"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ORDEM DE CUBA


Dias atrás, deixei no ar uma pergunta: “Forçosamente, muitos destes quatro mil médicos [cubanos] pedirão asilo ao Brasil. Quantos? E o governinho chinfrim, como será que vai agir nesse caso?”

Elio Gaspari respondeu ontem, baseado em uma declaração do Advogado Geral da União Luís Inácio Adams:

O advogado-geral de Fidel Castro

O doutor Luís Inácio Adams informou que os médicos cubanos que vêm para o Brasil não terão direito a asilo político caso queiram se desvincular da ilha comunista. Nas sua palavras: “Me parece que não têm direito a essa pretensão. Provavelmente seriam devolvidos”.

Num país que teve um presidente asilado (João Goulart) e centenas de cidadãos protegidos pelo instituto do asilo, Adams nega-o, preventivamente, a cubanos. Isso numa época em que o russo Vladimir Putin concedeu asilo a um cidadão acusado pelo governo americano de ter praticado crimes e a doutora Dilma tem um asilado na embaixada brasileira em La Paz. Noves fora a proteção dada a Cesare Battisti, acusado de terrorismo pelo governo italiano.

A tradição petista vai na direção desse absurdo. A Polícia Federal já deportou dois boxeadores cubanos durante a gestão do comissário Tarso Genro no Ministério da Justiça. (Ele foram recambiados e fugiram de novo.)

O próprio governo castrista já permitiu a saída de cidadãos para a Espanha. A vigorar a Doutrina Adams, o Brasil transforma-se numa dependência do aparelho de segurança cubano.
 
Visto isso, nada mais próprio que a minha sugestão para uma nova Bandeira do Brasil...
 

26 de agosto de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 
26 de agosto de 2013

 

SANATÓRIO (OU SANITÁRIO) DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Bandidagem criativa


“Uma mentalidade despótica não sintoniza com a nossa. Deve ser um sofrimento para Joaquim Barbosa conviver com a divergência”.

André Vargas, deputado federal pelo PT de São Paulo, ensinando que, na novilíngua lulopetista, “mentalidade despótica” é a expressão que deve ser aplicada a juízes que condenam bandidagens do partido.

Ligações perigosas

“Esses médicos têm emprego permanente. O fato de virem para missão internacional não faz com que o salário deles aumente. É um bônus”.

Alexandre Padilha, ministro da Saúde, informando que os R$ 511 milhões que serão entregues à ditadura cubana até fevereiro de 2014 nada têm a ver com os salários dos 4 mil médicos importados pelo governo brasileiro.

Haja cinismo

“A população quer médicos preparados e humanistas, e não reações rancorosas e medievais da oposição sobre os cubanos”.

José Guimarães, líder do PT na Câmara, patrão do inventor da cueca-cofre e irmão de José Genoino, que neste momento convalesce no Sírio-Libanês de uma cirurgia cardíaca que os médicos importados nem imaginam como é.

A descoberta da década

“Tem muito médico cubano disposto a fazer esse trabalho. Talvez não tenha muito médico austríaco disposto a trabalhar no interior do Brasil nas condições que temos”.

Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores, começando a desconfiar que a Áustria não fica no Caribe, não é controlada por uma ditadura e não admite o tráfico de escravos.

Liberdade obrigatória

“Os médicos cubanos virão voluntariamente. Não é escravidão”.

Jarbas Barbosa, secretário nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, explicando que a ditadura da ilha-presídio permite que todos os cubanos façam espontaneamente o que Fidel Castro quiser.

26 de agosto de 2013
in Augusto Nunes

"E O PT FOI ÀS COMPRAS"

 

Ao longo desses mais de dez anos, o PT nos proporcionou a oportunidade ímpar de testemunharmos a introdução de sua renovada visão democrática, tese defendida desde a Fundação e que acelerou seu desembarque na presidência da República.
Com o objetivo alcançado, durante esse tempo todo quis nos impor a democracia dele, parida no solo árido da egolatria e consubstanciada no desmesurado apego ao poder.

Candidato a latifundiário da política nacional, seu governo exercita um perverso e seletivo modelo de defesa dos direitos humanos, indignando-se apenas quando os direitos ultrajados dos humanos ocorrem em hostes inimigas. Quando os excessos acontecem nos seus quintais ou nos de seus aliados, dentro ou fora do Brasil, dá às costas aos direitos e não consegue definir como humanas as pessoas que padecem sob a violência de governos autoritários e ferozes.

Buscando a qualquer custo uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, jamais demonstrou o menor vestígio de pudor ao bajular ditaduras cruéis e andar de braços dados com governos corruptos e autoritários.
Perfeitamente à vontade, visitou os porões da inconsequência ao tramar a suspensão do Paraguai dos quadros do Mercosul para substituí-lo pela Venezuela, parceira de desmandos e desvarios.

Na visão vesga de seu ministro das Relações Exteriores, a Venezuela é só um tipo diferente de democracia. Ele precisa saber que para os brasileiros de bem, qualquer tipo de democracia diferente é a versão mais ordinária de ditaduras iguais, exercido apenas por democratas de fachada e aplaudido somente por lacaios disponíveis.

Coerente com o seu ideário, sempre defendeu com veemência a pureza democrática de Fidel Castro, um dos mais truculentos ditadores da história recente da América Latina, e patrocinou uma das páginas mais desprezíveis da política internacional ao qualificar de bandido comum o ativista Orlando Zapata Tamayo, que morreu em decorrência da greve de fome em protesto contra a tirania da família Castro. Mostrou a dimensão de sua cumplicidade ao calar-se sobre a investida descaradamente absolutista de Cristina Kirchner contra a imprensa e o Judiciário argentinos.

Definitivamente, a prudência manda que jamais subestimemos a capacidade de acanalhar-se do PT. Com os olhos voltados para as eleições do próximo ano, decidido a reeleger Dilma Rousseff e eleger o governador de São Paulo, mergulhou de vez nas águas revoltas da irresponsabilidade.

Preocupado com o resultado das urnas, demorou mais de uma década para se dar conta da excepcional incompetência de seus gestores incumbidos de oferecer um serviço de saúde digno.

Maquiavélico, fez o que sabe fazer de melhor: terceirizou seu fracasso escolhendo os médicos brasileiros como os vilões da vez, responsabilizando-os pela ruína de sua política de saúde pública representada na espera angustiante dos pacientes por exames laboratoriais que degrada, no calvário das filas nos hospitais que avilta e na perda de 41 mil leitos do SUS nos últimos oito anos, que revolta.

A indigência moral se concretiza nesse asqueroso convênio compactuado com o governo cubano para a importação de 4 mil médicos. É bom esclarecer que nada tenho contra a vinda desses profissionais.

Seria até mesmo um fato corriqueiro se eles viessem por decisão pessoal e soberana, se submetessem às leis do país que escolheram para fixar residência e, depois de aqui instalados, gozassem da prerrogativa da igualdade e da plenitude das liberdades individuais garantidas pela Constituição.

No entanto, a legitimidade se definha ao guardar na sua concepção o apelo eleitoreiro, trazer no seu viés a desconfiança da doutrinação ideológica e tratar seres humanos como mercadoria de propriedade do estado.

Eu estaria agredindo o princípio da honestidade se não considerasse a hipótese de que esses profissionais se apresentaram voluntariamente para a missão em terras brasileiras. Mas a presunção do fulgor ideológico se desmantela no sequestro de suas famílias que permanecerão reféns do governo cubano como moeda de troca de sua lealdade e a garantia de que a propalada devoção a Fidel Castro não vire fumaça no primeiro voo para Miami.

Desgraçadamente, a ditadura castrista usa essa mão de obra como fonte de divisas. Sua commodity mais valorizada é gente. Seus produtos de importação mais bem cotados no mercado internacional são pessoas. Sem o menor trauma de consciência as oferece a quem estiver disposto a comprá-las. O PT estava. E foi às compras.

