O espectro da fraude eleitoral ronda as moderníssimas eleições brasileiras. A frase de defeito seria perfeita para Carlinhos Petralha e Frederico Banqueiro iniciarem a redação do Manifesto Capimunista = uma obra sobre o sistema político e econômico tupiniquim. O incompleto modelo eletrônico de votação, sem possibilidade de auditoria impressa do voto, é a única coisa que pode garantir 101% de chances a favor da reeleição da Presidenta Dilma Rousseff.
Dois motivos colocam nosso modelo eleitoral na vanguarda do atraso democrático. Primeiro, o absurdo voto obrigatório – negação da liberdade individual. Uma massa de ignorantes, manipulável por pressão política, econômica ou pelo desconhecimento sobre o mundo real, é compulsoriamente obrigada a dar uma dedada mágica na urna eletrônica. O ato de pseudocidadania garante emprego bem remunerado aos políticos, por quatro anos (no caso de vereadores, deputados, prefeitos, governadores e o presidente da república) ou oito anos (no caso dos senadores).
O segundo motivo é o sistema eletrônico de votação com resultado final incontestável. Pior que isto é o rótulo dogmático de “100% seguro” imposto pela Justiça Eleitoral. É muito inocência acreditar, piamente, nesta infalibilidade ou confiabilidade total do sistema. Principalmente no País do Mensalão, onde as instituições republicanas funcionam conforme os piores vícios corruptos de uma monarquia absolutista. O governo do crime organizado transforma nossas eleições em um passeio cívico pelo cassino do Al Capone.
Só um político de expressão – justiça histórica lhe seja feita – criticava tal processo. O falecido Leonel de Moura Brizola denunciava uma armação perfeita. Pesquisas de opinião, com resultados duvidosos, indicando a vitória de quem lhe financiasse, ajudavam a abrir caminho para a fraude. Tanto induzindo o eleitor mais ignorante a “votar com o vencedor”. Quanto preparando o terreno psicossocial para a manipulação final do resultado eleitoral. O resultado da pesquisa casaria direitinho com o da votação – o que impediria a contestação do número final.
Esforços hercúleos de defensores da transparência e segurança total do processo eleitoral conseguiram emplacar a chance legal de o voto ser recontado parcialmente. O artigo 5º da Lei 12.034, de setembro de 2009, previa a exigência de impressão dos votos, para posterior conferência, por amostragem, de 2% das urnas de todas as zonas eleitorais. Uma auditoria independente contaria os votos em papel, Assim seria feita uma comparação entre os resultados e os boletins das urnas.
Esse modelo já não seria o ideal. Melhor seria uma auditoria total. O resultado eletrônico pode e deve ser ágil, como é. Mas a posterior conferência poderia acontecer sem tanta pressa. O resultado final só seria homologado, com proclamação definitiva do vencedor, após a conferência pública e independente. O resultado da urna eletrônica teria de coincidir com o do papel. A recontagem valeria para esta eleição de 2014...
O sistema previsto era simples. Após a confirmação do voto, a urna imprimiria o voto. O papel seria depositado automaticamente em um recipiente lacrado. Por que o eleitor não poderia fazer isto, confirmando se o voto foi corretamente atribuído pela maquininha de votação? Tudo bem, não quiseram assim... Afinal, o eleitor é inconfiável... A informática, não?
Agora, o mais grave e triste. Integrantes do movimento do Voto Seguro – liderado pelo engenheiro Amilcar Brunazo Filho - sempre denunciaram a insegurança do nosso sistema de votação, apuração e fiscalização. No entanto, foi a própria Justiça Eleitoral quem sempre criou obstáculos para que o sistema tenha transparência. No dia 6 de novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal – presidido pelo super Joaquim Barbosa - ajudou a sepultar de vez a possibilidade de conferência do voto, por impressão e posterior recontagem por amostragem de urnas.
