividade pura”. “Não é ético e fere o princípio contábil pelo qual o fato de maio deve ter efeito no segundo trimestre”.
Estrategista-chefe da corretora XPINVESTIMENTOS, Celson Plácido diz que a decisão reduz a credibilidade. “Não é errado, mas a empresa perde confiança. Mexer em provisão de devedores é recorrente no setor bancário, mas não em empresas”.
Consultada sobre por que tomou um fato de maio para uma reversão registrada no primeiro trimestre, a Petrobras informou apenas que “trabalha para a recuperação da totalidade das dívidas de terceiros”.
20 de maio de 2015
Samantha Lima e Leonardo SouzaFolha

PETROBRAS PODE TER FALSIFICADO BALANÇO TRIMESTRAL. CVM INVESTIGA FRAUDE



(Exame) A Petrobras pode ser obrigada a republicar o balanço do primeiro trimestre de 2015, se ficar comprovado que a companhia lançou no resultado valores de operações que aconteceram depois de março, indicou nesta quarta-feira o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Pereira.

O chefe do órgão regulador evitou mencionar a empresa em particular, mas adiantou que uma decisão da autarquia será tomada com base em orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), órgão independente que emite pareceres sobre contabilidade das empresas, e que em geral são adotados pela CVM como norma para as companhias listadas em bolsa.

"Se ficar comprovado que uma empresa desrespeitou a norma do CPC sobre esse assunto, pode ter que republicar", disse Pereira a jornalistas em evento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Já envolvida num escândalo de corrupção, a Petrobras voltou a ser alvo de polêmica desde semana passada, quando anunciou que teve lucro líquido de 5,3 bilhões de reais no primeiro trimestre ante estimativa média de analistas de resultado positivo de 2,5 bilhões.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o balanço incluiu o montante de 1,3 bilhão de reais referentes a uma reversão de provisão relacionada a dívidas do setor elétrico permitida após um acordo com a Eletrobras. O acordo, de acordo com o jornal, teria sido concluído apenas em 7 de maio.
Procurada nesta quarta-feira, a Petrobras não comentou o assunto de imediato.

O conselho de administração da Eletrobras aprovou acordo de repactuação de dívida de suas distribuidoras com a Petrobras em 17 de março. A norma CPC 24 rege qual tratamento contábil as empresas devem dar a eventos subsequentes ao período a que se referem as demonstrações financeiras.

Um trecho da norma diz: "No caso de eventos subsequentes que evidenciam condições que já existiam na data final do período contábil a que se referem as demonstrações contábeis, a entidade deverá retroagir e ajustar os valores reconhecidos em suas demonstrações para que reflitam tais eventos". Procurada mais tarde, a CVM afirmou que acompanha e analisa as informações e movimentações envolvendo as companhias abertas, tomando as medidas cabíveis, quando necessário.

20 de maio de 2015
in coroneLeaks

A HORA E A VEZ DA QUEBRADEIRA

O Brasil a beira da falência - a quebradeira chegou...

EDUCAÇÃO PARA A TRANSGRESSÃO




Embora permanentemente desmentida, é muito inerente à nossa formação cultural a idéia de que as leis geram uma força própria suficiente para superar as dificuldades de que tratam. Há um problema? Faça-se lei para resolvê-lo. Feita a lei, lavam-se as mãos e dá-se tudo por resolvido. Essa mesma fé nos leva a crer, por outro lado, que as relações sociais devam estar regidas por estatutos legais, o que acaba inibindo os espaços próprios aos ajustes interpessoais, aos contratos e à liberdade, enfim.

Se verdadeira tal crença no poder corretivo das leis, nosso país deveria ser um modelo de virtudes coletivamente atingidas e a vida fluiria doce e suavemente, conforme a concebem os que redatores dos códigos. No entanto, observo uma realidade diferente e sou induzido a uma convicção diferente. Quanto mais educação dermos às pessoas, quanto melhores forem os valores a elas transmitidos, quanto mais elas se deixarem conduzir por princípios, menor será o número de leis de que necessitaremos e maior será o espaço da liberdade vivida como bem moral determinante de condutas corretas. Em palavras que melhor resumam o que pretendo dizer: estamos fazendo leis em excesso e educando de modo escasso.