Por mais que se queira, é praticamente impossível para o cidadão que tem um mínimo de autonomia intelectual permanecer insensível à incompetência testada e comprovada do governo federal e à vocação para o desonesto ─ escancarada na memorável decisão da maioria dos ministros do STF no julgamento do mensalão.

Raro é o bem feito que persevere na administração do PT. Pouco é o que não se corrompa no contato com o petismo. Torna-se difícil até mesmo recorrer à máxima da excepcionalidade.
Veja-se a denúncia mais recente envolvendo o deputado federal paulista Vicente Cândido, que teria oferecido propina a agentes da Anatel para resolver a dívida de 10 bilhões de reais da Oi, resultante de multas aplicadas pela agência.

A obsessão pela hegemonia é da natureza do PT e está gravada em alto-relevo no seu DNA. Só acreditam na sua castidade os crédulos, os cúmplices e os oportunistas. Ninguém além deles.

26 de agosto de 2013
MAURO PEREIRA

"SOBRESSALTOS"

 

No dia seguinte ao mais vigoroso embate entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski durante o julgamento do mensalão, o mundo pareceu vir abaixo no Supremo Tribunal Federal e cercanias republicanas.

Uma semana depois, na última quinta-feira, o colegiado enfrentou várias divergências no exame dos embargos de declaração dos condenados em clima de cordialidade total.

Isso sem que nenhum dos dois contendores tenha retirado uma só palavra, recuado num só gesto ou revisto decisão alguma. Tudo voltou ao normal mediante a articulação de uma saída honrosa para todos: Barbosa baixou o tom, mas reafirmou seu papel de zelador do cumprimento de prazos razoáveis à conclusão dos trabalhos; Lewandowski agradeceu a solidariedade recebida e considerou o caso superado; Celso de Mello, o decano, registrou que a Corte viu gravidade institucional no caso.

E foi só. Vida que segue até a próxima crise. Se é que podemos chamar de crise esse e outros tantos episódios de contraditórios nos Poderes. Legislativo, Judiciário e Executivo se estranham com a mesma frequência com que essas escaramuças são traduzidas com um tom de exacerbada inquietação que não corresponde ao real nível de beligerância dos fatos. Ademais, rapidamente esquecidos.

Basta uma opinião divergente ou um posicionamento diferente do esperado por uma das partes para que se configure a leitura de “crise”. Assim ocorre se um aliado resolve sair de debaixo das asas do governo para tentar voo solo, se a base de sustentação no Legislativo resolve adotar algum grau de autonomia, se o Supremo cumpre seu papel de dar às leis a interpretação ordenada pela Constituição ou se a sociedade sai da apatia e reclama o que lhe é de direito.

Apenas alguns exemplos de uma lista robusta de atos vistos como extraordinários para, em seguida, se incorporarem ao cenário como o que realmente são: expressões da normalidade inerente ao exercício do contraditório.

Anormais, portanto, não são os embates. Fora do prumo é a perda de tempo com o sobressalto que de imediato superdimensiona a realidade, mas em geral cede à interferência do bom senso sem discutir a razão do alarme falso. Isso não é bom: banaliza a gravidade.

De fachada

Quem conhece as artes e as manhas do PMDB desenha duas rotas para o partido em 2014: ou aprova a renovação da aliança com o PT no plano federal e na prática cada Estado apoia quem quiser ou rompe, mas também não se coliga oficialmente com outro candidato à Presidência.

Uma terceira possibilidade está fora de cogitação: a unidade do PMDB em prol da parceria com o PT como ocorreu em 2010 em decorrência da “costura” feita logo após a reeleição de Lula em 2006, quando os pemedebistas recusaram aliança no âmbito federal.

No pleito anterior, em 2002, fecharam com o PSDB, concorreram com Rita Camata como vice na chapa de José Serra e cada seção regional apoiou quem bem entendeu.
Agora, com as relações cada vez mais desgastadas com o governo, a única razão para a continuidade da parceria seria a vaga de vice-presidente que, aliás, já não é considerada no PMDB como uma vantagem tão vantajosa assim.

Convívio

Amanhã faz dois meses que o STF mandou prender Natan Donadon, condenado por desvio de dinheiro público e formação de quadrilha. No presídio da Papuda, em Brasília, ele continua deputado.
No Congresso está suspensa a discussão da chamada PEC dos mensaleiros (torna automática a perda de mandato de parlamentares condenados) aprovada na Comissão de Constituição e Justiça ─ que na semana passada aprovou também a cassação de Donadon, mas remeteu a decisão final ao plenário. Enquanto isso, já refeito do susto de junho, o Parlamento convive bem com o fato de ter um “par” presidiário.

26 de agosto de 2013
Estadão
DORA KRAMER

MANHÃ DE DOMINGO

CONTO

Espiou o céu por uma fresta da quincha. Noite limpa, bueno há de ser o domingo. Não esperou pelos galos. Levantou de manso pra não acordar Joana. Vestiu-se em silêncio. Na cozinha, deu uma enxaguada na boca, apanhou baldes e canecos e se dirigiu à mangueira. As vacas, habituadas ao apojo depois do raiar do sol, protestavam com coices e mugidos. Meio balde de leite se misturou à terra. Juvêncio retribuiu o coice da oveira e sampou-lhe o balde pelas guampas. Não seria uma vaca quem lhe estragaria o domingo. Por segurança, maneou as outras. Até os guaxos se mostravam baldosos. Azar, não beberiam o apojo. Nas pedras da cerca assomou Negrinho, o mais madrugador: “Paiê, quero com bastante escuma!” ao soltar as vacas sentiu-se cristeado, os terneiros mamavam o leite escondido.

Na cozinha, Joana quase sem fôlego assoprava na boca do fogão. A madeira verde resistia ao fogo, as lágrimas caíam pelas bochechas infladas, mentalmente maldizia a gurizada que não havia juntado graveto seco. Quando Juvêncio entrou, derramando leite do balde e canecos, Negrinho ao lado com um bigode branco de espuma, Joana já cuspia fora o primeiro mate.

- Que é que te deu na telha, levantar a esta hora?

Não há vivente que não perca o respeito pelo outro com a intimidade. Até cachorro estranho, quanto mais mulher. Cachorro começa rosnando, é só passar a mão na nuca e já vem lambendo as botas. Mulher também, só que com uma diferença. Em vez de fazer carinho, encrenca. Quando cortejava Joana e pernoitava na casa do sogro, ela surgia acanhada na cozinha, mas cumprimentava com um bom dia mais fresco que ar da manhã. Casou, taí! Já acorda em pé de guerra. Lei da vida. Vai olhando e aprendendo, guri. Todo índio tem sua hora de bobeira. É justo nessa que elas prendem o maula.

Respondeu com um vago “não amola, mulher! Tava sem sono e levantei”. Em verdade, não era bem isso. Chegara tarde da noite, banho de gado em estância grande rebenta qualquer cristão, até os ovelheiros haviam deitado cedo. Caíra na cama sem dar nem ao menos uma areada no cascão dos pés. Acordara mais cedo do que de costume. Nem havia esfregado os olhos, decidira uma troteada até o Aliás Bendigo. Já estava em tempo de pagar os fiados no bolicho. Como Aliás nunca tinha troco, aceitaria umas que outras por câmbio.

Qual seria o nome de pia do Aliás? Havia chegado há muito naqueles pagos, se alguma vez disse o nome a alguém, foi logo esquecido. Com ar de granfa, insistindo nos erres e esses de cada palavra, mal abria a boca dizia “aliás, bem digo!”, daí o nome. Tinha muita plata escondida, juntada não se sabia como. No lugarejo, dinheiro só tinham os estancieiros, e esses jamais pisavam em bolicho. Havia quem falasse em tropeadas noturnas, contrabandos, mas ninguém havia visto nada, só ouvira dizer. E diz-que-diz-que é ocupação de mulher em tarde de mate doce. Falta de assunto. Aliás mourejava de sol a sol, ganhava no arroz e na canha, carneava e distribuía a carne, levava coima do carteado e do osso, era justo que ganhasse o seu. Viver todos vivem, saber viver é que é!

