"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

PAÍS DO FUTURO


Parece que após décadas como “o país do futuro”, o Brasil está prestes a deixar o título que, para muitos, era motivo de grande orgulho. Infelizmente para os otimistas, deixamos de ser o país do futuro não por ter crescido, mas pela sequência de decepções que nossa economia tem garantido aos que apostaram em nosso desenvolvimento.

O grande problema é que, com o passar do tempo, o descrédito demonstra não ser apenas uma fase, mas uma tendência longe de chegar ao fim
 
É difícil precisar quando o sonho se transformou em pesadelo. Uma das hipóteses indica que a “marolinha” de Lula, ainda em 2008, estaria relacionada não ao impacto da crise, mas ao comportamento que nossa economia assumiria. Desde então, além do crescimento pífio, colecionamos uma série de notícias na mídia internacional reportando as trapalhadas de nossa equipe econômica (essencialmente do jornal Financial Times e da revista The Economist).

O grande problema é que, com o passar do tempo, o descrédito demonstra não ser apenas uma fase, mas uma tendência longe de chegar ao fim. A quebra de Eike Batista, empresário-exemplo, levou consigo a credibilidade do governo brasileiro, o qual não só financiou sua ascensão como utilizava sua imagem para demonstrar o mar de possibilidades de nosso mercado. Além disso, os protestos contra a corrupção excessiva e a ineficiência do Estado em gerir os projetos da Copa do Mundo têm transformado o potencial do evento em uma grande piada. Prova disto está no New York Times desta semana que ironiza a tentativa brasileira de se preparar para o boom turístico sem conseguir, ao menos, traduzir uma placa de trânsito sem cometer erros graves.

É difícil ter algum otimismo neste cenário. Ainda assim, nem tudo está perdido. Como se diz que o primeiro passo para a cura é reconhecer a doença, o ministro Guido Mantega deu sinais de que compartilha, pelo menos em parte, da visão internacional sobre o momento em que o país vive. Cabe rever seu posicionamento, principalmente aquele apresentado em coletivas com a imprensa. Como já afirmei anteriormente, apresentar metas ousadas para, logo após, assumir sua impossibilidade, acaba sendo mais prejudicial do que benéfico. Ainda que o ganho imediato seja notório, a perda de credibilidade pode ser sem volta. Eike que o diga.

Nossos agentes econômicos devem entender que o mercado não é tão bobo quanto o eleitorado. Sua memória não é curta e os investimentos não chegam por benevolência ou altruísmo.
Investe-se em uma economia com credibilidade, que gera retorno e cujos lucros superam os riscos.

Visto a ineficiência endêmica de nossos gestores públicos e seus planos econômicos, cada vez mais passo a concordar com o que Diogo Mainardi escreveu para a Veja ainda em 2004: “com menos direitos para os trabalhadores, menos impostos, menos investimentos públicos e menos programas sociais, o Brasil finalmente conseguiria chegar ao século XVIII. Uns trinta anos de capitalismo selvagem poderiam bastar. Uns trinta anos de Adam Smith”.
Quem sabe a partir daí poderíamos retomar pelo menos o rótulo de “país do futuro”.

11 de novembro de 2013
Joao Victor Guedes

FIM DE CICLO

 

“Não existe essa coisa de sociedade” –a frase célebre, de Margaret Thatcher, era a exposição da crença ultraliberal no individualismo. Situado no polo oposto aparente do thatcherismo, o lulismo compartilha a descrença nessa “coisa de sociedade”: no lugar da coleção de indivíduos atomizados da ex-premiê britânica, nosso presidente honorífico enxerga uma coleção de corporações reivindicantes.

É essa leitura da política que explica a reação indignada do Planalto às críticas sobre a deterioração da situação fiscal do país.
Na visão do governo, os “empresários” –os beneficiários da concessão de desonerações tributárias– comportam-se como traidores quando atiram pedras nas autoridades que protegeram seus lucros. Trata-se de uma forma de autoengano: o recurso habitual para conservar a ilusão num encanto que já desapareceu.

A inteligência política de Lula, cantada em prosa e verso, é uma qualidade real, mas circunscrita às conjunturas favoráveis. Formado no sindicalismo, o presidente honorífico montou seu sistema de poder como uma mesa ampliada de negociação sindical. Trajando o manto do Bonaparte, o governo opera como Grande Negociador, distribuindo benesses aos “setores organizados” em grupos empresariais, máfias políticas, corporações sindicais e movimentos sociais.
A estratégia funcionou, do ponto de vista da reprodução do poder lulista, enquanto o cenário econômico proporcionou recursos para atender às “reivindicações” dos parceiros negociadores. Mas o ciclo da abundância encerrou-se, explodindo a casca frágil do consenso político.

Para derrotar o lulismo, a frente oposicionista precisaria dialogar com os cidadãos comuns
Na “era Lula”, o Brasil esculpiu um modelo econômico impulsionado pelos motores do crédito público e privado e da explosão do consumo. A “etapa chinesa” da globalização proporcionou os combustíveis do modelo: investimentos externos fartos, derivados da elevada liquidez internacional, e altas rendas de exportação, oriundas da valorização das commodities.

A poção mágica diluiu-se com o colapso das finanças mundiais, mas as reservas no tanque permitiram ao governo servir um simulacro aditivado na hora das eleições de 2010. O tanque, agora, está quase vazio: o governo reduz a bolsa-empresário enquanto pressiona o Congresso para fechar a torneira que irriga as corporações sindicais. Sem acesso à substância estimulante, os negociadores se dispersam –e até os fiéis petroleiros ensaiaram uma “traição”.

As “Jornadas de Junho” foram o primeiro sintoma do encerramento do ciclo. Desconcertando o governo, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas para dizer que a sociedade existe –e exige serviços públicos dignos.
O segundo sintoma foi o rearranjo do tabuleiro eleitoral deflagrado pela unificação entre PSB e Rede, uma operação celebrada pelo PSDB. O radar dos analistas ainda não detectou o alcance dos eventos, mas o Planalto entendeu o que se passa. Eduardo Campos e Marina Silva saltaram da condição de alternativas dissidentes à de candidatos oposicionistas, enquanto Aécio Neves admitiu que os tucanos perderam o estatuto de núcleo dirigente da oposição.

Na prática, configurou-se uma frente de oposição tricéfala –e os três aspirantes decidiram que o primeiro turno de 2014 será tratado como uma eleição primária para a escolha do desafiante da oposição unida.

