"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 26 de janeiro de 2014

A MAIONESE DO PT

 


RIO – Juarez Távora, ministro da Viação do governo de Castelo Branco, foi a Jaguaribe, sertão do Ceará, inaugurar uma obra. O prefeito, sabendo da velha úlcera de Juarez, ficou preocupado com a alimentação dele e procurou informar-se. Disseram-lhe que o ministro se alimentava muito pouco. Bastava uma maionese de camarão e um copo de leite.
Em Jaguaribe não há camarão, o prefeito mandou buscar em Fortaleza. A maionese foi de avião, no dia, prontinha. Na hora do almoço, a mesa imensa e lauta como as mesas ricas do Nordeste. E, na cabeceira, protegida por um guardanapo de linho, a travessa com a maionese de camarão para Juarez, como uma joia.
Mal sentaram-se, o presidente da Câmara Municipal puxou o braço do secretário da Câmara Municipal:
- O que é isso aí?
- Maionese de camarão.
- Me dá que eu adoro.
E o presidente da Câmara Municipal jogou a metade no prato dele. O prefeito viu, ficou em pânico, falou no ouvido do secretário da Câmara:
- Diz a ele que essa maionese é do ministro, O ministro gosta muito.
- Mas ninguém gosta mais do que eu.
E o secretário da Câmara jogou a outra metade no prato dele.
Juarez almoçou leite.

DILMA
 
Dilma está chegando de Davos e de Cuba com uma guerra para enfrentar: a gula do PT na reforma do Ministério. O PT acha que os aliados (PMDB, PP, PR, PSD) só servem para bater palmas e votar no Congresso a favor do governo.A maionese do poder tem que ser toda deles.

E é uma hora ingrata. Dilma volta carregando nas costas o pesado saco de vãs promessas feitas em Davos e aqui encontra as devastadoras  manchetes da Economia gritando nas TVs e primeiras paginas dos jornais:

- “US$ 81,4 Bilhões foi o tamanho do rombo das contas externas brasileiras em 2013. O déficit passou de 2,41% do PIB em 2012 para 3,66% do PIB no ano passado. As contas externas brasileiras tiveram um rombo recorde de US$ 81,4% bilhões em 2013. De acordo com os dados do Banco Central (BC), divulgados sexta-feira, o déficit de todas as trocas de serviços e do comércio do Brasil com o resto do mundo aumentou 50% no ano passado e extrapolou a projeção do BC que era encerrar o ano com um déficit de US$ 79 bilhões. Apesar da alta de 14,6% do dólar, o comercio exterior deteriorou-se e os gastos lá fora explodiram. Para os especialistas, o resultado confirma um quadro de vulnerabilidade externa”. ( O Globo).
E o PT exigindo e querendo comer a maionese inteira do Governo.

IBGE

A Pesquisa Mensal de Emprego abrangia só as seis maiores regiões metropolitanas: São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Recife e Porto Alegre. Segundo ela, no segundo trimestre de 2013 o desemprego teria sido de 5,9%. Agora, pela nova metodologia do serio e indiscutível IBGE,a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio em 3.500 cidades diz que a taxa de desemprego no mesmo período no Brasil foi de 7,4%.

A diferença no número de desempregados, medido pela Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio, comparativamente à Pesquisa Mensal de Emprego, demonstra que a taxa de desemprego por regiões é expressiva: no Norte 8,3%. No Nordeste 10%. No Centro-Oeste 6%. No Sudeste, 7,2%. No Sul 4,3%.Já o emprego com carteira assinada,segundo o IBGE,é : Norte 65,3%, Nordeste 61,5%, Centro-Oeste 77,4%, Sudeste 80,8%, Sul 84%.

Na nova metodologia do IBGE, a população economicamente ativa é a Força de Trabalho: quem está empregado e quem procura emprego. A idade mínima foi elevada de 10 para 14 anos, contemplando a designação de aprendiz. Segundo o IBGE, 38,5% da população em idade para trabalhar não tem ocupação e nem procura emprego, não entrando nas estatísticas de desemprego. Verdadeiro exercito de 61 milhões de brasileiros.

Os brasileiros com 14 anos ou mais, que não têm nem procuram emprego, são: entre 14 e 17 anos, 10,9 milhões. Entre 18 e 21 anos, 7 milhões. De 25 a 39 anos, 9 milhões. De 40 a 59 anos, 13,9 milhões. A partir de 60 anos, 20,5 milhões, totalizando 61,3 milhões. Uma nação.
Entre os que não procuram emprego e não trabalham a não-educação aparece chocante: 55,4% não terminaram o ensino fundamental, A nova metodologia do IBGE radiografará o desemprego na economia. Com realismo e sem o propagandísmo dos marqueteiros de plantão.

26 de janeiro de 2014
Sebastião Nery

DILMA VAI A CUBA INAUGURAR OBRA DA ODEBRECHT BANCADA PELO BNDES

  


 

A presidente Dilma Rousseff aproveitará a visita a Cuba esta semana para inaugurar junto com o presidente cubano, Raúl Castro, a primeira parte do Puerto de Mariel, uma obra financiada com recursos do BNDES.

Na segunda-feira Dilma terá uma reunião com o líder cubano e permanecerá em Havana até terça para participar da II Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), segundo o Itamaraty.

A ampliação do porto cubano de Mariel, a 45 quilômetros a oeste de Havana, é considerada uma “obra emblemática” da parceria entre Cuba e Brasil.

A obra é executada pela Odebrecht e com um financiamento de US$ 682 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a maior parte do investimento total previsto, de US$ 957 milhões.

O porto poderá dotar a Cuba de uma moderna porta de saída marítima e permitirá que indústrias brasileiras se instalem na ilha e aproveitem o menor custo da mão de obra local e incentivos cubanos para produzir e exportar a partir de Cuba, segundo as conversas entre os países.
Na reunião de trabalho com Raúl Castro, Dilma “examinará os principais temas da agenda bilateral e regional”, segundo o comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

MAIS MÉDICOS

Entre eles destaca-se o acordo que permitiu a chegada ao Brasil de 5.400 médicos cubanos para trabalhar em áreas isoladas e pobres dentro do programa “Mais médicos”.
O objetivo é contratar no total 12.996 médicos até março e enviá-los a municípios sem atendimento de saúde, para dar assistência a 22,7 milhões de pessoas.

