"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 30 de março de 2019

GRANDES PENSADORES: SÓCRATES

SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES

4 LIÇÕES DE SÓCRATES - PLATÃO: FÉDON

GENERAL PUJOL SE ORGULHA DE 31 DE MARÇO DE 1964

OS 10 CONCEITOS DO CONSERVADORISMO (RUSSEL KIRK)

Talvez seja mais apropriado, a maior parte das vezes, usar a palavra “conservador” principalmente como adjetivo. Porque não existe um Modelo Conservador, sendo o conservadorismo, na verdade, a negação da ideologia: trata-se de um estado da mente, de um tipo de caráter, de uma maneira de olhar para a ordem social civil.

A atitude que nós chamamos de conservadorismo é sustentada por um conjunto de sentimentos, mais do que por um sistema de dogmas ideológicos. É quase verdade que um conservador pode ser definido como sendo a pessoa que se acha conservadora. O movimento ou o conjunto de opiniões conservadoras pode comportar uma diversidade considerável de visões a respeito de um número considerável de temas, não havendo nenhuma Lei do Teste (Test Act) [1] ou Trinta e Nove Artigos (Thirty-Nine Articles) [2] do credo conservador.

Em suma, uma pessoa conservadora é simplesmente uma pessoa que considera as coisas permanentes mais satisfatórias do que o “caos e a noite primitiva” [3]. (Mesmo assim, os conservadores sabem, como Burke, que a saudável “mudança é o meio de nossa preservação”.) A continuidade da experiência de um povo, diz o conservador, oferece uma direção muito melhor para a política do que os planos abstratos dos filósofos de botequim. Mas é claro que a convicção conservadora é muito mais do que esta simples atitude genérica.

A continuidade da experiência de um povo oferece uma direção muito melhor para a política do que os planos abstratos dos filósofos de botequim.

Não é possível redigir um catálogo completo das convicções conservadoras; no entanto, ofereço aqui, de forma sumária, dez princípios gerais; tudo indica que se possa afirmar com segurança que a maioria dos conservadores subscreveria a maior parte destas máximas. Nas várias edições do meu livro The Conservative Mind (“A Mentalidade Conservadora”, ainda sem tradução para o português), fiz uma lista de alguns cânones do pensamento conservador — a lista foi sendo levemente modificada de uma edição para a outra; em minha antologia The Portable Conservative Reader, ofereço algumas variações sobre este assunto.


Agora, lhes apresento uma resenha dos pontos de vista conservadores que difere um pouco dos cânones que se encontram nestes meus dois livros. Por fim, as diferentes maneiras através das quais as opiniões conservadoras podem se expressar são, em si mesmas, uma prova de que o conservadorismo não é uma ideologia rígida. Os princípios específicos enfatizados pelos conservadores, em um dado período, variam de acordo com as circunstâncias e as necessidades daquela época. Os dez artigos de convicções abaixo refletem as ênfases dos conservadores americanos da atualidade.

1º Princípio

Primeiro, um conservador crê que existe uma ordem moral duradoura. Esta ordem é feita para o homem, e o homem é feito para ela: a natureza humana é uma constante e as verdades morais são permanentes.

Esta palavra ordem quer dizer harmonia. Há dois aspectos ou tipos de ordem: a ordem interior da alma e a ordem exterior da comunidade. Vinte e cinco séculos atrás, Platão ensinou esta doutrina, mas hoje em dia até as pessoas instruídas acham difícil de compreendê-la. O problema da ordem tem sido uma das principais preocupações dos conservadores desde que a palavra conservador se tornou um termo político.

O nosso mundo do século XX experimentou as terríveis conseqüências do colapso na crença em uma ordem moral. Assim como as atrocidades e os desastres da Grécia do século V a.C., a ruína das grandes nações, em nosso século, nos mostra o poço dentro do qual caem as sociedades que fazem confusão entre o interesse pessoal, ou engenhosos controles sociais, e as soluções satisfatórias da ordem moral tradicional.

Foi dito pelos intelectuais progressistas que os conservadores acreditam que todas as questões sociais, no fundo, são uma questão de moral pessoal. Se entendida corretamente, esta afirmação é bastante verdadeira. Uma sociedade onde homens e mulheres são governados pela crença em uma ordem moral duradoura, por um forte sentido de certo e errado, por convicções pessoais sobre a justiça e a honra, será uma boa sociedade — não importa que mecanismo político se possa usar; enquanto se uma sociedade for composta de homens e mulheres moralmente à deriva, ignorantes das normas, e voltados primariamente para a gratificação de seus apetites, ela será sempre uma má sociedade — não importa o número de seus eleitores e não importa o quanto seja progressista sua constituição formal.