Pergunte a qualquer professor na faixa etária dos 50 anos qual a avaliação que faz entre a qualidade da educação que era ministrada ao tempo de sua infância e a que é fornecida hoje. Não estou me referindo a meros conteúdos didáticos. Estou falando em muito mais do que isso, estou aludindo à verdadeira educação, àquela que prepara as novas gerações para a vida social e para o exercício da liberdade. E sublinho: não estou limitando essa tarefa educativa apenas à sala de aula. Estou falando na educação que deve ser proporcionada em casa, nas Igrejas, nos vários ambientes de convívio social e mediante os meios de comunicação.

Faça mais, pergunte a você mesmo sobre a insistência com que a responsabilidade, a solidariedade, e o respeito à verdade, ao patrimônio alheio, à dignidade do outro, às autoridades e instituições, aos idosos, eram passados a você. E compare com o que vê a seu redor. Poste-se diante de um monitor de TV e faça uma sinopse dos valores e desvalores exibidos.

Compre uma revista, dessas que são destinadas ao público adolescente, e veja se encontra ali algum conteúdo que contribua de modo positivo para o adequado uso da liberdade.

De nada nos valerão tantas leis enquanto a sociedade, a partir da infância, for educada para a transgressão.

20 de maio de 2015
Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor

A DISPERSÃO DA QUARTA INTERNACIONAL





Segundo a Esquerda, de modo geral, a necessidade do princípio do centralismo democrático decorre do fato de que as pessoas ainda não pensam uniformemente.

Desde a sua fundação, em 3 de setembro de 1938, em um Congresso realizado em Paris, França, sempre foram inúmeros os grupos, tendências, frações, cisões e fusões no âmbito da Quarta Internacional, em todos os países bem como em nível de coordenação internacional, todos reivindicando a primazia da construção do Partido Mundial da Revolução, tarefa central da Internacional, desde que foi criada.

No Brasil atuam 21 grupos trotskistas, pelo menos:
Ação Popular Socialista
Corrente Socialismo Internacional
Corrente Socialismo Revolucionário
Corrente Socialista dos Trabalhadores
Democracia Socialista
Fração Trotskista
Grupo Práxis
Grupo Revolução Permanente
Liga Bolchevique Internacionalista
Liga Estratégia Revolucionária
Liga Estratégica Revolucionária
Liga Quarta-Internacionalista do Brasil
Movimento de Esquerda Socialista
O Trabalho na Luta pelo Socialismo
Partido da Causa Operária
Partido Operário Revolucionário Trotskista
Partido Operário Revolucionário Trotskista-Posadista
Partido Socialismo e Liberdade
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Socialismo Revolucionário
Tendência pelo Partido Operário Revolucionário

E, em nível internacional, cerca de 20 centros coordenadores, todos reivindicando interpretar a pureza dos ensinamentos de Leon Trotsky.
Embora exista esse amplo espectro reivindicando a Quarta Internacional, ela nunca chegou a existir como organização centralizada, pois o movimento é muito amplo e disperso, bem como são divergentes as formas de interpretar os escritos de Trotsky.

Após a II Guerra Mundial desenvolveu-se o processo revolucionário mais poderoso desde a Revolução Bolchevique. Esse processo, todavia, resultou no fortalecimento do Stalinismo, que os trotskistas sempre consideraram “um aparato contra-revolucionário”, e da Social-Democracia, que passou a governar diversos países na Europa. Ambos – Stalinismo e Social-Democracia – após a II Guerra, passaram a dirigir o movimento de massas em nível mundial.

Em virtude disso, o trotskismo desapareceu por muitos anos do cenário europeu.

Posteriormente, a partir dos anos 1960, a Revolução Cubana trouxe ao trotskismo outro tipo de controvérsias: uma divisão entre os que reconheciam que em Cuba havia ocorrido uma grande revolução e que o novo Estado era uma conquista que deveria ser defendida dos ataques do imperialismo, e os que não a encaravam como um fato revolucionário. Essas controvérsias persistem até os dias atuais.