Dilma e Castro também falarão sobre comércio bilateral, que, segundo dados oficiais brasileiros, saltou de US$ 91,99 milhões em 2003 para US$ 624,79 milhões em 2013. Os principais produtos que o Brasil exporta para Cuba são óleo de soja, arroz e milho.

Segundo porta-vozes da presidência brasileira, a visita de Dilma a Cuba inclui encontros privados, e não se descarta a possibilidade de ela conversar pessoalmente com o líder Fidel Castro

26 de novembro de 2014
Agência EFE

"POR UNS PELOS A MAIS"

 

Se tudo correr conforme o esperado, frutificarão na cabeça do senador Renan Calheiros ao longo da sessão legislativa que se abre no próximo mês os 10.118 fios de cabelo que lhe foram transplantados da nuca para o cocoruto, em cirurgia realizada em dezembro no Recife. Projeta-se em três meses o prazo para que irrompam, desassombrados como brotos a forçar passagem no solo, os primeiros fios. Isso ocorrerá lá para meados de março. No segundo semestre já terão crescido o suficiente para fazerem diferença. Ganhará o senador no cobiçado reforço à cobertura capilar. Perderá o Senado.

Ao vir a público que Calheiros viajou num avião da FAB para fazer o transplante, enfatizou-se, com justiça, o escândalo que foi ter usado transporte oficial para uma atividade privada. Esqueceu-se desse outro escândalo que é um senador da República submeter-se a transplante de cabelos. Renan comandará o Senado neste ano mais cabeludo, mais satisfeito com a imagem que vê no espelho e tomado de renovado prazer ao deslizar o pente sobre o couro cabeludo ─ mas também mais falso e incondizente com o que se espera de um senador.

O mundo se divide entre homens que podem e não podem fazer transplante de cabelo. Cantores e atores podem. Para alguns, é questão de sobrevivência profissional. Políticos não podem, assim como não podem pintar os cabelos. Isso devia estar na Constituição. Como não está, eis mais um item a ser incluído no rol da sonhada reforma política. 
Duas subcategorias podem menos ainda do que o comum dos políticos. A primeira é a dos que gostam de se dar ares de revolucionários. José Dirceu, por exemplo. Ao se apresentar para a prisão, ele fez o gesto de desafio comunista do braço levantado e do punho fechado. Meses antes, havia se submetido a um transplante de cabelos, por sinal com o mesmo doutor Fernando Basto que atendeu Renan e é o preferido dos políticos. Difícil imaginar Che Guevara marcando hora com o doutor Basto, ao descer da Sierra Maestra.

A outra categoria é a dos senadores. Transplantar ou pintar cabelos é algo que se tomou epidêmico entre os políticos brasileiros. Alguns transplantam e, ainda por cima, pintam. Se tal prática já é preocupante em deputados, ministros ou governadores, mais ainda se toma entre senadores. 
O Senado, por definição, é o local dos mais velhos, e, por isso mesmo, dos que se supõem mais experientes e mais sábios, entre os encarregados de zelar pela pátria. A palavra tem a mesma raiz de senhor, de senhorial, de senhoril, de sênior, e todas remetem à austeridade, à prudência e à sensatez identificadas com o passar dos anos. 
Ora, pintar ou implantar cabelos é, antes e acima de tudo, um ardil destinado a falsear a idade. É portanto tentar dar um drible na senhoria, na senioridade e na senhorilidade em que repousa a própria ideia de Senado. Senador que pinta ou transplanta o cabelo fere o princípio fundador da instituição a que pertence.
Com isso, entra em conflito com ela, apequena-a e desmoraliza-a.

Senadores Joaquim Nabuco; Braz Benjamin da Silva Abrantes; José Maria da Silva Paranhos; Pedro de Araújo Lima, o Marquês de Olinda; Eusébio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara; Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias; e Francisco Jê Acaiaba de Montezuma
Senadores Joaquim Nabuco; Braz Benjamin da Silva Abrantes; José Maria da Silva Paranhos; Pedro de Araújo Lima, o Marquês de Olinda; Eusébio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara; Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias; e Francisco Jê Acaiaba de Montezuma

Na conhecida crônica O velho Senado, Machado de Assis recorda os senadores que conheceu como jovem repórter, em 1860: “Uns, como Nabuco e Zacarias, traziam a barba toda feita; outros deixavam pequenas suíças, como Abrantes e Paranhos, ou, como Olinda e Eusébio, a barba em forma de colar; raros usavam bigodes, como Caxias e Montezuma”. Não há sinal de pelos falsificados em nenhum dos velhos políticos que desfilam pela memória de nosso grande romancista.
O marquês de Itanhaém ele lembra que usava cabeleira, mas isso naquele tempo, em vez de trair a tentativa de parecer mais jovem, tinha o efeito contrário.

Itanhaém usava cabeleira porque, sendo o mais velho da casa, ainda cultivava um hábito do começo do século.
Visto de hoje, o Senado de 1860 tinha muitos defeitos, a começar por se constituir num reduto de senhores de escravos, legislando num país escravista. Mas era integrado por cavalheiros que assumiam o caráter sênior, senhoril e senhorial inerente ao cargo. Outro grande escritor brasileiro, Mário de Andrade, calvo notório e precoce, já aos 30 anos, escrevia:
“Muito de indústria me fiz careca / Dei um salão aos meus pensamentos”. Que ninguém se sinta ofendido, afinal há transplantados e transplantados, mas pela lógica do poeta, ao qual adere o colunista com o entusiasmo de irmão em cocoruto abandonado à própria sorte, Renan Calheiros fez o contrário: estreitou os cubículos pelos quais vagueiam seus pensamentos.

