"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

SENHORES LEITORES, COMENTEM E ME RESPONDAM, POR FAVOR

 

Sinto asco. Não consigo mais ler jornal e ver os noticiários da televisão. Tudo ou quase tudo é desgraça e destruição, imoralidade, desonestidade, violência e traição. Dá nojo. Abate. Deprime. Consterna. Dá insônia. Revolta. Estressa.  Causa enfermidade. Sinto o Brasil putrefato. O Brasil fede e a sua bondosa, fraterna e ordeira população já não suporta mais esse cheiro repelente e nauseabundo.

Repito a primeira frase do discurso de Cícero contra Catilina (“Quosque Tandem Abutere Catilina Patientiam Nostra?”).
Adequando à nossa situação nacional e federativa: Até quando os que estão no poder abusarão da nossa paciência?. E vejo que não estou só, após ler o artigo de Heron Guimarães publicado hoje, Domingo, dia 16 de Fevereiro de 2014.

Faço perguntas a mim mesmo e não consigo resposta. E isso é inquietante. Por isso recorro aos experientes leitores, que, de forma lúcida e sem paixões, poderão me responder às indagações a seguir, resumidas e selecionadas, tantas e tantas são elas. Por favor, não me deixem sem resposta.

AUMENTO DAS PASSAGENS DE ÔNIBUS, VIOLÊNCIA E MORTE
Todos sofremos com o péssimo serviço prestado no Rio pelas empresas de ônibus. É fato público e notório e que não depende de comprovação. A prefeitura, poder concedente (ou permitente), sabe disso e tem até razões para baixar o preço das passagens. Ou intervir nas empresas. Jamais para aumentar. Mesmo assim, ciente da reprovação maciça dos usuários, desafia e majora o preço. A consequência não poderia ser outra, a não ser manifestações públicas de repúdio e que, desta vez, culminaram com a  morte do cinegrafista da TV Bandeirantes. Me respondam, por que Eduardo Paes, ciente de tudo, porque tudo era previsível, aumentou o preço da passagem, insuflando com isso as manifestações que, não é de hoje, passaram de pacíficas para violentas?

APAGÃO
Disse Dilma, tempo atrás, que o povo brasileiro deveria dar uma gargalhada se alguém de seu governo botasse culpa nos “raios”, em caso de apagão. “Raio não causa apagão”. Disse  também Lobão, o ministro da Energia, que a possibilidade de ocorrer apagão no Brasil era “Risco Zero”. Pois no dia seguinte à fala de Lobão, veio o apagão. E mais: a Autoridade da ONS colocou a culpa no “raio”!!! E ninguém foi demitido. Todos continuam nos seus postos. Respondam-me: por que Dilma não demitiu? E por que ocorreu mais este outro apagão?

PEDRINHAS
Os cárceres brasileiros são os piores do Mundo. A Constituição Brasileira na época do Império (1824) já previa que as cadeias deveriam ser arejadas e limpas, com divisões para detentos de baixa, média e alta periculosidade, com o objetivo da ressocialização do condenado. Mas se Graciliano Ramos renascesse hoje, diria ele que nada mudou, mais de 50 anos depois de ter escrito Memórias do Cárcere
Nas masmorras do pais, estão homens aniquilados, na dependência arbitrária de um anão irresponsável, de um criminoso boçal. Na imensa porcaria, duzentos indivíduos postos fora da sociedade achatavam-se numa prensa, ódio em cima e embaixo” (2º volume, página 177). Me respondam, por favor, por que o Estado não investe na recuperação daquele que contribuiu para o desequilíbrio social?.
É um munus que a coletividade lhe impõe. É da sua própria natureza. É da sua função orgânica. O condenado, enquanto preso e no cumprimento da pena, sabe que está sob a proteção e guarda do Estado. E continua com todos os direitos do ser humano. Por que a cada ano, a cada década, as cadeias pioram e o presidiário não é ressocializado?
 
ADRIELLE – Adrielle é aquela menina atingida na cabeça por uma chamada “bala perdida”. No Salgado Filho, o neurocirurgião Dr. Adão faltou ao plantão. Transferida para o Souza Aguiar, agonizou 11 dias e morreu. Seus pais ficaram 11 dias e 11 noites na porta do hospital.
Ora sentados num banco, ora num degrau de escada. Suas lágrimas secaram. Todos os dias as televisões mostravam os dois, magrinhos e sofridos, chorando muito. E ninguém foi lá afagá-los, confortá-los. Ninguém foi buscá-los. Nenhuma autoridade foi lá. Nem o bispo. Por que, respondam-me?
 
AS PMS ASSASSINADAS NAS UPPS
Bandidos assassinaram duas jovens policiais-militares  nas  sedes das Unidades de Polícia Pacificadora. Os crimes foram noticiados com destaque. Infelizmente também não vi e não li notícia de que qualquer autoridade tenha ido confortar seus familiares, que sofreram e sofrem. Por que?
 
APOSENTADOS E PENSIONISTAS DO INSS/RECADASTRAMENTO  
O governo federal, certamente por causa do ano eleitoral, prorrogou até 31 de Dezembro de 2014 o recadastramento de aposentados e pensionistas do INSS. É preciso comparecer até à agência mantenedora do benefício para fazer o recadastramento. Quem não pode comparecer deve ser representado por procurador.
Mas o INSS está exigindo procuração por instrumento público. Isso obriga o comparecimento em cartório para lavrar a procuração, nunca por menos de R$ 250,00. Se não pode ir ao cartório de ofício de notas (que é o caso da maioria) então é o tabelião que deve ir até a casa do aposentado ou pensionistas para lavrar a procuração, com preço em torno de R$ 500,00 a R$ 1.000,00!!!! Pra mim isso é uma barbaridade.
Que me diz o prezado e experiente leitor? Por que isso acontece?
Agradecidamente a todos que me responderem.

