"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

UM CARLOS LACERDA EM COMPOTA



FHC, fazendo papel de Lacerda, não se saiu nada bem





Os mais velhos lembrarão da antiga UDN, União Democrática Nacional, de importantes serviços prestados à causa democrática, como também responsável pelas páginas mais constrangedoras de nossa história. 
Um partido igual a todos os demais, com luminares da cultura e da política mesclados a vigaristas empenhados em desconstruir as instituições republicanas.
A única vez em que a UDN chegou ao poder, de 1945 à extinção dos partidos, em 1965, foi quando utilizou a máscara de um farsante empenhado em tornar-se ditador. Jânio Quadros chegou a ser apresentado como “a UDN de porre”. 
Sua renúncia conduziu o partido outra vez à corrente do golpe militar, tendo as coisas dado onde deram: vinte e um anos de exceção e repressão. Carlos Lacerda foi seu principal porta-voz ao pregar a desconstrução democrática.
Por que se recorda um passado que já saiu pelo ralo? Porque as características da velha UDN estão ressurgindo em outra legenda. 
O PSDB cada vez mais copia as experiências e o modelo de sua ancestral, seja por estar afastado do poder, seja por sua linguagem descontrolada e pela presença, ao lado de cidadãos da maior probidade, de ostensivos golpistas empenhados em reviver um regime a serviço das elites.
Concordará quem assistiu, ontem, o programa de propaganda partidária gratuita dos chamados tucanos, em cadeia nacional de rádio e televisão. Fernando Henrique Cardoso mais parecia um Carlos Lacerda em compota, pregando a deposição de um governo que, apesar de erros e desvios flagrantes, foi eleito democraticamente pela maioria do eleitorado. Ruim com Dilma, Lula e o PT, pior com o sociólogo fixado no objetivo de retornar ao governo, agora através do golpe. Ao dizer que “nunca na história desse país se roubou tanto em nome de uma causa”, deixou clara a disposição de apoiar o impeachment da presidente, mesmo sem coragem para referi-la abertamente.
Foi assim que a UDN lançou-se na tentativa de deposição de Getúlio Vargas e, depois, de João Goulart. Tudo porque carecia de votos e de respaldo das massas voltadas para a justiça social. O fenômeno, agora, é parecido. Havia corrupção nos governos do PTB, por certo que não no nível do PT, mas demolir as estruturas democráticas em nome de combatê-la jamais foi solução.
20 de maio de 2015
Carlos Chagas

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