26 de janeiro de 2014
Roberto Pompeu de Toledo
VEJA

O PAU VOLTA A COMER EM SÃO PAULO

O pau volta a comer em São Paulo. baderna vem hoje do Palácio do Planalto e do PT. E digo por quê

Carro particular é incendiado por vândalos durante protesto (Foto: Tiago-Chiaravalloti-Futura-ress-Folhapress)
Carro particular é incendiado por vândalos durante protesto (Foto: Tiago-Chiaravalloti-FuturaPress-Folhapress)
 
Sim, vou comentar a baderna que alguns bandidos disfarçados de manifestantes promoveram em São Paulo neste sábado, num protesto contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, que reuniu, segundo a PM, 1.500 pessoas.
Como sempre, depredação de lojas e ônibus, um veículo incendiado confronto com a polícia. E, para não variar, lá estavam os mascarados. O texto vai ficar longo. Mas tempo não lhes falta neste domingão, certo? Vamos lá.
 
No Rio também houve alguma confusão. Em outras capitais, a convocação não reuniu mais do que algumas dezenas. Para que trate do evento de ontem, no entanto, preciso recuperar algumas coisas. Terei de falar um pouco dos rolezinhos e da reação do governo federal e dos petistas ao fenômeno. Vamos lá.
 
Manifestante com um lança-chamas. Ninguém vai chamá-la de "pacífica" (Foto: Ivan Pacheco)
Manifestante com um lança-chamas. Ninguém vai chamá-la de “pacífica” (Foto: Ivan Pacheco)
 
Escrevi neste blog meu primeiro texto sobre os rolezinhos no dia 13 de janeiro. É curto, meus caros, e vale a pena reproduzi-lo na íntegra. Mui modestamente, a minha bola de cristal antecipou o que viria com impressionante precisão. Releiam (em azul).
*
Esquerdistas bocós (existem os não bocós?) já estão de olho no “rolezinho”. Aqui e ali, noto a vocação ensaística de alguns dos meus coleguinhas na imprensa. Já há gente, assim, treinando o olhar para teorizar sobre mais essa erupção — e irrupção — da luta de classes. É fácil ser bobo. Fosse mais difícil, não haveria tantos bobalhões. Daqui a pouco o Gilberto Carvalho chama os teóricos dos “rolezinhos” para um bate-papo no Palácio do Planalto.

O “rolezinho”, que até pode ter começado como uma brincadeirinha irresponsável nas redes sociais, está começando a virar, vejam vocês!, uma questão política — ao menos de política pública. A coisa pode se tornar mais séria do que se supõe. Infelizmente, noto que muita gente, inclusive na imprensa, está tentando ver essas manifestações como se fossem uma espécie de justa revolta de jovens pobres contra templos de consumo da classe média.

Isso é uma tolice, um cretinismo. Os shoppings têm se caracterizado como os mais democráticos espaços do Brasil. São áreas privadas de uso público, muito mais seguras do que qualquer outra parte das cidades brasileiras. Os pais preferem que seus filhos fiquem passeando por lá a que façam qualquer outro programa, geralmente expostos a riscos maiores.
É uma irresponsabilidade incentivar manifestações de centenas ou até de milhares de pessoas num espaço fechado.
Ainda que parte da moçada queira apenas fazer uma brincadeira, é evidente que marginais acabam se aproveitando da situação para cometer crimes, intimidar lojistas e afastar os frequentadores.

Esse negócio de que se trata de uma espécie de revolta dos pobres contra os endinheirados é uma grossa bobagem. Boa parte dos shoppings de São Paulo, hoje em dia, serve também aos pobres, que ali encontram um espaço seguro de lazer. A Polícia precisa agir com inteligência para que se evite tanto quanto possível o uso da força. É necessário mobilizar os especialistas em Internet da área de Segurança Pública para tentar identificar a origem dessas convocações.

É preciso, em suma, chegar à raiz do problema. As redes sociais facilitam essas manifestações, como todos sabemos, mas é evidente que elas não são espontâneas. Há pessoas convocando esse tipo de ação, que pode, sim, como se viu no Shopping Metrô Itaquera, degenerar em violência.

No dia em que os shoppings não forem mais áreas seguras, haverá fuga de frequentadores, queda de vendas e desemprego. E é certo que estamos tratando também de um sério problema de segurança pública. Num espaço fechado, em que transitam milhares de pessoas, inclusive crianças, os que organizam rolezinhos estão pondo a segurança de terceiros em risco.

E que ninguém venha com a conversa de que se trata apenas do direito de manifestação num espaço público. Pra começo de conversa, trata-se, reitero, de um espaço privado aberto ao público, que é coisa muito distinta. De resto, justamente porque os shoppings têm essa dimensão pública, não podem ser privatizados por baderneiros que decidiram ameaçar a segurança alheia.

Encerro notando que o Brasil precisa ainda avançar muito na definição do que é público. Infelizmente, entre nós, muita gente considera que público é sinônimo de sem-dono. É justamente o contrário: o público só não tem um dono porque tem todos.
 
Retomo


Como se pode ver:

1: nego que os rolezinhos tenham um caráter político:
2: nego que os rolezinhos sejam fruto da exclusão social;
3: nem especulo sobre a possibilidade de ser uma criação do PT; é claro que não é!;
4: aponto o óbvio: shoppings são espaços que também servem aos moradores da periferia;
5: afirmo que têm de ser coibidos por uma questão de segurança.

6: O QUE CONDENO NO MEU TEXTO É A TENTATIVA DAS ESQUERDAS DE POLITIZAR O ROLEZINHO. É PRECISO SER MUITO BURRO PARA AFIRMAR QUE EU ATRIBUO ESSES EVENTOS ÀS ESQUERDAS. O diabo é que há gente burra aos montes — e outras tantas de má-fé.
 