PROCURADORIA REABRE CASO RIOCENTRO, MAS 9 ACUSADOS JÁ MORRERAM

 

A mais completa investigação sobre o atentado que mudou a História recente do país pode levar cinco militares, três deles generais, e um delegado ao banco dos réus.
Após quase dois anos de trabalho, os procuradores da República do grupo Justiça de Transição, que apura os crimes políticos do regime militar, denunciaram seis envolvidos na explosão de uma bomba no estacionamento do Riocentro, na noite de 30 de abril de 1981, quando um show em homenagem ao Dia do Trabalho reuniu no local cerca de 20 mil pessoas, a maioria jovens.

O atentado não apenas provocou a morte instantânea do sargento Guilherme Pereira do Rosário, do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI-1), que carregava a bomba, como abortou a tentativa que os bolsões radicais faziam para deter o processo de abertura política durante o governo do presidente João Figueiredo (1979-1985).

Para denunciar o então capitão Wilson Luiz Chaves Machado, parceiro do sargento na ação e dono do carro onde a bomba explodiu, e outros cinco acusados de envolvimento no atentado, os procuradores produziram 38 volumes de documentos e 36 horas de gravações de depoimentos em áudio e vídeo.
QUATRO NOVOS SUSPEITOS

Dos seis nomes, quatro nunca haviam aparecido como suspeitos. Um deles é o general reformado Edson Sá Rocha, chefe da Seção de Operações do DOI em 1981. Ele é acusado de ter defendido, um ano antes, um plano de explosão de bombas em outra edição do show do Riocentro.

A denúncia também responsabiliza os generais reformados Newton Cruz — na época, chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI) e indiciado no inquérito que reabriu o caso em 1999 — e Nilton Cerqueira (então comandante da Polícia Militar fluminense), o major reformado Divany Barros (agente do DOI-I) e o ex-delegado capixaba Cláudio Guerra. Além dos denunciados, o grupo identificou mais nove autores, todos já falecidos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGÉ meritória a atuação da Procuradoria. Tantos anos depois, traz fatos novos, como quatro coautores do inacreditável crime, que não é atingido pela Lei da Anistia, que é de 1979, enquanto o atentado do Riocentro ocorreu em 1981. Seria maravilhoso ver o desonroso Capitão Wilson Machado na cadeia, junto com os mandantes. (C.N.)

ESGOTAMENTO BRASILEIRO

 

 

 

Estamos nós, cidadãos brasileiros, em situação de esgotamento. Já estamos dando sinais de que a cabeça não trabalha bem, e quando isso ocorre o corpo também falha. Somos hoje seres doentes, maltratados por um estado de coisas que nos pressiona e que nos empurra, por meio de uma toada lenta, sádica e masoquista, para uma espécie de tripalium.
 
Somos vítimas de nós mesmos, de nossa consciência distraída e de um país em que não só os extremos, mas o seio da sociedade se perde em colapso. Os nossos direitos estão se evaporando e só temos os deveres cobrados se eles forem para fazer os acertos com o fisco.

A leniência faz parte dos três Poderes da República e os transforma em um conjunto esquizofrênico e estéril. Eles não têm mais o controle da situação.
Em ruas, escritórios ou em repartições públicas as pessoas não se entendem. Encontramo-nos de pé, fatigados, em uma torre de babel apertada e encalorada. As forças estão se exaurindo.

Toma conta de nós uma raiva contida, silenciosa, que, guardada, transforma-se em ressentimento. Somos, então, pessoas ressentidas, sem expectativa de dias melhores, o que faz a paisagem de nosso mundo ficar mais feia, mais cinza.

Faltam-nos gentileza, competência, vontade e uma certa porção de “raiva” boa, aquela que provoca mudanças de fato. Reações que não nos ressentem, mas que nos alertam.
E esse esgotamento do brasileiro como cidadão, do Brasil como nação, não traz somente prejuízos imediatos. Traz consigo a falta de esperança, o que de pior pode existir para uma pessoa, uma gente, um país.

PAÍS PARALISADO

O Brasil parece mais um barco remendado no meio do oceano, sem vento para soprar suas velas, seja para qual direção for.
O fim de um cansativo dia de trabalho não é mais motivo para irmos embora e recarregar nossas forças com os bons fluidos da família, que, também já intoxicada por notícias ruins proliferadas por todo tipo de ferramenta, esgota-se aos poucos, deixando às crianças o abandono e a falta de amparo.

Resta-nos, neste universo em desespero, nos contentar com o fato de que a desgraça do outro é maior do que a nossa.
Viver no Brasil, nos dias de hoje, não é somente sobreviver a tiroteios, enfrentar congestionamentos, ser roubado nas ruas e surrupiado em conchavos de gabinetes políticos. Não é mais ter que aceitar a precariedade da saúde e a falta de educação de mínima qualidade.

Ser brasileiro, sem sentir vexame, é ter a habilidade, quase transcendental, de se despir de todo o mal que a própria sociedade cria e se reinventar. Só um novo advento é capaz de mudar as coisas. Fiat lux!

(transcrito de O Tempo)

16 de fevereiro de 2014
Heron Guimarães

DIGA ISSO NÃO, MINISTRO JOAQUIM BARBOSA!!!


“Mas é o PT antigo, não esse PT de hoje, tomado por bandidos, pela corrupção. Em termos de ideias, seria o PT de antes da candidatura do Lula.”
Joaquim Barbosa, em entrevista à Veja, revelando que o partido com o qual mais se identifica é o PT “das antigas”.

Diga isso não, chefia! Esse troço já nasceu podre e sem perspectivas, a não ser a de tomar o poder a qualquer custo. Só não viu quem não quis.
A transformação em quadrilha era inexorável, visto que a meia dúzia dos fundadores bem-intencionados trataram de pedir o boné rapidinho.