O baio, flete de domingo, ficara preso durante a noite pra adelgaçar. Cavalo no trabalho vira matungo. O baio ficava solto a semana toda, tinha trote faceiro e nervoso. Mesmo velho, conservava o garbo da época em que conhecera Joana. Não fosse o baio, talvez não ganhasse a mulher. Bem aperado, fazia bela figura. O pelegão vermelho já estava desbotado e meio rasgado, as rédeas brancas de brancas só tinham o nome. Nunca as usava em serviço, mas é assim mesmo, índio que casa perde a elegância. Também! Não tem mais precisão de andar arrastando a asa. Pra que elegância, então?

Entre um mate e outro foi afiando a gilete num copo, fez espuma de sabão numa lata enferrujada de sardinha, ajeitou o espelho rachado na cadeira, sentou num cepo, Joana trouxe a bacia com água quente. Negrinho olhava calado aquele ritual todo, Juvêncio forçava a vista pra se afeitar à luz do fogão. Em seguida vai chegar tua vez, guri! E não pensa que barba é privilégio. Barba é maldição que cresce com o sono.

Se afeitava pra quê? Bueno, mesmo casado, um tem que manter certo asseio. Com o rosto ainda sangrando, deu uma aparada no bigode. Uma chama mais viva iluminou o espelho, Juvêncio viu em meio às rachas do cristal um corpo estranho - o seu. Um calafrio lhe percorreu a espinha, devia ser o vento entrando pelas frestas da porta. Ou seria talvez que pela primeira vez olhava seu rosto?

Joana amassava o pão, largava a massa de vez em quando para tomar um mate. Estava arisca.

- Que requintes são esse, até parece que tu vai pra um baile?

Mulher não merece resposta. Negrinho ia guri bom. Via as coisas, aprendia pra si, não falava muito. Madrugava, bom sinal. Os outros ainda roncavam, as nulidades, nem pareciam crias do mesmo pai. Eram mais como filhotes de chupim em rancho de joão-de-barro. Puxaram a algum inútil da família, pois Joana também era despachada.

Secou a gilete - se a gente não seca, enferruja -, despejou a bacia pela janela, uma claridade fria começava a se infiltrar por baixo do carramanchão de glicínias. Com o barulho da água despejada o galo cantou, com um ar de tapeado. O galo do Martim respondeu. Em silêncio tomou mais uns mates, só se ouvia o chiado da cuia seca e Joana sovando a massa. O rancho era pobre, mas visita que chegasse no domingo não podia se queixar de ser mal recebida.

Os anuns começaram a charlar no bambuzal, as corruíras chiavam no oitão da casa. Amanhecia.

Bateu a porta, foi encilhar o baio. Negrinho largou a cuia, saiu atrás como cachorro. Via e aprendia. Esse guri merecia ir pra escola. Os tempos haviam mudado, qualquer rapazote bom nas contas valia mais que um domador. Negrinho mal dava na barriga do cavalo e já encilhava o seu, trepado num tronco. Os arreios ficavam meio frouxos, mas o que importa é a boa intenção.

A crina estava desparelha, Juvêncio deu uma tosada rápida. Encurtou um pouco a cola do baio e, num repente, decidiu sair de cola atada. Por que só solteiro havia de sair com o cavalo de cola atada? Não tá morto quem tá casado!

Pela barriga do animal corriam arrepios, o cavalo todo estava indócil. Negrinho ia alcançando os arreios. Deixou a cincha frouxa, o animal só de cabresto e foi se vestir. O lenço estava encardido, mas vermelho quando encarde é sempre vermelho. Só fica um sebo na linha do cogote, mas isso ninguém nota. A camisa estava recém no terceiro domingo. Bombacha remendada mas limpa, pior se estivesse inteira e suja. Bota lustrada, o problema era meter o pé dentro, acostumado o dia todo nas chinelas. Mas com talco e jeito, não há bota que não sirva. Pé de pobre não tem número.

De espora o baio não precisava, mas enfiou os pés nas cujas. Há muito não se pilchava, queria hoje sair lampeiro, ainda que pela última vez na vida. Enfiou o pala calamaco, que mais não fosse servia pra esconder o nagão. Recheou de balas o dito, nunca se sabe que insolente um vai encontrar no bolicho em dia de cachaceira. Ajustou o sombrero ensebado na cabeça, puxou o lenço vermelho pra fora do pala branco, ajustou o barbicacho logo abaixo do bigode. Devia estar lindo o tipo todo. Resolveu embromar Joana.

Entrou despacinho por baixo do parral, abriu sem bulha a janela da cozinha. Joana virou-se com a luz que entrava, arregalou os olhos de susto.

- Não te reconheci. Tu não vai durá muito.

Mulher agourenta, caramba! Não era à toa que cada vez mais parecia uma coruja. Queria só lhe fazer uma broma e recebia uma respostada daquelas. Ficou até meio sem jeito. Quis fazer um carinho, não pôde. “Bueno, já me vou!” - foi só o que conseguiu dizer.

Enquanto enfrenava o baio, buscou Negrinho com o olhar pelo galpão. Não estava mais lá. Uma revoada de pássaros indicou que já andava caçando pelo eucaliptal. Le traria umas rapaduras. Açúcar é ruim pra dentição, mas mais vale um gosto do que cem pesos. Apertou a cincha, já a cavalo fechou a porteira, saiu a trote manso pelo lançante da coxilha. Na sanga, enquanto o baio tomava água, olhou para trás. Em frente à casa senhorial, se delineava contra o horizonte o cinamomo que dera sombra a tantas gerações. Imóvel contra o céu já claro, suas ramadas mais altas acenavam como que em despedida. Talvez fosse aquela árvore, com sua copa generosa, a causa do empobrecimento e decadência dos Moreiras. Sua sombra convidava sempre para o mate. Pela manhã, batia no portal da casa, o sol já ia alto mas sua sombra era sempre fresca. Depois da sesta, a sombra estava do outro lado da cerca que rodeava o pátio. Quanto namoro não começou com mate doce debaixo daquela ramada!

Já que a água estava quente, os barbados aproveitavam pra tomar um amargo junto com o mulherio. Enquanto isso, a lavoura se enchia de jujo brabo, os alambrados deitavam mal um caturrita pousava no fio de cima. Fosse como fosse, cumprira sua obrigação, a de dar sombra. Se os Moreiras não haviam cumprido a sua, a culpa não era do cinamomo.

Atravessou a sanga pelo passo do vime. Tinha histórias aquele vime. Ali pescara suas primeiras joaninhas (um dia uma Joana o pescou, mas isso já era outro causo), ali possuíra sua primeira ovelha. No tronco deitado à guisa de barranco, cavalgara a primeira égua. E numa tarde quente de dezembro, quando levava os animais pra aguada, encontrou Joana acocorada esfregando roupa nas pedras. Não resistiu, homem não é de ferro. O sabão caiu na correnteza, foi descendo, fazendo borbulhas sanga abaixo.

Largou as rédeas do baio, que partiu num galope suave. A brisa dobrava as abas do chapéu de feltro, o barbicacho se enredava nos flecos do pala. Uma perdiz assustada alçou vôo, interrompida em seu passeio matinal. De um cardo a outro brilhavam babas-de-boi. Em zona de pedregal, os quero-queros mergulhavam com puas e gritos de guerra. Juvêncio galopava com o rebenque apoiado no lombilho, gesto pelo qual os Moreiras eram reconhecidos a léguas. Não que o baio precisasse de mango, no necesita el rebenque el que tiene buen cavallo, diz o paisano, mas em toda cancha de osso sempre há um atrevido implorando um mangaço.