E muitos outros textos se seguiram a esse. E não adotei tal ponto de vista apenas aqui, é claro! Afirmei a mesma coisa na Rádio Jovem Pan. Na Folha, na  coluna no dia 17, escrevi:

“Setores da imprensa e alguns subintelectuais, com ignorância alastrante, tentaram ver o “rolezinho” como manifestação da luta de classes.” Ou ainda: “Jovens que aderem a eventos por intermédio do Facebook não são excluídos sociais, mas incluídos da cultura digital, que já é pós-shopping, pós-mercadoria física e pós-racial.”

Mais:

“Não se percebia, originalmente, nenhuma motivação de classe ou de “raça” nessas manifestações. Agora, sim, grupos de esquerda, os tais “movimentos sociais” e os petistas estão tentando tomar as rédeas do que pretendem transformar em protesto de caráter político.”

Adiante.
 
Ônibus é depredado em SP: Carvalho não vai chamar o rapaz para um papinho (Foto Ivan Pacheco)
Ônibus é depredado em SP: Carvalho não vai chamar o rapaz para um papinho (Foto: Ivan Pacheco)
 
Por quê?

Mas por que evoco os rolezinhos? Porque o tratamento que a imprensa, alguns acadêmicos mixurucas e os “progressitas” lhes conferiram revela o espírito do tempo. Deixados os eventos por si mesmos, com a devida contenção quando se fizesse necessária, iriam esmorecer.
Os shoppings da periferia são um espaço de lazer das famílias, parentes, amigos, vizinhos — a “comunidade”, enfim — dos rolezeiros. Mas como resistir ao, digamos, “cheiro conceitual dos pobres”? Assim, foram buscar LUTA DE CLASSES onde havia, e há, desejo de ascensão de classe, que é coisa muito distinta.
 
As justas e corretas mobilizações dos lojistas, das respectivas direções dos shoppings, dos consumidores e da própria polícia para coibir os eventos foram tachadas de discriminação racial e de classe. Se me pedissem para listar os três traços de caráter que mais abomino, um deles é a demagogia — sim, eu a considero um desvio de caráter. E, infelizmente, está contribuindo para rebaixar o caráter do país.
 
Carvalho

No primeiro parágrafo do meu primeiro texto sobre o rolezinho, leiam lá, antevejo que Gilberto Carvalho vai meter os pés pelos pés e fará besteira. Batata! Na semana passada, ele afirmou:
 
“Da mesma forma que os aeroportos lotados incomodam a classe média. Da mesma forma que, para eles, é estranho certos ambientes serem frequentados agora por essa ‘gentalha’ (…). O que não dá para entender muito é a carga do preconceito que veio forte. (…) As pessoas veem aquele bando de meninos negros e morenos e ficam meio assustadas. É o nosso preconceito“.
 
Reproduzo agora os dois últimos parágrafos da minha coluna na Folha desta sexta (em azul):

Enquanto a fala indecorosa do ministro circulava, uma turba fechou algumas ruas na Penha, em São Paulo, para um baile funk. A polícia, chamada pela vizinhança, acabou com a festa. Um grupo de funkeiros decidiu, então, assaltar um posto de gasolina, espancar os funcionários, depredar um hipermercado contíguo e roubar mercadorias. Na saída, um deles derramou combustível no chão e tentou riscar um fósforo. Tivesse conseguido… O “Jornal Nacional” relacionou o episódio à falta de lazer na periferia. Pobre, quando não se diverte, explode posto de gasolina, mas é essencialmente bom; a falta de um clube para o funk é que o torna um facínora. Sei. É a luta entre o Rousseau do Batidão e o Hobbes da Tropa de Choque.

 Os maiores adversários do PT em 2014 não são as oposições, mas a natureza do partido e os valores que tornou influentes com seu marxismo de meia-pataca e seu coitadismo criminoso. A receita pode, sim, desandar.
 
Sabem qual era o primeiro parágrafo dessa coluna? Este (em azul):

“O pânico voltou a bater às portas do Palácio do Planalto, que dá como inevitáveis novos protestos durante a Copa. O PT já convocou o seu braço junto às massas, uma tal Central de Movimentos Populares (CMP), para monitorar o povaréu.”
 
Pronto! Com o parágrafo acima, chego aos confrontos deste sábado, em São Paulo, depois de ter caracterizado o AMBIENTE INTELECTUAL em que acontecem.
 
Olhem o black bloc aí, o dono da rua, certo de que não vai acontecer nada com ele (Foito: Ivan Pacheco)
Olhem o black bloc aí, o dono da rua, certo de que não vai acontecer nada com ele (Foto: Ivan Pacheco)
 
Direitos e limites

É evidente que as pessoas têm o direito de não querer a Copa do Mundo no Brasil e de expressar esse ponto de vista. Mas não o de sair quebrando tudo por aí. Se vocês observarem, até agora, o governo federal não disse uma palavra firme a respeito. Ao contrário até: em seus discursos, dentro e fora do Brasil, Dilma passou a citar as manifestações como exemplos de democracia. Não são!
 
Dia sim, dia também, movimentos de sem-teto, por exemplo, paralisam áreas da cidade. E o que eles querem? Que parte das casas construídas pelo poder público seja destinada a seus militantes — e, atenção!, será. É evidente que isso é um despropósito e caracteriza uma espécie de desvio de recursos públicos para entidades que são, não dá para fingir que não, de caráter privado. Ao ceder a pressão, o que se faz é endossar um método.
 
A desordem e o confronto estão se transformando em métodos aceitáveis de expressão, seja da alegria, seja da reivindicação política. Não! Não antevejo o caos; não acho que o Brasil caminhará para o buraco por isso; não acredito que estaremos nas cavernas daqui a pouco — não sou, em suma, apocalíptico. ATÉ PORQUE, LEITOR, O APOCALIPSE NÃO CHEGA — nem no Haiti ou no Sudão. Mas é claro que se vai construindo, com determinação e método, as condições de um atraso perene.
 
“Se o Brasil fosse menos desigual, isso não aconteceria”, repetem por aí. Bobagem! As manifestações violentas havidas no país a partir de junho não tiveram — como não teve o evento de ontem —, caráter popular. Foram lideradas por radicais mais ou menos endinheirados.
 