O giro da política monetária americana, previsto para os próximos meses, ameaça provocar uma tempestade perfeita no Brasil, desvalorizando o real e pressionando o botão da inflação. Mesmo assim, Dilma Rousseff (ou Lula da Silva) conserva o favoritismo. O fim de ciclo, por si mesmo, não conduz automaticamente à reversão da fortuna eleitoral. Para derrotar o lulismo, a frente oposicionista precisaria dialogar com os cidadãos comuns: os manifestantes de junho e o país que os apoiou. Os três aspirantes teriam que dizer que “essa coisa de sociedade” existe.

11 de novembro de 2013
Demétrio Magnoli
Fonte: Folha de S.Paulo

A DITADURA DAS MEDIDAS PROVISÓRIAS

 

Marcel
As medidas provisórias (MPs) são debatidas desde 1988, quando inseridas na nova Constituição em substituição aos decretos-lei da ditadura.
A maior dúvida sempre foi se as MPs seriam apenas instrumentos de delegação do poder legislativo do Parlamento ao Executivo, em nome de uma maior eficiência na tomada de decisões governamentais urgentes e relevantes, ou se o Congresso estaria simplesmente se abdicando da sua prerrogativa de legislar. Hoje, porém, as MPs fazem o Parlamento delegar ou abdicar não somente o seu poder legislativo, como também a sua própria função de caixa de ressonância da opinião pública nacional.

Entulhada de MPs – somente em 2013, 23 foram apresentadas –, a pauta do Congresso não anda. E o paradoxo está criado: em nome da eficiência na tomada de decisões, as medidas provisórias tornam a Câmara e o Senado ainda mais ineficientes. Tal ciclo vicioso, retroalimentado pela inoperância de um Parlamento cada vez mais inexpressivo, torna-se especialmente nefasto por MPs utilizadas para abafar e encurtar ao máximo a discussão política no Congresso Nacional.

O caso, nos últimos anos, é muito sério e, a despeito do abuso escancarado da edição de MPs, esse tema específico não parece chamar a atenção. Seja pela delegação ou abdicação de poderes legislativos, as medidas provisórias passaram a significar a subjugação da própria norma constitucional aos caprichos do Executivo. Enquanto a Constituição exige, em seu artigo 62, relevância e urgência para justificar a edição de MPs, já há muito o Executivo ignora tais requisitos para tocar assuntos de seu interesse no Congresso. E, cada vez mais, também os de grande impacto político, frise-se.

A MP 621/2013, referente ao programa Mais Médicos, assinada em 8 de julho de 2013 e aprovada pelo Congresso em 16 de outubro, é o exemplo mais recente dessa tendência. Em declaração à Câmara dos Deputados no dia 4 de setembro deste ano, o médico cubano residente no Brasil Carlos Rafael Jorge Jimenez revelou que colegas seus da ilha de Fidel Castro sabiam do programa já havia, pelo menos, um ano. Por que, então, o programa não foi discutido publicamente no Congresso brasileiro, pelo menos, desde então? E por que não por meio de lei ordinária, como conviria neste caso?

Dada a repercussão que o programa gerou na sociedade logo que foi apresentado em discurso da presidente Dilma Rousseff em junho deste ano, não surpreende que ela tenha estrategicamente optado por assinar uma MP no mês seguinte. O conteúdo de sua proposta foi escondido do grande público por, no mínimo, um ano. E, quando apresentado, já era praticamente irreversível: antes de o Congresso poder avaliar o texto com cuidado, médicos estrangeiros já desembarcavam no país.
Se por um lado a relevância do programa é passível de discussão, por outro, fica claro que o Executivo atrasou ao máximo sua apresentação, tornando a urgência constitucional uma desculpa para a apresentação tardia.

Jamais saberemos se a proposta seria igualmente aprovada se apresentada por lei ordinária, que possibilitaria um maior debate no Congresso. É evidente, contudo, que haveria mais tempo para a discussão pública. E tempo é o que mais abomina um Executivo que tem vocação para a tomada de decisões autoritárias, ou a elas já se acostumou. Instrumento de substituição aos decretos-lei da época da ditadura, as próprias MPs vêm contribuindo para tornar o Brasil uma ditadura das medidas provisórias.

11 de novembro de 2013
Marcel van Hattem

DOCUMENTÁRIO: A GUERRA DE GÊNERO

 
O documentário sueco A Guerra de Gênero, de Evin Rubar, jornalista, é um exame investigativo sobre o feminismo estatal sueco.
Mostra como este movimento está ligado com a alta política sueca, especialmente o poderoso partido social-democrata.

Uma das consequências mais importantes deste documentário foi um inquérito na universidade de Upsala sobre a pesquisa da socióloga feminista Eva Lundgren. Lundgren se livrou das acusações, mas seu trabalho sofreu severas críticas e os fundos de sua pesquisa foram cortados de forma significativa.




11 de novembro de 2013
in liberesfera

A ESCOLINHA DO PROFESSOR LULA

 

Lula vai participar da campanha de Dilma não apenas como o grande eleitor, mas como se ele fosse o candidato à presidência (Foto: Gustavo Miranda / Arquivo O Globo)Lula vai participar da campanha de Dilma não apenas como o grande eleitor, mas como se ele fosse o candidato à presidência (Foto: Gustavo Miranda / Arquivo O Globo)

Está cada vez mais claro que a reeleição da presidente Dilma está nas mãos poderosas do ex-presidente Lula da Silva.

É ele quem dá o tom da campanha, organiza o marketing eleitoral, negocia com os aliados a formação das alianças regionais e conversa com os empresários para quebrar resistências à política econômica e ao estilo da presidente, além de facilitar apoio financeiro à campanha.

Até influenciar decisões estratégicas Lula tem tentado: está mal explicado, por exemplo, o envolvimento do ex-presidente na tentativa do presidente do Senado, Renan Calheiros, de mandar para votação um projeto de autonomia do Banco Central de autoria do senador Francisco Dornelles (PP/RJ).
 
O plano foi abortado depois de demonstrações de desagrado da presidente Dilma, mas havia lulistas envolvidos nele até o pescoço.
 
Por essas e outras, Lula vai participar da campanha de Dilma não apenas como o grande eleitor, mas como se ele próprio fosse o candidato à Presidência.
 
Por estar livre das amarras legais [que limitam atos eleitorais por titulares de cargos executivos], pode aparecer até mais que Dilma nos eventos públicos do PT e aliados

11 de novembro de 2013
in  Política & Economia Na Real

O CASO CHAMPINHA: PROCURADOR QUER LIBERTÁ-LO

A coluna pagará o salário de Champinha se o procurador que quer libertá-lo aceitar como motorista o carrasco de Liana Friedenbach


champinha 2

Champinha tinha 16 anos em novembro de 2003, quando inaugurou a carreira de bandido sem cura com o sequestro de um casal de namorados, vários estupros, sucessivas sessões de tortura e um assassinato a sangue frio, tudo isso em menos de uma semana. Liana Friedenbach também tinha 16 anos quando foi sequestrada em companhia de Felipe Caffé, 19.
Ele foi abatido com um tiro na nuca por um dos integrantes da quadrilha liderada pelo delinquente principiante.
Ela ficou cinco dias em poder de Champinha, que a estuprou e torturou incontáveis vezes – nos intervalos, obrigava a presa a saciar o apetite sexual dos comparsas – antes de executá-la com 15 facadas.