Como conseqüência, vários grupos trotskistas, em nível internacional, se reunificaram em 1963 em torno do apoio à Revolução Cubana, dando origem à construção do Secretariado Unificado da Quarta Internacional. Essa reorganização, no entanto, foi efêmera, e novas diferenças voltaram a surgir em torno desse mesmo tema e, logo depois, a partir de 1979, da Revolução Sandinista na Nicarágua. Essas diferenças deram origem a dois setores: um que opinava que a direção dessas revoluções era pequeno-burguesa e burocrática e que, por esse caráter de classe, iriam levá-la à derrota, e outro que sustentava que o Castrismo e o Sandinismo eram grandes direções revolucionárias e que, por conseguinte, não se poderia construir partidos apartados delas.

Entre esses dois setores logo surgiu uma outra diferença: os que defendiam os métodos de luta através da classe operária e os que optavam pelo guerrilheirismo foquista.

A partir de meados da década de 90, todavia, um novo grande fato da luta de classes provocou novos realinhamentos: o desmantelamento do socialismo real, que os trotskistas sempre denominaram de “aparato stalinista”. Essa queda provocou uma primeira diferença entre os que opinam ter sido um fato revolucionário fundamental, apesar de suas contradições, e os que opinam ter sido uma grande derrota, que afastará, por longo tempo, a possibilidade de uma revolução.

Os acontecimentos do Leste-Europeu na década de 1990, onde o Stalinismo foi erradicado, estão criando ainda outras diferenças em outros grupos contrários ao revisionismo. São grupos que opinam em favor da construção de partidos e de uma Internacional Revolucionária, porém consideram que isso deverá ser feito tendo por base princípios totalmente diversos dos da Terceira e Quarta Internacionais.

Opinam que os acontecimentos no Leste-Europeu questionaram tudo: o centralismo democrático, a ditadura do proletariado, a utilização do terror vermelho, as estatizações e os grupos que se intitulavam dirigentes da classe operária. Opinam, em verdade, que devem ser construídos partidos revolucionários, porém que a tarefa central desses partidos deve ser a propaganda do programa e a luta pela construção de uma nova sociedade.

As diferenças, todavia, não terminam aí. Entre os setores favoráveis à construção de partidos revolucionários leninistas de combate, regidos pelo centralismo democrático e que sejam seções de uma Internacional, que defendem a classe operária como sujeito social da revolução e a participação na luta de classes através de um diálogo permanente com essa mesma classe operária, existem também importantes divergências que envolvem diferenças programáticas e de princípio e que provocam políticas contrapostas nos centros coordenadores da luta de classes em nível mundial.

Existem, por exemplo, diferentes interpretações da política leninista em relação às nacionalidades oprimidas. Isso acarretou que, ante um fato central, como a guerra na ex-Iugoslávia, um setor trotskista apoiasse os Bósnios e os Croatas e outro os Sérvios, e ainda outro defendesse a neutralidade. Outros ainda, no Oriente Médio, defendem a palavra-de-ordem de um Estado Palestino único, o que implica na destruição do Estado de Israel, enquanto outros defendem o direito dos palestinos a seu Estado, ao lado de um Estado de Israel socialista.

Também existem diferenças na forma de como interpretar o nacionalismo de uma Nação oprimida e o nacionalismo da Nação opressora. Isso provoca distinções programáticas quando ocorrem guerras envolvendo esses tipos de países. Isso ocorreu, por exemplo, na Guerra das Malvinas, onde existiram setores do marxismo revolucionário (trotskismo) que centralizaram sua política em chamamentos à derrota das tropas inglesas, enquanto outros clamavam em favor da paz, outros ainda denunciaram a guerra, e ainda outros defendiam o direito de autodeterminação dos Kelpers, habitantes das Malvinas.

Existem também diferenças em relação a que tipo de Internacional construir. Uns defendem que se deva reconstruir a Quarta Internacional, por considerarem que seus aspectos programáticos centrais, expressos no Programa de Transição e na Teoria da Revolução Permanente mantêm sua vigência, e outros que, partindo dos desvios programáticos que ocorreram em importantes dirigentes e correntes que reivindicavam, e ainda reivindicam a Quarta Internacional, defendem que deve ser construída uma Internacional diferente.