O que não existe no país — aí, sim — são líderes políticos que tenham a coragem de falar em defesa da ordem. De qual ordem? A da democracia e do estado de direito! O que lhes parece? Ao contrário: incentiva-se a desordem. Vejam o caso da ação do Denarc na Cracolândia. O prefeito Fernando Haddad convocou uma entrevista coletiva para atacar a polícia e não disse uma única palavra de solidariedade aos policiais que foram agredidos por um bando de dependentes. Atenção! Estava cumprindo o seu dever: foram lá prender traficantes.
 
Amarro as pontas para quem, eventualmente, até aqui, ainda não uniu os vários fios deste texto: o incentivo à desordem no país vem hoje de homens e mulheres que ocupam posição de relevo nos Poderes Constituídos, seja por meio de palavras irresponsáveis, como a de Gilberto Carvalho, seja pelo silêncio. E não é diferente com entidades da sociedade civil que já chegaram a se destacar pela defesa da ordem democrática.
 
A OAB-RJ e a Comissão de Direitos Humanos da OAB nacional exerceram um papel detestável, vergonhoso, na proteção aos tais black blocs no Rio, por exemplo. Quando policiais de São Paulo enquadraram, por bons motivos, dois indivíduos na Lei de Segurança Nacional — que deixou de ser “coisa da ditadura” quando foi, na prática, recepcionada pela Constituição democrática (ou não foi?) —, fez-se uma gritaria dos diabos. Alguns vagabundos vão para as ruas para quebrar tudo na certeza de que nada vai lhes acontecer — e, de fato, nada tem acontecido.
 
Encerrando

Começo a concluir lembrando que, até que se chegasse àquele confronto do dia 13 de junho do ano passado em São Paulo, que, por assim dizer, “nacionalizou” as manifestações, houve três protestos violentos, com depredações, coquetéis molotov e incêndio a ônibus: nos dias 6, 7 e 11 de junho. A arruaça correu solta, e a Polícia Militar só apanhou dos “manifestantes”. Quando reagiu, vocês sabem o que aconteceu. É história. Fiz uma pequena memória daqueles dias aqui.
 
Não! O PT não inventou junho nem inventou os rolezinhos — e, obviamente, não será o criador de possíveis novos distúrbios na Copa. O que o partido e seus capas-pretas fizeram e fazem é flertar com a desordem — quando não a insuflam. Nunca é demais lembrar que os petistas Gilberto Carvalho e Luíza Bairros (ministra da Integração Racial) não hesitaram um minuto em jogar “negros e morenos” (Como disse Carvalho) contra brancos no caso dos rolezinhos. Convenham: é preciso ser de uma espantosa irresponsabilidade para brincar assim com o perigo.
 
O incentivo à desordem no país vem hoje do Palácio do Planalto e do PT — ainda que o problema possa cair no colo do partido e do governo. Ocorre que essa gente, como o escorpião, tem uma natureza.
 
26 de janeiro de 2014
Reinaldo Azevedo

DILMA DEIXA HOTEL EM LISBOA PELA PORTA DOS FUNDOS

Palácio do Planalto omitiu escala da presidente na capital portuguesa, onde a comitiva ocupou 45 quartos de hotel, ao custo de 71.000 reais

A presidente Dilma Rousseff durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos
A presidente Dilma Rousseff durante o Fórum Econômico
Mundial, em Davos (Keystone /Laurent Gillieron /AP)

Sem comentar os protestos que ocorreram no Brasil no sábado, a presidente Dilma Rousseff deixou pelas portas do fundo o hotel em que se hospedava em Lisboa e embarcou na manhã deste domingo, 26, para Havana, capital cubana.

Dilma e sua comitiva passaram o sábado em Portugal, ocupando um total de 45 quartos de dois dos hotéis mais caros de Lisboa, com um custo total de 71.000 reais, segundo informou a agência Estadão Conteúdo. A presidência optou por não usar o palácio do século XVII mantido pelo governo brasileiro e que serve de embaixada em Portugal por indicar que o local não comportaria a delegação.

No sábado, enquanto os protestos ocorriam em várias cidades, ela jantava em um restaurante com estrela pelo Michelin, a referência da boa gastronomia no mundo. A viagem estava sendo mantida em sigilo e apenas foi explicada depois que reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou o momento em que Dilma entrou num hotel da capital portuguesa.
A suíte em que ficou hospedada a presidente tem diária com preço de tabela equivalente a 26.000 reais.

No sábado, às 9h35 (horário de Lisboa), o comboio que levaria a presidente do hotel ao aeroporto foi obrigado a entrar em uma garagem pública que dá acesso ao hotel. Enquanto um dos funcionários lavava carros sem saber o que ocorria, os seguranças realizavam a operação para driblar os jornalistas e impedir que a presidente tivesse contato com a imprensa que a aguardava.

Leia também:
Jantar ao Tejo - Na noite de sábado, diferentemente do que havia informado o Palácio do Planalto, Dilma saiu para jantar no elegante restaurante Eleven, com vista para o rio Tejo.
O Planalto havia informado que a presidente estava "dormindo", enquanto outros assessores indicavam que "desconheciam" qualquer plano de saída da presidente.

No entanto, uma foto publicada no jornal português 'Expresso' de ontem deixou a comitiva sem explicações.
Na foto, Dilma está entrando no luxuoso restaurante, acompanhada pelo embaixador do Brasil em Portugal, Mario Vilalva.
O ministra Helena Chagas, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, também aparece na foto. Pode-se ver um dos seguranças e o próprio embaixador carregando uma sacola com garrafas de vinho. O restaurante é um dos melhores de Portugal e um dos poucos no país classificado com estrela Michelin.

Dilma esteve na Suíça desde quinta-feira, 23, e, sexta-feira, 24, foi uma das palestrantes no Fórum Econômico Mundial, em Davos. O próximo compromisso da presidente é a inauguração de um porto financiado pelo Brasil em Cuba, nesta segunda-feira, 27.