Passados dez anos, Liana (da mesma forma que Felipe) é apenas uma vida que poderia ter sido e não foi. O destino e os códigos legais foram bem mais gentis com Champinha. “Matei porque deu vontade”, informou ao ser capturado. 
Nem por isso lhe faltaria a mão amiga de uma Justiça sempre camarada com feras precoces. A legislação que trata de crimes cometidos por menores de idade é tão misericordiosa com menores que matam quanto inclemente com menores que morrem.
Só é proibida a identificação dos delinquentes. A vítima pode ser exposta sem quaisquer restrições, sem tarjas cobrindo os olhos nas fotos, sem iniciais que escondem o nome completo por trás de iniciais.

Até que o matador chegasse à maioridade, os relatos da imprensa sobre o mergulho no inferno de Liana Friedenbach, ilustrados pela fisionomia suave da menina assassinada, não puderam mostrar o brilho homicida do olhar de Champinha, muito menos revelar o nome e o prenome camuflados por quatro letras: RAAC.  
Trata-se de Roberto Aparecido Alves Cardoso, lembrou neste domingo o programa Fantástico, da TV Globo, que exibiu imagens do meliante que, aos 26 anos, é um dos internos do Unidade Experimental de Saúde (UES),  criada pelo governo de São Paulo.

“Existe o menor infrator e existe uma minoria que é irrecuperável”, pondera o advogado Ari Friedenbach, que hoje prossegue na Câmara Municipal de São Paulo a luta para mudar a legislação absurdamente branda com marginais prematuros.
“Não seria exagero chamá-lo de besta, no sentido demoníaco da palavra”, afirmou o pai de Liana na conversa com o site de VEJA republicada na seção Entrevista. Dele discordam dirigentes de entidades que tentam libertar Champinha desde que completou o limite de três anos de internação na Fundação Casa, antiga Febem.

Esse atentado à sensatez poderá consumar-se ainda neste mês, avisou a reportagem do Fantástico. Basta que a Justiça considere procedente uma ação civil, protocolada em abril passado por uma ramificação paulista do Ministério Público Federal, que pede a extinção da UES, que mantêm distantes da sociedade alguns maiores de 18 anos que cometeram crimes considerados graves e já superaram o tempo máximo de permanência na Casa, mas continuam com o direito de ir e vir interditado por laudos médicos desfavoráveis. Roberto Aparecido Alves Cardoso é um deles.

“Os jovens deveriam ser tratados em instituições de saúde adequadas, segundo os preceitos que norteiam o tratamento de suas moléstias e não em uma instituição que se encontra num ‘limbo jurídico’”, alega a ação subscrita pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão de São Paulo, pelo Conectas Direitos Humanos, pela Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente, pelo Instituto de Defesa dos Direitos de Defesa e pelo Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região.

Pedro Antônio de Oliveira Machado, procurador regional dos Direitos do Cidadão, qualifica de “medieval” o tratamento dispensado aos jovens bandidos. Segundo o procurador, a UES não pode ser considerada penitenciária, nem colônia agrícola, industrial ou similar, nem cadeia pública, hospital de custódia e tratamento ou qualquer outra modalidade de estabelecimento penal. “Os jovens ali internados não estão cumprindo pena decorrente de processo crime”, afirma num trecho da ação.

“O local também não pode ser considerado um hospital, porque não possui projeto terapêutico para tratamento dos jovens internos e os prontuários médicos não são acessíveis aos jovens e seus familiares”, prossegue o arrazoado. 
Embora admita que os reclusos da UES ─ “em caso de necessidade” ─ sejam transferidos para “estabelecimentos inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, como Centros de Atenção Psicossocial III (leitos em internação) e hospitais gerais”, o procurador prefere devolver às ruas Champinha e seus colegas.

“Após o término do período improrrogável de três anos de internação na Fundação Casa, ou ao completar 21 anos, com o esgotamento da competência da Justiça da Infância, deveriam ser postos em liberdade”, argumenta.
“Além de estarem sendo responsabilizados duas vezes pela prática do mesmo ato, a internação compulsória na UES se dá por tempo indeterminado, como se perpétua fosse”. Vários exames feitos nos últimos anos concluíram que Champinha continua tão cruel e perigoso quanto se mostrou naquele novembro de 2003. Mas nada disso parece impressionar o primeiro a assinar a ação.

Caso seja libertado, Roberto Aparecido Alves Cardoso poderia prestar serviços a Oliveira Machado como motorista particular. A coluna se dispõe a bancar-lhe o salário. E topa pagar o dobro se o patrão entregar a Champinha a missão de transportar, entre a casa e a escola, as crianças da família.

11 de novembro de 2013
in coluna do Augusto Nunes

COMISSÃO DE ÉTICA PUNE PRESIDENTE DO CADE.

Ou: O caso Siemens e o petista escondido com o petismo de fora


No Brasil, paga-se um preço pessoal a cada dia mais elevado por
 
a) não se alinhar com a esquerda;
b) não ser petista;
c) não integrar certa aristocracia da opinião, em que só é possível haver discordância entre os que concordam. Se você não é um deles, então tem de ser destruído, chutado. Se escolherem o cão como metáfora para designá-lo, naturalmente não será um beagle…
 
A “direita”, como eles dizem, rosna. Eles, que são herdeiros intelectuais de humanistas como Stálin, Mao e Fidel, bem, eles são uns fofos… Isso um dia passa? Pode ser, mas não é certo. As elites intelectuais de países podem estrar em espirais negativas e não sair nunca mais. Vejam o caso da Argentina. Entre o peronismo (e seus derivados) e gorilas assassinos, pereceu a razão. E fim de papo.
 
Vocês vão entender daqui a pouquinho por que faço essa introdução bastante genérica e, ao mesmo tempo, muito específica. No dia 5 de agosto, escrevi um  post sobre o tal Vinicius de Carvalho, chefe do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que apura a formação de cartel na compra de trens em São Paulo. Parecia evidente que algo por lá não caminhava de forma republicana. Aquele texto trazia um vídeo sobre o dia em que tomou posse, que segue abaixo de novo.
 