Todas essas divergências explicam o grau de dispersão dentro da Quarta Internacional em todo mundo, demonstrando que a luta para construir o Partido Revolucionário Mundial e assumir o lugar do Stalinismo desmantelado não está sendo uma tarefa simples.

Porém, além dessa série infindável de divergências políticas, existe ainda uma outra, de caráter metodológico, talvez mais difícil de superar. É a que considera que o processo de degeneração stalinista não foi apenas político mas também metodológico e moral, e conseguiu infestar, com seus métodos, importantes setores do movimento operário, inclusive o marxismo revolucionário.

Em face de tudo isso, hoje existem setores que se reivindicam marxistas revolucionários e que apelam para os métodos do vale tudo para dirimir suas diferenças, valendo-se de insinuações, mentiras, difamações e até ataques físicos – como já ocorreu com diversos grupos atuantes no Brasil -, ou que utilizam suas relações com outras correntes revolucionárias para infiltrar (entrismo, segundo o dialeto trotskista) seus membros, no sentido  de desenvolver um trabalho fracional, a fim de ganhar militantes para suas fileiras.

Esses métodos impedem a aproximação fraternal entre os diversos grupos porque, ao destruir a confiança recíproca, cria barreiras mais difíceis de transpor do que as simples diferenças políticas. Esses são considerados métodos stalinistas que prostituem a atividade revolucionária.

Malgrado toda essa enorme série de diferenças, deve ser levado em conta que, segundo a doutrina, todo e qualquer partido, para ser considerado revolucionário, deve ser um organismo vivo que reflita os distintos aspectos da luta de classes, bem como as diferentes interpretações sobre ela. Em seu seio sempre existirão diferenças e polêmicas que, em última instância, serão – ou deveriam ser – dirimidas pela realidade e pelo chamado centralismo democrático. Essas diferenças, no entanto, vivificam o partido e favorecem seu fortalecimento.

Segundo a Esquerda, de modo geral, a necessidade do princípio do centralismo democrático decorre do fato de que as pessoas ainda não pensam uniformemente...

20 de maio de 2015
Carlos I.S. Azambuja é Historiador.

O MITO DA JUSTIÇA




O Brasil é um País inédito. Temos o maior numero de faculdades de direito do planeta, de bacharéis e comparativamente com outras Nações, a exemplo da França. O que se forma por ano é o total de advogados que lá militam, o que dá bem uma noção do sistema mercantilista e sem freios que tomou conta e se prolifera para ações na justiça desritmadas e desconexas com o tempo da realidade e formação da jurisprudência.

O Presidente do STF reconhece que a população procura insistentemente pela justiça e isso não seria um bom sinal, na medida em que as desigualdades sociais não se modulam no seio do judiciário, raramente tal acontece. O que precisamos é estabelecer o caminho do diálogo e criar uma verdadeira sociedade e não castas ou blocos que se isolam mantidos pelo poder econômico.

Vivemos numa economia surreal que agora se aproxima da realidade, com a secura do dinheiro público e privado e o apelo para o capital estrangeiro. Os preços são caros e artificiais para uma população sem poder econômico, corroído pela inflação e mais grade ainda sem poupança interna. Os milhões de feitos que estão na justiça, boa parte se refere à execução fiscal, e se começa a pensar como uma Nação que arrecada um trilhão de

reais ano, ou seja, um terço do seu produto interno bruto poderia ter entrado em colapso,para um inadiável ajuste fiscal.

A primeira vista parece complexa a resposta, mas é simples: gastos exagerados, ajudas para os países vizinhos, descontrole, descalabro e corrupção, ingredientes os quais funcionam como uma bomba relógio.

No exterior as ações contra as empresas estatais caminham e elas prestam informações que aqui no mercado brasileiro não dispomos. Os titulares de ADRs estão perseguindo seus prejuízos e notadamente haverá mais cedo ou mais tarde um acordo para pagamento.

