Deve o partido conduzir o governo ou o governo conduzir o partido? Foi essa a pergunta que poucos tiveram coragem de fazer, nas eleições para a direção do PT, ontem.Unanimidade em torno de um desses pontos de vista não houve, nem haverá.
A reeleição de Rui Falcão para presidente confirmou a prevalência da corrente que subordina o partido ao governo, com a peculiaridade de existirem duas chefias de governo. Uma, formal, expressa por Dilma Rousseff. Outra real, pelo Lula.
Para ambos, no entanto, os companheiros devem constituir tropa a serviço do governo, quer dizer, deles. Notícia não há de haver germinado no partido qualquer das diretrizes praticadas pelo palácio do Planalto. Foi assim desde o primeiro dia do mandato do Lula, como assim vem sendo no período Dilma, mesmo em condomínio com o antecessor.
Rui Falcão acopla-se ao modelo que subordina o PT ao governo. Tarso Genro lidera pequena facção discordante, mas ironicamente segue no Rio Grande do Sul a mesma prática. Lá, o partido presta vassalagem ao governador.
Só por milagre essa equação se inverterá, importando menos a existência de outros partidos além do PT formando na base do governo. Eles também se encontram prisioneiros da dupla Dilma-Lula quando se trata de definir políticas públicas e programas de ação. Perderam até a compostura, empenhados apenas em ocupar ministérios e altos cargos na administração. Seus próprios ministros carecem de iniciativas para gerir os respectivos setores. Da mesma forma como os ministros do PT.
Terá sido Getúlio Vargas, quando escolhido para governar o Rio Grande do Sul, que quebrou a prevalência do partido sobre o governo. Quando o chefe inconteste da política gaúcha e seu antecessor, Borges de Medeiros, apresentou-lhe uma lista com os nomes para as diversas secretarias de estado, o futuro presidente da República atalhou: “dr.Borges, o senhor manda no partido, mas quem escolhe os secretários é o presidente do estado)”.
De lá para cá, o personalismo dos governantes ocupou todos os espaços partidários. Mesmo com o retorno à democracia,José Sarney conseguiu livrar-se gradativamente da tutela do PMDB, melhor dizendo, de Ulysses Guimarães. Uns com menos jeito, como Fernando Collor, outros mais jeitosos, como Fernando Henrique, todos demonstraram que os partidos não impunham diretrizes nem tinham nos presidentes seus serviçais. Muito pelo contrário.
Presumindo-se conforme as pesquisas o segundo mandato de Dilma, nada vai mudar. O PT continuará a reboque, esquecido de seu programa e das antigas propostas dos tempos em que era oposição. E cada vez mais parecido com os demais partidos que um dia desprezou, voltado para a ocupação de fatias não propriamente de poder, mas de benesses. À maneira dos outros, um barco à deriva ou, no mínimo, ligado ao rebocador por uma corda.
11 de novembro de 2013
Carlos Chagas
Para ambos, no entanto, os companheiros devem constituir tropa a serviço do governo, quer dizer, deles. Notícia não há de haver germinado no partido qualquer das diretrizes praticadas pelo palácio do Planalto. Foi assim desde o primeiro dia do mandato do Lula, como assim vem sendo no período Dilma, mesmo em condomínio com o antecessor.
Rui Falcão acopla-se ao modelo que subordina o PT ao governo. Tarso Genro lidera pequena facção discordante, mas ironicamente segue no Rio Grande do Sul a mesma prática. Lá, o partido presta vassalagem ao governador.
Só por milagre essa equação se inverterá, importando menos a existência de outros partidos além do PT formando na base do governo. Eles também se encontram prisioneiros da dupla Dilma-Lula quando se trata de definir políticas públicas e programas de ação. Perderam até a compostura, empenhados apenas em ocupar ministérios e altos cargos na administração. Seus próprios ministros carecem de iniciativas para gerir os respectivos setores. Da mesma forma como os ministros do PT.
Terá sido Getúlio Vargas, quando escolhido para governar o Rio Grande do Sul, que quebrou a prevalência do partido sobre o governo. Quando o chefe inconteste da política gaúcha e seu antecessor, Borges de Medeiros, apresentou-lhe uma lista com os nomes para as diversas secretarias de estado, o futuro presidente da República atalhou: “dr.Borges, o senhor manda no partido, mas quem escolhe os secretários é o presidente do estado)”.
De lá para cá, o personalismo dos governantes ocupou todos os espaços partidários. Mesmo com o retorno à democracia,José Sarney conseguiu livrar-se gradativamente da tutela do PMDB, melhor dizendo, de Ulysses Guimarães. Uns com menos jeito, como Fernando Collor, outros mais jeitosos, como Fernando Henrique, todos demonstraram que os partidos não impunham diretrizes nem tinham nos presidentes seus serviçais. Muito pelo contrário.
Presumindo-se conforme as pesquisas o segundo mandato de Dilma, nada vai mudar. O PT continuará a reboque, esquecido de seu programa e das antigas propostas dos tempos em que era oposição. E cada vez mais parecido com os demais partidos que um dia desprezou, voltado para a ocupação de fatias não propriamente de poder, mas de benesses. À maneira dos outros, um barco à deriva ou, no mínimo, ligado ao rebocador por uma corda.
11 de novembro de 2013
Carlos Chagas
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