 
Retomo

Escrevi, então, o que vai em azul.(…)
Notem a sua [de Vinicus] verdadeira devoção a um outro Carvalho, o Gilberto. A proximidade é de tal sorte que, rompendo com o protocolo, trata o ministro como “você”. Trata-se, mesmo, de uma relação de profunda amizade; (…)
Por que um chefe do Cade recorre a esse tom laudatório para se referir ao “engajamento” de um ministro? “O que você está querendo dizer com isso, Reinaldo?”
Nada de muito misterioso: um órgão técnico como o Cade não poderia, parece-me, estar sujeito a esse tipo de sotaque político. Não é preciso ser um gênio da raça para que se perceba a óbvia influência de Carvalho, o Gilberto — braço operante de Lula no Planalto —, na autarquia.
(…)

É evidente que o vazamento obedece a um propósito político. Sem que a investigação seja tornada pública, a coisa fica como o PT e o diabo gostam, não é mesmo? A suspeita recai genericamente sobre os “tucanos” e suas sucessivas gestões no estado.
Nestes dias em que qualquer grupinho de 20 para a Paulista, o objetivo é fornecer combustível aos protestos de rua em São Paulo. E justamente na área que está a origem das mobilizações de rua: transporte público.
A turma não brinca em serviço. E olhem que o jogo mal começou.

 
Volto a 11 de novembro de 2013

É claro que apanhei mais do que cão sarnento — nem beagle nem rottweiler. “Está querendo ajudar os tucanos… Está defendendo não sei quem…” Não! Pedia, como sempre, cana a quem rouba dinheiro público. Só não endossava que um órgão de estado servisse a um partido político.
 
Depois daquele texto, descobriu-se que que Carvalho tinha sido funcionário do deputado petista Adriano Diogo, que está na raiz da denúncia (leia reportagem) e que continuava filiado ao PT. Tinha omitido tudo isso de seu currículo. Leiam, agora, o que informa Gabriel Castro, na VEJA.com. Volto para encerrar.

*

Presidente do Cade recebe advertência da Comissão de Ética Pública

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu, nesta segunda-feira, aplicar pena de advertência a Vinicius Marques de Carvalho, presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
 
O colegiado considerou que Carvalho agiu de forma inadequada porque, ao assumir o cargo, não se desfiliou efetivamente do PT, conforme revelou o site de VEJA. Além de ter omitido sua filiação partidária, o presidente do Cade escondeu do currículo o fato de ter assessorado o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP).
 
O episódio ganhou importância quando o Cade vazou documentos sobre o cartel nas obras e licitações do metrô de São Paulo – um caso com potencial de prejuízos políticos para o PSDB. A Comissão de Ética considerou que, mesmo após ter pedido ao PT que o desfiliasse, como Carvalho alega ter feito, seria preciso assegurar que o procedimento havia sido realizado – o que não aconteceu.
 
“Vamos imaginar que amanhã ele [presidente do Cade] queira ou alguém o convide para ser ministro do Supremo. Sabe-se que uma das condições é ter reputação ilibada. Será que ele terá depois de uma advertência? É o que eu pergunto. Por enquanto, não respondo nada. Porque isso vai depender do tempo. É uma mancha, sem dúvida nenhuma”, disse Américo Lacombe, presidente do colegiado.
 
Retomo

Atenção! Se ficar comprovada safadeza na compra dos trens, que se punam os culpados, pouco importa a sua coloração partidária. Isso, no entanto, não dá ao PT o direito de transformar o Cade num braço da polícia política do partido.
Desde sempre, e é preciso insistir nesta questão, é um absurdo que as investigações sobre a atuação da Siemens se limitem a São Paulo e ao Distrito Federal (antes de ser governado pelo PT, é claro!).
 
Se tudo se faz em razão de um “acordo de leniência”, cabe perguntar:
 
a) o Cade investiga só o que a Siemens quer?;
b) o Cade investiga só o que é útil ao governo federal?;
c) as duas alternativas anteriores estão corretas?
 
Eis aí: até para os padrões da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, a atuação do sr. Vinicius de Carvalho pareceu imprópria. Os petralhas que encheram de ofensas a área de comentários devem agora enviá-las à comissão. 
 
11 de novembro de 2013
Reinaldo Azevedo

"ESTE BRASIL LINDO E TRIGUEIRO"

 

Faz 110 anos que nasceu o grande Ary Barroso, retratista do Brasil brasileiro, terra do samba e do pandeiro, do coqueiro que dá coco e de fontes murmurantes. Algumas homenagens de agora do nosso Brasil que dá o nome à sua Aquarela:

1 ─ Tiririca, que tinha prometido desistir da política, resolveu se candidatar à reeleição. Seus votos ajudam a eleger outros políticos do PR, do mensaleiro Valdemar Costa Neto, e rendem ao partido, cada um, R$ 3,75, de dinheiro público. Seu slogan é “Sem Tiririca, Brasília mica”. Tiririca, na última eleição, disse que não sabia o que um deputado federal faz. Hoje ele sabe. Parece que gostou.

2 ─ Lembra de Eduardo Gaievski, assessor da ministra Gleisi Hoffmann, indicado para coordenar sua candidatura pelo PT ao Governo do Paraná e preso pela acusação de pagar crianças para fazer sexo? Há mais casos estranhos. Gleisi, quando senadora, nomeou Gláudio Renato de Lima, PT, para assistente parlamentar. Quando virou ministra, seu sucessor, Sérgio Souza, PMDB, o recebeu como herança e o mantém até hoje no Senado ─ embora Gláudio tenha sido condenado em dois processos pela Justiça do Paraná, um por improbidade administrativa, outro por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e concussão. Pedofilia, ladroeira ─ que dedo tem a ministra ─ candidata para escolher assessores!

3 ─ Nerigleikson Paiva de Melo, assessor de Renan Calheiros, acusado de comprar votos, foi demitido do Senado. Quem não tem padrinho morre pagão.

Dos olhos claros de cristal

Há Ary; e há Sílvio Caldas, que celebrou a loirinha, a rainha de seu Carnaval. A folia da rainha vem até hoje: Marli Brambilla e Jaime Dutra Coelho, da cooperativa Coana, de Querência do Norte, Paraná, foram presos, acusados de desviar o dinheiro público destinado à compra de alimentos para creches, escolas e hospitais. Os documentos apreendidos se referem à negociação de repasses da estatal Conab, Cia. Nacional de Abastecimento, com a então senadora Gleisi Hoffmann, hoje ministra, e o deputado federal Zeca Dirceu, ambos do PT paranaense.
Que dedo tem a senadora que virou ministra para escolher interlocutores!