No triste Brasil tudo caminha a passo de cágado sem rumo ou norte, e as autoridades de mercado somente cogitam mudanças, mas depois da casa arrombada nada que possa nos convencer de melhorias a curto prazo. A justiça então,pela ineficiência do setor administrativo, e pela falta de um contencioso, sofre dos revezes de uma guerra silenciosa entre aqueles que sonegam os direitos e outros que os reivindicam ainda que depois de uma década para obter.

E quanto maior for o poder econômico mais difícil será alcançar o êxito em curto espaço de tempo, em razão das infindáveis vias recursais sempre procuradas pelos interessados em retardar o cumprimento da ordem judicial.

O mercantilismo das empresas jurídicas deve ser filtrado e pulverizado para que o mercado tenha futuro, pois que não conseguirá mais absorver a grande quantidade de formados, inclusive em cursos não presenciais. Apenas para que se tenha uma idéia em São Paulo nos aproximamos de quase 400 mil advogados inscritos, e isso afoga qualquer administração da justiça. Preparar profissionais técnicos em mediação e conciliação seria uma saída apenas para evitar a litigiosidade excessiva.

Em síntese uma carga tributária anômala, excesso de advogados no mercado e ausência de infra estrutura tornam a justiça brasileira lenta e custosa, mas sem uma revisão do modelo em profundidade continuaremos a remar contra a maré em alta pela grave crise social que nos fragiliza e suscita conflitos na justiça.

20 de maio de 2015
Carlos Henrique Abrão, Doutor em Direito pela USP com especialização em Paris, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

PT e Lula tomam na CULT com críticas de Frei Betto à "governabilidade pelo mercado e pelo Congresso"



A petralhada está muito pt da vida com Frei Betto - aquele que sempre foi considerado um "grande amigo de Lula". A entrevista " A vocação literária de frei Betto", feita por Manuel da Costa Pinto para a revista Cult (edição 201), é uma pedrada na alma do PT e nas incoerências da esquerda no Brasil. O ideólogo mais barulhento da Teologia da Libertação, que deixa sempre o Vaticano de orelha em pé, faz uma advertência muito pertinente sobre a perigosa despolitização da juventude brasileira.

Na crítica que faz da esquerda, o frei dominicano e escritor Carlos Alberto Libânio Christo pega pesado com o PT: "Não é fácil ser de esquerda em um mundo tão sedutor quanto o do capitalismo neoliberal. Daí o problema do PT, que foi perdendo o horizonte histórico de um projeto Brasil e trocando-o pelo horizonte imediato de um projeto de poder". Frei Betto resume qual foi o erro maior de Lula-Dilma: "É um governo que fez a inclusão econômica na base do consumismo e não fez inclusão política. As pessoas estavam consumindo, o dinheiro rolando e a inflação sob controle, mas não se criou sustentabilidade para isso. Agora a farra acabou, está na hora de pagar a conta e chama-se o Joaquim Levy [ministro da Fazenda]".

Frei Betto aponta a ferida: "O erro do Lula foi ter facilitado o acesso do povo a bens pessoais, e não a bens sociais – o contrário do que fez a Europa no começo do século 20, que primeiro deu acesso a educação, moradia, transporte e saúde, para então as pessoas chegarem aos bens pessoais. Aqui, não. Você vai a uma favela e as pessoas têm TV a cores, fogão, geladeira, microondas (graças à desoneração da linha branca), celular, computador e até um carrinho no pé do morro, mas estão morando na favela, não têm saneamento, educação de qualidade".

Frei Betto identifica quando o PT abandonou seu projeto inicial: "Isso desaparece na campanha de 2002, quando o PT faz a opção de assegurar a governabilidade pelo mercado e pelo Congresso – daí as alianças e a Carta aos Brasileiros, que na verdade é a carta aos banqueiros. Ali, o PT abandona sua matéria-prima, que são os movimentos sociais pelos quais deveria ter assegurado a governabilidade, como fez Evo Morales na Bolívia (...) O PT optou pelo mercado e pelo Congresso. Agora, está refém dos dois e pagando um preço muito alto. Tanto que chamou um homem do mercado para ver se melhora a economia e entregou a parte política para o PMDB".