Oficialmente, a explicação para a parada em Portugal é a de que o avião da FAB não teria autonomia para viajar entre Zurique e Havana.
Mas o Planalto não explica nem porque a visita foi mantida em sigilo nem porque o abastecimento do jato não poderia ter ocorrido com a comitiva dentro do avião, algo que levaria cerca de uma hora.

26 de janeiro de 2014
Veja
(Com Estadão Conteúdo)

COMO É BOM FARREAR COM O DINHEIRO DO POVO...


    Em Davos, Dilma fez um apelo a investidores para que apostem no Brasil e falou de programas de combate à pobreza. Dilma passa fim de semana em Lisboa em sigilo Suíte presidencial custa R$ 26,2 mil; programação oficial diz que ela está 'sem compromissos oficiais'



     
    Estadão

    A presidente Dilma Rousseff está em Portugal, onde passa o fim de semana. A comitiva presidencial ocupa mais de 30 quartos de dois dos hotéis mais caros de Lisboa. Segundo o Estado apurou, a suíte que ela utiliza custa, no preço da tabela, cerca de R$ 26,2 mil (8 mil euros).

    A viagem não estava na agenda oficial da presidente, divulgada na sexta-feira à noite, e foi mantida em sigilo pelo Palácio do Planalto. A informação era de que ela estaria "sem compromissos oficiais" hoje e amanhã.
    Pela manhã, Dilma deixou Zurique sem falar com a imprensa. A presidente esteve na Suíça desde quinta-feira e, ontem, foi uma das palestrantes no Fórum Econômico Mundial, em Davos. O próximo compromisso oficial é a inauguração de um porto financiado pelo Brasil em Cuba, na segunda-feira.
    Entre Davos e Cuba, Dilma e sua delegação decidiram passar o sábado em Lisboa. Além da presidente, a comitiva conta com alguns dos ministros que a acompanharam até a Suíça.
    Ela se hospeda no hotel Ritz de Lisboa. O estabelecimento colocou uma enorme bandeira do Brasil na porta para homenagear a presidente. Já sua delegação de apoio ocupará mais 25 quartos no hotel Tivoli.
    Os dois aviões da delegação de Dilma decolaram de Zurique às 12h15 horário de Brasília. Ela deve deixar Lisboa amanhã, às 10h (horário local).
    Em Davos, Dilma fez um apelo a investidores para que apostem no Brasil e falou de programas de combate à pobreza.
    Acompanhada. 
    A presidente Dilma chegou ao hotel em Lisboa acompanhada dos ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores), além de Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência.
    A assessoria informou que a passagem por Lisboa é uma "parada técnica".
    ********************************
    Comentário: Algumas vezes, temos mostrado fotos de crianças brasileiras famintas morando em caixotes de tábuas sem a menor condição. Muitas vezes, temos mostrados doentes deitados em corredores de hospitais por falta de tudo. Não podemos falar sequer sobre o básico porque esse não existe. Pois bem, mesmo divulgando sempre que, somos o país que pagamos os impostos mais caros do mundo, obviamente, não seria o discurso mais apropriado do governante do Brasil, falar em pobreza, em miséria, uma vez que, os altos impostos seriam para atender os mais necessitados deste país. Não é o caso. Meu avó sempre  dizia que os homens mais CHINFRIM promoviam os mais diversos ALARIDOS e buscavam o que há de melhor para suas vidas. Está aí, um belo exemplo dos CHINFRIM da República, usufruindo das benesses do poder como se estivessem acima dos humanos. Fizeram de suas CAVERNAS um REINO particular com o dinheiro do POVO. MOVCC
     
     

    26 de janeiro de 2014
    movcc

    COMO DIRIA O MINEIRO, "LARGA D'EU, SÔ!"

    Lula não defende companheirada, e Cunha está magoado
              
    Lula não defende quadrilha “cumpanhera”, daí o ressentimento de Cunha          
    dep joao paulo cunha
    João Paulo Cunha: um poço de mágoas

    O deputado mensaleiro João Paulo Cunha (PT-SP), cuja prisão pode ser realizada a qualquer momento, não esconde o ressentimento com o ex-presidente Lula, que publicamente jamais defendeu a “companheirada” petista envolvida nesse que é considerado o maior escândalo de corrupção do seu governo e até da História política brasileira.

    Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ser questionado sobre sua relação com o ex-presidente, Cunha respondeu secamente: “Sobre o Lula, você pergunta para ele”. Mas o deputado mensaleiro afirma que sempre contou com o apoio da militância do partido. “Eu me sinto respaldado pelo PT”.

    João Paulo disse ao jornal que não tem nenhum arrependimento e que falta “civilidade, humanidade e cortesia” ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.
    O ministro criticou os colegas que não assinaram o mandado de prisão do deputado e deram a ele “mais um mês em liberdade”.

    Ele ironizou a imagem do presidente da Corte, fotografado na semana passada em uma das mais nobres galerias de Paris, onde passa férias. “Nos últimos dias, estive na Galeria Pagé, na Rua 25 de Março, para comprar roupas brancas, porque posso precisar delas logo”, disse sorrindo.

    26 de janeiro de 2014
    da Redação

    DILMA PASSA FIM DE SEMANA EM LISBOA EM SIGILO. A DIÁRIA DA SUÍTE?! BARATINHA: 8 MIL EUROS...


     

    A presidente Dilma Rousseff está em Portugal, onde passa o fim de semana. A comitiva presidencial ocupa mais de 30 quartos de dois dos hotéis mais caros de Lisboa.

    Segundo o Estado apurou, a suíte que ela utiliza custa, no preço da tabela, cerca de R$ 26,2 mil (8 mil euros). A viagem não estava na agenda oficial da presidente, divulgada na sexta-feira à noite, e foi mantida em sigilo pelo Palácio do Planalto.