O campo havia mudado, e como! Nos tempos de rapazote, era só se chegar no bolicho e já se sabia onde havia bate-coxa. Tudo tinha terminado, hoje só sobrava jogo de taba e missa no último domingo do mês. Não havia mais churrasqueada em eleição, ninguém dava mais baile pra despachar as machorras. Não havia mais estímulo pra uma penca, já nem se podia matar negro em fandango que a Rural Montada não dava mais folga ao índio. Se um ia calmamente pela estrada, nunca faltava um caminhão ou jipe roncando para atirar o cavalo nas macegas. Qualquer dia o Aliás Bendigo juntava uma boa plata e botava armazém na cidade. E nada mais haveria pra se fazer no domingo. Não era por nada que a rapaziada mais nova se mandava pros povoados.

O cavalo resfolegava, passou pra um trote largo. Ao passar pelo rancho das Tujas, o baio exibiu suas manhas de marchador. Mas as Tujas já tinham se mandado à la cria, há muito o rancho era tapera. A última que ficara se afogou numa cacimba ao saber que tinha doença ruim, ninguém consegue esquecer a infeliz nem beber daquela água. Só o baio não via isso, insistia em ser galante. Mulher da vida só no povo, agora. Os pagos ficavam cada dia mais tristes.

Chegou cedo no bolicho, nenhum cavalo na frente. De longe avistou o Aliás no meio dos eucaliptos, molhando a cancha de osso. Certa volta foi descoberto um pelego enterrado numa ponta. Por mais clavador que fosse o índio, só dava culo. Não saiu morte porque ninguém sabia a quem matar. Ninguém falou nada, mexerico é coisa de china. Mas não houve quem não pensasse no Aliás.

Ao chegar ao palanque, Aliás se aproximou com uma faca e uma chaira.

- Buenas, Juvêncio. Me ajudas a coreá uma vaca?
- Se não for roubada, te ajudo.

Broma de mau gosto. Com três mangangás no peito, Juvêncio Moreira mordeu o pó do terreiro. Cumprida sua sina, o baio voltou ao trotezito pelo caminho real, os estribos balançando na manhã de domingo.



26 de agosto de 2013
janer cristaldo

KAL RAUSTIALA E CHRISTOPHER SPRIGM: COPIAR NEM SEMPRE PREJUDICA A CRIATIVIDADE, ESTIMULA.

Para especialistas em propriedade intelectual, liberdade para imitar muitas vezes resulta em inovação e permite que os pobres desfrutem de símbolos do consumo
 
Demonizada pelos que defendem a ampliação das leis de patentes, a cópia nem sempre é inimiga da inovação. Ao contrário: com frequência, é a mãe da invenção.
 
É o que afirmam dois especialistas em propriedade intelectual, os norte-americanos Kal Raustiala e Christopher Sprigman, autores de "The Knockoff Economy" ("A Economia da Cópia", ainda não editado em português).
 
Remando contra a corrente das críticas à indústria da cópia, sobretudo a da China, eles dizem que há casos de sobra em que a liberdade para imitar resultou em inovação, como nos setores do software e da moda.
 
Leia trechos da entrevista que eles concederam à Folha, por e-mail.
 
 
Folha - A cópia e a criatividade podem coexistir?
 
Kal Raustiala e Christopher Sprigman - A opinião convencional é que copiar é ruim. Já que usualmente é mais barato copiar do que criar, copiar solaparia o incentivo à criação. É para isso que existem as leis de direitos autorais.
Na realidade, porém, copiar nem sempre prejudica a criatividade, e em certos casos até a estimula.
Um grande exemplo é a indústria da moda norte-americana. Nos EUA, é legal copiar designs de moda. Mas isso não impede que os estilistas desenhem coisas novas. Na verdade, a liberdade de cópia gera maior criatividade.
Quando cópias são feitas, o design original se torna uma tendência. Como todos sabemos, as tendências de moda um dia morrem, e o mercado exige novos designs para tomar seu lugar.
A liberdade de copiar faz com que esse ciclo gire mais rápido, dando-nos mais criatividade e opções de estilo.
Muitos outros setores são parecidos. Se compreendermos como o processo de cópia funciona, poderemos criar uma sociedade mais inovadora e criativa.
 
 
Em que casos os direitos de propriedade intelectual bloqueiam a inovação?
Quando dificultam a melhora de uma invenção. Boa parte das inovações ocorre gradualmente. Com o tempo, invenções são alteradas e refinadas para gerar produtos cada vez melhores.
Mas patentes e direitos autorais com termos excessivamente amplos podem tirar de cena os elementos básicos de um projeto ou invenção e, ao fazê-lo, tornar muito difícil ou dispendioso para terceiros a melhora de uma invenção.
 
 
A China é o maior alvo dos críticos. Vocês citariam um exemplo de cópia chinesa que resultou em inovação?
A Xiaomi é uma das fabricantes chinesas de celular com crescimento mais rápido. Criada menos de três anos atrás, a Xiaomi já vendeu 7 milhões de celulares e faturou 10 bilhões de yuans (cerca de R$ 3,8 bilhões). Os celulares da Xiaomi parecem muito familiares, porque o design imita o iPhone.
Superficialmente, a Xiaomi parece ser só mais uma imitadora chinesa. Mas isso desconsidera o aspecto mais importante da ascensão da companhia e uma importante tendência no estilo chinês de "imitação inovadora".
A Xiaomi se tornou uma força na China em parte por se parecer muito com a Apple. Mas seu sucesso na verdade se deve ao fato de ela ser o oposto da Apple.
A gigante americana é famosa pela abordagem "fechada" quanto à tecnologia. A Apple mantém controle fastidioso sobre o design de seus produtos e acredita que sabe melhor que o consumidor o que este deseja.
Enquanto a Apple se comporta de modo ditatorial, a Xiaomi é bastante democrática. Confia muito nas reações dos consumidores.
A cada sexta-feira, a companhia lança atualizações de seu sistema operacional, baseado no Android. Em poucas horas, milhares de frequentadores dos fóruns da empresa sugerem novos recursos e ajudam a resolver defeitos no software.
Assim, a Xiaomi combinou efetivamente o design da Apple e o espírito colaborativo do movimento do software aberto. A Xiaomi é claramente imitadora. Mas também inovadora.
 
 
Os senhores argumentam que a ansiedade dos EUA quanto à pirataria chinesa é "um equívoco". A proteção da propriedade intelectual não é de interesse nacional?
Alguns setores prosperam sem proteção à propriedade intelectual. Ampliar essa proteção não necessariamente significa mais sucesso ou crescimento econômico.
Veja o setor de banco de dados. Nos EUA, os bancos de dados não contam com forte proteção de copyrights. Na Europa a situação é a oposta, devido a uma mudança nas leis na década de 1990.
Mas, nos anos transcorridos desde então, o setor vem crescendo mais nos EUA que na Europa. A questão não é a propriedade intelectual, mas a inovação e o crescimento. A propriedade intelectual pode representar uma barreira para isso.
 
 
Qual é a importância social da liberdade de copiar?
A China continua a ser um país pobre, mas está crescendo com extrema rapidez. Também é uma das nações com mais desigualdade no planeta, ao lado do Brasil.
Em países com alta desigualdade, as cópias dão aos pobres a oportunidade de desfrutar de alguns dos símbolos de uma sociedade de consumo. Assim, as cópias são uma forma de aliviar ao menos em parte as pressões causadas pela desigualdade.
Isso é importante porque explica a resistência chinesa em impedir as cópias.
 
 
A tolerância da população chinesa facilita a prosperidade da indústria da cópia?
"Shanzhai", como é conhecida a cópia de baixo custo na China, significa literalmente "baluarte de bandidos". Mas na China moderna denota um tipo inteligente de cópia que toma um modelo dispendioso e o muda um pouquinho para atender ao consumidor médio.
O governo reconhece esse ponto, considerando alguns dos "shanzhai" como bons exemplos da engenhosidade do povo chinês.
 