2º Princípio

Segundo, o conservador adere ao costume, à convenção e à continuidade. É o costume tradicional que permite que as pessoas vivam juntas pacificamente; os destruidores dos costumes demolem mais do que o que eles conhecem ou desejam. É através da convenção — uma palavra bastante mal empregada em nossos dias — que nós conseguimos evitar as eternas discussões sobre direitos e deveres: o Direito é fundamentalmente um conjunto de convenções. Continuidade é uma forma de atar uma geração com a outra; isto é tão importante para a sociedade com o é para o indivíduo; sem isto a vida seria sem sentido. Revolucionários bem sucedidos conseguem apagar os antigos costumes, ridicularizar as velhas convenções e quebrar a continuidade das instituições sociais — motivo pelo qual, nos últimos tempos, eles têm descoberto a necessidade de estabelecer novos costumes, convenções e continuidade; mas este processo é lento e doloroso; e a nova ordem social que eventualmente emerge pode ser muito inferior à antiga ordem que os radicais derrubaram um seu zelo pelo Paraíso Terrestre.

Os conservadores são defensores do costume, da convenção e da continuidade porque preferem o diabo conhecido ao diabo que não conhecem.

Os conservadores são defensores do costume, da convenção e da continuidade porque preferem o diabo conhecido ao diabo que não conhecem. Eles crêem que ordem, justiça e liberdade são produtos artificiais de uma longa experiência social, o resultado de séculos de tentativas, reflexão e sacrifício. Por isto, o organismo social é uma espécie de corporação espiritual, comparável à Igreja; pode até ser chamado de comunidade de almas. A sociedade humana não é uma máquina, para ser tratada mecanicamente. A continuidade, a seiva vital de uma sociedade não pode ser interrompida. A necessidade de uma mudança prudente, recordada por Burke, está na mente de um conservador. Mas a mudança necessária, redarguem os conservadores, deve ser gradual e discriminatória, nunca se desvencilhando de uma só vez dos antigos cuidados.

3º Princípio

Terceiro, os conservadores acreditam no que se poderia chamar de princípio do preestabelecimento. Os conservadores percebem que as pessoas atuais são anões nos ombros de gigantes, capazes de ver mais longe do que seus ancestrais apenas por causa da grande estatura dos que nos precederam no tempo. Por isto os conservadores com freqüência enfatizam a importância do preestabelecimento — ou seja, as coisas estabelecidas por costume imemorial, de cujo contrário não há memória de homem que se recorde. Há direitos cuja principal ratificação é a própria antiguidade — inclusive, com freqüência, direitos de propriedade. Da mesma forma a nossa moral é, em grande parte, preestabelecida. Os conservadores argumentam que seja improvável que nós modernos façamos alguma grande descoberta em termos de moral, de política ou de bom gosto. É perigoso avaliar cada tema eventual tendo como base o julgamento pessoal e a racionalidade pessoal. O indivíduo é tolo, mas a espécie é sábia, declarou Burke. Na política nós agimos bem se observarmos o precedente, o preestabelecido e até o preconceito, porque a grande e misteriosa incorporação da raça humana adquiriu uma sabedoria prescritiva muito maior do que a mesquinha racionalidade privada de uma pessoa.

A Providência se move devagar, mas o demônio está sempre com pressa.

4º Princípio

Quarto, os conservadores são guiados pelo princípio da prudência. Burke concorda com Platão que entre os estadistas a prudência é a primeira das virtudes. Toda medida política deveria ser medida a partir das prováveis conseqüências de longo prazo, não apenas pela vantagem temporária e pela popularidade. Os progressistas e os radicais, dizem os conservadores, são imprudentes: porque eles se lançam aos seus objetivos sem dar muita importância ao risco de novos abusos, piores do que os males que esperam varrer. Com diz John Randolph de Roanoke, a Providência se move devagar, mas o demônio está sempre com pressa. Sendo a sociedade humana complexa, os remédios não podem ser simples, se desejam ser eficazes. O conservador afirma que só agirá depois de uma reflexão adequada, tendo pesado as conseqüências. Reformas repentinas e incisivas são tão perigosas quanto as cirurgias repentinas e incisivas.

5º Princípio

Quinto, os conservadores prestam atenção no princípio da variedade. Eles gostam do crescente emaranhado de instituições sociais e dos modos de vida tradicionais, e isto os diferencia da uniformidade estreita e do igualitarismo entorpecente dos sistemas radicais. Em qualquer civilização, para que seja preservada uma diversidade sadia, devem sobreviver ordens e classes, diferenças em condições materiais e várias formas de desigualdade. As únicas formas verdadeiras de igualdade são a igualdade do Juízo Final e a igualdade diante do tribunal de justiça; todas as outras tentativas de nivelamento irão conduzir, na melhor das hipóteses, à estagnação social. Uma sociedade precisa de liderança honesta e capaz; e se as diferenças naturais e institucionais forem abolidas, algum tirano ou algum bando de oligarcas desprezíveis irá rapidamente criar novas formas de desigualdade.