Aliás, ministro, o senhor, mais do que ninguém, sabe disso, já que mandou Dirceu, Genoíno e Cunha, petistas “históricos”, para seus lugares de direito.
Afinal, me diga quem, honesto e em plena posse das suas faculdades mentais, pode achar viável um partido com a seguinte sequência de presidentes, desde a sua fundação:

Luiz Inácio Lula da Silva (1980-1994)
Rui Falcão (1994 e desde 2011 até agora)
José Dirceu (1995-2002)
José Genoíno (2002-2005)
Tarso Genro (2005) (interino)
Ricardo Berzoini (setembro de 2005 a 6 de outubro de 2006 e 2 de janeiro de 2007 a 2010)
Marco Aurélio Garcia (6 de outubro de 2006 a 2 de janeiro de 2007)
José Eduardo Dutra (2010-2011)

Fala sério!

GOVERNADOR PROÍBE DROGA, PREFEITO FINANCIA CONSUMO

Decididamente, a polícia é a última a saber dos crimes. Não se espera que seja a primeira. Os primeiros são criminoso e vítima. Mas não devia ser a última. O caso do mensalão - que segundo o promotor Pedro Abi-Eçab, em entrevista para o Estadão de hoje, mostra que “deixam de existir intocáveis, o patrimônio do povo passa a ser resguardado, os mecanismos de poder se alteram” – não foi revelado pelo Ministério Público ou pela polícia, mas pela Folha de São Paulo. Não fosse uma entrevista da jornalista Renata lo Prete, no distante 2005, até hoje os mensaleiros estariam comprando leis.

Quando se trata de drogas, polícia e governo só se mexem depois de ler os jornais. Foi preciso que o Estadão revelasse hoje uma nova cracolândia no centro da cidade, para que Geraldo Alckmin descobrisse que há uma feira de drogas mais sofisticada na capital, a quatro quadras da Avenida Paulista.

O jornal flagrou ação de traficantes que abordam adolescentes na Rua Peixoto Gomide para vender maconha, cocaína, LSD e ecstasy, em reportagem com fotos onde os traficantes exercem – e não é de hoje – seu comércio. Vendedores circulam entre carros e dominam área durante as madrugadas. A polícia diz que já fez operações de repressão na região. Se fez, não faz mais.

Desta vez não se trata de um pedaço degradado da cidade, como no caso da cracolândia. Mas de zona nobre, situada na rua Peixoto Gomide, adjacências da Augusta, nas proximidades do Sírio-Libanês e de um dos cartões postais de São Paulo, o MASP, cujo vão – em prosa e verso cantado – há muito é ponto de consumo da droga que você quiser.

Segundo o jornal, os traficantes circulam entre os carros com as mãos carregadas de pinos de cocaína. Na calçada, quem passa é abordado por vendedores que oferecem maconha, comprimidos de ecstasy, cartelas coloridas de LSD e gotas de GHB - anestésico também usado como estimulante sexual. O comércio é feito em voz alta e, para atrair turistas, eles arriscam até palavras em inglês.
"Cocaína, balinha (ecstasy), doce (LSD), lança-perfume, GHB em gotas, iPhone 5S desbloqueado", gritam vários jovens ao mesmo tempo. Os traficantes têm como clientela cativa três públicos: menores de idade que bebem nas ruas, o público GLS de boates da região e turistas estrangeiros. O pino de cocaína custa R$ 20 e a cartela com 20 ácidos (LSD), R$ 200.

Assim como ambulantes que tentam vender seus produtos em pontos turísticos do Brasil, os traficantes param qualquer pedestre sem cerimônia, seja ele um menor de idade ou um adulto com mais de 50 anos. Não há restrições.

"Olha o pino, três por quatro só agora hein, cheinho até a boca", grita um dos jovens que vendem droga. Ele também carrega um tubo de adoçante com GHB. "Me dá R$ 30 e eu coloco cinco gotonas ‘servidas’ na sua boca já", oferece um traficante à reportagem do Estadão.


E ainda há quem pretenda que o consumo de drogas é ilegal no Brasil. Pior ainda, há quem pretenda descriminá-lo. Como se descriminado não estivesse. Geraldo Alckmin reagiu ainda hoje pela manhã à reportagem, afirmando que vai reforçar o combate ao tráfico de drogas na região.

Mês passado, quando a Polícia Civil e o Denarc intervieram na região, Haddad criticou o governo do Estado, afirmando que manteria o programa de reabilitação de dependentes químicos na região. Chama-se “Operação Braços Abertos”, e consiste em dar hotel, cama, comida e roupa lavada, emprego de quatro horas, e salário de R$ 15 por dia aos dependentes. Mais ainda: para entrar no programa, não precisa largar o crack.

- Pode espernear – disse então Haddad -. Nós vamos fazer o programa acontecer. O programa vai funcionar.

Alckmin retirou os cavalinhos da chuva. Agora os dependentes recebem salário para comprar mais drogas. E a polícia municipal garante o tráfico e consumo do crack. Dia seguinte à declaração de Haddad, aconteceu o que era previsível: a droga subiu de preço. A diferença foi financiada pela prefeitura.

Como dizia o promotor Pedro Abi-Eçab, “deixam de existir intocáveis, o patrimônio do povo passa a ser resguardado, os mecanismos de poder se alteram”. Se alteram mesmo. Intocáveis agora são os traficantes de drogados.

Alckmin vai reforçar o combate ao tráfico na Peixoto Gomide? Vai ser muito engraçado. A quatro ou cinco quilômetros dali, a prefeitura zela pela tranquilidade dos cracômanos.


16 de fevereiro de 2014
janer cristaldo

CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS VIRA O PIOR E MAIS CARO CURSO DE INGLÊS DO MUNDO!!!


 
 
Na foto, o lançamento do programa. Palmas para os gênios sem fronteiras do PT. Essa gente, em mais quatro anos, acaba com o Brasil.

Em 27 de julho de 2011, um dia depois que Dilma e Mercadante lançavam o Programa Ciência sem Fronteiras, este blog publicava um post intitulado Demagogia sem Fronteiras. Clique aqui para ler.  Nele, entre outras coisas afirmávamos:
 
Mais um detalhe sobre o incompreensível programa de bolsas da dupla Dilma-Mercadante. As bolsas serão oferecidas por mérito, levando-se em consideração a nota do ENEM. Não, inglês não é parâmetro, pois até mesmo o Joel Santana fala, lembram? Quem é mesmo este Mister Toefl que quer se meter no meu the book is on the table? Como o programa terá nove meses de duração, não há tempo suficientes para quem não fala inglês aprender o idioma para uma mínima performance acadêmica.
 