Frei Betto relata sua decepção: "Achei que a Carta aos Brasileiros fosse uma coisa tática, que, uma vez eleito, o PT faria reformas estruturais, tributária, agrária, algum tipo de reforma. Estava altamente entusiasmado. Sempre fui convidado para trabalhar em administração, mas nunca quis trabalhar nem para a iniciativa privada nem para governos. Gosto dessa vida cigana, solta. Quando Lula foi eleito e me convidou para o Fome Zero, achei que trabalhar com os mais pobres entre os pobres – os famintos – se enquadrava em minha perspectiva pastoral e tive todo apoio de meus superiores dominicanos e até de Roma".

Frei Betto prossegue: "Fiquei dois anos e, de repente, o governo matou o Fome Zero para substituí-lo pelo Bolsa Família. Tive então a certeza de que essa opção contrariava a tudo aquilo que o PT vinha pregando desde a fundação. O Fome Zero era um programa emancipador, o Bolsa Família é compensatório. O Fome Zero ia mexer na estrutura do país e por isso foi boicotado pelos prefeitos. Era coordenado por comitês gestores municipais, não passava pelos prefeitos, não havia como usar os recursos para fazer jogo eleitoreiro, então os prefeitos se rebelaram, pressionaram a Casa Civil, que pressionou Lula. No fim, Lula cedeu e eu caí fora".

Na entrevista, Frei Betto também não vê clima para uma intervenção militar no Brasil: "Não me preocupam ameaças de impeachment ou golpe. Não há caldo de cultura. Os militares nem saem de farda na rua. Militar, no Brasil, antes andava orgulhosamente de farda, até para arrumar namorada… O que me preocupa é a despolitização da juventude brasileira. Os segmentos de esquerda deveriam estar preocupados com a politização, como houve imensamente nos anos 70 e 80. Não há mais formação de consciência crítica – e aí o pessoal vai no emocional, no oba-oba da volta dos militares, sem ter ideia do que foi a ditadura, que pode parecer que foi tranquila, mas é porque havia uma censura brutal. Estamos voltando a esse nível de desinformação, a esse horror à política".

Frei Betto identifica o problema em sua visão ideológica: "O principal problema filosófico hoje é a desistoricização do tempo. Isso se reflete na esquerda mundial, que está perdendo o horizonte histórico (não tem utopia, não tem projeto), e também no plano pessoal – a dificuldade de se ter projeto pessoal na vida profissional, artística, afetiva (todos ficam vulneráveis a qualquer dificuldade na relação conjugal). Isso está nos levando à falta de esperança, e faz com que a discussão política desça do racional ao emocional. Sempre participei de discussões políticas e nunca vi nível de animosidade tão forte como agora, porque se apagou o horizonte histórico".

A reportagem completa com Frei Betto pode ser lida na revista CULT:

http://revistacult.uol.com.br/home/2015/05/a-vocacao-literaria-de-frei-betto/

Leia, abaixo, o artigo de Carlos I. S. Azambuja: 

A Dispersão da Quarta Internacional


Tem culpa o Médico?


Barbosão com os rentistas

O jurista Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, será o palestrante de logo mais, às 16h 30min, no 8º Congresso ANBIMA de Fundos de INVESTIMENTO, que reúne a nata do mercado financeiro, em São Paulo, desde terça-feira.

Na sequência, às 17h45, ocorrerá a sessão de encerramento, na qual se aguarda a presença de Joaquim Levy, ministro da Fazenda.

Patrocinado por Oliveira Trust, BGT Pactual e pela BM&F Bovespa, o evento acontece no Sheraton São Paulo WTCHOTEL, no bairro do Brooklin.

Pizzatrolão

Com José Dias Toffoli eleito presidente da segunda turma do STF, que julgará o Petrolão, a aposta, nas redes sociais, é que tudo vai acabar em pizza para a turma de políticos do andar de cima.

Quem tiver de ser punido, por não ter foro privilegiado, sentirá o peso das sentenças do juiz Sérgio Moro, na primeira instância.

Quem não fizer "colaboração premiada" já sabe que poderá recorrer, no futuro, às instâncias superiores, até que o caso, depois de uns 10 anos, chegue, finalmente, para ser julgado no STF.

Neste meio tempo, muita gente continuará curtindo a vida, apesar das restrições judiciárias, até o tal "trânsito em julgado da sentença"...