    A informação era de que ela estaria “sem compromissos oficiais” hoje e amanhã. Pela manhã, Dilma deixou Zurique sem falar com a imprensa. A presidente esteve na Suíça desde quinta-feira e, ontem, foi uma das palestrantes no Fórum Econômico Mundial, em Davos.

    O próximo compromisso oficial é a inauguração de um porto financiado pelo Brasil em Cuba, na segunda-feira. Entre Davos e Cuba, Dilma e sua delegação decidiram passar o sábado em Lisboa. Além da presidente, a comitiva conta com alguns dos ministros que a acompanharam até a Suíça. Ela se hospeda no hotel Ritz de Lisboa.

    O estabelecimento colocou uma enorme bandeira do Brasil na porta para homenagear a presidente. Já sua delegação de apoio ocupará mais 25 quartos no hotel Tivoli.
    Os dois aviões da delegação de Dilma decolaram de Zurique às 12h15 horário de Brasília. Ela deve deixar Lisboa amanhã, às 10h (horário local).
    Em Davos, Dilma fez um apelo a investidores para que apostem no Brasil e falou de programas de combate à pobreza.

    26 de janeiro de 2014
    Jamil Chade e Fernando Nakagawa/Agência Estado

    SOBRE O LULA, VOCÊ PERGUNTA A ELE" - DIZ JOÃO PAULO CUNHA

    Prestes a ser preso, petista não esconde ressentimento com o ex-presidente
     
     
    Condenado pelo STF no processo do mensalão, deputado diz que falta 'civilidade e cortesia' a Joaquim Barbosa


     
    Primeiro réu a ser condenado no julgamento do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) não esconde o ressentimento com o ex-presidente Lula, que nunca se pronunciou publicamente sobre o maior escândalo de corrupção do seu governo.
     
    "Sobre o Lula, você pergunta para ele", respondeu João Paulo à Folha ao ser questionado sobre a relação com o ex-presidente. Ele afirma, porém, que sempre teve o apoio da militância do PT.
     
    Aos 55 anos, João Paulo diz faltar "civilidade, humanidade e cortesia" ao presidente do STF, Joaquim Barbosa.
     
    Ele ironizou a visita do ministro a uma nobre galeria de Paris, na semana passada. "Nos últimos dias, estive na Galeria Pagé, na rua 25 de Março, para comprar roupas brancas, porque posso precisar delas logo", disse, sorrindo.
     
    Leia trechos da entrevista.
     
    -
    Folha - Joaquim Barbosa criticou os colegas que não assinaram seu mandado de prisão e, nas palavras dele, lhe deram mais um mês de liberdade. O que o sr. achou da declaração?
    João Paulo Cunha - Excluindo a falta de civilidade, humanidade e cortesia do ministro Joaquim Barbosa, acho que esse é um problema interno do STF e cabe aos ministros debater essa posição.
     
    Ele decretou sua prisão, mas saiu de férias sem assinar o mandado.
    Foi um gesto de pirotecnia do ministro. Se minha prisão não era urgente, não deveria ter anunciado [o encerramento do processo] e viajado, porque isso causa constrangimento no condenado.
     
    Que tipo de constrangimento?
    Tenho direitos e sou um ser humano com família e amigos a quem ele deveria pelo menos respeitar. Como parece que o respeito não é o forte dele, então considero que essa medida foi cruel.
     
    A Mesa da Câmara cancelou a reunião sobre seu mandato. O sr. pretende renunciar?
    A Mesa não poderia ter marcado a reunião sem ter recebido o comunicado do STF, então corrigiu uma precipitação desnecessária que alguns podem entender como covardia. A renúncia é um verbo intransitivo e, neste momento, acho que é um assunto fora de pauta.
     
    Qual a sua expectativa nesses últimos dias em liberdade?
    Tenho utilizado esses dias para três coisas: cuidar da saúde, da alma e de alguns acertos políticos. Nos últimos dias, estive na Galeria Pagé, na 25 de Março [rua de comércio popular em São Paulo], para comprar roupas brancas, porque posso precisar delas logo [sorri].
     
    O que quer dizer com "cuidar da saúde e da alma"?
    Fiz uma cirurgia na coluna e voltei a sentir dores. Fiz exames e sigo sob acompanhamento médico. Estou fazendo um curso de literatura e juntando poemas e contos que escrevi para ver se consigo publicar um livro.
     
    Como está a sua família nesse clima pré-prisão?
    É uma situação bastante dura mas que você precisa ter aquilo que o [cantor e compositor] Walter Franco diz: mente aberta, espinha ereta e coração tranquilo. É assim que vou enfrentar essa injustiça. Minha família sabe que essa é uma contingência da política pela qual a gente tem que passar.
     
    O sr. disse estar pronto para ser preso. Como se preparou?
    Nós [condenados no mensalão] viemos nos preparando e reconhecendo que era uma disputa política que poderia ter qualquer desfecho.
     
    O que o sr. espera da rotina na prisão?
    Vou cumprir regime semiaberto. Eu estudo, tenho serviço fixo, sou deputado, tenho mandato na Câmara, então acredito que não vou ter rotina na cadeia.
     
    O sr. carrega mágoa de alguém ou de algum episódio nesse processo todo?
    Não guardo mágoa de ninguém. Sempre digo que você tem muitos amigos na subida, mas na decida você só tem os verdadeiros porque os outros abandonam você.
     
    Muita gente o abandonou?
    Pelo contrário, tenho muito orgulho da militância do PT, pela quantidade de solidariedade que recebo.
     
    Lula nunca falou sobre o mensalão e o PT divulgou só duas notas oficiais sobre o assunto. O sr. sente respaldado pelo partido e pelo ex-presidente?
    Sobre o presidente Lula, a pergunta deve ser dirigida a ele e sobre a direção do PT, deve ser dirigida à Executiva Nacional. Em relação à militância não tenho dúvida quanto à solidariedade plena, absoluta e permanente.
     
    Mas o sr. sente esse mesmo respaldo do Lula?
    Eu me sinto respaldado pelo PT.
     
    O sr. manteve algum tipo de relação com o Lula durante o processo do mensalão?
    Acho que isso é bom você perguntar para ele.
     