Dito e feito! Hoje a Folha de São Paulo publica a seguinte matéria:
 
O governo federal cogita manter no exterior bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras que ainda não cumpriram os requisitos de fluência em inglês para cursar uma universidade. O objetivo é evitar um potencial "desgaste político" que o retorno antecipado ao Brasil poderia causar. A preocupação foi levantada pelo secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Paulo Speller, e apoiada por um representante da Casa Civil na 10ª reunião do comitê executivo do programa, realizada em 27 de janeiro, em Brasília. A Folha teve acesso à ata da reunião.
 
O problema acontece com os bolsistas que haviam sido selecionados para estudar predominantemente em Portugal, país que no ano passado foi excluído do programa porque, segundo o MEC, um de seus objetivos é "permitir que o estudante possa dominar uma segunda língua". Eles puderam optar por participar do programa em outros países e, agora, enfrentam dificuldades com a fluência em inglês.
 
Atualmente, 2.449 de 9.114 alunos realocados não têm aceite garantido em uma universidade e precisam de curso de idiomas adicional. Essa parcela com dificuldades está nos EUA, no Canadá, na Austrália e na Irlanda. Somente nos EUA, principal país de destino, 43% desses bolsistas realocados precisam do curso linguístico adicional e não têm aceite garantido na universidade.
 
Já os bolsistas que foram para Itália, Alemanha, França e Reino Unido tiveram proficiência suficiente para iniciar os estudos acadêmicos. Hoje, os bolsistas do Ciência sem Fronteiras podem passar de quatro a seis meses no país de destino estudando a língua antes de serem aceitos no curso acadêmico. O problema é que, para muitos dos alunos, esse período não é suficiente para obter proficiência na língua. Com isso, correm o risco de não serem aprovados nas instituições de ensino.
 
OPÇÕES
 
As discussões sobre o que fazer com esses alunos ainda dividem a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), órgãos que lideram o programa. Na reunião, além da ideia de trazer os bolsistas logo de volta ao Brasil, cogitou-se até financiar seis meses adicionais de estudos do idioma para evitar que eles retornem sem o curso acadêmico.
 
No caso dos bolsistas com aceite acadêmico condicionado à extensão do curso de língua, eles poderiam ser prejudicados por cursar somente quatro meses de disciplinas acadêmicas no exterior. Já aqueles que não obtiverem o aceite acadêmico correm o risco de voltar ao Brasil sem o aproveitamento de créditos e ainda perder o início do semestre letivo.
 
A extensão do curso de idioma --o que permitiria que os alunos ficassem até um ano no exterior só estudando uma nova língua-- acarretaria o não atendimento do objeto principal do Ciência sem Fronteiras, que é "o estudo de disciplinas acadêmicas". Além disso, a extensão representaria um gasto a mais no programa, que já está com suas contas desequilibradas.
 
No documento, é levantada a necessidade de mais R$ 863,6 milhões de investimento apenas pelo governo. Como justificativa são apontados os cursos de idiomas adicionais, variação cambial, despesas com taxas bancárias e cartão-bolsista e reajustes contratuais. O custo inicial do programa era de R$ 3 bilhões.
 
16 de fevereiro de 2014
in coroneLeaks

"CRIA CUERVOS QUE TE SACARÁN LOS OJOS"

 

Não é preciso ter visto o filme de Carlos Saura para entender o significado da célebre expressão espanhola.
 
O rojão na cabeça que matou o cinegrafista Santiago Andrade da TV Bandeirantes durante um distúrbio no Rio é o olho arrancado por um corvo criado, alimentado, paparicado e incentivado por boa parte do pensamento político que imagina construir uma sociedade perfeita cheia de fadas Sininho e de rios de leite e mel, onde a justiça social estará disponível nas prateleiras dos supermercados a preços de liquidação.
 
Não importa se o morteiro foi disparado por 150 reais. Há assassinatos mais baratos do que esse disponíveis no mercado. Importa é o caldo da cultura que criou assassinos-vítimas que aparecem com cara de Dr. Jeckyll nos seus gestos de confissão e arrependimento e são fotografados em ação no auge de sua monstruosa transfiguração de Mr. Hyde.
 
Se, além do curling, houvesse na olimpíada russa de inverno que transcorre em Sochi a modalidade de pisar em ovos, a imprensa, as autoridades, os políticos e o governo brasileiro criariam um escrete imbatível.
 
Pede-se uma lei contra o terrorismo, mas terrorismo não é. E se terrorismo for, como não enquadrar os não muito amigáveis manifestantes do MST, que ocuparam a praça dos Três Poderes, tentaram invadir o prédio do Supremo e entraram em combate com policiais militares?
 
Mas não se pode criminalizar os movimentos sociais, reza a cartilha do poder. Por isso, prudentemente o ministro da Justiça guardou em sua gaveta um ante-projeto do secretário de segurança do Rio, Mauro Beltrame, prevendo punições para manifestações violentas.
 
Como se não bastasse, representantes do pacífico MST, cujo líder José Pedro Stédile chamou o governo Dilma de “bundáo” em questões de reforma agrária uma semana antes, foram recebidos e afagados pela própria presidente, depois de ferir 30 policiais nos choques do dia anterior.
 
Mas se o movimento for contra a Copa do Mundo, não será mais movimento social, mas pode ser enquadrado como terrorismo, conforme um projeto de lei que está atravancado em alguma gaveta do Congresso Nacional.
 
A confusão conceitual se instalou na seara do politicamente correto, e os concorrentes da maratona de pisar em ovos, não sabem mais pra que lado atirar: os pobres meninos desamparados da periferia que atiram rojões a esmo são vítimas da sociedade ou da exploração de políticos inescrupulosos que pagam pela sua violência?
 