Igual pinto no lixo


Foto perfeita para ilustrar a vitória de Luiz Edson Fachin, confirmado para o Senado para o STF, pelo favorável placar elástico de 52 a 27.

Apenas um detalhe: a votação foi secreta, para ninguém da oposição ficar constrangido em votar no indicado pelo desgoverno Dilma Rousseff...

No final das contas, a politicagem sempre termina bem na foto e na fita...

Ausência sentida

Muita gente sentiu falta da presença do senador Alvaro Dias no programa nacional de rádio e televisão do PSDB, exibido terça à noite.

O tucano, paranaense e maçom tem levado muita pancada nas redes sociais, depois que posou como principal padrinho da indicação de Luiz Edson Fachin para o STF.

Dias também sofre com o desgaste imenso do segundo mandato do tucano Beto Richa - queimado com a violenta reação à greve dos professores paranaenses e praticamente incinerado politicamente com o escândalo milionário de corrupção na fiscalização da Receita Estadual do Paraná, envolvendo pessoas intimamente ligadas a ele.

PT da vida

O senador Magno Malta (PR-ES) ficou muito pt da vida com a indicação de Fachin e pegou pesado ontem no Senado, reclamando que muita gente votou nele com medo de sofrer alguma retaliação, quando o jurista se tornasse, de fato, "deus" no Supremo.

O senador Malta lembrou que, na longa sabatina de quase 13 horas, semana passada, na Comissão de Constituição e Justiça, Fachin apenas enrolou nas respostas sobre suas posições em relação ao aborto, homofobia, marcha da maconha e poligamia:

“Fachin só respondeu com rolando lero jurídico. Só os tolos não mudam. Eu mudei. Gostaria de saber se as convicções de Fachin permanecem, mas não tive resposta dele para isso.”

Eletrochoque

Previsão certeira do mago da fotografia Carlos Ebert, no Facebook, sobre a mensagem publicitária da Eletrobras - "Em 2030 queremos estar entre as 3 maiores companhias de energia do mundo":

"De um anúncio ufanista da Eletrobras, que logo, logo vai estar no centro de mais um escândalo propiciado pelo lulo-petismo. É rir para não chorar".

Intenções?


Bacana é a malandragem diplomático-econômica empregada pelo esperto premiê Li Keqiang para justificar o acordão de intenções:

"A China e o Brasil são respectivamente o maior país em desenvolvimento no hemisfério leste e oeste. São a principal economia do mundo nesse cenário político e econômico atual, que passa por diversas mudanças. Nesse contexto de fraca recuperação, a cooperação entre Brasil e China vai promover o desenvolvimento dos países em desenvolvimento e economias emergentes e vai também ajudar a recuperar a economia mundial".

China agradece

É preciso ser muito idiota para comemorar os acordos bilionários de "intenções" assinados ontem pela Presidenta Dilma Roussef com o Primeiro-ministro chinês Li Keqiang, no Palácio do Planalto.

No total, os governos de Brasil e China assinaram 35 acordos - a maioria de intenções - da ordem de US$ 53 bilhões.

Brasil e China vão criar um fundo para negócios entre os dois países, por meio da Caixa Econômica Federal e o Banco Industrial e de Comércio da China (ICBC), com recursos de US$ 50 bilhões.

Tem um outro fundo bilateral, no qual a China colocará US$ 30 bilhões, mas o Brasil ainda não definiu sua contrapartida.

Endividabras

A Petrobras pegou mais US$ 5 bilhões emprestados com o o Banco de Desenvolvimento da China (CDB), o mesmo que em abril já havia emprestado US$ 3,5 bilhões.

A petrolífera também pegou mais US$ 2 bilhões com o China EximBank para financiar projetos da estatal de economia mista.

E pode vir mais grana ainda porque se firmou um outro acordo para a criação de relacionamento de longo prazo entre Petrobras e Banco Industrial e Comercial da China (ICBC).

Nada de graça

Além de endividar ainda mais a companhia, todo mundo sabe que a "ajuda" chinesa não vem de graça.