6º Princípio

Sexto, os conservadores são refreados pelo princípio da imperfectibilidade. A natureza humana sofre irremediavelmente de certas falhas graves, bem conhecidas pelos conservadores. Sendo o homem imperfeito, nenhuma ordem social perfeita poderá jamais ser criada. Por causa da inquietação humana, a humanidade tornar-se-ia rebelde sob qualquer dominação utópica e se desmantelaria, mais uma vez, em violento desencontro — ou então morreria de tédio. Buscar a utopia é terminar num desastre, dizem os conservadores: nós não

somos capazes de coisas perfeitas. Tudo o que podemos esperar razoavelmente é uma sociedade que seja sofrivelmente ordenada, justa e livre, na qual alguns males, desajustes e desprazeres continuarão a se esconder. Dando a devida atenção à prudente reforma, podemos preservar e aperfeiçoar esta ordem sofrível. Mas se os baluartes tradicionais de instituição e moralidade de uma nação forem negligenciados, se dá largas ao impulso anárquico que está no ser humano: “afoga-se o ritual da inocência” [4]. Os ideólogos que prometem a perfeição do homem e da sociedade transformaram boa parte do século XX em um inferno terrestre.

7º Princípio

Sétimo, os conservadores estão convencidos que liberdade e propriedade estão intimamente ligadas. Separe a propriedade do domínio privado e Leviatã se tornará o mestre de tudo. Sobre o fundamento da propriedade privada, construíram-se grandes civilizações. Quanto mais se espalhar o domínio da propriedade privada, tanto mais a nação será estável e produtiva. Os conservadores defendem que o nivelamento econômico não é progresso econômico. Aquisição e gasto não são as finalidades principais da existência humana; mas deve-se desejar uma sólida base econômica para a pessoa, a família e a comunidade.

Sir Henry Maine, em sua Village Communities, defende vigorosamente a causa da propriedade privada, como diferente da propriedade pública: “Ninguém pode ao mesmo tempo atacar a propriedade privada e dizer que aprecia a civilização. A história destas duas realidades não pode ser desintrincada”. Pois a instituição da propriedade privada tem sido um instrumento poderoso, ensinando a responsabilidade a homens e mulheres, dando motivos para a integridade, apoiando a cultura geral e elevando a humanidade acima do nível do mero trabalho pesado, proporcionando tempo livre para pensar e liberdade para agir. Ser capaz de guardar o fruto do próprio trabalho; ser capaz de ver o próprio trabalho transformado em algo de duradouro; ser capaz de deixar em herança a sua propriedade para sua posteridade; ser capaz de se erguer da condição natural da oprimente pobreza para a segurança de uma realização estável; ter algo que é realmente propriedade pessoal — estas são vantagens difíceis de refutar. O conservador reconhece que a posse de propriedade estabelece certos deveres do possuidor; ele reconhece com alegria estas obrigações morais e legais.

As pessoas atuais são anões nos ombros de gigantes, capazes de ver mais longe do que seus ancestrais apenas por causa da grande estatura dos que nos precederam no tempo.

8º Princípio

Oitavo, os conservadores promovem comunidades voluntárias, assim como se opõem ao coletivismo involuntário. Embora os americanos tenham se apegado vigorosamente aos direitos privados e de privacidade, também têm sido um povo conhecido por seu bem sucedido espírito comunitário. Na verdadeira comunidade, as decisões que afetam de forma mais direta as vidas dos cidadãos são tomadas no âmbito local e de forma voluntária. Algumas destas funções são desempenhadas por organismos políticos locais, outras por associações privadas: enquanto permanecem no âmbito local e são caracterizadas pelo comum acordo das pessoas envolvidas, elas constituem comunidades saudáveis. Mas quando as funções, quer por deficiência, quer por usurpação, passam para uma autoridade central, a comunidade se encontra em sério perigo. Se existe algo de benéfico ou prudente em uma democracia moderna, isto se dá através da volição cooperativa. Se, então, em nome de uma democracia abstrata, as funções da comunidade são transferidas para uma coordenação política distante, o governo verdadeiro, através do consentimento dos governados, cede lugar para um processo de padronização hostil à liberdade e à dignidade humanas.


Uma nação não é mais forte do que as numerosas pequenas comunidades pelas quais é composta. Uma administração central, ou um grupo seleto de administradores e servidores públicos, por mais bem intencionado e bem treinado que seja, não pode produzir justiça, prosperidade e tranqüilidade para uma massa de homens e mulheres privada de suas responsabilidades de outrora. Esta experiência já foi feita; e foi desastrosa. É a realização de nossos deveres em comunidade que nos ensina a prudência, a eficiência e a caridade.