O diabo é que todos dizem querer uma sociedade mais justa e em nome disso são capazes de pregar e acreditar que a justiça está em desmoralizar o Poder Judiciário porque condenou correligionários por corrupção ou em escrever que o “superávit primário é uma invenção diabólica do capitalismo para explorar os povos”.
 
Quem cria esses corvos? E os olhos de quem eles comerão?

16 de fevereiro de 2014
Sandro Vaia é jornalista.

DEPUTADO QUER CPI PARA INVESTIGAR INFILTRADOS EM PROTESTOS



O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), vai coletar assinaturas para uma Comissão Parlamentar de Inquérito unindo Câmara e Senado para investigar a relação de vândalos infiltrados em protestos com partidos políticos.

A iniciativa tem como base a declaração do auxiliar de limpeza Caio Silva de Souza, preso pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, de que recebia dinheiro para participar de protestos. “A dúvida que a sociedade quer ver esclarecida é quais são os diretórios regionais e partidos políticos ou parlamentares que estão por trás disso tudo”, diz Cunha.

“Precisamos urgente de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) no Congresso Nacional para que possamos investigar esse tipo de situação”, complementa.
Em seu depoimento à polícia, Caio citou o PSOL e o PSTU, além da Frente Independente Popular (FIP), como organizações que fariam os pagamentos.

O pagamento seria de R$ 150,00. Os partidos negam apoiar atos de violência. A proposta de Eduardo Cunha tem boas chances de avançar porque tiraria os políticos tradicionais na defensiva no debate sobre manifestações.

No caso do Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral, correligionário de Cunha, é um dos principais alvos dos protestos.

Na Câmara, deputados petistas acompanham com atenção as denúncias de interesses políticos nas manifestações por entender que um debate nesta direção pode retirar a força dos protestos durante a Copa do Mundo e evitar danos a presidente Dilma Rousseff em ano eleitoral.

16 de fevereiro de 2014
 

NEGÓCIO ENTRE ALL E RUMO EVIDENCIA CAOS NO SETOR FERROVIÁRIO DO PAÍS



 
Tal como um casal de noivos de personalidades opostas e que vivem em pé de guerra, duas das maiores empresas de logística do país, ALL e Rumo, estão prestes a 'casar'. Envolvidas em uma briga judicial desde o ano passado devido a um contrato relacionado à construção de uma ferrovia, a Rumo Logística, do grupo Cosan, e a ALL, que tem em seu DNA o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, comunicaram na sexta-feira que as “tratativas” para fundirem suas operações e, assim, acabar com o litígio, estão avançadas. Ambas negaram, em fato relevante, que um acordo foi assinado. Mas, segundo o presidente da Rumo, Julio Fontana, afirmou ao site de VEJA, uma definição sobre o tema será divulgada na semana que vem. 
 
 
O motivo da briga, que hoje está na Câmara de Arbitragem, evidencia o caos que paira sobre o setor de infraestrutura do país, especialmente o de ferrovias — aquele que o governo padece para conseguir privatizar. A disputa mostra que alguns empresários não estão na mesma página que o setor público quando se trata de empreender uma grande obra de infraestrutura. Mas, sobretudo, deixa claro que não há qualquer esforço do governo em suavizar os entraves (especialmente ambientais) que fazem com que a realização de uma obra no país seja tarefa quase hercúlea.
 
 
O acordo — Em março de 2009, as duas empresas assinaram um contrato que previa o seguinte: a Cosan se comprometeria a investir 1,5 bilhão de reais na ampliação da malha ferroviária que liga o interior de São Paulo ao porto de Santos, implementar melhorias nos terminais portuários e armazéns, além de comprar material rodante (locomotivas e vagões) moderno e mais produtivo. Em 2008, 90% da produção de açúcar chegava a Santos via caminhões. Transportar os milhões de toneladas da commodity por trem era mais do que um sonho — seria a chance de a Cosan ganhar competitividade. Foi assim que a empresa de Rubens Ometto criou a Rumo Logística — com a intenção de transformá-la na administradora do transporte do açúcar das usinas até o porto. A ALL atuaria na outra ponta executando a duplicação da malha e transportando os carregamentos da Cosan — sem fazer qualquer investimento. Na teoria, tudo parece viável. Apenas na teoria.
 
 
Os problemas — Dois trechos de 20 quilômetros dos quase 270 quilômetros de linhas férreas que ligam Campinas a Santos (e estavam no projeto de duplicação) esbarraram em questões ambientais, comprometendo o cronograma. Em 2010, a Funai ampliou a área de proteção indígena e a ALL precisou entrar com pedido de autorização para duplicar a malha na área protegida. Diferente da duplicação de uma estrada, quando se trata de uma ferrovia, qualquer trecho faltante compromete todo o sistema porque o trem não tem rota alternativa. Como a conversa com os indígenas não avançou, o gargalo de 40 quilômetros entre Embu-Guaçu/Evangelista, perto de São Paulo, e Paratinga/Perequê (em Santos) prejudicou os planos das empresas. O governo, mesmo interessado em tirar do papel seu pacote de ferrovias, não enxergou aí uma oportunidade para tentar solucionar o problema. Tal atitude serviria como vitrine para as concessões futuras do setor. No entanto, as autoridades só começaram a atuar quando a questão já estava na Justiça. 
 
 
As empresas mostraram otimismo exacerbado ao planejar a entrega das obras para o início de 2014. A ALL tentou impor uma revisão de cronograma à Rumo apenas em 2013. Tal erro é quase infantil para os egressos da escola de meritocracia criada pelo trio da Ambev e a GP Investments, que ajudaram a fundar a empresa de ferrovias. O planejamento da Rumo, a gestora de tudo, também falhou ao não prever entraves ambientais que, não raro, podem congelar um projeto por mais de uma década. Se, na melhor das hipóteses, a Funai conceder as autorizações necessárias ainda no primeiro semestre deste ano, será preciso mais um ano para a conclusão das obras. 
 