 
Em que casos a cópia beneficia o produto original?
Bill Gates tinha razão quando disse que, "se eles pretendem roubar, melhor que roubem o nosso produto". O software, especialmente, é um bem dotado do que economistas denominam "externalidades de rede".
Isso significa que, se apenas uma pessoa usar o Microsoft Word, usá-lo não será útil para você. Mas, se todo mundo em seu escritório usar o programa, ele será muito útil e é mais provável que você opte por ele do que por um formato concorrente.
Assim, permitir cópias expande a fatia de mercado, e isso pode se tornar valioso no futuro, mesmo se as cópias atuais forem piratas.
 
 
Os senhores sugerem que os EUA deveriam levar sua história de pirataria em conta e "relaxar". Por quê?
 
No século 19, os EUA eram grandes copiadores, e a superpotência econômica que reinava no período, o Reino Unido, odiava isso.
 
Mas, com o tempo, todas aquelas cópias terminaram por ajudar muitos britânicos e criaram imenso mercado para bens britânicos. Hoje os EUA se tornaram a maior força para a expansão das leis de propriedade intelectual.
 
Com o tempo, a China seguirá caminho semelhante.
 
Sabemos que países passam a dedicar mais atenção à propriedade intelectual à medida que enriquecem e desenvolvem conhecimentos especializados, mas isso pode tomar muito tempo.
 
Assim, seria sábio que os EUA pensassem no futuro e reconhecessem que a China não mudará assim tão cedo e que copiar não é assim tão ruim quanto muita gente foi levada a crer.
 
26 de agosto de 2013
MARCELO NINIO - Folha de São Paulo
 

BAND-AIDS: GOLPES DE CANETA QUE DÃO A IMPRESSÃO DE QUE AS COISAS ESTÃO RELSOLVIDAS

 

Como é frequentemente o caso, o inicio foi modesto, simplório, despretensioso. Quase irrelevante. Em 1921, Earle Dickson certamente não podia imaginar que sua invenção faria historia.

Earle apenas queria ajudar sua esposa, Josephine, a curar os pequenos, mas frequentes, cortes nos dedos que a afligiam. Notou que a gaze e o esparadrapo utilizados para proteger os ferimentos de sua esposa invariavelmente caiam. Decidiu inventar um curativo que protegeria os pequenos cortes e permaneceria firmemente colado aos dedos. A solução foi colocar um retalho de gaze no centro de uma fita adesiva. Nascia o Band-Aid.

Com o sucesso, Band-Aid virou substantivo e verbo. Passou a ter outros significados. No dicionário, band-aid também quer dizer solução temporária para um problema; ou aquilo que parece ser uma solução mais não tem qualquer efeito concreto.

Por definição, os band-aids da vida servem, e mesmo assim somente em alguns casos, para resolver, de forma temporária, pequenos problemas. A aplicação de band-aids não resolve questões relevantes, nem serve de remédio efetivo para qualquer coisa. Band-aids são soluções temporárias, precárias, ineficazes. Quebra-galhos, mesmo.

Apesar disso, são politicamente atraentes. Os golpes de caneta desfechados na aplicação dos band-aids dão a impressão de que as coisas estão resolvidas. Iludem, ou pelo menos, tentam iludir.

Band-aids vem em muitas formas, e com diferentes nomes. Às vezes se chamam bolsas. Outras vezes, subsídios. Invariavelmente beneficiam poucos à custa de muitos. Em todos os casos, vendem a ilusão de que, em algum lugar, existe um almoço de graça.



Band-aids são cúmplices perfeitos em estratégias cujo único objetivo é empurrar, para um futuro indefinido, mas não necessariamente distante, os problemas com a barriga. Evitam o confronto as causas dos problemas.

Ao fim e ao cabo, aplicações sucessivas e indiscriminadas de soluções temporárias (e ineficazes) a problemas permanentes geram custos, sofrimento e prejuízos. Quando a conta é apresentada, o arrependimento vem.

A má noticia vem acompanhada da constatação de que, de fato, como dita o senso comum, não existe almoço de graça. Band-aids não resolvem.

26 de agosto de 2013
Elton Simões, mora no Canadá.

EVO MORALES, O CHEFE DO ITAMARATY


Esta foto que circula pelas redes sociais diz tudo
O colega Augusto Nunes pertence a um restrito time de jornalistas que é incapaz de escrever um texto capenga, mal redigido, truncando ou ainda tentando arranjar contraditas para exibir-se como imparcial, isento e outras bobagens correlatas exercitadas por contumazes picaretas da comunicação.
 
Augusto vai ao ponto sempre. E não abre mão nem a pau de defender o Estado de Direito democrático, mormente quando se dedica à produção de textos de opinião.
Aliás, o jornalismo opinativo brasileiro deu entrada na UTI no exato instante em que o chefe do mensalão subiu a rampa do Palácio do Planalto. Sobram poucos com coragem de opinar. A maioria se especializou em opinar apenas a favor do governo do PT e seus áulicos. 
 
Portanto, constitui sempre um verdadeiro deleite ler os texto de Augusto Nunes, como este que vou reproduzir abaixo sintetizando a rocambolesca história do Senador boliviano que ficou preso na embaixada brasileira em La Paz. Lembra o vergonhoso caso de Manuel Zelaya, em Honduras.
 
A diferença é que Zelaya usou a sede da diplomacia brasileira em Tegucigalpa como o seu bunker, porquanto é tido como “companheiro”. Já o Senador boliviano, por ser de oposição, amargou um ano de prisão dentro da Embaixada brasileira por ordem de Evo Morales.
Bom, antes disso, esse índio cocaleiro estatizou instalações da Petrobras sob os aplausos de Lula e de seus sequazes.
 
Aqui vai o artigo de Augusto Nunes. Resume tudo com seu estilo inconfundível e revela como o lulismo destruiu a diplomacia brasileira.
Leiam: 
 
Se conseguisse manter na vertical a espinha dorsal, o chanceler Antonio Patriota estaria celebrando desde sábado, a exemplo dos democratas do mundo inteiro, a chegada ao Brasil de um perseguido político asilado há 15 meses numa representação do Itamaraty — e impedido de dali sair pela arrogância de um tirano de ópera-bufa. Como vive de joelhos, Patriota determinou a divulgação da seguinte nota sobre a libertação do senador boliviano Roger Pinto Molina:
 
O Ministério das Relações Exteriores foi informado, no dia 24 de agosto, do ingresso em território brasileiro, na mesma data, do Senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado há mais de um ano na Embaixada em La Paz. O Ministério está reunindo elementos acerca das circunstâncias em que se verificou a saída do Senador boliviano da Embaixada brasileira e de sua entrada em território nacional. O Encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Ministro Eduardo Saboia, está sendo chamado a Brasília para esclarecimentos. O Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis.
 
A nota de hoje do Ministério das Relações Exteriores reflete a crise moral por que passa a diplomacia brasileira”, retrucou o advogado Fernando Tibúrcio, que defende o parlamentar cassado e caçado por Evo Morales. “Ao invés de proteger e prestigiar um funcionário que deveria ser visto como exemplo, alguém que corajosamente tomou a única medida cabível numa situação de emergência, o Itamaraty optou por jogar Eduardo Saboia aos leões. Pior, inviabilizou a sua volta à Bolívia, por razões óbvias de segurança”.
 
Tibúrcio constatou que, na ânsia bajular o lhama-de-franja, o chanceler “não foi capaz nem mesmo de lembrar que a esposa do Ministro Conselheiro Eduardo Saboia, funcionária do Consulado-Geral em Santa Cruz de la Sierra, e os filhos do casal, permanecem na Bolívia”. A nota oficial abjeta confirma que, se dependesse do ministro, a clausura de Pinto Molina se estenderia por muitos meses, ou anos. A sorte do senador é que ainda há no Itamaraty homens que honram o legado da instituição, cultivam valores morais e não desengavetam os direitos humanos apenas quando lhes convém.
 