Em 2011, a Procuradoria Geral da República questionou o modelo. Alegou-se que a impressão do voto geraria um número de identificação associado á assinatura do eleitor. Tal processo comprometeria o princípio constitucional do segredo do voto. O STF, imediatamente, concedeu uma decisão liminar, suspendendo o pedido.
Dois anos depois, neste final de 2013, em plenos festejos pós condenação dos mensaleiros, os ministros do STF decidiram que o voto impresso seria desnecessário, porque a justiça eleitoral já faz auditorias a cada eleição e fica à disposição para fazer recontagens, se isto for requisitado. Curiosamente, nenhum partido político brasileiro, até hoje, pediu a tal recontagem...
Nosso sistema de votação tem falhas. Amilcar Brunazo Filho já denunciou: “Conhecendo todos os procedimentos usados, por força de minha função como representante técnico de partidos junto ao TSE, sei como agentes dos cartórios eleitorais desonestos podem proceder para conseguir a troca de BUs (Boletins de Urnas) usando as próprias urnas para emitirem, com antecedência, BUs falsos, porém aceitos pelo sistema, burlando todos os recursos de criptografia, assinaturas, tabelas, etc. Descrevo os passos desta fraude nos cursos de fiscalização que dou para poder ensinar como se defender. E a única defesa eficaz contra esta fraude de troca de BUs é justamente a coleta de cópias impressas dos Bus, assim que são emitidos nas seções eleitorais”.
País com o antidemocrático voto obrigatório, pesquisas de opinião eleitoral manipuladas e insegurança no processo de votação é capaz de produzir qualquer escatologia política. A dogmática confiança na veracidade absoluta do resultado da votação é o mais doloroso calcanhar de Aquiles do subdesenvolvido regime político tupiniquim.
Sorte nossa é que a eleição de 2014 será comandada pelo jovem ministro do Supremo Tribunal Federal José Antônio Dias Toffoli – que vai presidir o Tribunal Superior Eleitoral a partir do meio do ano. Com o ilustre ex-advogado do PT tocando o processo, o fantasma da fraude eleitoral será apenas o título de um conto ficcional infantil de história em quadrinhos.
O material só não pode ser publicado pela Disney... Afinal, os Irmãos Metralha e o João Bafo de Onça podem pedir para trabalhar na equipe de informática... E o Pateta pode pedir para comandar o processo...
Já passou da hora de os segmentos esclarecidos da sociedade engrossarem a campanha pelo voto seguro. Repito: só o fantasma da fraude eleitoral pode garantir a vitória petralha em 2014.
Leia também: Nosso sistema de votação é seguro?
Piada de brasileiro em Portugal?
Depois da medíocre presença no Fórum Econômico Mundial de Davos, a comitiva presidencial foi curtir as mordomias do poder em Portugal.
O séquito da rainha Dilma ocupou mais de 30 quartos de dois dos hotéis mais caros de Lisboa: Ritz e Tivoli.
Só a suíte onde Dilma ficou tem um custo cerca de R$ 26 mil (8 mil euros).
E no avião não vai nada?
O motivo para a paradinha técnica em terras lusitanas é que o avião presidencial não tem autonomia para ir direto da Suíça para Cuba – sendo a distância entre Zurique e Havana de 8.199 quilômetros.
O probleminha editorial e matemático é que na página oficial da Aeronáutica está escrito que o FAB 001, um Airbus A319 Corporate Jetliner - A319CJ , usado pela Presidência da República, é uma aeronave transcontinental, com autonomia de voo de até 11 mil quilômetros, dependendo do número de passageiros:
"Com sua elevada autonomia de voo, maior que a do A319 comum operado pela TAM, elimina muitas escalas técnicas para abastecimento. Permite voos de Brasília a Paris, a Nova York, a Quebec ou a Washington, sem escalas. Assim, demanda da FAB reduzido apoio logístico".
Defesa para quem precisa...
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
26 de janeiro de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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