 
A disputa — O impasse entrou em patamar judicial em outubro do ano passado, quando a ALL entrou com pedido de suspensão dos pagamentos de multas e compensações. Um litígio como esse pode demorar de 12 a 18 meses para ser concluído e, por isso, a fusão entre as empresas seria uma saída para que ele seja arquivado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O governo tem todo o interesse que o acordo saia porque o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dois fundos de pensão — a Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) e a Funcef (Caixa Econômica Federal) — detém um total de 19,88% do capital da empresa.
 
 
Em entrevista ao site de VEJA, o presidente da Rumo, Julio Fontana, disse que o acordo com a ALL faz sentido para a nova estratégia da Cosan de crescer no segmento de infraestrutura e logística. A companhia de Ometto deixou há anos de ser uma empresa apenas de produção e comercialização de açúcar e etanol. Com a criação da Rumo, a fusão com a Shell - que deu origem à Raízen - a compra da Radar e da Comgás, a empresa começa 2014 com o objetivo de ser encarada pelo mercado como uma empresa de infraestrutura e energia.
 
 
Além de acabar com o impasse jurídico, a compra da ALL permitiria que a Rumo entrasse com mais fôlego no setor de ferrovias — situação que está alinhada com os interesses da empresa. Fontana garantiu que a companhia participará das licitações para operar as vias férreas, no novo molde proposto pelo governo, além de concorrer também para arrendar terminais nos portos de Santos e Paranaguá. “Queremos concorrer em terminais de grãos, fertilizantes e celulose (Santos). Estamos estudando tudo”, afirma.
 
 
Procurada pela reportagem, a ALL não quis fazer comentários. Mas o mercado já entendeu que um acordo rápido é benéfico para ambas. Nesta sexta-feira, depois de as empresas terem anunciado o avanço das negociações, os papéis da ALL subiram 20,37%, para 6,50 reais, enquanto os da Cosan, controladora da Rumo, avançaram 4,09%, para 36,16 reais. “Elas vão economizar tempo e dinheiro. A ALL tem passado por problemas e está precisando de investimentos”, disse Marcelo Torto, da Ativa Corretora. A empresa de ferrovias é, talvez, o único exemplo de que a gestão vitoriosa de Lemann e sua trupe não condiz com o engessado setor de infraestrutura do país. Assim, o acordo não é sinônimo de sucesso se o setor continuar refém da burocracia e as empresas que nele atuam funcionarem como oponentes.  
 
16 de fevereiro de 2014
Naiara Infante Bertão / Veja

"FLAPPY DILMA" E OUTRAS PARÓDIAS FAZEM SUCESSO NA INTERNET

 
 


Aproveitando o sucesso meteórico do jogo “Flappy Bird”, programadores criaram paródias que brincam com personalidades e casos políticos brasileiros. A presidente Dilma Rousseff ganhou game próprio, o “Flappy Dilma”, assim como gaiatos fizeram o “Flappy no Duto”, versão que faz piada com as denúncias de desvios de recursos públicos na construção do metrô de São Paulo.

Em “Flappy Dilma”, o rosto da presidente ocupa o lugar do passarinho no extinto jogo para smartphones. Em vez dos dutos, as torres do Congresso Nacional. No “Flappy no Duto” o passarinho é um tucano, que voa sobre trilhos do metrô e precisa desviar de placas de sinalização. Ambos são para web, jogáveis em navegadores, e carregam a dificuldade do título original.

João Paulo Apolinário Passos, de 21 anos, programador e estudante de Comunicação na UNB, é o criador do jogo com a presidente. Ele conta que se inspirou em outras paródias que circulavam pela internet para desenvolver um “gerador de Flappy Bird”, site onde qualquer pessoa, mesmo sem conhecimentos técnicos, pode criar uma versão do jogo. “Flappy Dilma” serviu como teste e divulgação do portal, que já conta com 35 mil games criados e já cruzou a barreira de um milhão de visitas em apenas três dias.

- Eu peguei um clone do jogo que estava disponível em código aberto e criei o gerador. A ideia era que eu pudesse montar os meus jogos para me divertir com meus amigos, mas não limitar a brincadeira a quem sabe programar – diz.
Crie seu próprio jogo

O gerador de jogos, ou Flappy Generator, foi desenvolvido pelo estudante na madrugada do dia 9 para o dia 10 de fevereiro, logo após o programador vietnamita Dong Nguyen anunciar que o “Flappy Bird” seria retirado do ar. No site criado por Apolinário, qualquer pessoa pode criar o seu jogo, basta escolher uma foto para o lugar do passarinho e outra, para os tubos.

Entre os 35 mil joguinhos criados, versões com personalidades se destacam. Apolinário não soube informar quais paródias fazem mais sucesso, mas afirma que games de fãs clubes de artistas conhecidos são muito acessados. O próximo passo, diz, é desenvolver uma página com a lista dos jogos mais clicados.

- Os que fazem mais sucesso são os criados por fãs clubes, cada um com o seu contexto. Como exemplo, Apolinário cita o da cantora Demi Lovato, que precisa escapar do Joe Jonas.
A paródia com o escândalo de propina no metrô paulista é de autor desconhecido. A página foi registrada no dia 10 de fevereiro, sem informações sobre o dono do endereço.

16 de fevereiro de 2014
Sérgio Matsuura - O Globo

FUNDO DE QUINTAL...

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AGORA QUE O BRASIL TÁ LÁ NO FUNDO, AGENTE FAZ UM SAMBINHA TIPO
 FUNDO DE QUINTAL...
16 de fevereiro de 2014

JANIO DE FREITAS NÃO SABE QUEM FINANCIA BLACK BLOCS E SOFRE POR CAUSA DA CRÍTICA DE REINALDO AZEVEDO


A tréplica a Janio de Freitas. E quem financia os black blocs. Ou: É preciso aprender para não acabar como supernanny de mensaleiro

Na minha coluna de sexta-feira, na Folha, fiz uma referência ao texto de Janio de Freitas publicado no dia anterior. Neste domingo, ele decide responder afetando uma distante superioridade. Fôssemos Janio e eu quem ele pensa que é e pensa que sou, teria ficado calado. Mas como se engana sobre si mesmo e sobre mim, então falou. E eu respondo. E vocês vão perceber que eu expus uma divergência. Ele procurou me desqualificar. Por que não respondo na sexta próxima, na Folha? Talvez escreva alguma coisa, mas está muito longe. E as respostas que vêm tarde perdem o vigor. Então vai a quente. Para o leitor que não acompanhou a coisa, lá vai.