“Se tudo deu certo, se uma grave questão humanitária foi resolvida,  foi graças aos funcionários da embaixada”, afirma Tibúrcio. Segundo o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores e um dos participantes do resgate de Pinto Molina, a vítima de Evo Morales viajou de La Paz para o Brasil acompanhado por Eduardo Saboia e escoltado por fuzileiros navais que integram o esquema de segurança da embaixada. (Nessa espécie de missão no exterior, militares se subordinam não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação diplomática).
 
Na viagem de 22 horas até Corumbá, a 1.600 km de distância, os dois carros com placas consulares que transportaram o grupo passaram por cinco postos policiais antes de alcançar a fronteira da Bolívia com Mato Grosso do Sul. Já em território brasileiro,  Saboia telefonou para Ferraço. “Ele me disse que não tinha como levar o senador  até Brasília”, relata o parlamentar capixaba. “Tentei falar com o presidente Renan Calheiros e com outras autoridades, sem sucesso. Então consegui um avião e fui buscá-lo e levá-lo para Brasília”.
 
Ferraço confirmou que Sabóia se vinha mostrando crescentemente preocupado com a situação de Pinto Molina: “Ele me disse que advertiu o Itamaraty, porque a situação logo ficaria inadministrável. Molina estava com depressão, sua saúde estava se deteriorando”. Inconformado com o teatro do absurdo, Saboia avisou que, se aparecesse alguma oportunidade, ele próprio trataria de resolver o impasse. “Não sei se o governo acreditou”, diz Ferraço.
 
Não acreditou, grita  a reação repulsiva dos condutores da política externa da cafajestagem. Também surpreendido com a viagem rumo à liberdade do senador que ousou enfrentá-lo, Evo Morales determinou ao Ministério das Relações Exteriores que rebaixasse Pinto Molina a “fugitivo da Justiça”. Se pudesse, o chanceler de Dilma Rousseff já teria deportado o perseguido.  Agora é tarde: por enquanto alojado na casa de Ferraço, Roger Pinto Molina é um asilado político que o governo está obrigado a proteger.
Os democratas venceram mais uma. E terminaram o fim de semana estimulados pela reafirmação de que um Eduardo Paes Saboia vale mais que centenas de antonios patriotas.
 

MÉDICOS CUBANOS ESCAPAM DA VENEZUELA E PROCESSAM CUBA, VENEZUELA E A ESTATAL PDVSA POR IMPOR TRABALHO ESCRAVO EM TRIBUNAL DE MIAMI (EUA)


 PEDEM INDENIZAÇÃO DE MAIS DE US$ 50 MILHÕES.
Médicos cubanos que conseguiram escapar da Venezuela processam Cuba, Venezuela e a petroleira PDVSA em demanda apresentada ante tribunal da Justiça americana, em Miami. Pedem indenização que ultrapassa US$ 50 milhões de dólares.
Sete médicos e um enfermeiro cubanos estão processando Cuba, Venezuela e a PDVSA (a petroleira estatal venezuelana) por conspiração para obrigá-los a trabalhar em condições de “escravos modernos”, como pagamento pela dívida cubana com o Estado venezuelano por fornecimento de petróleo, segundo informação do site venezuelano Noticias24.

Os médicos e o enfermeiro conseguiram escapar, chegando aos Estados Unidos, país que lhes outorgou vistos. Essa ação foi proposta em 2010, todavia adquire importância no momento em que o Brasil inicia contrato similar a esse que suscitou a demanda apresentada nos Estados Unidos. 

Segundo a petição a que teve acesso a agência internacional de notícias Efe, os demandados intencional e arbitrariamente", colocaram os profissionais da saúde em “condição de servidão da dívida” e esses se converteram em “escravos econômicos” e promotores políticos.

A demanda foi apresentada ante um tribunal federal de Miami (EUA) pelos médicos Julio César Lubian, Lleana Mastrapa, Miguel Majfud, María del Carmen Milanés, Frank Vargas, John Doe e Julio Cesdar Dieguez, e o enfermeiro Osmani Rebeaux.

Com esta ação proposta perante a Justiça americana, os demandantes buscam uma indenização que ultrapassa US$ 50 milhões de dólares, revelou Pablo de Cuba, um dos advogados do grupo cubano.

“Queremos estabelecer o precedente da responsabilidade patrimonial dos Estados sobre seus cidadãos. Isto é uma conspiração pré-determinada e dolosa desses governos e da empresa para submeter a trabalho forçado e servidão por dívida a esses médicos”, salientou o advogado.

Na demanda, o advogado Leonardo Aristides Cantón, que lidera a defesa, argumentou que os demandantes viajaram à Venezuela sob “engano" e “ameaças” e foram forçados a trabalhar sem limite de horas na missão “Barrio Adentro” (programa social do chavismo) em lugares com uma alta taxa de delitos comuns e políticos, incluindo zonas da selva e a “beligerante” fronteira com a Colômbia.

Os países, segundo o advogado, uniram-se numa conspiração sem precedentes na história contemporânea, com a única exceção da escravatura na Alemanha nazista, no uso do trabalho forçado.

Sublinhou também que “o convênio dos governos de Cuba e Venezuela constitui uma flagrante confabulação (maquinação) comparável ao comércio de escravos na América colonial".

O governo venezuelano persegue, intima, captura e faz regressar a Cuba os médicos e outros profissionais da saúde que se negam a realizar trabalhos  forçados ou que tentem obter sua liberdade para sair do país sul-americano, segundo consta na petição entregue à Justiça de Miami (EUA).

Os demandantes afirmaram que viviam internados em residências alugadas ou em casas de pessoas ligadas ao regime Venezuela, enquanto trabalhavam sem a devida licença para exercer a medicina na Venezuela violando as leis desse país.

Os médicos e o enfermeiro foram submetidos por funcionários de segurança de Cuba e Venezuela a uma estrita vigilância e controle de seus movimentos, de suas relações, além de serem intimidados e coagidos, segundo consta na petição.

Esta é a segunda demanda por “escravidão moderna” que se interpõe num Tribunal de Miami (EUA).

Em outubro de 2008, um juiz determinou que o estaleiro Curacao Drydock Company pagasse indenização de US$ 80 milhões de dólares a três cubanos que alegaram que foram enviados por Cuba para trabalhar na reparação de barcos e plataformas marítimas de Curaçao sob condições “desumanas e degradantes” para pagar dívidas do Estado cubano.

Os advogados disseram nessa ocasião que a sentença representava a “primeira vez que um tribunal dos Estados Unidos responsabilizou uma companhia que negocia com Cuba por trabalhos forçados e abusos aos direitos humanos incorridos de forma acordada com o regime cubano”.
 

GRAÇAS À ALTIVEZ DO DIPLOMATA EDUARDO SABOIA, O SENADOR BOLIVIANO ESCAPOU DO CERCO ARMADO POR EVO MORALES E PATRIOTA

 


24 de agosto de 2013: Conselheiro da Embaixada do Brasil na Bolívia, Eduardo Saboia chega ao aeroporto de Brasília
 
Se conseguisse manter na vertical a espinha dorsal, o chanceler Antonio Patriota estaria celebrando desde sábado, a exemplo dos democratas do mundo inteiro, a chegada ao Brasil de um perseguido político asilado há 15 meses numa representação do Itamaraty — e impedido de dali sair pela arrogância de um tirano de ópera-bufa.

Como vive de joelhos, Patriota determinou a divulgação da seguinte nota sobre a libertação do senador boliviano Roger Pinto Molina:
O Ministério das Relações Exteriores foi informado, no dia 24 de agosto, do ingresso em território brasileiro, na mesma data, do senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado há mais de um ano na Embaixada em La Paz. O Ministério está reunindo elementos acerca das circunstâncias em que se verificou a saída do senador boliviano da embaixada brasileira e de sua entrada em território nacional. O Encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Ministro Eduardo Saboia, está sendo chamado a Brasília para esclarecimentos. O Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis.
"A nota de hoje do Ministério das Relações Exteriores reflete a crise moral por que passa a diplomacia brasileira”, retrucou o advogado Fernando Tibúrcio, que defende o parlamentar cassado e caçado por Evo Morales. “Ao invés de proteger e prestigiar um funcionário que deveria ser visto como exemplo, alguém que corajosamente tomou a única medida cabível numa situação de emergência, o Itamaraty optou por jogar Eduardo Saboia aos leões. Pior, inviabilizou a sua volta à Bolívia, por razões óbvias de segurança”.