Cada vez aumenta mais

Ary, Silvio Caldas. E Ricardo Frazão, que criou O Cordão dos Puxa-Sacos, marchinha tão brasileira, sucesso há quase 70 anos. Pois a Sra. Luiza Barros elogiou fortemente um discurso da presidente Dilma Rousseff contra o racismo institucional. “Foi um marco no desenvolvimento do país”, disse Luiza Barros.
Quem é Luiza Barros, tão pródiga em elogios a Dilma? É ministra de Dilma.

Me dá um dinheiro aí

Ary, Sílvio Caldas, Frazão. E Homero Ferreira, que compôs o hino dos governantes brasileiros: Me dá um dinheiro aí, sucesso com Moacyr Franco em 1960. Sucesso até na São Paulo de Fernando Haddad, prefeito que nunca deve ter ouvido falar de um artista popular como Moacyr Franco.
Haddad, com apoio de certos vereadores, multiplicou brutalmente o IPTU. O Ministério Público obteve liminar na Justiça contra a escorcha. Haddad deu uma de joão-sem-braço: disse que não tinha sido notificado e publicou o aumento no Diário Oficial. Falhou: a Justiça anulou a publicação. O prefeito Maldadd vai ter de negociar de novo com os vereadores.
Nem é Carnaval, mas ainda vai ouvir muito essa marchinha.

Deixa o barco correr

E, claro, ao lado de todos, entre os melhores, Chico Buarque. A Confederação Nacional dos Transportes divulgou sua pesquisa mensal e estão todos festejando: os governistas porque Dilma continua favoritíssima nas eleições do ano que vem e, no segundo turno, venceria qualquer dos adversários; os oposicionistas porque a avaliação do Governo Dilma caiu de 79 para 39% em seis meses, e porque só 8% dão a sua administração o nível de “ótima” (os tucanos perderam a Presidência quando o índice de “ótimo” de Fernando Henrique era de 23%).
Todos têm motivo para festejar, mas ninguém deveria estar festejando. Falta quase um ano para as eleições e, como ensina Chico Buarque, “deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar”. Hoje, as pesquisas são como cada um quiser, bastando lê-las conforme a vontade do freguês. Há coisas boas para o Governo ─ como a vantagem de Dilma no primeiro turno e sua capacidade de derrotar qualquer adversário no segundo; mas a avaliação de Dilma estacionou de um mês para outro, tendo passado de 38 para 39%. A oposição gosta do pequeno índice de “ótimo”, mas a rejeição a Dilma caiu bem, para 36,5%.
E há a economia: se for bem, Dilma vai bem. Se for mal, Dilma irá mal.

O Pintinho Piu

A lista iniciada por Ary Barroso termina aqui com Erisvaldo da Silva e uma música ingênua, grudenta, O Pintinho Piu. Essa história de pinto falar nunca deu muito certo. Pois nesta semana a Polícia estourou em Cotia, SP, um escritório que cuidava da contabilidade do PCC, o crime organizado. As ordens para os contadores saíam da Penitenciária de Presidente Venceslau, “de segurança máxima”.
Mas é esquisito: o secretário da Segurança Ferreira Pinto, que deixou o cargo há pouco tempo e está hoje na Fiesp, assegurou que o crime organizado tinha sido desmantelado. E, quando o pintinho pia, quem não há de calar-se?

11 de novembro de 2013
Carlos Brickmann

COTAS RACIAIS NO CONGRESSO

Uma Proposta de Emenda à Constituição sem sentido foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça, aquela comissão presidida por um deputado condenado no julgamento do mensalão.

Alguns destaques da notícia:

“A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou nesta quarta-feira (30) uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que reserva vagas para parlamentares de origem negra na Câmara, nas assembleias legislativas e na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Essa cota teria validade por 20 anos, podendo ser prorrogada por igual período.
(…)
O parlamentar afirmou que a medida vai estimular os partidos a lançar candidatos para as vagas reservadas. No Estado de São Paulo, por exemplo, que tem 70 deputados federais, 14 dos eleitos teriam que ser negros. “Um partido como o PT poderia lançar até 28 candidatos para essas vagas”, disse João Paulo.
Na prática, se houver um número de concorrentes inferior ao das cadeiras reservadas, um postulante negro poderia ser eleito até mesmo com um só voto. Os políticos teriam de se declarar negros à Justiça Eleitoral no momento do registro da candidatura.
(…)”

O jornalista Paulo Eduardo Martins fez um comentário sobre isso, mais uma vez sendo firme e indo na raiz da questão. Assista:


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=r2FHrdyuoIk

11 de novembro de 2013
in reaçablog

XIS DA QUESTÃO

China: dilema bambeia entre o controle ideológico e a abertura econômica

No fim de outubro de 2013, a Justiça chinesa confirmou, como era de se esperar, a sentença de prisão perpétua para o ex-dirigente comunista Bo Xilai, marcando a meteórica queda de quem fora, um dia, uma das maiores estrelas políticas chinesas.

Desse modo, o Partido Comunista colocava um ponto final num dos maiores escândalos políticos das últimas décadas. E a figura de proa e esperança da assim chamada “Nova Esquerda” desaparecia atrás das grades.

Mas a política neomaoísta iniciada por Bo Xilai segue viva. Ela encontra continuação e aplicação justamente nas mãos do inimigo político de Bo, o novo presidente e chefe do Partido Comunista Xi Jinping. O pesquisador Sebastian Heilmann, especialista em China da Universidade de Trier, na Alemanha, vê como fundamentalmente novo o fato de se dar seguimento e propagar conceitos, métodos e programas políticos de um homem condenado como criminoso. “O nome do criador, Bo Xilai, é dissociado de seu próprio programa”, afirma Helimann.

Já há algum tempo, observadores vêm registrando uma orientação dos novos líderes políticos em direção ao maoísmo. Um deles é o publicitário Willy Lam, de Hong Kong, que acaba de escrever um livro sobre Xi Jinping. Segundo Lam, desde que foi eleito chefe do partido, em novembro do ano passado, Xi adotou uma linha conservadora, que pode ser caracterizada como maoísta.

De fato, o novo chefe de Estado e de partido evoca o legado de Mao como nenhum outro chefe de Estado desde a morte do “Grande Timoneiro”, em 1976. Xi visitou o memorial de Mao e se posicionou contra o resgate crítico dos crimes e erros catastróficos do líder. Em junho, Xi juntou-se a uma grande “campanha de retificação” no estilo maoísta: durante um ano, o partido deve ser purgado de “extravagância” e corrupção, e ser colocado “em linha com as massas”.
Sete temas considerados tabu

Além disso, a nova liderança partidária também reforçou o controle sobre a ideologia e os meios de comunicação de massa, prossegue o jornalista de Hong Kong, referindo-se em especial ao assim chamado “Documento n° 9″.