A grande e misteriosa incorporação da raça humana adquiriu uma sabedoria prescritiva muito maior do que a mesquinha racionalidade privada de uma pessoa.

9º Princípio

Nono, o conservador percebe a necessidade de uma prudente contenção do poder e das paixões humanas. Politicamente falando, poder é a capacidade de se fazer aquilo que se queira, a despeito da aspiração dos próprios companheiros. Um estado em que um indivíduo ou um pequeno grupo é capaz de dominar as aspirações de seus companheiros sem controles é um despotismo, quer seja monárquico, aristocrático ou democrático. Quando cada pessoa pretende ser um poder em si mesmo, então a sociedade se transforma numa anarquia. A anarquia nunca dura muito tempo porque é intolerável para todos e contrária ao fato irrefutável de que algumas pessoas são mais fortes e espertas do que seus próximos. À anarquia sucede-se a tirania ou a oligarquia, nas quais o poder é monopolizado por pouquíssimos.


O conservador se esforça por limitar e balancear o poder político para que não surjam nem a anarquia, nem a tirania. No entanto, em todas as épocas, homens e mulheres foram tentados a derrubar os limites colocados sobre o poder, a favor de um capricho temporário. É uma característica do radical que ele pense o poder como uma força para o bem — desde que o poder caia em suas mãos. Em nome da liberdade, os revolucionários franceses e russos aboliram os limites tradicionais ao poder; mas o poder não pode ser abolido; e ele sempre acha um jeito de terminar nas mãos de alguém. O poder que os revolucionários pensavam ser opressor nas mãos do antigo regime, tornou-se muitas vezes mais tirânico nas mãos dos novos mestres do estado.

Todas as questões sociais, no fundo, são uma questão de moral pessoal.

Sabendo que a natureza humana é uma mistura do bem e do mal, o conservador não coloca sua confiança na mera benevolência. Restrições constitucionais, freios e contrapesos políticos (checks and balances), correta coerção das leis, a rede tradicional e intricada de contenções sobre a vontade e o apetite — tudo isto o conservador aprova como instrumento de liberdade e de ordem. Um governo justo mantém uma tensão saudável entre as reivindicações da autoridade e as reivindicações da liberdade.


10º Princípio

Décimo, o pensador conservador compreende que a estabilidade e a mudança devem ser reconhecidas e reconciliadas em uma sociedade robusta. O conservador não se opõe ao aprimoramento da sociedade, embora ele tenha suas dúvidas sobre a existência de qualquer força parecida com um místico Progresso, com P maiúsculo, em ação no mundo. Quando uma sociedade progride em alguns aspectos, geralmente ela está decaindo em outros. O conservador sabe que qualquer sociedade sadia é influenciada por duas forças, que Samuel Taylor Coleridge chamou de Conservação e Progressão (Permanence and Progression). A Conservação de uma sociedade é formada pelos interesses e convicções duradouros que nos dão estabilidade e continuidade; sem esta Conservação as fontes do grande abismo se dissolvem, a sociedade resvala para a anarquia. A Progressão de uma sociedade é aquele espírito e conjunto de talentos que nos instiga a realizar uma prudente reforma e aperfeiçoamento; sem esta Progressão, um povo fica estagnado.

Por isto o conservador inteligente se esforça por reconciliar as reivindicações da Conservação e as reivindicações da Progressão. Ele pensa que o progressista e o radical, cegos aos justos reclamos da Conservação, colocariam em perigo a herança que nos foi legada, num esforço de nos apressar na direção de um duvidoso Paraíso Terrestre. O conservador, em suma, é a favor de um razoável e moderado progresso; ele se opõe ao culto do Progresso, cujos devotos crêem que tudo o que é novo é necessariamente superior a tudo o que é velho.

Os devotos do Progresso crêem que tudo o que é novo é necessariamente superior a tudo o que é velho.

O conservador raciocina que a mudança é essencial para um corpo social da mesma forma que o é para o corpo humano. Um corpo que deixou de se renovar, começou a morrer. Mas se este corpo deve ser vigoroso, a mudança deve acontecer de uma forma harmoniosa, adequando-se à forma e à natureza do corpo; do contrário a mudança produz um crescimento monstruoso, um câncer que devora o seu hospedeiro. O conservador cuida para que numa sociedade nada nunca seja completamente velho e que nada nunca seja completamente novo. Esta é a forma de conservar uma nação, da mesma forma que é o meio de conservar um organismo vivo. Quanta mudança seja necessária em uma sociedade, e que tipo de mudança, depende das circunstâncias de uma época e de uma nação.