    Considera que errou em algum momento?
    Não cometi nenhum dos crimes que são imputados a mim. Não me arrependo de nada do que fiz.
     
    Se pudesse fazer algo de novo?
    Dedicaria mais tempo à minha família e a mim. Estudaria mais e teria mais amigos.
     
    E quanto à política?
    Dei minha vida para ajudar a construir o Brasil. Se fosse para recomeçar, dividiria melhor o meu tempo.
     
    O PT errou?
    Naquilo que é central, o PT acertou, construiu um novo Brasil e nós estamos pagando pelo que o PT tem de bom, e é isso que desperta a ira da elite branca brasileira, porque muita gente na história faz a opção pela casa grande e outros, pela senzala. Eu fiz a opção pela senzala.
     
    O sr. disse que sua mulher foi ao Banco Rural resolver um problema na fatura da TVA, mas o STF disse que os que foram ao prédio retiraram dinheiro. O senhor mentiu?
    Não. A conta da TVA está no nome da minha mulher, houve divergência de valores nas faturas e o único banco de compensação era o Banco Rural. Nunca disse, diferentemente do que alega o ministro Joaquim Barbosa, de forma maldosa e errônea, que ela tinha ido pagar uma conta. Ela foi resolver um problema na conta da TVA.
     
    Mas ela saiu com R$ 50 mil.
    Ela se identificou, tirou xerox do documento, assinou o recibo e pegou o dinheiro que foi pago ao instituto Datavale, que deu recibo e nota fiscal. Quando a tesouraria do seu partido disponibiliza o dinheiro é errado?
     
    26 de janeiro de 2014
    MARINA DIAS - FOLHA DE SÃO PAULO

    VANDALISMO VOLTA ÀS RUAS DE SÃO PAULO EM ATO CONTRA A COPA

    Ao menos uma viatura da Guarda Civil foi depredada e um veículo particular incendiado. PM detém 128 pessoas
     

     
     
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    Fusca é incendiado durante protestos contra a Copa do Mundo, em São Paulo
    Fusca é incendiado durante protestos contra a Copa do Mundo, em São Paulo - Tiago Chiaravalloti/Futura Press/Folhapress
    protesto contra a Copa do Mundo no Brasil realizado neste sábado em São Paulo teve atos de vandalismo. Ao menos uma viatura da Guarda Civil Metropolitana foi depredada e um veículo particular incendiado na região central da capital. Os ataques foram feitos por mascarados. Segundo informação oficial da PM, 128 pessoas foram detidas.
    Os protestos foram marcados com antecedência pelas redes sociais. A concentração começou na Avenida Paulista, por volta das 15h. Segunda a Polícia Militar, cerca de 500 manifestantes partiram do Masp em direção à Avenida Brigadeiro Luís Antonio, por volta das 17h. Dali, caminharam para o centro.
    Antes de a multidão chegar ao Theatro Municipal, a caminhada seguia pacífica e até alguns black blocs posaram para fotos em frente à faculdade São Francisco, pendurados em estátuas com suas bandeiras pretas com o símbolo do anarquismo. Para impedir que os mascarados se juntassem ao público que visitava uma feira gastronômica em frente ao teatro, a polícia lançou bombas de efeito moral. O mesmo recurso voltou a ser usado perto da rua Martins Fontes, onde uma lixeira foi incendiada.
    Diante da varanda lotada do Theatro Municipal houve gritos de “Ei, burguês, a culpa é de vocês”. Outros gritos de guerra foram entoados ao longo da manifestação, como "Chega de alegria, a polícia mata um por dia" e "Deixa passar a revolta popular". Uma faixa com os dizeres "Sem direitos, sem Copa" foi carregada o tempo todo à frente da manifestação pelos black blocs. 
    Quando a manifestação chegou à rua Xavier de Toledo, na esquina com o Viaduto do Chá, a PM fez um cordão de isolamento para impedir que os manifestantes fossem para a Praça da República, onde aconteceria o principal show do aniversário de 460 anos da cidade de São Paulo. Eles, então, jogaram latas e garrafas contra o público e ao menos duas pessoas ficaram feridas. O tumulto ocorreu no intervalo entre os shows de Paulinho da Viola e Opalas.
    Uma vez no centro, os manifestantes se dispersaram. Por volta das 20h, vândalos quebraram vidros de agências bancárias e a porta de um prédio residencial. Em seguida, atacaram um ônibus e escreveram na lataria do veículo: "tarifa zero."
    Os mascarados colocaram fogo em terminais de atendimento dentro de agências do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco. Houve início de incêndio. Coquetéis molotov foram lançados na direção dos PMs.
    Às 20h10, a PM informou, em sua conta no Twitter, que 1.500 pessoas participavam do ato no centro. Dez minutos depois, a PM descreveu os atos de vandalismo: "Black Blocs colocaram fogo em um Fusca pela Rua da Consolação. Outro grupo tentou tombar viatura da GCM." Passageiros do veículo foram retirados às pressas. O motorista tentou conter as chamas, mas não conseguiu.
    Por volta das 20h45, novamente pelo Twitter, a PM informou que soldados do Choque desciam, em formação, a rua Augusta. "Os vândalos jogam rojões contra a tropa", dizia o texto. Os policiais impediram que os manifestantes caminhassem em direção à Paulista.
    Para fugir do cerco da polícia, armado na altura do número 400 da rua Augusta, cerca de 30 manifestantes se refugiaram no lobby do hotel Linson, onde foram encurralados pelos oficiais. Os policiais liberaram, então, jornalistas e hóspedes e detiveram suspeitos de vandalismo. Os detidos foram levados para o 78º DP (Jardins). 
    O ato foi organizado por vários grupos que participaram dos protestos de junho do ano passado, como black blocs, Assembleia Nacional de Estudantes Livre, Periferia Ativa, entre outros.
    26 de janeiro de 2014
    Mariana Zylberkan - Veja
    (Com Estadão Conteúdo)