Em circulação nos meios partidários de todo o país, essa diretriz adverte enfaticamente contra “sete ameaças” à ideologia estatal – ou seja, temas que não devem ser abordados pela mídia, escolas ou universidades: os valores universais, a sociedade civil, os direitos civis, a liberdade de imprensa, a independência do poder judiciário, os erros do partido no passado e os privilégios dos quadros partidários.

Desde julho de 2013, a mídia vem sendo disciplinada. Segundo a justificativa apresentada no jornal estatal Diário do Povo, como a qualidade do jornalismo vem oscilando, os mais de 300 mil profissionais da mídia precisariam passar por treinamento. Trata-se de “valores essenciais”, a serem veiculados em cursos com vários dias de duração.
 Onda de prisões

Sebastian Heilmann vê nessa mudança para o pensamento maoísta, acima de tudo, um truque retórico. “A liderança política quer ganhar apoio na ala esquerdista da sociedade” – uma meta de grande relevância, enfatiza o especialista, apoiado em pesquisas de opinião chinesas.
“Até mesmo na economicamente próspera província de Cantão, no sul da China, 38% dos entrevistados tendem a posições de esquerda, assim como a uma certa nostalgia de Mao. É também uma questão de justiça social, e essas são forças poderosas, que nenhuma liderança chinesa pode ignorar”, analisa o especialista da Universidade de Trier em face do abismo cada vez maior entre pobres e ricos na China.
 
No entanto, as ações estatais não se restringem à mera retórica: o governo de Xi Jinping enviou para a prisão uma série de dissidentes, entre eles, líderes do chamado “constitucionalismo”. Sua única exigência era que o governo e a administração do país respeitassem os parâmetros estabelecidos pela Constituição chinesa.
 
Perseguidos foram também ativistas dos direitos civis, por exigir nada além da divulgação do patrimônio dos funcionários estatais. E, no entanto, o próprio Xi Jinping declarara a luta contra a corrupção como prioridade. Mas Xi aposta no aparato partidário, e em consequência, segundo Heilmann, “o partido não consegue sair do velho dilema, de que ele próprio é que deve controlar a si mesmo”.
Jogo duplo
 
Do último sábado até terça-feira (12), transcorre a terceira sessão plenária do Comitê Central do Partido Comunista, quando deverão ser apresentados os planos de reforma econômica do novo governo. É esperado um programa mais baseado no consumo interno, numa maior liberdade empresarial, e forma a manter o crescimento econômico.
 
Principalmente, o sinólogo Heilmann espera que seja anunciado um apoio especial para pequenas e médias empresas privadas. Certamente não é o que se possa chamar de política de esquerda, e Heilmann fala aqui de “jogo duplo”. “Na área das reformas econômicas, há um compromisso claro. E no campo da política é tempo de consolidação de poder – e para tal se recorre, justamente, à retórica de esquerda.”
 
Também Willy Lam vê o Partido Comunista entre dois extremos – coisa em que, no entanto, ele já vem se exercitando há bastante tempo: “Desde Deng Xiaoping ['líder supremo' da China de 1978 a1992], há essa separação entre economia e política”, recorda o jornalista de Hong Kong. “A economia pode ser liberalizada até certo ponto, as forças de mercado podem ser introduzidas na economia. Mas na arena política e ideológica segue-se exercendo controle estrito, e opiniões divergentes não são toleradas.” (DW)

11 de novembro de 2013
ucho.info

EFEITO CASCATA

Lula teme pelo desdobramento da briga política entre o pupilo Haddad e o ex-prefeito Gilberto Kassab

Agora lobista de empreiteira e dublê de cabo eleitoral, Luiz Inácio da Silva, o fujão Lula, sabe que são imprevisíveis as consequências das trapalhadas de Fernando Haddad, o incompetente que por um equívoco do eleitorado paulistano chegou à prefeitura da maior cidade brasileira.

Quando decidiu conversar com Haddad para tentar reverter o estrago patrocinado pelo pupilo, Lula já temia que escândalos maiores pudessem vir à tona, levando de roldão a candidatura de Alexandre Padilha, escalado pelo PT para participar da corrida rumo ao Palácio dos Bandeirantes, e o projeto de reeleição da presidente Dilma Vana Rousseff, que já tem problemas de sobra.

Lula tentou explicar ao prefeito de São Paulo o efeito negativo decorrente do aumento do IPTU e da investigação do esquema de fraude ao ISS, mas o temor maior reside na possibilidade crescente de a atuação criminosa dos fiscais quadrilheiros respingar em “companheiros” de partido. Nos primeiros capítulos do imbróglio surgiu o nome de Antonio Donato, secretário de Governo da prefeitura, mas no segundo ato emergiu o de Jilmar Tatto, secretário municipal de Transportes, que na gestão de Marta Suplicy ficou na alça de mira da oposição por conta de um escândalo envolvendo perueiros.
A grande questão é que Haddad não se limitou a investigar o esquema criminoso, mas passou a atirar contra seu antecessor, Gilberto Kassab, que nos bastidores opera como ninguém sua catapulta de maldades. Está mais do que claro que um esquema de corrupção de R$ 500 milhões, podendo chegar a R$ 2 bilhões, não acontece apenas através do conluio de índios, sem que o cacique e o pajé saibam do malfeito.

O medo que impera nas coxias da política é que essa queda de braço entre o PT de Haddad e o PSD de Kassab ultrapasse as fronteiras do bom senso político e migre para a revanche pessoal, Se isso acontecer, com certeza sobrará para todos os lados, atrapalhando os planos de Lula, que sonha em tomar de assalto o governo do mais importante estado da federação.

Lamentavelmente, por interesses políticos escusos, o caso dos fiscais deve perder um pouco de força na esfera da administração municipal, pois foi considerada “lenha na fogueira” a declaração de Fernando Haddad de que outras secretarias teriam participado do esquema criminoso. O problema a partir de agora é tentar convencer o Ministério Público estadual de que tudo não passou de briga de “coxinhas”.

11 de novembro de 2013
ucho.info

MANUAL DO PROPRIETÁRIO

Disputa entre Serra e Aécio reforça o racha no PSDB e turbina o projeto de reeleição da inoperante Dilma

Não deve acabar tão cedo a disputa entre os tucanos Aécio Neves e José Serra pelo direito de concorrer à Presidência da República, em 2014, pelo PSDB. Ex-governador de São Paulo, Serra sabe que o presidente nacional do partido não suporta pressão.

As poucas incursões de José Serra nas últimas semanas foram suficientes para tirar a tranquilidade de Aécio, algo que se tornou evidente para as pessoas mais próximas.