Assim, este são os dez princípios que tiveram grande destaque durante os dois séculos do pensamento conservador moderno. Outros princípios de igual importância poderiam ter sido discutidos aqui: a compreensão conservadora de justiça, por exemplo, ou a visão conservadora de educação. Mas estes temas, com o tempo que passa, eu deverei deixar para a sua investigação pessoal.

Eric Voegelin costumava dizer que a grande linha de demarcação na política moderna não é a divisão entre progressistas de um lado e totalitários do outro. Não, de um lado da linha estão todos os homens e mulheres que imaginam que a ordem temporal é a única ordem e que as necessidades materiais são as únicas necessidades e que eles podem fazer o que quiserem do patrimônio da humanidade. No outro lado da linha estão todas as pessoas que reconhecem uma ordem moral duradoura no universo, uma natureza humana constante e deveres transcendentes para com a ordem espiritual e a ordem temporal.

Sobre o Autor


Russell Kirk (Plymouth, 19 de outubro de 1918 — Mecosta, 29 de abril de 1994) foi um filósofo político, historiador, crítico social, crítico literário, e autor literário conhecido pela sua influência no conservadorismo americano durante o século XX.

Kirk graduou-se em História pela Michigan State University em 1940 e obteve o Mestrado em História pela Duke University em 1941. Depois, serviu nas Forças Armadas dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e mudou-se para Escócia, onde recebeu o título de Ph.D na University of St. Andrews, em 1952.

Por fim, o brilhantismo intelectual de Russell Kirk foi amplamente reconhecido, o que o levou a receber inúmeros prêmios pelas obras acadêmicas e de ficção, bem como doze doutorados honoris causa.

Referências
Adaptado de “A Política da Prudência”. Tradução do original inglês feita pelo Pe. Paulo Ricardo e publicada originalmente em 18 de setembro de 2006.

30 de março de 2019

AFINAL, O NAZISMO FOI DE ESQUERDA OU DE DIREITA? PARTE 2

"O grande romancista Arthur Koestler, conhecido ex-militante do KPD, o partido comunista alemão (Kommunistische Partei Deutschlands), explicou certa vez a estratégia traçada por Stálin e Willi Münzeberg (o gênio do agitprop comunista) para tornar o bolchevismo mais palatável internacionalmente: “A noção de que alguma vez pregáramos a revolução e a violência deveria ser ridicularizada como um espantalho, refutada como uma calúnia espalhada por reacionários maliciosos. Já não nos referíamos a nós mesmos como ‘bolcheviques’, nem mesmo como comunistas – e o uso público da palavra era agora reprovado dentro do partido. Éramos apenas honestos, humildes e pacíficos antifascistas, defensores da democracia”.

A estratégia difundiu-se e consagrou-se na cultura política de esquerda de todo o mundo, sendo amplamente utilizada até os dias de hoje, como mostra a atuação dos movimentos sociais autoproclamados Antifa (“antifascistas”). Ela consiste em ocultar o próprio projeto de poder (quase sempre totalitário) sob a fachada de uma bandeira virtuosa qualquer, usualmente a do o antifascismo e a da defesa da democracia.
No último sábado, vimos a estratégia ser posta em prática aqui no Brasil, quando militantes do movimento “Ele Não” foram às ruas mascarar o seu apoio irrestrito ao projeto ditatorial lulopetista de retomada do poder sob o pretexto de combater o alegado machismo do candidato Jair Bolsonaro, líder das pesquisas de intenção de voto.


Para se compreender aquela estratégia de propaganda política, e o porquê de ela ter sido tão bem-sucedida ao longo das últimas décadas, é preciso voltar ao ponto em que paramos no artigo da semana passada. Como vimos ali, as primeiras interpretações sobre o fascismo surgiram de dentro do marxismo-leninismo, quando nada porque o próprio fenômeno em si tem essa mesma origem. E, muito embora a rixa entre eles houvesse sido motivada menos por grandes divergências doutrinárias do que por uma discordância pontual sobre a participação da Itália na guerra, os comunistas procuraram desde o início negar a origem revolucionária (e marxista) comum que partilhavam com os fascistas, empurrando conceitualmente esses últimos para a “direita” e o “reacionarismo”. Portanto, nota-se que as primeiras tentativas de compreensão do fascismo surgiram inextrincavelmente misturadas com um juízo moral acerca do fenômeno que se pretendia compreender.