A contrapartida exigida deve ser a compra de equipamentos chineses e fornecimento de petróleo de forma abundante e, sobretudo, mais barata...

Se a Petrobras, por algum problema, tiver dificuldades para pagar o que pegou, no futuro, não tem problema: os chineses trocam a dívida por ações ordinárias da empresa ou pela garantia de outrosNEGÓCIOS RENTÁVEIS...

Vale tudo

Seis acordos chineses foram firmados com a Vale:

Um contrato de afretamento com a companhia de frete chinesa Cosco; o FINANCIAMENTO de 14 navios de minério de ferro com capacidade de transportar 400 mil toneladas de carga; uma cooperação financeira com o ICBC no valor de US$ 4 bilhões; a compra de quatro navios da Class carregadores de minério de grande porte e um acordo com a China Mechants Shipping para o transporte marítimo de minério de ferro.

Na área de telecomunicações, a chinesa Huawei assinou com a Telefônica um acordo para o projeto "Tech City", para ampliar a cobertura e o sinal na região do centro do Rio e do Porto Maravilha.

Trem perdido

De Eduardo Machado, do Instituto Millenium, um comentário certeiro sobre a celebração governamental com os bilhões chineses que chegam emprestados ao Brasil, na ótica ufanista do noticiário da Rede Globo:

"Serasa no JN: Em torno de 50% das empresas brasileiras estão inadimplentes de alguma forma devido a crise econômica. Aí vem o que o JN considera uma boa notícia, oINVESTIMENTO bilionário chinês no Brasil. Mas a pergunta que faço é: ok, uma parte desse investimento tem contrapartidas em exportações para o gigante mercado chinês, mas se tivéssemos feito nosso dever de casa grande parte desse valor bilionário em infraestrutura poderia estar sendo feito no mínimo com forte participação de empreendedores brasileiros!!!! Trem literalmente perdido!!!!". 

E o mais bacana, Eduardo Machado, é que, em breve, os brasileiros serão chamados, via mais impostos, a pagar as contas desses empréstimos que só aprofundam a dependência da economia capimunista brasileira em relação ao mundo que se desenvolve, enquanto nós andamos para trás...

Caveira explicada


Informação valiosa do craque do jornalismo Carlos Nobre Cruz.

O livro "A retomada do Complexo do Alemão, escrito por Rogério Grego, André Monteiro e Eduardo Maia Betini, publicado pela Impetus Editora (Niterói, RJ), explica o verdadeiro significado da caveira como símbolo do famoso BOPE - Batalhão de Operações Especiais da PM do Rio de Janeiro, imortalizado nos dois filmes "Tropa de Elite":

"Ao contrário do que possa parecer, o símbolo do BOPE, não significa morte, mas sim a vitória da vida sobre a morte. Isso tudo começou na Segunda Guerra Mundial, quando uma equipe de operações especiais inglesa, conhecida como Comandos, que foi criada no início da década de 1940, cujo símbolo era um punhal, conseguiu alcançar o território inimigo e encontrou, dentro de um determinado local, uma caveira, um dos símbolos utilizados pelos nazistas. Imediatamente, ao ver o crânio, que simbolizava, realmente, a morte, um dos combatentes ingleses sacou seu punhal e o cravou na parte de cima do crânio. Com esse gesto, queria dizer que os Comandos ingleses, que representavam a vida, estavam virando o jogo e vencendo a morte, representada pelo regime nazista de Hitler. Assim, a partir daquele momento, o emblema do punhal cravado no crânio passou a ser símbolo das equipes de operações em todo o mundo, praticamente. (...) Portanto, não é somente o BOPE que utiliza esse símbolo e tampouco sua utilização é feita para infundir temor. Pelo contrário. Quando alguém avistar um policial trazendo seu uniforme esse brevê, significa que está diante de um agente altamente preparado e apto a morrer pela defesa dos direitos humanos e não ao contrário. Infelizmente, a população, que não conhece a história dessa simbologia, a interpreta de maneira incorreta, atribuindo a esses policiais a pecha de fazerem parte de esquadrões da morte”.

É por isso que os bandidos de verdade têm grandes motivos para temer os "caveirões e afins"...

Haja copo




Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!

20 de maio de 2015
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.