Enquanto José Serra percorria o País discutindo problemas nacionais, sem ataques diretos ao PT, Aécio Neves vinha avançando em sua pré-candidatura, sem dar muita importância ao tucano paulista. Acontece que as últimas pesquisas de opinião apontaram para um cenário desfavorável a Aécio. É verdade que pesquisas não deve ser levadas a sério, mas elas servem para influenciar decisões partidárias.

No momento em que o ex-governador de Minas Gerais pareceu nas pesquisas sem qualquer chance de derrotar a petista Dilma Rousseff, em 2014, Serra se animou e subiu o tom de seus discursos, a ponto de irritar o presidente da legenda.

O grande enigma na corrida eleitoral rumo ao Palácio do Planalto é que até o momento não surgiu um candidato cujo discurso seja capaz de desconstruir a farsa do desgoverno do PT. O que o Palácio do Planalto tem levado aos eleitores de todo o país por meio das propagandas oficiais não passa de um conjunto de efeitos especiais capaz de fazer inveja a Steven Spielberg. Nada do que mostram as campanhas publicitárias do governo é a tradução da realidade.

O grande erro do PSDB foi não aceitar a ideia de realizar primárias para escolher o candidato com mais chances de enfrentar Dilma Rousseff e a bilionária máquina do governo federal, agora a serviço do projeto de reeleição de alguém que ajudou a destruir a economia nacional em apenas uma década.

A briga entre Serra e Aécio só interessa ao PT, que com isso consegue desmontar qualquer eventual reação oposicionista em 2014. O mais interessante nessa epopeia pré-eleitoral é que os índices de aprovação do governo de Dilma Vana Rousseff não batem com os números das pesquisas de opinião sobre a eleição presidencial. E nem isso o PSDB é capaz de discutir com a população de forma crítica e didática.

Nos bastidores do PSDB muitos são os que reconhecem a diferença entre os currículos de Serra e Aécio, mas não tratam do assunto abertamente como forma de evitar o acirramento da disputa.

Segundo apurou o ucho.info, se o PSDB perceber dentro de no máximo três meses que a candidatura de Aécio Neves não tem chances de decolar, a escolha de um novo nome para enfrentar Dilma não causará surpresa. Tal situação já tem levado alguns tucanos a adotarem o discurso de que o projeto do partido é para 2018.

11 de novembro de 2013
ucho.info

TCU PARALISA OBRAS E DILMARIONETT FICA SEM PALANQUE


Após o TCU mandar paralisar uma porrada de obras do PAC I, PAC II e do Pacpariu por causa de irregularidades e superfaturamentos, a presidANTA Dilmarionett Dentuça veio à imprensa amestrada e destilou toda sua "indignação" contra o tribunal.

Entre outras, a presidANTA acha um absurdo a paralisação de obras no Brasil.

O que ninguém percebeu na verdade é que a PresidANTA não está preocupada se as obras vão ser tocadas ou não, acontece que não da para inaugurar obras paralisadas, e em época de campanha eleitoral RE RE RE RE inaugurar obras que foram inauguradas pelo EX presidente Defuntus Trampolineiurus e nunca acabaram dá voto.

E mesmo com a recomendação do TCU a presidANTA vai pressionar para que as obras continuem pois, ela precisa desse palanque.

E enquanto TODOS os que estão no poder passam quatro anos fazendo campanha para permanecerem mais quatro anos fazendo campanha, o país vai perdendo bilhões em falta de infra estrutura e em desvios e corrupção.

A falta de gerenciamento do governo é a prova maior que este país não deve ter empresa estatal.

E em breve veremos a presidANTA inaugurando obras inacabadas que já foram inauguradas nas últimas duas campanhas e o país patinando na mesmice e no atraso.
 
11 de novembro de 2013
omascate

HADDAD PUNE AUDITORA QUE TESTEMUNHOU CONTRA SEU SECRETÁRIO.

Antes do depoimento da auditora, Donato, braço político do prefeito Haddad, já havia sido citado em outros três episódios por envolvidos no esquema do ISS.
 
O prefeito de São Paulo vem tentando usar o escândalo de desvios na prefeitura para passar uma imagem de que estaria implacavelmente a favor da justiça. Haddad, por exemplo, já confessou ter pago do próprio bolso o aluguel de uma sala usada na investigação e prometeu que obrigaria as empresas que participaram do esquema a pagar o que devem aos cofres públicos. Contudo, o problema – já alertamos aqui no Implicante – estaria no momento em que as acusações respingassem em seus aliados. E este momento não demorou a chegar.
Em matéria do dia 06, a Folha destacou que a primeira atitude de Haddad ao ter uma auditoria fiscal sua testemunhando contra seu secretário de governo foi afastá-la do cargo de confiança que possuía:
O prefeito Fernando Haddad (PT) afastou nesta quarta-feira (6) de cargo de confiança a auditora fiscal que reforçou suspeitas da ligação do secretário de Governo, Antonio Donato, com servidores suspeitos de provocar um rombo de R$ 500 milhões na prefeitura.
Em depoimento ao Ministério Público, Paula Sayuri Nagamati disse ter ouvido de um dos auditores presos que houve colaboração à campanha de Donato à Câmara Municipal, em 2008, com “dinheiro fruto da fiscalização”. O caso foi revelado pelo “O Estado de S. Paulo”.
(grifos nossos)
O afastamento ocorreu mesmo com a ciência de que a promotoria não estava investigando a auditora:
Hoje, a prefeitura decidiu afastá-la – apesar de a Promotoria dizer que ela não é investigada pelo caso.
“A Paula Sayuri é testemunha no meu procedimento. Ela sempre foi e está sendo tratada como testemunha. Não existe qualquer acusação formal, qualquer fato imputado a Paula Sayuri que a coloque como investigada no meu procedimento“, disse o promotor Roberto Bodini.
(grifos nossos)
Paula não foi a única a testemunhar contra o secretário Antonio Donato, que já coleciona três citações em toda a investigação:
Antes do depoimento da auditora, Donato, braço político do prefeito Haddad, já havia sido citado em outros três episódios por envolvidos no esquema do ISS.