Com efeito, diante daquele novo e impactante movimento político, os comunistas italianos e de toda a Europa recorreram ao cânon literário marxista, acreditando poder encontrar nas teses altamente especulativas do neo-hegelianismo de Marx e Engels a fundamentação teórica ex post facto para o juízo moral que, no calor da luta política, já haviam formado sobre o fascismo. Como não poderia deixar de ser, todavia, a realidade complexa não se deixava acomodar facilmente à cama de Procusto marxista, tendo de ser retalhada à medida da teoria. E que teoria era essa? Dedicarei este segundo artigo da série a recordá-la, pois só assim teremos um entendimento mais claro de como foi possível aos marxistas retratar o fascismo como um movimento “reacionário”, concepção que, em larga medida, continua influindo na linguagem política contemporânea.


Uma das “sagradas escrituras” consultadas pelos marxistas do pós-guerra foi Contribuição à Crítica da Economia Política (1859), texto em que, pela primeira vez, e de maneira concisa, Marx apresentava os fundamentos do materialismo histórico. Para o filósofo de Trier, como se sabe, a história consistia basicamente na interação entre “forças produtivas” (os meios materiais de produção de bens necessários à subsistência do homem) e “relações de produção” (as relações sociais que presidem a distribuição daqueles bens). Enquanto as primeiras se mantêm compatíveis com as segundas, há estabilidade social. Quando, ao contrário, as forças produtivas começam a se desenvolver para além dos limites das relações de produção vigentes, a mudança social torna-se inevitável.


Para Marx, cada uma das classes antagônicas em que se dividia a sociedade capitalista do seu tempo – a burguesia e o proletariado – encarnava um daqueles elementos produtivos. Na qualidade de guardiã das relações de produção, a burguesia era a classe “reacionária”. O proletariado, ao contrário, ao encarnar o dinamismo das forças produtivas, era a classe “progressista”. Em dado estágio do desenvolvimento histórico, as relações de produção convertem-se em grilhões das forças produtivas. Como, no sistema capitalista, os bens produzidos são distribuídos em função do lucro e da propriedade privada, eles só atendem aos interesses da classe dirigente, detentora dos meios de produção. E, na medida em que o ciclo produtivo só responde às exigências daquela, as forças produtivas não podem se desenvolver plena e livremente, levando o sistema à estagnação e, finalmente, ao colapso.


Em O Capital, encontramos a conhecida teoria marxiana do valor (mais tarde reduzida a pó por Eugen von Böhm-Bawerk e Ludwig von Mises). De acordo com ela, apenas o “trabalho vivo” – o esforço físico do proletário – era capaz de criar valor. Já o “trabalho morto” – o capital constante (instrumentos de produção, investimento na fábrica, custos de aluguel, ativos fixos em geral) – seria incapaz de fazê-lo. Do valor gerado pelo trabalho vivo, uma parte é empregada como capital variável, ou seja, a remuneração mínima necessária à subsistência do trabalhador e à consequente manutenção de sua força de trabalho. 

O valor que sobra após o pagamento dos salários e os gastos com meios de produção é o que Marx chamou celebremente de “mais-valia” – o lucro do capitalista. Chegamos aqui ao ponto que realmente nos interessa. Na medida em que se altera a “composição orgânica do capital” (a relação entre capital variável e capital constante), diz Marx, há uma queda correspondente da taxa de lucro (a relação entre a mais-valia e a soma dos capitais constante e variável). E, quando a taxa de lucro se aproxima de zero, todo o sistema começa necessariamente a ruir.

Aquela é a “lei” do materialismo histórico, tão imperativa e necessária para os marxistas quanto a da gravidade ou a da seleção natural. Segundo essa lei, o modo capitalista de produção é inerentemente disfuncional e, em termos de posição na marcha inevitável da história, reacionário. Apenas uma revolução proletária “progressista” poderia redimir o futuro, instaurando uma “sociedade sem classes” na qual o lucro e a propriedade privada seriam extintos, bem como, junto a eles, as guerras, as privações e as injustiças. Como numa espécie de retorno ao Jardim do Éden de antes da Queda, a humanidade trocaria o reino da necessidade pelo da liberdade, onde o homem poderá “caçar de manhã, pescar na parte da tarde, cuidar do gado ao anoitecer, fazer crítica após as refeições” (segundo a célebre profecia de A Ideologia Alemã). Eis a escatologia trajada de “ciência” que por tanto tempo encantou a intelligentsia do Ocidente, parte da qual jamais abandonou a utopia.


Ao tempo da Segunda Internacional, e sobretudo depois da morte de Engels (1896), aquela crença secular no “milênio” da sociedade sem classes entranhou-se no espírito dos herdeiros de Marx, inspirando as primeiras interpretações do fascismo por toda a Europa. Poucos dias após a Marcha sobre Roma de 1922, por exemplo, o marxista austríaco Julius Braunthal já publicava no jornal do partido social-democrata um artigo intitulado “O golpe dos fascistas”, em que, empregando o jargão doutrinário ortodoxo, com todas as suas evocações moralistas, classificava o fascismo como “reacionário”, uma “brutal expressão do desejo de dominação por parte das classes proprietárias”. 