Na quinta, Janio escreveu (em vermelho):
 
“Jonas Tadeu é reconhecido como muito habilidoso nas artimanhas próprias da advocacia que pratica. Para quem duvide, uma credencial de peso, no gênero: já foi advogado de Natalino Guimarães, preso em 2008 sob acusação de chefiar uma das mais poderosas milícias da Baixada Fluminense. Não é provável que acrescentar aos dois clientes atuais a condição de mercenários convenha à defesa. Poderia, sim, abrir caminho, por exemplo, para uma delação premiada, com os dois implicando alguém ou determinadas pessoas. Mas essa é uma especulação útil apenas para lembrar que mesmo as denúncias vazias podem ter caroços. Aliás, tê-los é da sua natureza: se não surgem com caroços, logo aparece quem os ponha.

Cedo ainda, ontem já aparecia no rádio um comentarista a falar na “extrema esquerda” como a possível pagadora das arruaças. Por que não também o possível interesse da direita, que toma outras muitas providências de organização encoberta para impor-se na sucessão presidencial? Jonas Tadeu recomenda não responder a certas perguntas.”
No dia seguinte, escrevi:
 
“PS – Janio de Freitas especulou sobre a honorabilidade de Jonas Tadeu Nunes, advogado dos assassinos de Santiago, porque já foi defensor de Natalino Guimarães, chefe de milícia. Alguns figurões do direito defenderam os ladrões do mensalão, e ninguém, com razão, duvidou da sua honra. O compromisso do advogado é com o direito de defesa, não com o crime praticado. O colunista referiu-se a mim –”um comentarista que já aparecia na rádio…”– porque perguntei a Jonas, na Jovem Pan, se grupos de extrema esquerda financiavam arruaceiros. Janio indaga se não poderiam ser de extrema direita. Se ela existisse, se fosse organizada, se tivesse partido, se recebesse verbas do fundo partidário, se tivesse suas “Sininhos” e seus piratas de olhos cerúleos, talvez… Acontece que as antípodas direita e extrema-direita no Brasil são substantivos abstratos, que só existem na mente meio paranoica das esquerdas. Ah, sim: apareceu uma lista de financiadores dos “black blocs”. Todos de esquerda. Quod erat demonstrandum.”

Na Folha deste domingo, Janio se enfeza:
 
FORAS
Reinaldo Azevedo, na Folha de sexta-feira, incluiu este trecho: Janio de Freitas “referiu-se a mim — um comentarista que já aparecia na rádio…’ — porque perguntei a Jonas, na Jovem Pan, se grupos de extrema esquerda financiavam arruaceiros”. Admito perder muito, mas não sou ouvinte da Jovem Pan e das ponderações de Reinaldo Azevedo. O comentário por mim citado foi transmitido pela CBN, em torno de 12h20 de quarta-feira, como pode ser comprovado por meio do saite da emissora.
Também não é verdadeiro que “Janio de Freitas especulou sobre a honorabilidade de Jonas Tadeu Nunes, advogado dos assassinos de Santiago, porque já foi defensor de Natalino Guimarães, chefe de milícia”. Para quem lê sem má-fé, ficou claro que citei Jonas Tadeu como ex-advogado de Natalino Guimarães para uma informação de entrelinha: os advogados de milicianos, e similares, em geral são definidos no meio advocatício, por suas artimanhas, com palavra que não desejei aplicar.
Por mim, Reinaldo Azevedo pode continuar tentando.

Então vamos ver
 
1 – Onde ouviu – Ô, meu Deus! Janio não me ouve! Preciso dizer à Jovem Pan que já não são mais 30 milhões, mas apenas 29.999.999. De todo modo, jamais perde ou ganha alguma coisa quem não está disposto a aprender nada nem a esquecer nada. E esse é precisamente o seu caso — como ficará claro quando eu tratar do caso Pizzolato. Pode não me ouvir. Mas, segundo entendi, lê — ainda que isso possa lhe causar algum dissabor.

Ah, então foi outro. Que bom que mais alguém teve a mesma ideia, não é mesmo? Na quarta-feira, pouco depois das 8h30, Jonas Tadeu Nunes, advogado dos dois rapazes que acenderam o morteiro que matou o cinegrafista Santiago Andrade, concedeu uma entrevista à rádio Jovem Pan. O áudio estáaqui. Ele denunciou que partidos políticos e políticos propriamente financiavam a violência, e eu lhe perguntei se os financiadores eram partidos de extrema esquerda. Minutos depois, a coisa se espalhou Brasil afora. Como se vê no link, às 9h56, a Jovem Pan já punha o áudio no ar. Às 11h56, publiquei um post a respeito, um dos mais lidos e reproduzidos da história do blog. Colaborou para que o blog batesse o recorde de visitas num único dia: 560.681.

Não foi a minha intervenção que Janio ouviu porque não perde tempo comigo? A minha resposta, no mérito, segue a mesma. Na coluna de quinta e na deste domingo, ele se esforça, e não estranho, para tapar o sol com a peneira, tentando negar as evidências escancaradas de que partidos de extrema esquerda municiam os black blocs. A turma de Marcelo Freixo tem até um grupo de advogados à disposição para atender a esses patriotas.

