"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 26 de janeiro de 2014

A SORTE ESTÁ LANÇADA!

 
 
Quando Júlio César atravessou o Rubicão, no ano 49 a.C., em 10 de janeiro do calendário romano, em perseguição a Pompeu, violou a lei e tornou inevitável o entrevero.
Sua famosa e destemida exclamação ficou para sempre: Álea jacta est ! (A sorte está lançada! )
O histórico Rubicão, um curso d’água  de pouca profundidade, hoje identificado com o pequeno rio Fiumicino, separava a Gália Cisalpina dos domínios territoriais da então cidade de Roma, posteriormente  da Província d’Itália e, hoje, situado na Província de Forli-Cesena.
Pois bem, pelo direito romano na fase republicana, era vedado a qualquer general, em retorno de campanha militar ao norte de Roma, a travessia do Rubicão junto com suas tropas. Tal proibição teria sido um dos fatores de segurança e estabilidade contra possíveis manobras de chefes militares contra o poder central republicano.
Com Júlio César, o Rubicão foi atravessado contra a lei, sob o sopro da popularidade de grande general vitorioso, pela força de seu notável carisma político e de sua apreciável capacidade de comando.
Seu assassinato a punhaladas em pleno Senado, já como formidável imperador, não fez  justiça aos seus momentos de glória, a favor de Roma e de seu povo.
Os da velha guarda, que tiveram a sorte de estudar Latim, leram e decoraram muitos trechos da magistral obra de Júlio César sobre a  conquista romana da Gália (DE BELLO GALLICO) e a descrição geográfica do amplo cenário de sua memorável campanha. Omnia Galia divisa parte três...
A frase "atravessar o Rubicão", até hoje é usada para referir-se a qualquer um que tome uma decisão arriscada de maneira irrevogável, sem possibilidade de retorno.
Não há como fazer-se histórico, sem atravessar um ou outros mais rubicões. A lealdade de acompanhar seus comandados nos riscos da peleja, é a diferença entre a canalhice do oportunismo majoritário, acocorado na espreita do aproveitamento, e os louros merecidos da memória de um grande e corajoso vulto histórico.
A lembrança do dia de hoje, o da travessia do Rubicão, foi assoprada por uma musa que se diz “Quitéria”. Em consideração à honra de sua aparição, em sonho fantasmagórico, ao som de gritos, clarins, sabres, relinchos, rojões e troar de canhões, mesmo não tendo sido possível captar tudo com exatidão, lembro-me muito bem  de seu derradeiro aviso: depois da Copa, a  sorte será lançada...
 
26 de janeiro de 2014
Jorge E. M. Geisel é Advogado.

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