Sem qualquer fundamentação na realidade concreta, o autor ainda descrevia o movimento como sendo “uma contrarrevolução em estilo moderno, violenta e militarista”. Pouco importava que a revolução bolchevique houvesse sido ainda mais “violenta e militarista”. Que os bolcheviques tivessem feito mais vítimas na Rússia do que os fascistas em qualquer parte. Uma vez que surgira na Itália como oposição à “revolução proletária”, o fascismo só poderia ser contrarrevolucionário, ou seja, contrário ao necessário progresso histórico. E embora houvesse, à época da Marcha sobre Roma, mais trabalhadores nas fileiras do fascismo que nas do bolchevismo ao tempo da revolução de Lênin, ainda assim o movimento foi tido por reacionário, e os trabalhadores que o endossavam, por vítimas de sua própria “falsa consciência”.

Depois de Braunthal, outro marxista austríaco, de nome Julius Deutsch, deu continuidade àquela linha interpretativa, sugerindo, também a partir de juízos morais apriorísticos, que o fascismo era uma força “a serviço da reação dos capitalistas sedentos por lucro”. Mais tarde, ele enriqueceu sua tese, afirmando que o movimento também atraíra para suas fileiras uma pequena burguesia “fanatizada” e uma parcela de adolescentes seduzidos pelo “misticismo obscuro” da retórica fascista. Além de ferramenta do capitalismo, o fascismo passava a ser visto também como essencialmente irracional – uma interpretação que entraria em voga desde então. 

Para Deutsch, a conclusão pela irracionalidade do fascismo decorria do seguinte parti pris marxista: em termos puramente racionais (ou seja, conformes ao materialismo histórico), os trabalhadores do mundo deveriam ser fatalmente atraídos pela revolução proletária que os libertaria da exploração. Não fazia sentido que pusessem paixões nacionalistas acima de seus interesses de classe. Se o faziam, era porque não agiam racionalmente.

Logo após a chegada de Mussolini ao poder, o quarto congresso mundial da Terceira Internacional Socialista consagrou definitivamente aquela moldura interpretativa, cujos detalhes variavam e se adaptavam na medida em que a realidade contraditava a teoria. A princípio, por exemplo, o fascismo foi declarado como “instrumento” da “reação contrarrevolucionária” dos “capitalistas agrários” da planície padana contra as massas trabalhadoras. Em seguida, não apenas dos capitalistas agrários, mas de toda a burguesia. Depois, com o marxista húngaro Gjula Sas (que usava o pseudônimo Giulio Aquila), era a “burguesia industrial”, ou os “magnatas da indústria pesada”, que passavam a manejar o instrumento. Já para o Partido Comunista Italiano, o fascismo não servia propriamente à burguesia industrial, mas a uma “oligarquia agrária e industrial”. 

E assim sucessivamente, cada teórico marxista identificava um novo elemento das “classes dirigentes” como o “verdadeiro mestre” do fascismo. Em 1923, a marxista alemã Clara Zetkin reforçava a tese, no relatório que enviou ao Comintern em junho daquele ano. Intitulado “A luta contra o fascismo”, o documento sacramentou a versão oficial de que o fascismo era produto de uma reação da direita contrarrevolucionária. Mas, como veremos no próximo artigo, a rigidez dessa moldura interpretativa começou a incomodar até mesmo alguns membros da Terceira Internacional, para os quais havia muitos fatos que simplesmente não se acomodavam a ela."

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/flavio-gordon/2018/10/03/afinal-o-nazismo-foi-de-direita-ou-de-esquerda-prolegomenos-a-um-debate-menos-chinfrim-parte-2/

30 de março de 2019

Recebido por email

PELA ALIANÇA LIBERAL-CONSERVADORA

A esquerda fica apavorada cada vez que ressurge o debate sobre a possibilidade de classificar o nazismo como movimento de esquerda. Dá a impressão de que existe aí um perigoso segredo de família, cuidadosamente guardado. Eu opinei que o nazismo é de esquerda, e imediatamente a esquerda (junto com o mainstream por ela dominado sem o saber) chegou correndo com seus extintores de incêndio, ou melhor, seus extintores de verdade, tentando apagar essa ideia.

Porém os extintores de verdade já estão ficando secos e os inibidores de pensamento já não funcionam.

Livres dessa inibição, podemos facilmente notar que o nazismo tinha traços fundamentais que recomendam classificá-lo na esquerda do espectro político. O nazismo era anti-capitalista, anti-religioso, coletivista, contrário à liberdade individual, promovia a censura e o controle do pensamento pela propaganda e lavagem cerebral, era contrário às estruturas tradicionais da sociedade. Tudo isso o caracteriza como um movimento de esquerda.