2 – A honra do advogado – As palavras fazem sentido, e eu sou um fanático do sentido que ela têm. Sim, Janio de Freitas pôs em dúvida, ainda que por palavras oblíquas, a honorabilidade do advogado — o que, lamento ter de constatar, é coisa de quem não entende os fundamentos do estado de direito e de uma sociedade livre. Se ele souber de outra coisa que deponha contra a honra de Jonas Tadeu Nunes, então diga. O homem ter sido advogado de um miliciano não quer dizer nada. Tanto é assim que, se ninguém aceitasse a tarefa, o estado teria de nomear um defensor público. Janio se irrita porque não tem resposta para a questão que propus: cabeças coroadas se apresentaram para defender os criminosos do mensalão; sua honra, por isso, está manchada? Releiam o que ele escreveu e o que escrevi para ver onde está a má-fé.

Lá vamos nós
 
Janio encerra a sua diatribe enfezada contra mim afirmando: “Por mim, Reinado Azevedo pode continuar tentando”. Não sei direito o que quis dizer — a clareza nem sempre é seu melhor dom —, mas vamos lá. Em primeiro lugar, fosse por ele, eu nem escreveria nem tentaria. Como não é por ele, então não tento, mas escrevo.

A frase também pode sugerir, sei lá, que busco notoriedade ao contestá-lo. Acho que se superestima e me subestima. Tendo a apreciar os grandes que são modestos sobre suas próprias virtudes. Mas os que praticam o contrário dessa proporção invertida me convidam à piedade. Há certamente uma enorme diferença entre mim e Janio: sinceramente, penso que a vida já me deu muito mais do que eu mereceria ou ansiava. Tenho, no entanto, a certeza de que ele pensa o contrário sobre si mesmo, e a dor, nesses casos, não é pequena. Como eu nunca quis ser Machado de Assis, não terminarei como o Pestana do conto “Um Homem Célebre”. Posso “continuar tentando” o quê? Discordar de Janio de Freitas não me rende um único leitor a mais. Mas ele pode contar que essa sua coluna será uma das mais lidas de sua carreira. Não faço juízo de valor. É só uma questão de fato.
 
Pizzolato
 
Que Janio continue a não perder seu tempo comigo. Perdesse, não teria tentando nos convencer a ouvir o que Henrique Pizzolato, este homem honrado, tem a dizer. Minhas retinas cansadas, como disse o poeta, jamais se esquecerão de sua coluna do dia 19 de janeiro, de que transcrevo um trecho (em vermelho), freneticamente reproduzida pela rede petista (os destaques são meus):
 
Na CPI que se ocupou do chamado mensalão, Henrique Pizzolato foi o depoente mais inseguro, titubeante, no próprio rosto o ritus do medo, senão pânico mesmo. Até muito mais do que o outro sufocado pela insegurança, Marcos Valério. Foi o único, também, a citar companheiro de partido e de governo de modo a transferir responsabilidades que lhe cobravam.
Já consumadas as condenações, participei de uma mesa de conversa sobre o processo, no Sindicato dos Advogados do Rio. À chegada, Henrique Pizzolato me esperava na saída do elevador, com a mulher.
Trazia uma pasta para me entregar, com documentos dados como comprovantes da realização de trabalhos, pela agência de Valério, negados na acusação do Ministério Público e pelo relator Joaquim Barbosa. A votação da maioria, no Supremo Tribunal Federal, acompanhou a negação.
A tibieza de Pizzolato me impressionou. Quem falou foi sua mulher, um ou dois minutos. Não consegui dizer mais do que os cumprimentos, fixado na imagem de Pizzolato.
 
Mais tarde, registrei parte do indicado pelos documentos, em princípio mais convincentes do que a acusação aparentemente mais fundada no desejo de acusar e condenar do que em fatos e provas bem apurados. A fuga do casal Pizzolato não significou admissão de culpa. É natural o desejo de evitar a prisão, facilitado, no caso, pela dupla nacionalidade do condenado. Mas um pormenor ficou, para mim, como indagação cuja resposta poderia ser valiosa, diante de tanta coisa mal explicada, ou inexplicada, no processo e nas intervenções do julgamento. Os petistas, tanto os envolvidos no processo como os outros dirigentes, puseram Pizzolato à parte. É dele esta queixa, registrada por um dos seus defensores fora do tribunal: “O PT me abandonou”.
Por quê? Mais uma vez, Pizzolato foi o único. E não poderia faltar um motivo importante, a ponto de ser significativo para tantas pessoas que com ele conviveram em duradoura confiança, e o prestigiaram em indicações para cargos disputados. O que constatei ou deduzi a respeito não confirma nem conflita com a notícia, do “Estado de S. Paulo”, de uma conta na Suíça com possível movimento pelo foragido Henrique Pizzolato. Mas permite a convicção de que no rastro desse fato há numerosas consequências enfileiradas, capazes de mudar muitos aspectos estabelecidos sobre o chamado mensalão.

Retomo
 
Ainda que o texto possa fazer algumas especulações aparentemente incômodas ao PT — não mais do que aparentemente —, eis Janio de Freitas a lançar dúvidas sobre um dos crimes principais do mensalão: o peculato envolvendo o dinheiro do Fundo Visanet. Segundo diz, os documentos que Pizzolato apresentou provando que as agências de Marcos Valério haviam prestado o serviço eram mais convincentes do que a acusação.

Pois é… Duas semanas depois dessa coluna, aquele homem cuja tibieza impressionou Janio de Freitas, que humildemente saía a carregar debaixo do braço a pasta com as evidências de sua inocência, foi preso na Itália.
- falsificara documentos em nome do irmão morto, Celso Pizzolato, em 2007;
- falsificara passaporte em nome desse irmão em 2008;
- nesse mesmo ano, votou nas eleições como Celso e como Henrique Pizzolato;
- na Itália, viveu uma vida de rico;
- na casa de praia na Itália, há evidências de que movimentou de 20 mil a 30 mil euros, dinheiro oriundo da Espanha.

Janio não precisa perder tempo nem me lendo nem me ouvindo. Que ouça e leia outros que contribuam para que não passe o ridículo de se comportar como supernanny de mensaleiro. Mas ele não tem tempo nem de aprender nada nem de esquecer nada.

Então vai continuar tentando.
 
16 de fevereiro de 2014
Reinaldo Azevedo, Veja