Tibúrcio constatou que, na ânsia bajular o lhama-de-franja [Evo], o chanceler “não foi capaz nem mesmo de lembrar que a esposa do Ministro Conselheiro Eduardo Saboia, funcionária do Consulado-Geral em Santa Cruz de la Sierra, e os filhos do casal, permanecem na Bolívia”.
A nota oficial abjeta confirma que, se dependesse do ministro, a clausura de Pinto Molina se estenderia por muitos meses, ou anos.
A sorte do senador é que ainda há no Itamaraty homens que honram o legado da instituição, cultivam valores morais e não desengavetam os direitos humanos apenas quando lhes convém.


Março de 2013: Senador brasileiro Ricardo Ferraço (direita) visita seu colega boliviano Roger Pinto Molina, asilado na embaixada brasileira em La Paz
 
“Se tudo deu certo, se uma grave questão humanitária foi resolvida, foi graças aos funcionários da embaixada”, afirma Tibúrcio. Segundo o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores e um dos participantes do resgate de Pinto Molina, a vítima de Evo Morales viajou de La Paz para o Brasil acompanhado por Eduardo Saboia e escoltado por fuzileiros navais que integram o esquema de segurança da embaixada (nessa espécie de missão no exterior, militares se subordinam não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação diplomática).

Na viagem de 22 horas até Corumbá, a 1.600 km de distância, os dois carros com placas consulares que transportaram o grupo passaram por cinco postos policiais antes de alcançar a fronteira da Bolívia com Mato Grosso do Sul.
Já em território brasileiro, Saboia telefonou para Ferraço. “Ele me disse que não tinha como levar o senador até Brasília”, relata o parlamentar capixaba. “Tentei falar com o presidente Renan Calheiros e com outras autoridades, sem sucesso. Então consegui um avião e fui buscá-lo e levá-lo para Brasília”.

Ferraço confirmou que Saboia se vinha mostrando crescentemente preocupado com a situação de Pinto Molina: “Ele me disse que advertiu o Itamaraty, porque a situação logo ficaria inadministrável. Molina estava com depressão, sua saúde estava se deteriorando”.
Inconformado com o teatro do absurdo, Saboia avisou que, se aparecesse alguma oportunidade, ele próprio trataria de resolver o impasse. “Não sei se o governo acreditou”, diz Ferraço.

Não acreditou, grita a reação repulsiva dos condutores da política externa da cafajestagem. Também surpreendido com a viagem rumo à liberdade do senador que ousou enfrentá-lo, Evo Morales determinou ao Ministério das Relações Exteriores que rebaixasse Pinto Molina a “fugitivo da Justiça”.
Se pudesse, o chanceler de Dilma Rousseff já teria deportado o perseguido. Agora é tarde: por enquanto alojado na casa de Ferraço, Roger Pinto Molina é um asilado político que o governo está obrigado a proteger.

Os democratas venceram mais uma. E terminaram o fim de semana estimulados pela reafirmação de que um Eduardo Paes Saboia vale mais que centenas de antonios patriotas.

26 de agosto de 2013
Augusto Nunes
 

GRAÇAS À ALTIVEZ DO DIPLOMATA EDUARDO SABOIA, O SENADOR BOLIVIANO ESCAPOU DO CERCO ARMADO POR EVO MORALES E PATRIOTA

 

24 de agosto de 2013: Conselheiro da Embaixada do Brasil na Bolívia, Eduardo Saboia chega ao aeroporto de Brasília
 
Se conseguisse manter na vertical a espinha dorsal, o chanceler Antonio Patriota estaria celebrando desde sábado, a exemplo dos democratas do mundo inteiro, a chegada ao Brasil de um perseguido político asilado há 15 meses numa representação do Itamaraty — e impedido de dali sair pela arrogância de um tirano de ópera-bufa.

Como vive de joelhos, Patriota determinou a divulgação da seguinte nota sobre a libertação do senador boliviano Roger Pinto Molina:
O Ministério das Relações Exteriores foi informado, no dia 24 de agosto, do ingresso em território brasileiro, na mesma data, do senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado há mais de um ano na Embaixada em La Paz. O Ministério está reunindo elementos acerca das circunstâncias em que se verificou a saída do senador boliviano da embaixada brasileira e de sua entrada em território nacional. O Encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Ministro Eduardo Saboia, está sendo chamado a Brasília para esclarecimentos. O Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis.
"A nota de hoje do Ministério das Relações Exteriores reflete a crise moral por que passa a diplomacia brasileira”, retrucou o advogado Fernando Tibúrcio, que defende o parlamentar cassado e caçado por Evo Morales. “Ao invés de proteger e prestigiar um funcionário que deveria ser visto como exemplo, alguém que corajosamente tomou a única medida cabível numa situação de emergência, o Itamaraty optou por jogar Eduardo Saboia aos leões. Pior, inviabilizou a sua volta à Bolívia, por razões óbvias de segurança”.

Tibúrcio constatou que, na ânsia bajular o lhama-de-franja [Evo], o chanceler “não foi capaz nem mesmo de lembrar que a esposa do Ministro Conselheiro Eduardo Saboia, funcionária do Consulado-Geral em Santa Cruz de la Sierra, e os filhos do casal, permanecem na Bolívia”.
A nota oficial abjeta confirma que, se dependesse do ministro, a clausura de Pinto Molina se estenderia por muitos meses, ou anos.
A sorte do senador é que ainda há no Itamaraty homens que honram o legado da instituição, cultivam valores morais e não desengavetam os direitos humanos apenas quando lhes convém.

Março de 2013: Senador brasileiro Ricardo Ferraço (direita) visita seu colega boliviano Roger Pinto Molina, asilado na embaixada brasileira em La Paz
 
“Se tudo deu certo, se uma grave questão humanitária foi resolvida, foi graças aos funcionários da embaixada”, afirma Tibúrcio. Segundo o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores e um dos participantes do resgate de Pinto Molina, a vítima de Evo Morales viajou de La Paz para o Brasil acompanhado por Eduardo Saboia e escoltado por fuzileiros navais que integram o esquema de segurança da embaixada (nessa espécie de missão no exterior, militares se subordinam não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação diplomática).

Na viagem de 22 horas até Corumbá, a 1.600 km de distância, os dois carros com placas consulares que transportaram o grupo passaram por cinco postos policiais antes de alcançar a fronteira da Bolívia com Mato Grosso do Sul.
Já em território brasileiro, Saboia telefonou para Ferraço. “Ele me disse que não tinha como levar o senador até Brasília”, relata o parlamentar capixaba. “Tentei falar com o presidente Renan Calheiros e com outras autoridades, sem sucesso. Então consegui um avião e fui buscá-lo e levá-lo para Brasília”.

Ferraço confirmou que Saboia se vinha mostrando crescentemente preocupado com a situação de Pinto Molina: “Ele me disse que advertiu o Itamaraty, porque a situação logo ficaria inadministrável. Molina estava com depressão, sua saúde estava se deteriorando”.
Inconformado com o teatro do absurdo, Saboia avisou que, se aparecesse alguma oportunidade, ele próprio trataria de resolver o impasse. “Não sei se o governo acreditou”, diz Ferraço.

Não acreditou, grita a reação repulsiva dos condutores da política externa da cafajestagem. Também surpreendido com a viagem rumo à liberdade do senador que ousou enfrentá-lo, Evo Morales determinou ao Ministério das Relações Exteriores que rebaixasse Pinto Molina a “fugitivo da Justiça”.
Se pudesse, o chanceler de Dilma Rousseff já teria deportado o perseguido. Agora é tarde: por enquanto alojado na casa de Ferraço, Roger Pinto Molina é um asilado político que o governo está obrigado a proteger.