Portanto, o nazismo era anti-liberal e anti-conservador. A esquerda também é anti-liberal e anti-conservadora. Já a direita foi em alguns casos anti-liberal (durane o Século XIX na Europa, por exemplo), em outros casos anti-conservadora (ou pelo menos não-conservadora, indiferente aos valores conservadores, como no caso do neoliberalismo recente), mas nunca foi anti-liberal e anti-conservadora ao mesmo tempo. Em tal sentido, o nazismo se sente muito mais confortável no campo da esquerda do que no da direita.

De maneira esquemática, podemos dizer que o nazismo constituiu um amálgama esquerdista-conservador, onde a ideologia revolucionária capturou e utilizou para seus fins um dos importantes elementos do campo conservador, o nacionalismo. Não podemos esquecer que o resultado final do conflito mundial desencadeado pelo nazismo foi excelente para a esquerda: um mundo em grande parte dominado pelo comunismo e uma cisão completa entre direita liberal e direita conservadora, com esta última humilhada e demonizada. O nazismo, tanto em sua ascensão quanto em sua derrocada, praticamente esfacelou as potências liberais da Europa Ocidental e seus impérios, abrindo caminho para o totalitarismo comandado pela URSS (aliada de primeira hora da Alemanha Nazista) e sua expansão mundial, que colocou em cheque e quase derrotou a única potência não-comunista restante, os Estados Unidos. Impossível saber se foi tudo planejado, possivelmente não, mas o impulso e a forma geral desse gigantesco movimento - o nazismo como ponta de lança do movimento revolucionário comunista - parece bastante visível, tal como apontava Hayek.(*)

O comunismo só pôde ser derrotado quando surgiu um poderoso amálgama liberal-conservador na figura de Ronald Reagan. Essa combinação entretanto foi efêmera e, logo após o fim da URSS, começou a dar lugar ao amálgama esquerdista-liberal, o globalismo, onde a ideologia revolucionária, por meio do marxismo cultural, sequestrou a globalização econômica e começou a pilotá-la.

Quebrar o amálgama esquerdista-liberal e substituí-lo por um novo amálgama liberal-conservador é talvez a grande tarefa de nosso tempo, pelo menos a tarefa dos amantes da liberdade e dos defensores da dignidade e da profundidade humana.

Mas é mesmo possível uma direita que seja ao mesmo tempo liberal e conservadora? O que está surgindo no Brasil e em outros países com outros formatos mas o mesmo espírito, como na Polônia, na Hungria e nos EUA de Trump, é justamente isso, o amálgama liberal-conservador, onde o anseio de uma economia aberta e a defesa das liberdades individuais se somam à promoção dos valores do patriotismo, da fé e da família.

A esquerda brasileira e mundial entra em pânico diante desse amálgama e por isso o ataca tão visceralmente, pois o reconhece como seu grande adversário: enquanto lutar somente contra o liberalismo ou somente contra o conservadorismo, a esquerda sempre levará vantagem, e portanto é isso que ela quer. A liga liberal-conservadora produz um aço firme, capaz de enfrentar a esquerda mesmo com o domínio que esta criou sobre a mídia e a academia.

A força dessa liga provém, talvez, do fato de que ele corresponde à essência do ser humano, que quer ao mesmo tempo liberdade e segurança, prosperidade e orgulho de si mesmo, paz e aventura, alegria e transcendência.

Essa direita liberal-conservadora nada tem de “extrema”. Ela é extrema apenas no sentido de que se opõe à esquerda ao longo de todo o espectro do pensamento político, indo desde a defesa das virtudes da economia de mercado e do empreendedorismo até a defesa da vida a partir da concepção e de uma visão espiritualizada do ser humano.

No Brasil, hoje, tudo o que a esquerda quer é estrangular, ainda no berço, a aliança liberal-conservadora. A esquerda instiga a divisão e sonha em ver os liberais destruírem os conservadores, em nome da governabilidade ou da moderação, para em seguida poder ela própria derrotar os liberais com a habitual facilidade. Esse sonho da esquerda é o pesadelo do Brasil. Não podemos voltar ao pesadelo, depois de ter aberto os olhos, há tão pouco tempo, para a realidade da esperança.


30 de março de 2019
Ernesto Araújo, Ministro das Relações Exteriores




(*) "It is more than probable that the real meaning of the German revolution is that the long dreaded expansion of communism into the heart of Europe has taken place but is not recognized because the fundamental similarity of methods and ideas is hidden by the difference in phraseology and the privileged groups." F.A. Hayek, citado em artigo de Paul Jossey disponível em https://medium.com/@PaulHJossey/the-nazis-were-leftists-deal-with-it-b7f12cc53b6f

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