Em uma interceptação telefônica, Vanessa Alcântara, ex-companheira do auditor Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, também acusado na fraude, afirmou que Donato teria recebido do grupo R$ 200 mil para a campanha.
(grifos nossos)
Haddad, indo de encontro à imagem de justiceiro que vem tentando faturar com todo o acontecido e contrariando as palavras do próprio promotor, não só segue na defesa de seu aliado como faz acusações contra as testemunhas:
O prefeito saiu em defesa do secretário de Governo e atacou as duas mulheres, que não são investigadas.
“É preciso analisar. A fonte é a mesma, a quadrilha. Tanto a Vanessa quanto a Paula fazem parte do esquema e esses agregados estão tentando tumultuar”, disse.
(grifos nossos)
Nem o próprio PT vem conseguindo aplaudir o posicionamento do prefeito. Dilma e Padilha, por exemplo, já vêm, segundo o Estadão, medindo o estrago que essa investigação ocasionará nas alianças para a campanha de 2014:
No Palácio do Planalto, o comentário é que o prefeito age com “egoísmo” e “nunca pensa” se suas decisões vão atrapalhar a reeleição de Dilma ou a candidatura de Padilha. Além de citarem o aumento do IPTU, auxiliares da presidente afirmam que Haddad deveria ter avisado o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD), possível aliado do PT na eleição para a Presidência, sobre a investigação da “máfia dos fiscais”.
(grifos nossos)
Entre a justiça e a governabilidade, os 11 anos de governo petista já provaram do que eles são capazes. AQUI
 
11 de novembro de 2013
Implicante

COMUNISMO: DÉCADAS DEPOIS, AINDA HÁ SENTENÇAS DE MORTE PARA DISSIDENTES

           
          Notícias Faltantes - Comunismo 
Na semana passada – isso mesmo, no anno domini 2013 – a Suprema Corte romena – isso mesmo, a mais alta corte do país – negou o cancelamento de uma sentença de morte emitida em 1974 pelo desprezível Drácula comunista chamado Ceausescu contra um anti-comunista, Constantin Rauta, hoje cidadão americano. Este “traidor” americano cometeu o “crime” de “trair” a criminosa polícia política comunista romena, a brutal Securitate, e ajudar os Estados Unidos a derrotar o mal soviético.

Seria cômico, se não fôsse totalmente devastador para o prestígio internacional da OTAN e da Romênia.
Rauta é um respeitado cientista americano que, nos últimos trinta anos, trabalhou em importantes projetos aero-espaciais americanos.
A sua Romênia natal em breve será protegida por um sistema de defesa contra mísseis balísticos em cujo desenvolvimento, ironicamente, Rauta trabalhou. A construção das instalações americanas para a interceptação de mísseis em Deveselu, Romênia, está programada para terminar em 2014.
Mesmo assim, a não ser por milagre, Rauta continuará sentenciado à morte naquele país.

Em 23 de novembro de 2002, quando os romenos foram informados oficialmente que o seu país tinha assento na OTAN, um arco-íris apareceu no céu de Bucareste. O presidente George W. Bush, em visita à capital romena naquela época, disse à animada multidão “Deus está sorrindo para nós”.
Deus estava realmente sorrindo para a Romênia. D
e um dia para o outro, aquele país, que havia suportado uma longa e negra história de ocupação pelos romanos, otomanos, fanariotas e soviéticos, não precisava mais temer a dominação estrangeira. As armas americanas – algumas projetadas por Rauta – e os soldados americanos – agora aquartelados na Romênia – estão empenhados em defender a integridade territorial daquele país.

Apesar de alguns membros do sistema judiciário romeno parecerem incapazes de encarar o fato do seu país ter sido admitido na OTAN, apesar deles talvez se deslocarem a bordo de limusines importadas dos países da OTAN, nos últimos cinco anos, 6284 pessoas sentenciadas pelos comunistas por, de uma forma ou de outra, ajudar os Estados Unidos e a OTAN a demolir o império soviético pediram o cancelamento das suas sentenças mas apenas três conseguiram – devido à pressão da mídia.

Mais de 500 mil patriotas mortos ou traumatizados pelos comunistas ainda precisam ser reabilitados.
A Romênia pós-Ceausescu foi transformada para melhor de modo sem precedentes. As barreiras erguidas pelos comunistas e pela Securitate durante 40 anos entre a Romênia e o resto do mundo, bem como entre os próprios romenos, estão caindo lentamente. A propriedade privada está aos poucos sendo gradualmente restaurada, e uma nova geração de intelectuais está lutando para desenvolver uma nova identidade nacional.

Em 18 de dezembro de 2006, o presidente romeno condenou o comunismo como “um regime ilegítimo e censurável”, e pediu desculpas àqueles cujas vidas foram destruídas pelo despotismo. Em discurso à nação, explicou que o direito de condenar os crimes comunistas havia sido dado a ele pela “necessidade de fazer da Romênia um país de leis”. O atual primeiro-ministro romeno, ele mesmo um antigo querelante, concordou totalmente.

É hora da Romênia ajudar os seus poucos juízes supremos que ainda vivem no passado a perceber que estão livres porque pessoas como Rauta sacrificaram a sua própria liberdade para ajudar a libertar a Romênia.

A condenação das heresias do passado é, de fato, o passo mais difícil na transição da tirania para a democracia. Na década de 1950, quando eu era representante-chefe da Missão de Negócios romena na Alemanha Ocidental, testemunhei como o Terceiro Reich foi desmantelado, e como a nação se tornou uma Wirtschaftswunder (milagre econômico), responsável por tornar o país a potência líder da Europa. Mas, só em 1998, a Bundestag foi capaz de adotar uma lei cancelando as sentenças emitidas contra Claus von Stauffenberg, líder de um complô para assassinar Hitler, e contra todos os outros alemães que, de um jeito ou de outro, ajudaram os Aliados a lutar contra o nazismo. Horst Heymann, o presidente da comissão Bundestag que inaugurou esta lei, pediu desculpas ao povo alemão pelo fato do parlamento ter demorado 50 anos para chegar àquele ponto. Agora, os alemães combatentes do nazismo são homenageados no grandioso Haus der Geschichte der Bundesrepublik Deutschland, o novo museu de história do país.

Os alemães precisaram de metade de um século para condenar o nazismo porque aquela heresia havia nascido na Alemanha e estava enraizada no seu solo. O comunismo e a sua polícia política não nasceram na Romênia. Foram importadas da União Soviética, e a Romênia não deve esperar pelas novas gerações para repudiá-los.

É hora do presidente romeno, do primeiro-ministro e do parlamento passarem das palavras à ação e darem início a uma lei estilo Heymann para reabilitar – judicialmente e politicamente – as centenas de milhares de anti-comunistas ainda sentenciados à morte na Romênia, vinte anos após o império soviético ter ruído.
Também é hora dos líderes romenos e da mídia tomarem uma decisão fundamental: o que “traição” realmente significa, e quem é, na verdade, “traidor”?

11 de novembro de 2013
Ion Mihai Pacepa, ex-oficial de mais alta patente que desertou do bloco soviético, é autor, com o professor Ronald J. Rychlak, do livro Disinformation.


Publicado no PJ Media.

Tradução: Ricardo Hashimoto