"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A ESTÚPIDA DIPLOMACIA DO ITAMARATY

 
Itamaraty colocou Carlos Antônio Paranhos, que foi embaixador cinco anos na Rússia, para atacar o ex-embaixador americano na cerimônia da sua despedida.
 
Thomas Shannon recebendo Dilma em sua viagem aos Estados Unidos
 
O governo americano considerou "humilhante" o tratamento dado a seu ex-embaixador em Brasília Thomas Shannon, que deixou o cargo quando estourava o escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA). A mágoa da diplomacia americana contribui para azedar o já desgastado clima entre Washington e Brasília, em crise desde que foi revelado que a NSA espionou a presidente Dilma Rousseff. Após deixar o Brasil, em setembro, Shannon foi escolhido para ser o assessor especial do secretário de Estado, John Kerry. Ocupará um cargo estratégico, que já foi de George Kennan, ícone da diplomacia do país.
 
Em seu almoço de despedida no Itamaraty, em 5 de setembro, Shannon foi recebido por um diplomata de terceiro escalão, em vez do ministro, como era esperado. Logo no início do almoço, o embaixador Carlos Antônio Paranhos, subsecretário-geral político 1, puxou um papel e fez um discurso com declarações agressivas, segundo pessoas presentes, referindo-se ao unilateralismo e denunciando indiretamente intervenções militares dos EUA, diante de cerca de 30 pessoas, entre elas embaixadores de Israel e da Croácia.
 
Esses almoços normalmente são uma forma protocolar de o ministério se despedir dos representantes estrangeiros e reconhecer o serviço prestado. O almoço para Shannon, no entanto, não foi nada disso. "Convidar alguém e depois fazer declarações agressivas contra seu país, ainda mais alguém que se esforçou tanto pelas relações bilaterais, é inexplicável", diz uma pessoa presente. "Poderiam ter dito a ele que não havia clima para um almoço, por causa da NSA, e fazer só uma cerimonia íntima."
 
O clima entre os dois países ficou tenso desde a revelação de que a NSA espionava a presidente Dilma, o que levou ao cancelamento da visita de Estado que ela faria a Washington em outubro. Shannon disse a interlocutores ter ficado chocado com o tratamento que recebeu. Ele escreveu uma carta de protesto ao ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo. Figueiredo não respondeu à carta.
 
"Eles o humilharam na frente da esposa dele e dos embaixadores", diz uma fonte do governo americano. Para completar, Shannon não recebeu a comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul, concedida a muitos embaixadores. No governo brasileiro, admite-se que talvez o recado tenha sido excessivamente duro. Mas o contexto era a indignação da presidente com a espionagem, justificam. "A relação com o Brasil é maior que esse episódio, não foi pessoal", diz um integrante do governo brasileiro.
 
'DESAFORO'
 
Para o governo americano, está claro que há um desentendimento sobre a NSA, mas o recado foi dado de diversas formas e não justificava destratar o embaixador. "E não é que Shannon tenha ido para casa pescar. Ele vai ser assessor direto do secretário Kerry, não faz sentido fazer um desaforo desses", diz um integrante do governo americano.
 
Tanto o Itamaraty quanto o Departamento de Estado ressaltam que, abaixo da superfície, há muitas iniciativas bilaterais em andamento, como o Ciência sem Fronteiras, missões comerciais e investimentos. Há disposição para uma reaproximação, mas os países precisam "salvar a face" e se justificar com seus públicos internos.
 
Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff voltou a dizer que espera um pedido de desculpas dos EUA. O Itamaraty argumenta que o ministro Figueiredo não respondeu à carta de Shannon porque esta "não pedia resposta, pois era apenas uma manifestação". "Shannon desempenhou com grande profissionalismo sua missão em Brasília. Diplomata de grande competência e entusiasta do Brasil, é considerado por muitos brasileiros um amigo do Brasil", afirmou o Itamaraty.
 
(Folha de São Paulo)
 
11 de novembro de 2013
in coroneLeaks

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