(Hoje em Dia) – A desestruturação da Ucrânia – os ucranianos estão devendo 170 bilhões de dólares e os russos estavam dispostos a ajudar quando começou a sabotagem ocidental no país – criará graves problemas, do ponto de vista estratégico, para o Brasil.
O crescimento da influência norte-americana naquele país ameaça o desenvolvimento do projeto da Alcantara Cyclone Space, que previa o lançamento de satélites por foguetes ucraniano-brasileiros de grande porte, da Base Espacial de Alcântara, a partir do ano que vem.
Em junho do ano passado, o governo federal autorizou o aumento do capital da empresa em um bilhão de reais, o que somado à contraparte ucraniana, chegaria a um bilhão de dólares. Dezenas de milhões já foram gastos, em obras, no Maranhão.
Embora projetado para uso comercial, o Cyclone pode ter utilização militar. O episódio da ACS, nos deixa duas lições – a primeira, de que devemos estreitar nossa cooperação espacial e militar com os BRICS – se tivéssemos feito acordo semelhante com a Rússia ou os chineses, no lugar da Ucrânia, não estaríamos nessa situação.
A segunda é a de que é muito mais efetivo – mesmo que leve mais tempo para dar resultados – importar maciçamente professores, técnicos e cientistas, do que peças como as de nossos foguetes que se encontram agora na Ucrânia.
PLANO EMERGENCIAL
Caberia, neste momento, ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, à AEB, ao INPE, ao Ministério da Defesa, com o auxílio da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, prepararem um plano emergencial para salvar esse programa.
Os chineses, que tinham acordos para a fabricação de armamento com os ucranianos, retiraram do território ucraniano, discreta e rapidamente, nos últimos dias, seu segundo 12322 Bisonte, da classe Zubr – um gigantesco Hovercraft de desembarque, capaz de transportar, em água ou terra, sobre colchão de ar, uma brigada de assalto composta de vários pequenos blindados e de 400 homens.
Considerando-se a instabilidade na Ucrânia, e a perspectiva de um conflito militar com a Rússia, ou de uma guerra civil, é preciso transferir o que der do Cyclone 4 para o Brasil, começando pelos cérebros envolvidos no projeto.
Não apenas na área aeroespacial, mas na fabricação de tanques, navios, mísseis, fuzis, metralhadoras, existem dezenas de empresas e centenas de especialistas que devem estar pensando, agora, em como sair da Ucrânia, para preservar seu trabalho e a sobrevivência de suas famílias.
O MCTI, a ABIMDE, e as Empresas Estratégicas de Defesa, por meio de nossas representações em Kiev, Varsóvia, Berlim e Moscou, e do uso de redes sociais em russo e ucraniano, já deveriam estar tentando contatar e recrutar ao menos parte desses técnicos, e trazê-los para o Brasil.
Alguém duvida que os homens da CIA e do FBI que estão dando “assistência” ao novo “governo” ucraniano já não estão fazendo exatamente isso naquele país?
19 de março de 2014
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