Os democratas venceram mais uma. E terminaram o fim de semana estimulados pela reafirmação de que um Eduardo Paes Saboia vale mais que centenas de antonios patriotas.

26 de agosto de 2013
Augusto Nunes
 

"SE O MINISTÉRIO É DO PMDB, TEM DE COLOCAR GENTE DO PARTIDO" - DISSE O DEPUTADO MAURO LOPES (PMDB-MG)

BRASIL - Corrupção


Testemunha da conversa que rendeu ao ministro da Agricultura uma denúncia feita pelo Sindicado dos Fiscais Agropecuários, deputado peemedebista, Mauro Lopes, afirma a VEJA que considera natural ocupar cargos para beneficiar o partido, "indignado" chamou o denunciante de "sindicalista vagabundo"
 
Foto: Antonio Campanato/ABr e Gustavo Lima/Ag. Câmara
O ministro da Agricultura, Antônio Andrade, e o deputado federal Mauro Lopes, ambos do PMDB: tudo pelo partido
 
Na semana passada, o Sindicado Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa) encaminhou à Comissão de Ética da Presidência da República e outros órgãos de Brasília uma denúncia contra o ministro da Agricultura, Antônio Andrade (PMDB). Ela diz respeito a uma conversa entre o ministro, alguns aliados, e um dirigente do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) em Pedro Leopoldo, no interior de Minas Gerais.

O deputado Mauro Lopes estava presente à conversa que gerou a denúncia contra o ministro da Agricultura. Na semana passada, ele apresentou versões diferentes para o episódio.

Primeiro disse que tudo se resumiu a um mal-entendido e que em momento algum o assunto trilhou a discussão sobre privilegiar fornecedores do PMDB. O bate-papo com o coordenador do laboratório teria se limitado apenas ao perfil dos funcionários terceirizados. A ideia era substituir alguns deles por correligionários do PMDB - como se isso fosse a coisa mais natural do planeta.

Depois disso, o parlamentar voltou atrás e negou que o ministro tivesse participado da conversa. A denúncia, segundo ele, é coisa de "sindicalista vagabundo". O deputado Mauro Lopes falou a VEJA:
O que aconteceu em Pedro Leopoldo?
Estávamos lá, eu, o Newton Cardoso e o ministro Antônio Andrade conversando com esse Ricardo, o diretor do laboratório. Aí eu disse: "Vem cá, você está aqui há dez anos, o negócio é o seguinte: agora o ministro é do PMDB. Se o ministério é do partido, então tem de colocar o pessoal no laboratório".
O sindicato diz que o ministro queria mudar os fornecedores.
Isso é coisa de sindicalista vagabundo. O partido queria assumir os contratos dos funcionários terceirizados. A empresa que está lá só tem gente que não é nossa, indicada pelo ex-prefeito da oposição, que foi quem pôs esse Ricardo lá, há uns dez anos. Aí ele deturpou, dizendo que o ministro iria fazer um investimento e que nós queríamos os fornecedores para colocar gente do PMDB.
Para lotear politicamente o laboratório?
Qual o problema? Se o ministério é do PMDB, tem de colocar gente do partido. Olha o PT no governo. Nos ministérios que o partido controla só tem petista. Mas a prefeita de Pedro Leopoldo, que é do PMDB, já reclamou com a gente que no laboratório não consegue mudar nem o jardineiro. Nós somos partidários. Só queremos cuidar de quem é nosso.
O que o ministro disse a respeito?
O Toninho me ligou indignado. Ele não sabe como foi acontecer uma coisa dessas. Agora, eu vou chamar o ministro para tomar uma providência em cima desse camarada, porque a conversa foi só com ele. Então só pode ter sido ele que chamou o sindicato para deturpar o negócio.
Vocês vão responder ao sindicato?
Vou chamar um advogado para processar esse sujeito. Eu fui lá na visita ao laboratório porque me convidaram, porque sou o secretário-geral do partido no estado. Eu não conhecia o laboratório e não sou ligado à agricultura. Sou apenas colega do Antônio Andrade, que é o presidente do PMDB de Minas Gerais.

26 de agosto de 2013
Fonte: Veja
in The Passira News

OS NOVOS ESCRAVOS DO COMUNISMO

Autoridade cubana proíbe médicos de seu país de deixar alojamento militar


Apenas dois dias depois de desembarcarem no Brasil para o Programa Mais Médicos, os médicos estrangeiros tiveram evidências de que os profissionais cubanos não vão desfrutar da mesma liberdade que os demais inscritos no projeto do governo federal. No que foi classificado como o momento mais tenso desde o desembarque dos cubanos em Brasília, a vice-ministra da Saúde de Cuba, Márcia Cobas, deu ordens expressas para que os médicos não deixem os locais onde estão hospedados para fazer qualquer tipo de atividade de lazer.
 
O médicos estão hospedados em áreas militares de Brasília, com acesso restrito. Os homens estão no Alojamento da Guarda Presidencial, e as mulheres, no Batalhão da Cavalaria Montada. No domingo, alguns estrangeiros se aventuraram a passear pelos principais pontos turísticos de Brasília, como a Esplanada dos Ministérios e o Teatro Nacional. Os profissionais arcaram com despesas de táxi e lanche para conhecer a cidade. Convidados, os cubanos não puderam ir ao passeio. Oficialmente, o Ministério da Saúde diz que não há restrições de deslocamento para nenhum profissional.
 
Segundo o relato de médicos, a vice-ministra cubana deu ordens ríspidas para que os profissionais passassem dia e noite estudando o conteúdo programático apresentado pelo governo brasileiro e, em especial, a língua portuguesa. “A ministra deles ordenou ‘vão estudar esta noite, vão estudar português’”, disse ao site de VEJA o médico venezuelano Ankangel Ruiz Medina, formado em Medicina do Trabalho pela Universidad de Oriente.
 
No alojamento, a segregação entre os médicos é evidente. “Os cubanos têm restrições para falar. Conosco mesmo eles não falam muito”, completou Medina. A cubana Maira Perez Sierra, formada em Medicina Geral Integral, negou qualquer problema nos primeiros dias de estadia no Brasil. “Nos receberam com muito boas condições, com muita qualidade, numeraram nossas camas, nossos nomes estavam afixados. Nos trataram muito bem. Tinham internet e telefone à disposição. Não nos sentimos aglomerados”, relatou.
 
Aulas

No primeiro dia oficial de aulas dos médicos estrangeiros e brasileiros com diploma do exterior, houve apenas discursos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e uma espécie de ‘ode’ feita pela vice-ministra cubana sobre a qualidade da medicina na ilha dos Castro. Nesta tarde, a ideia é que pelo menos parte dos profissionais comece a estudar noções de “formação do povo brasileiro”, enquanto os demais médicos cuidarão de questões administrativas e burocráticas, como abertura de contas bancárias e documentação para os profissionais. A aula foi acompanhada por olheiros de associações médicas, que tentam na justiça derrubar a validade do Programa Mais Médicos.
 
Nesta segunda-feira, o representante do Ministério da Educação para o Programa Mais Médicos, Vinícius Ximenes, proporcionou um dos momentos de maior “alívio” aos cubanos. Apesar de serem avaliados por três semanas em programas do governo, os médicos não terão de comprovar proficiência em português após o curso. De acordo com Ximenes, haverá uma avaliação “contínua”, “formativa” e “global”, mas não uma “prova de proficiência”.
 
Após a aula inaugural, médicos cercaram representantes do governo para tirar dúvidas sobre as regiões para as quais podem ser alocados. As perguntas giraram em torno de dúvidas sobre o tamanho e a diversidade de São Paulo, do Pará e do Paraná, que tipo de pessoas moravam nesses estados e como eram as condições de vida nessas regiões.
 
26 de agosto de 2013
Laryssa Borges, na VEJA.com.
Reinaldo Azevedo